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A situação fiscal e os paralelos com o fogo de Fahrenheit 451, segundo a Kinea

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A situação fiscal e os paralelos com o fogo de Fahrenheit 451, segundo a Kinea
Tempo de Leitura:4 Minuto, 52 Segundo


A delicada situação fiscal dos países fez com que a equipe de gestão de multimercados da Kinea Investimentos adotasse um tom sombrio, com toques distópicos, na primeira carta do gestor de 2025. O relatório publicado pelo braço de investimentos alternativos do Itaú traça um paralelo com o clássico da literatura Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.

Em linhas gerais, o livro, publicado em 1953, conta a história de uma sociedade distópica que vive uma destruição progressiva de sua base de conhecimento e cultura através da queima de livros. E os bombeiros, em vez de evitar que os livros peguem fogo, são responsáveis pela sua identificação e eliminação.

Na carta, os analistas da Kinea traçam um paralelo entre a história ficcional e o que se vê no mundo. Para eles, enquanto a sociedade em Fahrenheit 451 destrói as bases de sua cultura, os governos da vida real foram “queimando” as bases da responsabilidade fiscal na última década.

Se a destruição de livros leva à gradual degradação da sociedade imaginada por Bradbury, o desequilíbrio fiscal e a perda de poder do lado monetário, aos poucos, “degradou a confiança dos mercados na dívida pública”.

“O resultado até o momento tem sido o aumento das taxas longas de juros, um reflexo do custo de reequilibrar um sistema que foi negligenciado por muito tempo”, diz trecho da carta da Kinea. “No final, as taxas longas são como o preço para reconstruir aquilo que foi queimado.”

A degradação fiscal é uma questão que atinge países ricos e emergentes, segundo a Kinea. Nos Estados Unidos, eles destacam que o problema fiscal não para de crescer e está sem solução no horizonte.

Para eles, o caso americano pode ser dividido em duas partes. Até meados da década passada, a política fiscal era feita conforme ditam os livros de economia – em períodos de expansão da atividade, o déficit se reduz, enquanto volta a crescer quando há desaceleração (a postura anticíclica).

Os últimos dois governos, porém, romperam com esse padrão. Num momento de forte crescimento econômico, Donald Trump realizou profundos cortes de impostos no primeiro mandato e Joe Biden aumentou os gastos. A postura pró-cíclica gerou deterioração da posição fiscal, culminando em um déficit nominal na casa de 7%, “número não muito diferente do apresentado pela economia brasileira”, diz trecho do relatório.

Os analistas da Kinea dizem que a reversão dessa trajetória não será simples. Pelo lado dos juros, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tem acenado para uma pausa dos cortes, em razão da atividade aquecida e da inflação ainda acima da meta. Do ponto de vista fiscal, será preciso cortar gastos, uma vez que Trump prometeu reduzir a carga tributária.

“Entretanto, cortar gastos em qualquer economia é algo sensível, que mexe com interesses eleitorais e sensibiliza os membros do congresso. E, do ponto de vista estrutural, o envelhecimento da população tende a acentuar o forte crescimento das despesas com saúde e seguridade social. Os quais, juntamente com os gastos de defesa, farão com que a reversão dessa trajetória seja de difícil execução”, diz o relatório.

Europa mal, Brasil em crise

A situação também não é nada simples na Europa. Segundo a Kinea, a França não conseguiu melhorar sua situação fiscal após a expansão do déficit que foi feita no mundo inteiro durante a pandemia, e a desaceleração do crescimento contribuiu para reduzir as receitas do governo.

Com o retorno dos juros europeus para território positivo, após o choque inflacionário de 2022, a trajetória crescente de déficit nominal se acentuou. E, para piorar, a indefinição política prejudica a adoção de medidas de ajuste fiscal.

No Reino Unido, o Brexit continua pesando sobre a economia britânica. A Kinea destaca o menor crescimento da economia desde a saída da União Europeia e a fragilização das contas externas do país, a partir da saída de capital no balanço de pagamentos.

“Aliado às maiores taxas de juros, também em função da alta da inflação pós-pandemia, a situação aumentou o questionamento sobre a sustentabilidade fiscal do país”, diz trecho do relatório.

Em relação ao Brasil, a Kinea diz que o País flerta com mais uma crise fiscal. Embora o governo tenha cumprido sua meta de déficit primário em 2024, os analistas dizem que ainda “estamos longe de um primário que estabilize a dívida”.

“Os problemas fiscais seguem presentes, e o ano traz desafios adicionais; como a promessa de envio da reforma do IRPF (imposto de renda pessoa física), cuja compensação da isenção para os que ganham até R$ 5 mil terá dificuldade de tramitar no congresso”, diz trecho do relatório.

Os analistas da Kinea destacam ainda que a meta de 0,25% de superávit primário para 2026 dificilmente será alcançada, o que deve forçar o governo a mudar a meta (e correr o risco de termos uma repetição do que foi abril de 2024, com piora do risco fiscal), ou manter a meta em um orçamento cuja factibilidade pode ser questionada. Para 2025, o governo pretende zerar o déficit.

Diante deste cenário, a Kinea recomenda estar comprado nas taxas longas de juros dos Estados Unidos. A expectativa de normalização do prêmio na parte longa da curva, juntamente com a atual pujança da economia, os faz manter uma posição comprada no dólar.

A carta não fala sobre recomendações para França, mas no caso do Reino Unido a casa está com posições vendidas nos juros curtos do Reino Unido, acreditando que “a fraqueza da economia se sobrepõe à inércia da inflação no curto prazo, na função de reação do Banco Central”.

“Além disso, vemos o risco fiscal como um fator adicional de pressão negativa na moeda, justificando nossas posições vendidas na libra esterlina”, diz trecho do relatório.

Para o Brasil, a Kinea tem preferido posições vendidas em Bolsa, que tendem a refletir a alta dos juros e da desaceleração da atividade.



Fonte: Neofeed

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Na África, lodges de safári agora vão muito além da observação da vida selvagem

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Na África, lodges de safári agora vão muito além da observação da vida selvagem
Tempo de Leitura:6 Minuto, 15 Segundo


Oito e meia da manhã, Okavango Delta, Botsuana. Elefantes, zebras e impalas bebem água, lado a lado, na beira do rio. Na outra margem, hóspedes do Wilderness Jao assistem a cena confortavelmente sentados em cadeiras de couro, à sombra, recebendo massagem nos pés com óleos artesanais feitos com ervas do vale — enquanto o chef prepara as omeletes de um lauto café da manhã ali mesmo.

Os tempos dos hotéis de safári focados exclusivamente em sair de carro para ver os Big 5 definitivamente ficaram para trás. Antes essencialmente contemplativa, nos últimos anos, a  viagem passou a ser uma experiência muito mais completa e ativa. Alta gastronomia, enologia e mixologia se tornaram commodities e o menu de atividades durante a estadia é cada vez mais extenso e variado.

Visitas a comunidades locais, passeios de balão, safáris a cavalo, bicicleta, aulas de culinária com famílias nativas, caminhadas entre a vida selvagem com veterinários, refeições surpresa em meio às savanas. Tudo isso agora conta — e muito — na hora de escolher onde ficar.

Jacque Dallal, fundadora da BeHappy Viagens, agência especializada em viagens de alto padrão, acredita que este seja um movimento natural de mercado. “O que está acontecendo é que os lodges africanos estão agregando cada vez mais atividades acompanhando uma tendência mundial da hotelaria em geral de focar em experiências”, diz Dallal.

Eduardo Gaz, CEO do TTWGroup, que reúne marcas como SKIBrasil, Selections, SKIUSA, TTWLab e VeryLatin, concorda. “Está acontecendo uma evolução natural do nicho, com os lodges buscando também se diferenciar de seus principais competidores. É uma questão comercial, mas que felizmente impacta de forma extremamente positiva as comunidades e a própria experiência do viajante”, afirma.

É fato que muitos viajantes redefiniram suas prioridades nos últimos anos, buscando horários mais flexíveis, experiências exclusivas e um contexto mais cultural nas viagens, um reflexo da tendência global de buscar mais autenticidade no turismo em geral.

E os lodges de safári estão surfando nessa onda, com uma abordagem cada vez mais à la carte em tudo. “A experiência agora é mais refinada e potencializada. Assim você consegue ter estadias muito mais personalizadas, bem ao gosto de cada hóspede”, diz Gaz.

Os primeiros registros de lodges de safári africanos operando no modelo consolidado internacionalmente datam de pouco mais de 40 anos atrás.

Nicho de US$ 2 bilhões

Mas muito mudou nestas quatro décadas neste mercado que avança em ritmo acelerado. Os safáris na África devem movimentar US$ 23,10 bilhões até 2030, evoluindo a uma taxa de crescimento anual composta de quase 10%, informam os analistas da ResearchAndMarkets.

Só os lodges de luxo estão previstos atingir US$ 2 bilhões, no mesmo período, conforme levantamento da Business Research Insights. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), nove países africanos estão entre as 20 nações que devem registrar o crescimento econômico mais rápido do mundo em 2025 — em boa parte graças ao turismo de luxo.

Safáris a cavalo estão entre as novidades, como os oferecidos pela Great Plains no Quênia (Foto: greatplainsconservation.com)

As acomodações do Wilderness Jao foram projetadas como luxuosas casa na árvora (Foto: Wilderness Safaris)

Os safáris do Cheetah Plains, na África do Sul, são realizados em veículos movidos a energia solar — repare o leopardo no galho da árvore (Foto: Cheetah Plains)

Great Plains Conservation Converteram tradicionais territórios de caça e terras improdutivas em quase 1 milhão de de acres de conservação da vida selvagem, no Quênia, na Botsuana e no Zimbábue (Foto: Great Plains)

A reforma do Wilderness Jao resultou em espaços mais amplos (Foto: Wilderness Safaris)

Os elefantes circulam livremente na áera das vilas do Chettah Plains (Foto: Cheetah Plains)

Entre as atividades mais celebradas pelos turistas está a visita às comunidades locais. Na imagem, mulheres de Naboisho, no Quênia, mantido pelo Great Plains (Foto: Great Plains)

Com reforma recente do Wilderness Jao, a propriedade em Botsuana ganhou uma biblioteca (Foto: Wilderness Safaris)

O Cheetah Plains conta com apenas três vilas de quatro suítes e um time de 12 funcionários para cada uma delas (Foto: Cheetah Plains)

Primeiro lodge de safári de luxo de Botsuana, o Wilderness Jao é uma das mais de 60 propriedades gerenciadas pela Wilderness, fundada em 1983, por dois guias de safári. Em locais remotos de oitos países africanos, as propriedades somam 6 milhões de acres de terras privadas e preservadas.

Com diárias a partir de US$ 1.850, por pessoa, e inserido em meio a savanas e planícies inundáveis de uma reserva privada de 60 mil hectares, o Jao foi criado no comecinho dos anos 2000 pela família de Cathy e David Kays, que seguem à frente da administração da propriedade, agora em parceria com a Wilderness.

Localizado no vale do rio Okavango, considerado um dos melhores lugares do mundo para observação de vida selvagem, o lodge sempre foi um caso de sucesso. Mas, no fim da década passada, seus administradores perceberam que era hora de mudar.

Foi recentemente reconstruído — agora com design sustentável, materiais naturais e reciclados — ganhando espaços muito mais amplos e refinados, pés direitos altíssimos, banheiras e jacuzzis com vista infinita, spa, biblioteca, museu, galeria.

Suas novas (e imensas) acomodações foram projetadas como casas na árvore ultraluxuosas conectadas por passarelas suspensas, causando mínimo impacto no terreno. Ali, pratica-se a alta gastronomia e há um impressionante bar de vinhos, destilados e coquetéis, tudo incluído.

Assim como diversos workshops, atividades do projeto Children in the Wilderness (que educa crianças das comunidades locais) e até as inesperadas massagens no meio do safári.

Aulas de culinária e fotografia

Quando os turistas desapareceram durante a pandemia de covid-19, muitos lodges de safári tiveram de dar tratos à bola para continuar sustentando suas comunidades e impedir a invasão de caçadores em suas áreas.

A Great Plains Conservation, criada pelo premiado casal de documentaristas Beverly e Dereck Joubert, sempre focou no turismo regenerativo em suas sofisticadas propriedades de safári no Quênia, na Botsuana e no Zimbábue.

Converteram tradicionais territórios de caça e terras improdutivas em quase 1 milhão de de acres de conservação da vida selvagem — sempre em parceria com as comunidades locais, absorvendo mão de obra da região e melhorando a infraestrutura geral dos destinos, ao reinvestir ali parte da arrecadação de cada visita turística.

As experiências ligadas às comunidades locais, aliás, costumam figurar entre as mais elogiadas por seus hóspedes. A partir de US$ 1 mil, por pessoa, a rede tem servido como inspiração para muitos lodges abertos nos últimos anos no continente africano.

O Cheetah Plains, na África do Sul, levou esse movimento a outro patamar. “Além de ter até os jipes de safári movidos a energia elétrica e todo o hotel funcionar com energia renovável, é uma hospedagem all inclusive imersa em arte contemporânea”, diz Jacque Dallal.

Idealizado por Japie van Niekerk, CEO da New Africa Developments (que desenvolve shopping centers no continente africano), o Cheetah Plains conta com apenas três vilas de quatro suítes e um time de 12 funcionários para cada uma delas — com tudo incluído nas diárias, até massagens e manicure. O preço: a partir de US$ 8.870, a diária.

Preveem também degustações de vinhos sul-africanos, workshops de mixologia, aulas de culinária e fotografia (emprestando sem custos uma câmera profissional com lentes de longa distância para uso durante a estadia).

Inaugurado pouco antes da pandemia na reserva Sabi Sands, na fronteira com o Parque Nacional Kruger, em pouco tempo virou reduto de bilionários, CEOs e CFOs de diversas nacionalidades. Todos ávidos por ir bem além da antiga fórmula “dois safáris incluídos por dia”.



Fonte: Neofeed

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Pedro Zemel troca as roupas esportivas pelo hambúrguer

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Pedro Zemel troca as roupas esportivas pelo hambúrguer
Tempo de Leitura:3 Minuto, 9 Segundo


Três dias depois ao seu surpreendente pedido de renúncia ao posto de presidente do Grupo SBF, dona da Centauro, Pedro Zemel já tem nova casa. E, nessa mudança, o executivo está saltando dos artigos esportivos para os hambúrgueres e frangos fritos.

O executivo acaba de ser anunciado como o novo CEO da Zamp, operadora das redes de fast food Burger King e Popeye’s no Brasil, além da Subway e do Starbucks. O grupo anunciou que ele será efetivamente eleito pelo conselho de administração da companhia em reunião prevista para o fim do mês de abril.

Assim como a sua mudança de ares, a escolha para um novo CEO na Zamp também foi rápida. Na semana passada, o grupo anunciou que Paulo Camargo, ex-presidente da Arcos Dorados (McDonald’s) no Brasil, estava deixando o cargo e que o CFO Gabriel Guimarães tocaria a operação como interino.

A data prevista para a eleição de Zemel coincide justamente com o fim do processo de transição no Grupo SBF, programado para o dia 23 de abril. No antigo CNPJ, ele passará o bastão para Gustavo de Lima Furtado, que, até então, atuava como CEO da Centauro.

Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e com um MBA pela Harvard Business School, Zemel tem uma passagem pela GP Investments e, nos últimos doze anos, esteve no Grupo SBF.

Nos últimos nove anos, o executivo liderou a operação da dona da Centauro, onde substituiu Sebastião Bomfim Filho, fundador do grupo. No comunicado sobre sua saída, divulgado na última terça-feira, a empresa ressaltou que Zemel iria se dedicar a outros projetos pessoais e profissionais.

Em seu período à frente do Grupo SBF, o executivo liderou o processo de abertura de capital da holding, em 2019. Além da estratégia de diversificação de negócios da companhia, rumo a um modelo de ecossistema.

Nessa direção, um dos acordos que se destacaram foi a estruturação do acordo com a Nike, que resultou na criação, em 2021, da Fisia, operação que, na prática, é a representante exclusiva da marca americana no Brasil.

Zemel chega à Zamp após uma breve passagem de Paulo Camargo, executivo que, nos dois anos anteriores comandou um turnaround na Espaçolaser. E que foi nomeado como CEO do grupo de fast food em julho de 2024.

Esse foi também o seu mandato na companhia. Escolhido pelo fundo Mubadala, que acabara de assumir o controle da Zamp, Camargo tinha como missão colocar a empresa, que vinha apresentando resultados indigestos para os investidores, nos trilhos.

O desafiou cresceu no fim de 2024, quando a Zamp trouxe para o seu guarda-chuva as operações da Subway e do Starbucks, que também passavam por dificuldades. Em comunicado na semana passada, o grupo informou que o fim do ciclo de Camargo foi decidido em comum acordo com o executivo.

Em seus números mais recentes – a empresa divulga o resultado do quarto trimestre e do consolidado de 2024 no próximo dia 20 de março – a Zamp reportou um prejuízo líquido de R$ 150,8 milhões no acumulado de janeiro a setembro do ano passado, uma redução de 4,1% sobre igual período, em 2023.

Já a receita operacional líquida nesse intervalo ficou em R$ 3,2 bilhões, um incremento de 17,8%. Enquanto as despesas gerais e administrativas cresceram 45,3%, para R$ 242,9 milhões. A empresa encerrou o período com uma dívida líquida de R$ 546 milhões e uma alavancagem de 1,4 vez.

As ações da Zamp fecharam o pregão de hoje com alta de 1,63%, cotadas a R$ 2,50. Os papéis acumulam uma valorização de 10,6% em 2025. Em doze meses, porém, a queda é de 45,8%. A empresa está avaliada em R$ 997,2 milhões.



Fonte: Neofeed

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Efeito DeepSeek reacende otimismo com o mercado acionário chinês

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deepseek mercadode ações inteligência artificial
Tempo de Leitura:3 Minuto, 17 Segundo


Desacreditado nos últimos anos, o mercado de ações chinês voltou a chamar a atenção de analistas de grandes bancos  internacionais após os avanços do projeto DeepSeek marcarem a entrada definitiva da China na corrida da inteligência artificial.

No início de fevereiro deste ano, enquanto o mercado ainda tentava compreender as implicações da nova tecnologia chinesa, o Deutsche Bank divulgou o relatório China Eats The World, destacando oportunidades de investimento no país e afirmando que a ascensão da DeepSeek “destruiu a fantasia ocidental de que poderia conter a China”.

“Acreditamos que 2025 será o ano em que os investidores perceberão que a China está superando o restante do mundo. Está cada vez mais difícil ignorar o fato de que as empresas chinesas oferecem melhor custo-benefício e, muitas vezes, qualidade superior em diversos setores da manufatura e, cada vez mais, até mesmo em serviços”, afirma o banco no relatório.

Desde que a Deepseek entrou nos holofotes, na última semana de janeiro, o índice Hang Seng, de Hong Kong, acumula alta de 12,73%. O desempenho no ano está cerca de oito pontos percentuais acima dos principais índices do mercado americano, impulsionado especialmente pelas empresas chinesas de tecnologia.

A Tencent, por exemplo, valorizou-se 21,8% após anunciar que integrará o modelo da DeepSeek em suas plataformas. O Alibaba, que também adotou a tecnologia e desenvolve um modelo próprio de IA, disparou 39,6%. Além disso, no início do mês, as compras onshore e offshore de ativos chineses lideraram as ordens da corretora global do Goldman Sachs, segundo um relatório acessado pela Reuters.

“Enquanto os laboratórios dos EUA investem em tecnologia de ponta, a DeepSeek demonstrou que otimizações avançadas podem gerar resultados notáveis mesmo com hardware mais modesto. O jogo está mais nivelado do que se pensava anteriormente”, avaliou o J.P. Morgan em relatório.

Sem acesso aos melhores chips da Nvidia devido às sanções dos EUA, a DeepSeek foi desenvolvida com a arquitetura Mixture of Experts (MoE), que conta com 671 bilhões de parâmetros, mas ativa apenas 6% deles por vez, reduzindo significativamente o consumo de energia e os custos operacionais.

Em comparação, modelos tradicionais como o ChatGPT utilizam abordagens que ativam a maioria dos parâmetros simultaneamente, exigindo maior poder computacional e investimentos bilionários em infraestrutura.

“Investidores globais estão começando a reavaliar o potencial da China em tecnologia e IA, após um longo período de atenção limitada”, afirmam estrategistas do Morgan Stanley. O banco americano acredita que o ímpeto positivo se sustente no curto prazo, impulsionado pelo posicionamento ainda tímido dos investidores globais. Goldman Sachs e UBS também demonstram maior otimismo com o mercado chinês.

Além de reacender o interesse com o mercado chinês, a chegada da DeepSeek levantou questionamentos sobre os players que eram dados como vitoriosos na corrida da inteligência artificial. O maior impacto foi sentido pela Nvidia, que perdeu US$ 500 bilhões em valor de mercado em apenas um dia, estabelecendo um novo recorde de desvalorização no mercado mundial

Após anos de forte valorização das “Sete Magníficas”, a competição com os preços mais baixos das empresas chinesas começa a se acirrar. Enquanto o Nasdaq negocia a um múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 37 vezes, o Hang Seng opera a 12 vezes.

“À medida que as empresas chinesas expandem sua presença global, é provável que esse desconto de avaliação se transforme em um prêmio no futuro”, destaca o Deutsche Bank, que prevê “uma mudança significativa em direção às ações chinesas no médio prazo”. O relatório alerta, no entanto, que a demanda crescente pode elevar os preços dos ativos.

Apesar do crescente otimismo com as bolsas chinesas, a tese não é consenso. Anderson Miranda, head de distribuição da W1 Capital, destaca preocupações com a crise imobiliária na China e os riscos de aumentos tarifários sobre suas exportações. “Há muita euforia no mercado em torno da DeepSeek. Os valuations são justificados, mas esse entusiasmo pode levar a correções”, pondera.



Fonte: Neofeed

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