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“Forasteiros” invadem a hotelaria de luxo

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Tempo de Leitura:6 Minuto, 1 Segundo


Um dos pioneiros foi o inglês Richard Branson, dono do Virgin Group. O cofundador da Microsoft Bill Gates e o cineasta Francis Ford Coppola têm os seus. Já o francês Bernard Arnault, do conglomerado de luxo LVMH, está na disputa por um. Enquanto Larry Ellison, da Oracle, acaba de adquirir mais um exemplar para sua coleção de… hotéis.

É cada vez maior o número de “forasteiros” na indústria do turismo. Vindos dos mais diversos setores,  alguns dos empresários mais bem-sucedidos do mundo descobriram na alta hotelaria um tipo promissor de investimento. E, em muitos casos, também o caminho para a realização projetos pessoais. Por que não comprar aquele hotel que traz tantas lembranças boas? Ou aquela propriedade que se presta a iniciativas de conservação ambiental? Dinheiro não lhes falta.

O lance mais recente desse movimento cabe a Ellison. Ele desembolsou estimados US$ 277 milhões pelo Eau Palm Beach Resort & Spa, resort de luxo à beira mar na Flórida. A propriedade pertencia à britânica Lewis Trust Group, que adquirira o hotel, em 2003, por US$ 67,5 milhões — valorização de 140%, já considerando a inflação ao longo dos últimos 21 anos.

O Eau Palm Beach não é a primeira investida do empresário em uma companhia de hospitalidade. Com um patrimônio avaliado em US$ 190,5 bilhões, o terceiro homem mais rico do mundo tem outros seis hotéis espalhados pela Califórnia e o Havaí, além da Flórida.

A chegada de novos players à alta hotelaria está associada, em grande parte, ao crescimento vertiginoso do turismo de luxo ao longo da última década. Avaliado em US$ 2 trilhões, o mercado global está previsto evoluir a uma taxa anual composta de 10,2%. E, em 2032, o segmento deve movimentar US$ 3,7 trilhões.

O boom vem, naturalmente, elevando as tarifas dos quartos a níveis recordes em todo o mundo, de acordo com a FCM Consulting. Somente em Cingapura, aponta o estudo, as diárias subiram, em média, 27%, no último ano.

E, no processo de adaptação aos novos tempos, enquanto a maioria dos hoteleiros tradicionais se preocupa com custos, os recém-chegados vêm com orçamentos gigantes e tempo para deixar tudo como sempre sonharam.

“Expressões de amor”

Branson, por exemplo. Seu último lançamento hoteleiro é de 2023, quando inaugurou o Son Buyola, na ilha espanhola de Mallorca — uma quinta do século 16, na cordilheira de Tramuntana, patrimônio mundial da Unesco. O empresário conheceu o lugar, cerca de 50 anos atrás, por causa de uma namorada da juventude. Comprada há mais de 20 anos, apenas no ano passado, a propriedade ficou do jeito que ele imaginara.

Mas Branson estreou na indústria do turismo, em 1979, ao comprar a Necker Island, nas Ilhas Virgens Britânicas. Em viagem de férias com a família, o empresário se apaixonou pelo lugar. De lá pra cá, muita água rolou e o império do inglês só fez crescer.

Com uma fortuna avaliada em US$ 2,7 bilhões, o empreendedor serial tem, entre ouros tantos negócios, duas empresas hoteleiras. A Virgin Hotels é composta por nove propriedades urbanas. Já a Virgin Limited Edition integra nove lodges ultraexclusivos, em lugares remotos — em julho, graças a uma parceria estratégica, os complexos entraram para o portfólio da Preferred Hotels & Resorts.

“Nós nunca ganharemos muito dinheiro com esses projetos”, comentou, no lançamento do Son Buyola. “Eles são expressões de amor.”

OK, mas dá para fazer um “dinheirinho”. As 18 propriedades das duas marcas hoteleiras de Branson registraram ganhos de US$ 20 milhões, em 2021 — o equivalente a cerca de 13,5% do lucro de US$ 150 milhões de todo o Virgin Group.

Gates, o hoteleiro

Para se ter ideia do impacto dos “forasteiros” na alta hotelaria, basta analisar a composição acionária da rede Four Seasons. Fundada em 1961, em Toronto, uma das maiores redes de hotéis de luxo do mundo é hoje controlada por Gates.

Acionista da companhia desde 1997, em 2021, por meio da Cascade, seu family office, o cofundador da Microsoft pagou US$ 2,2 bilhões ao príncipe saudita Alwaleed bin Talal e sua participação na Four Seasons passou de 47,4% para 71,25%.

Bernard Arnault está na corrida por um dos hotéis mais emblemáticos de Veneza, o Bauer, localizado no Grande Canal

Richard Branson é dono de 18 hotéis, como o ultraexclusivo Ulusaba Rock Lodge, no topo de uma colina sul-africana

Com 71,25% das ações da companhia, Bill Gates controla a rede Four Seasons, cujas propriedades incluem um resort nas Maldivas

Tilman Fertitta, CEO da Landrys e dono do time da NBA Houston Rockets, pagou US$ 650 milhões pelo resort Montage Laguna Beach, na Califórnia

Pertencente à família do cineasta Francis Ford Coppola, o lodge Blancaneaux está em meio à selva de uma reserva florestal de Belize

Com uma fortuna avaliada em US$ 10,1 bilhões, Tilman Fertitta, CEO da Landrys e dono do time da NBA Houston Rockets, também chegou ao mercado de turismo. No fim de 2022, ele incorporou a seu portfólio de hotéis o Montage Laguna Beach, na Califórnia, em um negócio avaliado em US$ 650 milhões. “Viajo para Laguna Beach há mais de 30 anos. É um dos meus lugares favoritos”, disse ele, na ocasião.

E tem mais. O homem mais rico da Ásia, com um patrimônio de US$ 113 bilhões, Mukesh Ambani, dono do conglomerado Reliance Industries, 86ª colocada na Fortune 500, pagou US$ 98 milhões por 73% do luxuoso Mandarin Oriental New York.

Depois dele, pelo menos outros 10 bilionários asiáticos começaram a investir em hotéis, sobretudo em Cingapura, onde as chegadas de visitantes dobraram, impulsionadas sobretudo pelo retorno (e altos gastos) de viajantes chineses. Um deles é o indonésio Sukamato Tanoto, proprietário da Royal Golden Eagle, controladora da Bracell, uma das maiores produtoras globais de celulose.

Lance de US$ 300 milhões

Quem também quer avançar no turismo de luxo é o francês Bernard Arnault, presidente e diretor do LVMH. Ele acaba de entrar na corrida para adquirir, na pessoa física, o emblemático Bauer Hotel. Datada do final do século 19, a propriedade tem frente para o Grande Canal, de Veneza.

Os lances ultrapassam os US$ 300 milhões — “quase nada” para o homem mais rico do mundo, cujo patrimônio líquido está hoje em US$ 172,9 bilhões.

Outra personalidade que se rendeu aos encantos (e rendimentos) da alta hotelaria foi o cineasta Coppola. Em 1981, ele comprou um lodge abandonado em Belize para passar férias com a mulher Eleanor e os filhos. Uma década depois, decidiu abri-lo ao público. Batizada Blancaneaux, a propriedade fica em meio à selva da reserva florestal Mountain Pine Ridge.

Deu tão certo que a coleção da The Family Coppola Hideaways conta hoje com outros seis hotéis, todos administrados (com todo o zelo) pela própria família. O Jardin Escondido, em Buenos Aires, por exemplo, Coppola conheceu durante as filmagens de Tetro, de 2009.

Quando questionado sobre o motivo de investir no setor, o diretor costuma recorrer a uma das frases de Michael Corleone, personagem de Al Pacino, no magistral O Poderoso Chefão (“Não é nada pessoal, Sonny. É estritamente profissional”), para garantir: “Meus hotéis não são um negócio profissional. São algo pessoal”. Uma paixão que, até agora, tem se revelado bastante profícua.



Fonte: Neofeed

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Infracommerce faz acordo com bancos e reestrutura dívida de R$ 641 milhões

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Infracommerce faz acordo com bancos e reestrutura dívida de R$ 641 milhões
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A Infracommerce anunciou após o fechamento do mercado de segunda-feira, 7 de outubro, um acordo vinculante com seus principais credores – Itaú Unibanco, Santander, Banco ABC Brasil e Banco do Brasil – para reestruturar uma dívida de cerca de R$ 641 milhões, o que representa 85% do seu endividamento total.

Em fato relevante, a empresa anunciou ainda que Ivan Murias deixará o posto de CEO global para ocupar a presidência do Conselho de Administração. Em seu lugar, quem assume é Mariano Oziobala, que comandava a operação da companhia na América Latina.

Além de Murias, a empresa nomeou João de Saint Brisson Paes de Carvalho, que, entre outros postos, é presidente do Conselho de Administração da PDG Realty, como novo membro independente do seu board. A dupla substitui Peter Estermann, do Patria, que presidia o colegiado, e Pedro Jereissati.

“Fui convidado pelos bancos para assumir como chairman e, junto com o João, ajudar nessa nova fase, exercendo outro papel”, diz Murias, ao NeoFeed. “É sinal de que algo de bom foi feito até aqui.”

O movimento dá sequência ao memorando de entendimentos não vinculantes (MOU) divulgado em agosto pela empresa de full commerce na tentativa de alongar suas dívidas. Na época, o potencial acordo acompanhou uma “má notícia” dada pela companhia ao reportar seu resultado do segundo trimestre.

Sob o comando de Murias, que havia assumido como CEO quatro meses antes, a empresa incluiu um impairment de R$ 1,38 bilhão no balanço do período, fruto da série agressiva de M&As da empresa desde o seu IPO, em 2021, o que não foi bem digerido pelo mercado.

“Quando trouxemos à tona o tema da baixa contábil, que por muito tempo ficou encapsulado na operação, não se tratava do começo do problema, mas sim, da solução”, diz Murias, ao NeoFeed. “E esse fato relevante de hoje é a concretização dessa história.”

O acordo em questão será viabilizado pela constituição da Newco, veículo de gestão independente que irá consolidar as dívidas incluídas nessa reestruturação. E que, na prática, se tornará o único credor desse passivo.

A Infracommerce amortizará R$ 420 milhões do total de R$ 641 milhões por meio da dação em pagamento (uso de um ativo para quitar parte de uma dívida) à Newco das suas ações de emissão na New Retail Limited – o braço por trás dos seus negócios na América Latina –, que representam 83,6% do capital social nessa operação.

Nessa composição, o saldo remanescente da dívida, estimado em cerca de R$ 221 milhões, será usado posteriormente pela Newco em uma emissão de debêntures privadas que serão subscritas e integralizadas pelos bancos credores. E que terá vencimento de cinco anos a partir da sua data de emissão.

Segundo o fato relevante, as debêntures serão mandatoriamente conversíveis em ações ordinárias de emissão da Infracommerce e o preço por ação será equivalente à média ponderada do volume de papéis da empresa negociados nos 30 pregões anteriores.

O acordo abre ainda a possibilidade de adesão de outros credores considerados relevantes. E traz o compromisso dos quatro bancos credores de não tomarem qualquer medida judicial ou extrajudicial contra a empresa até a conclusão das obrigações previstas em seu plano de reestruturação.

Murias destaca que, com essa readequação da estrutura de capital, fruto de negociações que se estenderam por seis meses, a empresa afasta definitivamente qualquer risco de recorrer a uma recuperação judicial ou extrajudicial, algo que vinha sendo ventilado no mercado.

“Com o compromisso de conversão da dívida remanescente em equity, na prática, mesmo que por meio da Newco, é como se passássemos a ter esses quatro bancos como acionistas”, diz. “É um voto de confiança de que a estrutura de capital está acertada e também na gestão e no potencial do negócio.”

A Infracommerce também negocia um novo financiamento de até R$ 70 milhões, dividido em três tranches, junto à Geribá Investimentos, conforme informou em fato relevante divulgado no início de setembro. A expectativa é de que esse acordo seja fechado nos próximos dias.

“Há uma crença de que quem chegou teve a sabedoria de dar um passo atrás e construir um caminho de saída”, afirma o executivo. “Ao mesmo tempo, isso só foi possível porque os credores entenderam que essa gestão e esse board não foram os responsáveis pelo contexto por trás dessa crise.”

Equívocos e correções de rota

O executivo ressalta os méritos de Kai Schoppen – fundador da Infracommerce, a quem substituiu como CEO – e de seus pares, especialmente no roteiro que levou a empresa ao IPO, em maio de 2021. Mas aponta os erros cometidos após a oferta, que trouxe R$ 902 milhões para o caixa da companhia.

“A Infracommerce é uma empresa de prestação de serviços, que integra soluções de parceiros”, diz Murias. “E, com esse caixa generoso e a Selic em baixa, o grande equívoco foi acreditar que poderia desenvolver sua própria tecnologia.”

Em sua visão, ao eleger os M&As como o atalho para essa virada, a empresa também cometeu erros. Além do preço das aquisições e dos juros que, posteriormente, pesaram sobre o balanço, ele observa outra herança crítica associada a essa alocação desenfreada e equivocada dos recursos.

“A companhia trouxe diversas soluções, mas a integração desse portfólio ficou fora do radar”, diz. “E isso criou um desequilíbrio brutal, já que a empresa arrecadava como prestadora de serviços e alocava capital como uma desenvolvedora de tecnologia. E isso teve sequência com os follow ons pós-IPO.”

Na contramão dessa orientação, ele destaca que a operação na América Latina, comandada, até então, por Oziobala, seu sucessor, sempre foi tocada com o viés mais centrado em serviços e “muito pé no chão”. O que resultou em sistemas unificados, menos complexidade e resultados mais saudáveis.

Já no Brasil, após sua chegada e com o apoio da Bain & Company, Murias adotou medidas para começar a estancar os riscos. A empresa entregou um dos dois andares que ocupava no Centro Empresarial Nações Unidas, na zona sul de São Paulo, e demitiu cerca de 30% do seu time, especialmente no C-Level.

A Infracommerce também fechou quatro dos seus sete centros de distribuição, além de buscar a renegociação de preços e condições de contratos que representavam 35% de sua carteira, dada a percepção de que muitos desses clientes eram deficitários. Essa última etapa já foi concluída.

Ele ainda enxerga margem para potenciais reduções na área usada pelos centros de distribuição mantidos na operação. Bem como para novos cortes, na ordem de 10% a 15% da equipe, mais centrados no time operacional.

Outro passo em execução envolve a integração das tecnologias e ativos incorporados nos últimos anos. Esse processo passa também pela redução do número de parceiros que compõem o portfólio em áreas como pagamentos e logística, outro legado dos M&As realizados.

A ideia é eliminar a complexidade de opções à disposição dos clientes e tornar essa oferta mais eficiente e acessível. Em alguns casos, diz ele, 80% da carteira adotava a solução de um parceiro, enquanto os 20% restantes usavam outras alternativas do portfólio.

“Em pagamentos, por exemplo, nós operávamos com 9 parceiros. Vamos concentrar em três”, diz. “Vamos migrar para alguns pacotes principais que, por sua vez, vão nos permitir ser mais flexíveis e repassar parte dessa eficiência para o preço na ponta.”

Esse trabalho conta com a participação de Luiz Pavão, cofundador da Infracommerce, que foi nomeado como novo general manager da companhia no Brasil em setembro. Membro do conselho da empresa na América Latina, ele estava afastado do dia a dia da operação desde 2022.

“Quando cheguei, pedi para falar com pessoas que participaram dessa história e o Pavão foi uma das conversas mais lúcidas que tive”, conta Murias. “Lá atrás, ele criticou e se mostrou descrente na tese de crescimento inorgânico acelerado e acabou se afastando. Ter ele de volta é muito emblemático.”

Com esse reforço e o plano de zerar boa parte dos desafios operacionais para ingressar em 2025 pronta para se concentrar na retomada do crescimento da empresa, a estimativa é de que muitas das ajustes em curso sejam concluídos nos prazos de 30 a 60 dias.

Se o prazo estimado para finalizar essa etapa é curto, tudo indica que a Infracommerce tem um longo caminho a percorrer para recuperar a confiança do mercado.

Cotadas a R$ 16 na época do IPO, as ações da empresa fecharam o pregão da segunda-feira, 7 de outubro, na B3 cotadas a R$ 0,16, queda de 5,88% sobre o pregão anterior. Os papéis acumulam uma desvalorização de 91,3% em 2024, dando à companhia um valor de mercado de R$ 102 milhões.





Fonte: Neofeed

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Risco de recessão nos EUA cai para 15% e pouso suave da economia fica mais próximo

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Risco de recessão nos EUA cai para 15% e pouso suave da economia fica mais próximo
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O Goldman Sachs melhorou as suas perspectivas para o desempenho da economia americana neste ano e reduziu as chances de recessão do país em cinco pontos percentuais, para 15%.

A mudança de rota ocorreu após o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgar, na sexta-feira, 4 de outubro, que a criação de vagas de emprego aumentou em ritmo acelerado em setembro, atingindo 254 mil novos postos de trabalho no período. Essa foi a maior alta dos últimos seis meses.

Com a taxa de desemprego atingindo 4,1%, os dados acalmaram o medo do mercado de que a demanda por mão de obra estivesse mais fraca do que o esperado. Na visão do economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, o relatório “reestruturou a narrativa do mercado de trabalho”, afirmou o executivo em um relatório.

Com a nova perspectiva, o banco manteve sua previsão de que o Federal Reserve fará cortes consecutivos de 0,25 ponto percentual até que atinja uma taxa de 3,25% a 3,50% em junho de 2025. “Agora, vemos um risco muito menor de outro corte de 50 pontos-base”, disse Hatzius.

A opinião do banco vai de encontro com a perspectiva do mercado. De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, 95,2% dos especialistas acreditam que o corte de novembro virá na casa de 0,25 ponto percentual. Antes do payroll, esse número estava em 71,5%.

“De forma mais ampla, não vemos razão óbvia para que o crescimento do emprego seja medíocre em um momento em que as ofertas de emprego são altas e o PIB está crescendo fortemente”, completou Hatzius.

Porém, a visão positiva não define resultados. No dia do anúncio, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que os dados efetivamente vieram muito bons, mas que o banco central não pode reagir ao resultado de um dado isolado. O comentário foi feito à Bloomberg TV.

Segundo ele, o próprio Fed não sabe qual será a taxa neutra de juros na qual deverá se fixar. Porém, a maioria dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) sugere que a taxa atinja essa meta entre 2,5% e 3,5%.

Apesar das perspectivas positivas, outubro não deve ser um mês tão positivo quanto setembro, já que a temporada de furacões pode impactar o mercado como um todo, na visão do Goldman.



Fonte: Neofeed

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Inteligência artificial ajuda mineração a “explorar” novas fronteiras

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Inteligência artificial ajuda mineração a
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Todos os dias, trens da mineradora Vale circulam por cerca de 2 mil quilômetros de ferrovias, levando toneladas de minério de ferro, manganês e cobre, entre outros materiais. As duas estradas de ferro, sob concessão da companhia, operam em dois sentidos. Em um deles, as composições saem das minas com destino às usinas de beneficiamento. No outro, os vagões retornam vazios, para serem carregados novamente.

Em alguns pontos, a via é de mão única. É o caso da ponte sobre o rio Tocantins, na Estrada de Ferro Carajás, que liga a cidade de Parauapebas, no Pará, e o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Nessas condições, é preciso escolher qual dos trens vai parar para que o outro passe.

Até 2020, essa decisão era tomada pela equipe de funcionários da mineradora. “Os operadores tinham uma norma tácita de sempre parar o trem vazio”, conta Alexandre Altoé Pigatti, head de inteligência artificial e democratização da Vale, em conversa com o NeoFeed. O motivo: o acionamento do veículo carregado, depois da pausa, gastaria mais combustível. Até que a inteligência artificial (IA) entrou em jogo e surpreendeu os humanos.

“A IA identifica situações em que é melhor parar o trem carregado. Isso ocorre, por exemplo, quando ele está em um perfil de rampa compensada que seja declive. Nessa situação, a quantidade de diesel necessária para retirar o trem carregado da inércia pode ser menor do que para movimentar o vazio que por sua vez está num aclive”, explica Pigetti.

Dependendo do que for decidido em uma primeira parada, a tecnologia faz recomendações sobre como deve ser a dinâmica do restante do percurso.

Este caso é um dos muitos que mostram como a IA está transformando a mineração. Nos últimos sete anos, a ferramenta vem sendo usada para as mais diversas funções.

Desde as atividades administrativas, como a geração de relatórios, até as mais delicadas, como aquelas que exigem a exposição de funcionários a situações de risco, como o desmoronamento de uma rocha.

“A base de tudo está na capacidade que a inteligência artificial tem de correlacionar dados e apresentar conclusões que ajudam na tomada de decisão. E isso pode ser aplicado em inúmeras frentes”, afirma Tiago Fontes, diretor de ecossistema e marketing da Huawei do Brasil — a companhia chinesa é uma das maiores fornecedoras de equipamentos para redes e telecomunicações do mundo. “Como consequência, ganha-se em segurança, eficiência, sustentabilidade e economia de tempo e dinheiro.”

Determinadas atividades minerárias oferecem risco, como a operação de veículos gigantescos, a ida a áreas remotas (muito altas ou muito subterrâneas) e o transporte e o manejo de materiais que se contam às toneladas. Agora, essas funções começam a ser realizadas pelas máquinas — ou, pelo menos, com o suporte delas.

Um caso: depois de extraído, o minério precisa passar pelo britador. Trata-se de um equipamento gigantesco que quebra o material em pedaços menores, para facilitar o transporte. Embaixo dele, fica outra estrutura, chamada sapata, que recebe essas porções que foram partidas.

Faz parte do procedimento normal, entre uma etapa e outra uma pessoa entrar embaixo da sapata para verificar se as peças estão todas no lugar. “Por mais que isso só seja feito com equipamentos de segurança, existe sempre um risco de acidente”, diz Pigetti.

Desde 2021, quem realiza essa função é uma câmera de última geração. Programado, o equipamento identifica com acurácia possíveis danos ou erros de ajustes. Quando alguma coisa não está de acordo, a máquina soa uma alarme. Só então, um funcionário é designado a ir até a sapata para fazer o reparo.

Desde 2020, Vale conta com a ajuda da tecnologia na administração das duas estradas de ferro, sob concessão da companhia (Foto: Ricardo Teles)

Os modelos de IA conseguem predizer um rasgo no pneu de um caminhão fora de estrada com até duas semanas de antecedência (Foto: Divulgação/Komatsu)

Dispositivos que identificam problemas, aliás, estão entre as primeiras soluções de IA nas minas. Em 2017, a Vale colocou em uso detectores de possíveis danos em pneus fora de estrada, os caminhões enormes que fazem o transporte do material minerado.

Eles acusam, por exemplo, o risco de furo, antes do pneu furar, economizando assim alguns milhões de reais. Além do gasto com o reparo, o custo de parar a operação quando algo importante quebra é altíssimo. “Hoje, os modelos conseguem predizer um rasgo, por exemplo, com até duas semanas de antecedência”, afirma Pigetti.

Atualmente, os caminhões fora de estrada funcionam com diversas outras funções orientadas por IA. Entre elas, recomendações aos operadores sobre as melhores velocidades por trecho. Assim é possível não só evitar acidentes, como otimizar o consumo de combustível e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Fora das minas

A IA também continua operando para fora das minas. No porto, antes de abastecer um navio, é preciso avaliar a umidade em que o minério que será transportado se liquefaz para, assim, ajustar as condições do ambiente. Esse procedimento evita que a carga derreta e provoque o afundamento da embarcação durante o trajeto.

Antigamente, essa medição era feita exclusivamente em laboratório em uma análise que podia durar até três horas. Só depois do resultado, a carga era liberada. Um prejuízo e tanto, já que, por hora, são carregadas 16 toneladas de minério de ferro. Desde 2020, o cálculo de umidade é feito por IA, que emite o resultado em minutos, evitando que a operação fique parada.

“O teste continua sendo realizado no laboratório, apenas para fins burocráticos e, em 97% dos casos é exatamente o mesmo daquele identificado pela máquina”, garante Pigetti. Segundo a companhia, os ganhos com as soluções de IA já ultrapassaram os R$ 300 milhões.

A IA também tem facilitado o trabalho nos escritórios. Sistemas de democratização de tecnologias permitem que usuários dos mais variados cargos usem aplicativos de suporte. Alimentados com manuais técnicos, por exemplo, assistentes virtuais emitem gráficos, relatórios, preparam material para reuniões e respondem perguntas específicas como normas técnicas.

Tecnologias assim agilizam o trabalho e evitam que uma pessoa abra mão de tempo criando algo ou executando uma tarefa mais elaborada para fazer algo que pode ser delegado a um robô. Mais do que isso: essas ferramentas ajudam a suprir a carência que o setor tem por algumas funções dentro e fora da mina.

“Hoje em dia, faltam profissionais em diversas áreas da mineração. Os jovens não querem mais ocupar atividades de risco ou que exigem ir a campo”, afirma Bartira Carvalho, gerente de vendas regional na Datamine, fornecedora de softwares para mineração, compartilha da opinião. “Existe ainda uma carência de mão de obra especializada e que pode ser suprida por tecnologias que carregam histórico de dados complexos.”

Junto com as facilidades, porém, vem o receio de perder postos de trabalho humano para as máquinas. “O medo está em quem vê a IA como fim e não como meio”, diz ao NeoFeed, João Camilo Costa, head de soluções digitais da Innomotics, empresa que desenvolve e fornece soluções em eletrificação, automação e digitalização para a mineração.

E ele completa: “Há quem diga que o ser humano vai ser completamente substituído pela IA. Na minha opinião, quem vai desaparecer são as pessoas que não têm a tecnologia como aliada”.





Fonte: Neofeed

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