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Macron trucou, Le Pen ganhou e os impasses político e econômico pairam sobre a França

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A reação positiva do mercado financeiro francês na manhã de segunda-feira, 1º de julho, ao resultado do primeiro turno da eleição parlamentar da França, realizado na véspera, refletiu a complexidade política e econômica, para o país e para o futuro da União Europeia, que o atual processo eleitoral representa – com dois partidos extremistas, um de direita e outro de esquerda, liderando a votação.

O índice CAC 40 da Bolsa de Paris, que reúne 40 das maiores empresas listadas, subiu 2,7% na abertura, diminuindo para alta de 1,5% ao longo da manhã.

A euforia se deve ao desempenho da Reunião Nacional (RN), partido de ultradireita liderado por Marine Le Pen e favorito para obter a maioria das 577 cadeiras em disputa na Assembleia Nacional. A RN, porém, recebeu entre 33% e 34,2% dos votos nacionais, insuficientes para assegurar as 289 cadeiras para formar maioria.

A aposta do mercado financeiro é que, sem maioria, a ultradireita francesa terá dificuldade de aprovar sua agenda econômica repleta de subsídios na Assembleia Nacional – elevando ainda mais a atual crise fiscal e de dívida pública do país, o que seria péssimo também para os mercados europeus e para o euro.

A coligação de extrema-esquerda Nova Frente Popular – que também tem uma agenda fiscal expansionista – chegou em segundo com 28,5% a 29,6%, enquanto a aliança centrista liderada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, obteve entre 21,5% e 22,4% de apoio.

A disputa, portanto, segue em aberto no segundo turno, marcado para o próximo domingo, 7 de julho, pois os partidos de oposição à RN podem se unir e escolher o candidato com mais chance de vitória nos distritos que não elegeram um candidato com mais de 50% dos votos.

Essa possibilidade, porém, está longe de resolver as preocupações do mercado financeiro. São duas as possibilidades a serem abertas com os resultados do segundo turno. Uma delas, sem um partido majoritário controlando a Assembleia Nacional, o impasse político tende a travar votações relevantes.

A outra hipótese, a vitória de um partido extremista – seja da ultradireita ou da extrema esquerda – levaria à adoção de políticas perdulárias e nacionalistas que provocariam rapidamente uma crise econômica e social na França.

A rigor, independentemente do resultado do segundo turno, a França entra num período de incerteza que pode se estender até 2027, quando termina o mandato de Macron.

Legado sob risco

O maior temor de boa parte do mercado financeiro é ver o legado de Macron virar pó com a Assembleia Nacional sob domínio ultradireitista, o mais cotado para sair vencedor da eleição, nem que seja sem maioria absoluta.

Desde que assumiu o poder, há sete anos, o atual presidente francês pôs fim a um longo período de letargia da economia do país: cortou os impostos para as empresas, aprovou uma reforma parcial do sistema de aposentadoria e colocou em ação iniciativas que ajudaram a criar 2 milhões de empregos e mais de 6 milhões de empresas.

Em abril, a taxa de desemprego era de 7,3%, abaixo do máximo de 10,5% registado pelo antecessor de Macron, François Hollande. Hoje, a França tem crescimento econômico acima da média da zona do euro e taxa de pobreza inferior à do bloco.

Macron, porém, não conseguiu transformar os bons resultados em votos. Em parte porque, embora Paris e as grandes cidades tenham prosperado, no interior francês a percepção de desigualdade econômica aumentou ao longo do mandato do presidente francês e serviu de gatilho para a extrema direita atrair votos.

Enquanto o partido de Le Pen batia bumbo com seu discurso contra os imigrantes, Macron preferiu priorizar as questões climáticas, levando-o a cair na armadilha de aumentar impostos sobre os combustíveis fósseis, que incitaram os protestos dos coletes amarelos e enfraqueceram permanentemente seu governo depois de 2018.

De quebra, Macron pouco fez para desfazer a imagem de arrogante e inacessível. Sua decisão de convocar eleições parlamentares antecipadas, por exemplo, pegou de surpresa até os apoiadores.

O anúncio foi feito logo depois do RN obter maioria dos votos na eleição para o Parlamento Europeu, há três semanas. O presidente francês alegou que sua aliança centrista, que já havia perdido a maioria absoluta na Assembleia Nacional em 2022, foi dilacerada por uma “desordem” que tornou difícil legislar.

O anúncio, em meio aos preparativos finais de Paris para sediar as Olimpíadas, com início no final do mês, tornou ainda mais incompreensível sua atitude.

O fato é que o cenário francês daqui para frente é incerto seja qual for o resultado do segundo turno da eleição. Se a RN obtiver maioria, por exemplo, forçará Macron a dividir o poder com um governo de coabitação, no qual Jordan Bardella, de apenas 28 anos, protegido de Le Pen, deverá ser nomeado primeiro-ministro.

A agenda da Reunião Nacional causa calafrios no mercado financeiro e na sede da UE, em Bruxelas: Le Pen está determinada a reverter a reforma das pensões, a restaurar o imposto sobre a riqueza e promete reduzir o IVA nas contas de energia e combustível.

No campo político, promete reprimir a imigração, deportar “islamistas”, proibir o uso do véu em locais públicos e reintroduzir controles nas fronteiras com outros países da União Europeia.

O que mais assusta o mercado é a possibilidade uma política fiscal expansionista, uma ameaça que atinge a União Europeia. No caso da França, os números da política fiscal de Macron são preocupantes – em seu governo, a economia francesa fechou 2023 com déficit público de 5% e uma dívida elevadíssima, de 110% do PIB.

Tanto a extrema-direita como a extrema-esquerda estão empenhadas em grandes aumentos da despesa que inflacionariam a dívida e o déficit, violando ao mesmo tempo as regras da UE.

Bruno Le Maire, ministro das Finanças da França, alertou que a vitória de qualquer um dos extremos poderia levar a uma crise da dívida em França e à supervisão das finanças do país pelo FMI ou pela Comissão Europeia.



Fonte: Neofeed

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Fred Trajano revela o plano estratégico da Magalu para os próximos anos. E vai mexer com o “cérebro” da Lu

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Fred Trajano revela o plano estratégico da Magalu para os próximos anos. E vai mexer com o “cérebro” da Lu
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O CEO da Magalu, Fred Trajano, o CTO, André Fatala, e o management da companhia voltaram recentemente de uma imersão no Vale do Silício. Ali, visitaram as principais empresas de tecnologia do planeta. Foram na Nvidia, na OpenAI, na Meta, no Google e em outros players que estão na vanguarda da inteligência artificial generativa.

Eles voltaram de lá com uma certeza: trata-se de uma mudança única para o mundo dos negócios e para o modo como vivemos. “Estamos às vésperas de uma revolução de um impacto tão grande ou até maior do que foi o surgimento da internet, que mudou avassaladora todos os negócios, a forma como trabalhamos e como estudamos”, diz Trajano.

A viagem não foi à toa. A cada cinco anos, a companhia desenha um novo ciclo estratégico e o próximo ciclo, que acontecerá de 2026 a 2031, já está em curso. E Trajano antecipou o que acontecerá com a Magalu com exclusividade ao NeoFeed. “Depois do e-commerce e do m-commerce (mobile), chegou a vez do AI-commerce”, diz Trajano ao NeoFeed.

Na visão do CEO da Magalu, no futuro, as pessoas conversarão mais com os agentes de inteligência artificial do que com os colegas do lado. Será uma transformação brutal e a companhia tem uma grande vantagem frente aos seus competidores tanto no varejo como em outros setores. A empresa conta com uma influenciadora digital com 40 milhões de seguidores nas redes sociais.

Trata-se da Lu, que, na esteira do avanço da inteligência artificial, terá seu “cérebro” desenvolvido e alimentado para ser um potente motor de vendas. “A minha visão é a de que o varejo será muito mais conversacional”, afirma Trajano. A ideia é treinar o modelo da Lu para, obviamente, ser muito carismática. Mas dentro do contexto de uma jornada de compras.

Além de alimentar o cérebro da Lu, a Magalu tem também outro ambicioso objetivo com a inteligência artificial. É o de transformar a Magalu Cloud em um importante player do setor de infraestrutura na nuvem. “A gente montou a cloud para controlar os custos da nossa operação online”, diz Trajano. “Se funciona para a Magalu, por que não oferecer para terceiros?”, diz Trajano.

Na conversa que tiveram com o NeoFeed, Trajano e Fatala detalharam o futuro da companhia, os ganhos de produtividade que virão, para onde irão os investimentos, os custos que já estão caindo com uma infraestrutura própria e muito mais. Acompanhe, a seguir, os principais pontos:

COMO A MAGALU DEFINE A ESTRATÉGIA
Os principais executivos da companhia costumam fazer viagens de estudo antes de cada mudança de ciclo estratégico. No primeiro ciclo estratégico da gestão de Fred Trajano, que foi de 2016 a 2020, o management foi ao Vale do Silício. “Fomos estudar como funcionavam as áreas de tecnologia de lá, cloud, arquitetura de sistema, digitalização, e-commerce”, diz Trajano. Depois que isso foi implementado, veio o segundo ciclo. “Aí fomos para a China. É o ciclo de diversificação de resultado. Tínhamos digitalizado a companhia, mas a companhia não estava ainda à prova de ciclos econômicos”, diz Trajano. Para isso, os executivos foram aprender os modelos de ecossistema digital chineses, de diversificação, inspirados em Tencent e Alibaba. Daí surgiram o Magalu Bank, o app mais completo, a Magalu Cloud. “Estamos concluindo esse ciclo agora e estamos caminhando para o quinto trimestre lucrativo, mesmo com juros altos. Agora vem o próximo ciclo estratégico”, afirma Trajano.

O NOVO CICLO ESTRATÉGICO
O novo ciclo, que se iniciará em 2026 e que foi revelado com exclusividade ao NeoFeed, será calcado em inteligência artificial. “O potencial impacto disruptivo de uma tecnologia igual a AI eu só vi na implementação da internet no final da década de 1990 e, em menor escala, a revolução do mobile que fez surgir negócios como Uber, iFood, a app economy”, diz Trajano. A AI, diz ele, terá um impacto muito forte tanto para o varejo como para produtividade. Se as duas revoluções anteriores deram origem ao e-commerce e o m-commerce, agora será a vez do AI-commerce. “Essa é uma revolução maior do que as anteriores”, afirma Trajano. Para se preparar para isso, os executivos da Magalu foram ao Vale do Silício e visitaram todos os grandes players do setor para ter uma visão dos modelos fechado, open source e dos provedores de infraestrutura.

OS FOCOS DA COMPANHIA EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
A empresa terá duas frentes nessa área. “A mais relevante para nós é o cérebro da Lu. O AI-commerce será uma tendência forte na nossa categoria”, diz Trajano. Mas, além disso, a companhia tem um outro negócio no qual a inteligência artificial será crucial. Trata-se de sua empresa que é provedora de infraestrutura para a própria Magalu e para terceiros: a Magalu Cloud. “Fomos na Nvidia, na OpenAI, no Google e na Meta, que tem o modelo aberto que é o Llama”, afirma Trajano. André Fatala, o CTO da Magalu, complementa que, para escalar em um mercado como o Brasil, a Magalu Cloud estuda usar modelos open source como Llama e agora o do chinês DeepSeek, que são mais acessíveis. “Além de serem mais baratos, você consegue treinar esses modelos com os seus dados e os seus dados ficam com você”, diz Trajano. E tem mais um ponto levantado por Trajano: o da soberania nacional de dados. “No futuro, as pessoas vão conversar mais com a LLM (modelo de linguagem) do que com o colega do lado”, diz ele. É preciso ter modelos treinados no Brasil para não correr o risco de uma diluição cultural.

O PLANO DA MAGALU CLOUD
O desafio é como oferecer um serviço de cloud com ferramentas de AI com preços acessíveis. Fatala diz que a “Magalu Cloud terá uma precificação que realmente endereça os limitadores de Brasil para se utilizar cloud.” Sem o modelo aberto, isso seria inviável diante do alto custo de modelos fechados como os de uma OpenAI, por exemplo. “Nesse caso, você pega o modelo gratuito, copia, diminui e destila. E aí você consegue trabalhar aqui paras as necessidades da Magalu quanto de também prestar esse serviço para startups brasileiras de AI que queiram destilar ou construir os seus modelos em cima de uma infraestrutura nacional com custo em real.”

A QUEDA DOS CUSTOS COM INFRAESTRUTURA
“A gente montou a cloud para controlar os custos da nossa operação online”, diz Trajano. “Se funciona para a Magalu, por que não oferecer para terceiros?” Para o grupo, afirma Fatala, a redução de custo com cloud está na casa dos 50%. Quando começou a operação, a Magalu rodava 30% de sua infra na própria cloud, hoje esse índice está em 40%. “Se olhar para clientes terceiros, determinados produtos da cloud que temos são 70% mais baratos do que os de empresas internacionais e estamos no Brasil, o que melhora a latência”, diz Fatala. Hoje, a companhia está em seis data centers no Sudeste e Nordeste. “Um disclaimer importante a ser feito em relação aos hyperscalers é que a nossa cloud não tem todos os serviços, temos o nível básico de computing e continuaremos a ter parceiros para outros níveis”, diz Trajano. O ponto destacado pelos executivos é o de que a Magalu Cloud pode se tornar uma grande geradora de receita porque grande parte das empresas brasileiras não precisa de soluções sofisticadas. O básico é computação, armazenamento, dados, segurança e rede. “65% dos gastos de TI na parte de cloud vão para esses tipos de produtos”, diz Fatala. Além da própria Magalu, a unidade de cloud da empresa conta com 300 clientes.

O IMPACTO NO GRUPO
A companhia acelerou iniciativas de AI para a Magalu e criou uma diretoria de AI, com a chegada do executivo Caio Gomes. O time dedicado a dados e AI também saltou de 40 pessoas para 100 funcionários em um período de 12 meses. A empresa criou para os desenvolvedores do LuizaLabs o que eles chamam de Lu Assistance, usando Llama e DeepSeek, para que o desenvolvimento de produtos seja mais rápido. “Ajuda os desenvolvedores a programar. Estamos pagando um décimo do que pagaríamos se estivéssemos contratando uma solução SaaS”, diz Fatala. Outro projeto, batizado de Bino (o caminhoneiro da série Carga Pesada) foi o de já calcular o frete no processo de navegação do cliente, antes mesmo de entrar nos detalhes do produto. “Mas o maior projeto para a Magalu é o cérebro da Lu”, diz Trajano. “Chagaremos a um universo de AI-commerce, a jornada de compra vai mudar significativamente no futuro e vai, quase que sempre, passar por uma interação com um agente de AI.”

Andre Fatala, o CTO da Magalu

O CÉREBRO DA LU
A Magalu já tem uma vantagem em relação a muitos players porque a Lu se tornou um fenômeno cultural, uma personagem conhecida e seguida por 40 milhões de pessoas nas redes sociais. “O cliente já fala com a Lu, já faz perguntas para ela, já interage. Nosso canal no WhatsApp tem quase 20 milhões de clientes que falam com ela frequentemente”, diz Trajano. Por mês, são 3 milhões de interações para compra. Na visão de Trajano, a jornada de compra será AI First e a Lu terá um papel ainda mais fundamental nesse processo. Por isso, a Magalu está investindo cada vez mais em infraestrutura. A Magalu acredita que a jornada futura de compra vai começar com uma conversa com uma AI, como se estivesse falando com uma vendedora da loja. “A minha visão é a de que o varejo será muito mais conversacional”, afirma Trajano. A ideia é treinar o modelo da Lu para ser muito carismática, para que tenha uma interação mais humana. Segundo Trajano, ela nasceu para ter calor humano em uma experiência virtual. Mas dentro do contexto de uma jornada de compra. “A Lu vai humanizar o processo de compra, entendendo e conversando com o cliente durante o processo.” O cérebro dela será alimentado com os dados de 40 milhões de clientes; catálogos de produtos de fornecedor; base de dados de inputs de sellers; reviews de gente que não comprou, que não são clientes ativos; a gente pode comprar bases e ampliar. Quanto mais dados, melhor.

A NOVA TECNOLOGIA É UMA BANDEIRA AMARELA
Na visão de Trajano, a AI é como uma bandeira amarela em uma prova de Fórmula-1. Não importa se um competidor está duas voltas na frente do outro, quando vem a bandeira amarela, todos voltam para a largada. “Como quem era líder em loja física antes da internet não é mais agora, como quem era líder em desk antes do mobile não é mais líder agora. Então, acho que é a mesma coisa. Novos líderes vão surgir e aqueles que ‘crack the code’ melhor do que será a AI para essa jornada de compra ou para a proposta de serviços computacionais em nuvem terão grandes oportunidades porque o crescimento virá daí”, diz Trajano. E complementa. “Raras vezes na vida você tem a oportunidade de viver uma revolução tecnológica dessa magnitude. Todos os setores serão impactados por essa tecnologia.”

AI NA PRODUTIVIDADE DA EMPRESA
“Um dos pontos bem claros que estamos vendo de impacto é o direcionamento de aumento de eficiência. Você pode fazer tudo de uma maneira melhor, sem nenhum tipo de parada, 24×7”, diz Fatala. Ele explica que as conversas de automatização e robotização que aconteciam há 10 anos, e que não conseguiram ser concretizadas agora poderão virar realidade e serão altamente escalável. “Antes a gente pegava determinado processo e tentava automatizar. Mas, se algum tipo de decisão acontecesse no fluxo desse processo, parava. Agora, você consegue treinar o agente para, dependendo do que está acontecendo nesse fluxo, ele tome uma decisão e continue com o processo automatizado”, diz Fatala. Nos processos de fraude, por exemplo, a tomada de decisão não dependerá de um humano. Um desenvolvedor que faz algumas linhas de código poderá fazer cinco vezes mais. “Eu já ouvi falar de CEOs que não querem mais participar de calls de resultados e vão montar um clone com AI para responder perguntas de analistas”, diz Trajano. Até mesmo decisões estratégicas da companhia poderão, no futuro, ser tomadas em conjunto com agentes de AI. “Estamos às vésperas de uma revolução de um impacto tão grande ou até maior do que foi o surgimento da internet, que mudou avassaladora todos os negócios, a forma como trabalhamos e como estudamos”, diz Trajano.

A SOBERANIA NACIONAL
“Hoje, a questão de dados já é relevante e as grandes opções de cloud no mercado são de empresas estrangeiras. Existem alguns artifícios legais que permitem ao Congresso americano exigir que essas empresas submetam o dado, mesmo de outro país, para ele, ele tem soberania”, diz Trajano. O executivo levanta essa questão porque, na visão dele, no futuro as pessoas conversarão mais com os agentes de AI do que com outras pessoas. “E, se não tivermos modelos construídos de acordo com a cultura local, com os códigos culturais locais, com a linguagem local, a chance de termos uma diluição cultural é muito relevante. Temos controles de quem compra terra no Brasil, de mídia no Brasil, essa questão de soberania cultural é tão importante quanto os outros temas. O governo tem que ter uma agenda para viabilizar players nacionais. Esse é um tema importante para o nosso país daqui para frente. Essa é uma agenda de países superdesenvolvidos, por que não seria do Brasil também?”, diz Trajano.





Fonte: Neofeed

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Oswald de Andrade, o “mau selvagem” do biógrafo Lira Neto

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Oswald de Andrade, o
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O jornalista Lira Neto tinha entre 18 e 19 anos quando leu Pronominais, de Oswald de Andrade, e o impacto foi imediato. O poema, que celebra o português das ruas e desafia as normas rígidas da gramática, ressoou naquele jovem aspirante a poeta em Fortaleza, no fim dos anos 1970 e início de 1980.

“Fiz parte da chamada ‘geração mimeógrafo’, que escrevia poemas alternativos, à margem do mercado editorial — daí nos autointitulávamos, com orgulho, ‘poetas marginais’”, lembra ele, em entrevista ao NeoFeed. A rebeldia do verso do poeta foi mais do que uma inspiração. “Oswald era uma espécie de pai espiritual para todos nós, que também já amávamos um herdeiro assumido da Antropofagia, Caetano Veloso.”

Escritor, poeta, ensaísta e, acima de tudo, provocador, o paulistano Oswald de Andrade (1890–1954) foi um dos principais articuladores da Semana de Arte Moderna de 1922 — aquela que sacudiu literatura, artes plásticas e música no Brasil e completa 103 anos nesta semana.

Para Oswald, para criar uma cultura nacional autêntica era preciso devorar o país — e o mundo. Em 1928, publicou o Manifesto Antropófago, em que propunha engolir influências europeias e cuspir algo só nosso. “Tupi or not Tupi, that is the question”, escreveu, parodiando Shakespeare.

Sua vida foi tão polifônica quanto sua obra. Entre seus diversos casamentos, os mais conhecidos foram com a pintora Tarsila do Amaral e, depois, com a escritora e militante Pagu. Transitava com a mesma desenvoltura por salões burgueses e assembleias operárias, colecionando desafetos.

Esse homem contraditório é o centro de Oswald de Andrade – Mau Selvagem, nova biografia assinada por Lira Neto e publicada pela Companhia das Letras. O biógrafo, de 61 anos, passou quatro anos mergulhado na vida e na obra do modernista. O resultado: 528 páginas que mostram, sem retoques, o homem por trás do mito.

“O espírito oswaldiano, dionisíaco, quase satânico por vezes, seduzia-me como biógrafo”, diz Lira, autor de Getúlio Vargas, Padre Cícero, Maísa e José de Alencar. Sua maior dificuldade ao escrever sobre a vida do poeta foi “controlar minha paixão pelo biografado”. “Oswald era um homem insuportável e, mesmo assim, fascinante”, define.

Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista de Lira Neto para o NeoFeed.

Você releu as obras de Oswald em Portugal, durante seu doutorado, entre 2018 e 2022. Na época, o que estava pesquisando e o que o fez voltar à obra do escritor?
Na Universidade de Coimbra, cheguei a pensar em realizar um estudo comparativo entre o Estado Novo de Antonio Salazar, em Portugal, e o Estado Novo de Getúlio Vargas, no Brasil. Mas, em algum momento, caiu-me de novo às mãos o livro Pau-Brasil, de Oswald. No doutorado, trocávamos muitas ideias, entre professores e alunos, a respeito do pensamento decolonial — ou pós-colonial, conforme queiram. Deu-me o tal estalo. Oswald de Andrade já era, desde sempre, um crítico do colonialismo e do patriarcado, denunciando a violência do processo colonial e pregando a libertação da epistemologia eurocêntrica.

Quais materiais inéditos você teve acesso para escrever esta biografia?
Tive a sorte de poder mergulhar no acervo de Oswald, que está sob a guarda do Centro de Documentação Alexandre Eulálio (CEDAE), na Unicamp. São mais de quatro mil documentos, um universo de informações. Também recorri a jornais e revistas de época, em busca de episódios perdidos no tempo. Mas, a experiência com a escrita biográfica me ensinou, depois de tantos anos dedicados ao ofício, que muito mais importante do que o ineditismo — essa obsessão jornalística pelo furo — é lançar um olhar inaugural e criativo sobre uma documentação já conhecida e revisitada. A partir das mesmas fontes, estabelecer novas perguntas, sugerir ângulos inusitados, pontos de vista menos óbvios.

“O título foi inspirado pelo próprio Oswald, que abominava a imagem conformista e colonizada do ‘bom selvagem’ de Rousseau”, diz Lira Neto (Foto: Companhia das Letras)

Com 528 páginas, o livro custa R$ 129,90 (Foto: Companhia das Letras)

Você poderia contar um pouco sobre a escolha do título “mau selvagem”?
O título foi inspirado pelo próprio Oswald, que abominava a imagem conformista e colonizada do “bom selvagem” de Rousseau. Em contraposição ao indigenismo ingênuo de José de Alencar e Gonçalves Dias, ele nos oferecia a ideia do mau selvagem, do devorador de gente, do antropófago como metáfora de um novo processo civilizatório. Não se tratava de exaltar o mero canibalismo, o ato de comer carne humana. Na metáfora oswaldiana, o antropófago não se alimentava do inimigo para saciar a fome ou por mera vingança. Na verdade, estabelecia-se um ritual de conexão simbólica entre o devorador e o devorado.

Hoje, vemos governos como o de Donald Trump, com o slogan “Make America Great Again”, e o crescimento de movimentos ultranacionalistas. Como Oswald poderia nos ensinar a valorizar a produção cultural brasileira sem cair em um ufanismo semelhante?
A antropofagia oswaldiana rejeitava qualquer tipo de ufanismo, de patriotismo ingênuo, de verdeamarelismo tacanho. A lógica antropofágica era exatamente o oposto ao nacionalismo oportunista e reacionário. Oswald é cada vez mais necessário hoje. Bastaria, talvez, lermos o Manifesto Antropófago. Melhor ainda lermos seus textos de combate, publicados na imprensa ao longo de toda a sua vida. E, especialmente, lermos sua tese, A crise da filosofia messiânica, que apresentou para concorrer à cadeira de filosofia na USP. Nela, denuncia os manipuladores, os aproveitadores, os “Messias” de toda espécie.

Seu livro reafirma o traço irreverente de Oswald, alguém que preferia perder o amigo a perder a piada. Mas você mostra que, na infância, ele sofreu bullying na escola. De alguma forma, você acredita que essa postura de “mau selvagem” foi uma forma de sobrevivência e de se destacar no meio?
Oswald dizia que o artista, o louco e a criança têm algo em comum, um certo desajuste diante das convenções do mundo. Quando criança, ele encarnou o estereótipo do gordinho engraçado como mecanismo de defesa para rebater o assédio moral que sofria dos demais garotos. Mas penso que jamais deixou de ser um homem que fez da ironia e do escárnio uma arma contra as incompreensões sociais — por mais que seu indomável sarcasmo também tenha produzido injustiças contra muita gente, incluindo mulheres e amigos.

Aliás, embora Oswald traísse as mulheres com quem se relacionava e se mostrasse ciumento às vezes, ele também incentivava e ajudava suas carreiras profissionais, chegando a defender o matriarcado em alguns textos.
Essa é apenas uma das muitas contradições de Oswald. Um machista ciumento que pregava a utopia do matriarcado, um agnóstico que fazia promessas para Nossa Senhora de Aparecida, um lírico que escrevia as mais deliciosas indecências.

Oswald usava os meios de comunicação e sua influência na imprensa para expor suas opiniões e provocar polêmica. Na era das redes sociais, ele seria um heavy user dessas plataformas e, consequentemente, cancelado?
Oswald foi cancelado já à época, mesmo que ainda não existisse o conceito atual de cancelamento. Por causa de suas escolhas e atitudes, foi execrado, julgado e condenado pela dita intelectualidade, perseguido e massacrado pelos pretensos arautos da virtude. Morreu esquecido, pobre, doente, no mais completo ostracismo. Com seu humor corrosivo e seu extraordinário poder de síntese, talvez viesse a escrever, hoje, posts imbatíveis. Mas, talvez, também, não escapasse da polícia de costumes, dos fiscais da imperfeição alheia, das tretas incentivadas pelas belas almas, das retaliações incitadas pelos paladinos da moral punitiva, dos ressentidos à esquerda e à direita.





Fonte: Neofeed

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As grandes fortunas estão de mudança para Punta del Este, o “Hamptons da América do Sul”

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As grandes fortunas estão de mudança para Punta del Este, o
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Os primeiros turistas chegaram na tarde de 2 de fevereiro de 1907, a bordo do navio a vapor Golondrina II. Empresários argentinos e uruguaios, de “alto poder aquisitivo, com visão clara e olfato apurado”, como se noticiou à época, vieram de Montevidéu, em uma viagem “tranquila, sem movimentos bruscos”. A excursão fora planejada por uma empresa local para promover o balneário que começava a despontar na porção mais oriental da costa do Uruguai: Punta del Este.

Os visitantes ficaram encantados com as praias de areias brancas e águas claras da região. Apenas três quarteirões separavam La Mansa, protegida pela baía do rio da Prata, da selvagem La Brava, aberta para o Atlântico. Alguns compraram ações da Sociedade Termal de Punta del Este, enquanto outros encomendaram a construção de chalés. E, assim, a estância se firmou como destino de verão — primeiro, das elites argentinas e uruguaias e, depois, do jet set internacional.

O tempo passou, os personagens do grand monde mudaram, mas Punta continuou sinônimo de elegância e requinte. Não à toa é hoje conhecida como o “Hamptons da América do Sul”. Nos últimos anos, no entanto, o perfil do lugar começou a mudar — sem jamais perder o glamour. É crescente o número de estrangeiros com bolsos fundos que escolhem a cidade para morar.

Aos poucos, Punta deixa de ser um destino para férias, agitada apenas entre dezembro e fevereiro, para se consolidar como endereço fixo de donos de grandes fortunas, empresários, investidores e executivos C-level, sobretudo das indústrias de tecnologia e de hedge fund.

Por trás desse movimento, está uma série de benefícios socioeconômicos, oferecidos pelo governo uruguaio e a busca por exclusividade, privacidade e qualidade de vida, potencializada pela pandemia de covid-19.

Apenas nos primeiros três anos da década de 2020, o boom imobiliário de Punta girou US$ 6 bilhões, em novos investimentos. And counting

Equivalente uruguaio aos brasileiros Albert Einstein e Sírio Libanês, o Hospital Britânico, por exemplo, concluiu recentemente uma unidade no balneário. O mesmo aconteceu com a International College, escola privada bilíngue, frequentada pelos filhos das famílias de alta sociedade.

A chegada de americanos e europeus

Nada, porém, ilustra com tanta perfeição a nova vocação da cidade quanto o Fasano Las Piedras. Inaugurado em 2011, o condomínio ultrapremium combina hotel de luxo com um empreendimento imobiliário, focado no universo dos high-net-worth individuals, ou UNWIs — em bom português, os muito, muito ricos.

“Já temos hoje 11 famílias morando lá o ano inteiro”, diz Danilo Magrini, executive director da JHSF, responsável pelo empreendimento, em conversa com o NeoFeed. Dos 70 lotes lançados até agora, 56 estão vendidos. A maioria para argentinos e brasileiros. Mas os europeus e, principalmente, os americanos começam a chegar.

Três terrenos foram adquiridos por cidadãos dos Estados Unidos. Um deles, tem 55 mil metros quadrados (m²), onde será construída uma casa de 3,5 mil m², em um investimento de mais de US$ 30 milhões, conta Magrini. O comprador? O executivo de uma big tech.

O projeto do Fasano Las Piedras é do arquiteto Isay Weinfeld (Foto: Divulgação)

Para atender ás demandas dos novos residentes, o campo de golfe do resort tem agora 18 buracos (Foto: Divulgação)

O projeto do Fasano Las Piedras procurou interferir o menos possível na natureza. As pedras encontradas no terreno foram, em sua maioria, preservadas, como as da piscina (Foto: Divulgação)

O beach club do Fasano Las Piedras fica na praia de La Barra, a sete minutos de carro do complexo (Foto: Divulgação)

Os residentes têm acesso a todos os serviços do hotel, como ao restaurante Fasano (Foto: Divulgação)

Dois barquinhos elétricos fazem o trajeto do condomínio para o beach club e servem para os adeptos do “birdwatching” (Foto: Divulgação)

O Fasano Las Piedras ocupa uma propriedade de 4,5 milhões de m², às margens do Arroyo Maldonado. Ao hotel, cabem 330 mil m². O resto é todo do condomínio, previsto abrigar apenas e tão somente 150 famílias. A título de comparação, a sofisticada Fazenda Boa Vista, empreendimento da JHSF, no interior paulista, tem 12 milhões de m² e 900 casas.

Em Punta, normalmente, os lotes variam de dois mil a cinco mil m², para residências de 400 a 600 m², a partir de US$ 2,5 milhões a US$ 3,5 milhões. “O cliente tem a opção de comprar somente o terreno e desenvolver o projeto por sua conta, mas nós também oferecemos a ele três, quatro tipologias de casa e entregamos tudo pronto”, explica Magrini. Tudo é tudo. Da arquitetura assinada pelo célebre Isay Weinfeld e Carolina Proto ao paisagismo e mobiliário.

A ser inaugurado em breve, o Villas Golf é, nas palavras do executivo da JHFS, o produto “mais aspiracional” do negócio. São lotes de mil m², com casas de 285 m² e preços entre US$ 1,5 milhão e US$ 2 milhões.

O suprassumo do luxo

O dono de uma propriedade no Fasano Las Piedras pode usufruir de todas as comodidades oferecidas aos hóspedes do hotel. Cinco restaurantes; piscina; spa; quadras de tênis; centro equestre, com pista de areia e picadeiro coberto; campos de golfe e de polo; beach club em La Barra, para onde cliente pode ir a bordo de um barquinho elétrico, em um passeio pelo rio Maldonado… e por aí vai.

“Se o residente quiser fechar o pacote com o hotel, pode ter, por exemplo, o café da manhã em casa, arrumação e abertura de cama todos os dias”, explica Magrini. É o suprassumo do luxo.

Para atender às expectativas do novo residente de Punta, cada vez mais exigente e globalizado, alguns serviços foram (ainda mais) refinados. O campo de golfe, projetado pelo americano Arnold Palmer (1929-2016), um dos maiores nomes do esporte mundial, ganhou mais nove buracos, em 2022, e agora tem 18.

No mesmo ano, foi inaugurada a pista de pouso privativa, com 1.260 metros de comprimento. O kids club tem agora 900 m², com monitores do hotel em tempo integral. “A horta orgânica também é muito utilizada pelos moradores”, lembra Magrini.

Os benefícios ficais

Enquanto grande parte do mundo mergulha em turbulências políticas e incertezas econômicas, a estabilidade e segurança jurídica proporcionadas pelo Uruguai despertam a atenção das altas finanças e negócios globais.

Na segunda menor nação da região, com 3,5 milhões de habitantes, os indicadores sociais, políticos e econômicos se revelam em superlativos.

Única democracia plena entre os vizinhos sul-americanos, tem maior PIB per capita e as menores taxas de pobreza. Possui a qualidade de vida mais alta e a matriz energética mais verde. É a menos corrupta e a mais avançada em pautas progressistas — a primeira a legalizar todos os usos da maconha e a permitir o aborto, em qualquer circunstância.

Mas o país só passaria a ser, de fato, considerado como destino de viver para os UNWIs, em 2020, com a eleição de Luis Lacalle Pou. Um mês depois de tomar posse, de modo a “ativar” a economia, o então presidente lançou um pacote de medidas para flexibilizar as regras de residência para quem vem de fora.

Os estrangeiros hoje devem investir, no mínimo, US$ 500 mil em uma propriedade e passar, ao menos, 60 dias por ano no Uruguai. Imóveis a partir de US$ 2 milhões isentam o comprador da obrigatoriedade da estadia — grupo onde está a maioria dos clientes do Fasano Las Piedras, informa o executivo da JHSF.

Entre as vantagens oferecidas aos estrangeiros, está a isenção de impostos sobre os rendimentos das aplicações no exterior, por 11 anos.  O expatriado que queria empreender no país também está livre de uma série de tributos, por períodos de dez a 15 anos. Além disso, as tarifas uruguaias sobre sucessões e doações para ativos estrangeiros tendem a ser bem menores — inclusive, em comparação a vários países europeus.

Para se ter ideia, o número de gestoras de patrimônio estabelecidas no Uruguai saltou de 155 para 174, entre 2020 e 2023, indicam os analistas do Banco Central uruguaio.

O número de clientes cresceu 80%, chegando a quase 49,5 mil. E o volume de ativos, 29%, batendo US$ 37,2 bilhões, no período.

Com uma infraestrutura tecnológica bem estabelecida, o Uruguai vai se firmando também como um importante ecossistema de inovação na América do Sul. Várias techs estão levando seus headquarters e data centers para el paisito, como carinhosamente os uruguaios se referem à nação.

No fim de 2024, a Alphabet, por exemplo, anunciou o investimento de US$ 850 milhões, na construção de um centro de processamento do Google, na cidade de Canelones, a cerca de 50 quilômetros da capital Montevidéu.

Ao que tudo indica, o Uruguai está no caminho para consolidar o antigo sonho de ser “Suíça da América do Sul”.





Fonte: Neofeed

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