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Na guerra comercial de Trump, setor de alumínio brasileiro vive sob ameaça de mais tarifas

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Na guerra comercial de Trump, setor de alumínio brasileiro vive sob ameaça de mais tarifas
Tempo de Leitura:7 Minuto, 3 Segundo


Donald Trump decidiu disparar uma guerra comercial global e o Brasil está preocupado com isso. Poucas horas após tomar posse, o presidente dos Estados Unidos chegou a dizer que “o Brasil quer mal aos Estados Unidos”, em alusão às tarifas de importação aplicadas pelo País. O sinal amarelo para anúncios de taxações ao setor produtivo brasileiro ficou ainda mais forte.

A tensão comercial ficou ainda maior após o anúncio do presidente americano, no sábado, 1º de fevereiro, de taxar em 25% os produtos importados do México e Canadá, e de 10% sobre os chineses.

Nesta segunda-feira, dia 3 de fevereiro, porém, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou um acordo com Trump para suspender em 30 dias o início da imposição da tarifa. Pela proposta, México vai reforçar sua fronteira para impedir o tráfico de drogas nos Estados Unidos, enquanto os americanos se comprometem a impedir o tráfico de armas em território mexicano.

Mas isso não amenizou a crescente preocupação em um cada vez mais provável aumento nas tarifas cobradas em produtos de outros países, incluindo o Brasil. Na indústria do alumínio, que tem 5,6% de participação no Produto Interno Bruto (PIB) industrial, a preocupação é pelo escalonamento de uma cobrança que já existe há sete anos.

Desde o governo o primeiro governo de Trump, o alumínio importado já vem sendo sobretaxado em 10%, por meio de um instrumento chamado Seção 232, sem qualquer reação formal do governo brasileiro. A norma entrou em vigor em março de 2018. E democrata Joe Biden seguiu com a cobrança.

Fato é que, se houver um aumento na taxação dos produtos ligados ao alumínio brasileiro, o setor irá perder fatia significativa de mercado. A afirmação é de Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).

“Com mais uma sobretaxa, vai haver perda de mercado do alumínio brasileiro nos Estados Unidos. O recado de Trump foi ‘venham produzir aqui’. Isso é um desvio de comércio”, disse Donas. “É fato de que o Brasil não se movimentou. O que poderia ser feito seria adotar algum tipo de retaliação e praticar a mesma sobretaxa nos produtos que chegam de outros países.”

Segundo a entidade, das 541,9 mil toneladas de alumínio e seus produtos exportadas em 2024, 72,4 mil toneladas foram destinadas aos Estados Unidos, o que corresponde a 25%. Se for levado em conta somente os semimanufaturados e manufaturados, esse número é maior: representa 32% das exportações brasileiras (58,6 mil toneladas, do total de 182,2 mil toneladas).

Em valores, o resultado também é expressivo. No ano passado, a indústria brasileira do alumínio exportou US$ 796 milhões para os Estados Unidos, o equivalente a 14% do total, alta de 16% sobre o ano anterior.

Janaina Donas, presidente-executiva da Abal
Janaina Donas, presidente da Abal

Para a executiva da Abal, está claro que o alvo principal dos Estados Unidos nessa guerra comercial é a China, mas, para isso, o governo Trump tem atingido outros mercados. “Como não é possível criar um mecanismo para atingir só um país, eles adotaram a medida e depois discutiram algumas exceções.”

Mas o problema não está somente nos riscos externos, que podem afetar nossa balança comercial. Há também uma ameaça interna, na avaliação da executiva da indústria do alumínio, que é a falta de uma ação efetiva da União em evitar que as importações, principalmente da China, resultem em produtos mais baratos do que os fabricados por aqui.

A carga tributária incidente dos produtos nacionais da metalurgia do alumínio chega a 35,2%. Já sobre os mesmos produtos, só que importados, a carga é de 22,4%. “Essa é uma grande preocupação do setor”, afirma. “Se os Estados Unidos estão protegendo o mercado deles, precisamos proteger o nosso.”

Acompanhe, a seguir, os principais trechos da entrevista da presidente-executiva da Abal, Janaina Donas, concedida ao NeoFeed.

Donald Trump tem feito ameaças constantes de sobretaxar ainda mais os produtos brasileiros. Qual o risco real disso para o setor do alumínio no Brasil?
Perda de mercado. Hoje, os Estados Unidos são um mercado consumidor interessante e já há uma sobretaxa de 10% sobre o alumínio brasileiro. Ela foi imposta no primeiro mandato de Trump. Ele quer sobretaxar vários produtos, mas ainda não falou especificamente do alumínio. Estamos atentos. Se isso acontecer, pode fazer com que o Brasil perca mercado nos Estados Unidos. Mas a gente sabe que o alvo deles era a China. Como não é possível criar um mecanismo para atingir só um país, eles adotaram a medida e depois discutiram algumas exceções.

O Brasil não poderia questionar essa sobretaxa nos órgãos internacionais?
O mecanismo legítimo junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para questionar práticas ilegais é o antidumping, aplicado contra empresas, e reclamações contra subsídios, que é aplicado ao país. O multilateralismo está em crise. Começaram a surgir outras barreiras, como a criada pelos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio, a Seção 232, alegando questão de soberania. O governo americano entende que os dois produtos são estratégicos para o país, já que são usados no setor de defesa. E houve uma mudança de governo, mas em nenhum momento Joe Biden pensou em revisar. É uma política de Estado nos Estados Unidos.

E não deveríamos adotar essa mesma política para proteger nosso alumínio?
Isso traz uma reflexão sobre como a gente está enxergando a nossa indústria. O governo brasileiro deveria olhar de forma mais estratégia alguns segmentos. Aço e alumínio poderiam ser considerados estratégicos, justamente por essa questão de soberania. Estamos olhando com atenção e preocupação esse movimento dos Estados Unidos, que vai criar essas retaliações. Se vir uma taxa além do que já é cobrada, vai ser muito preocupante, porque pode tirar nosso acesso a mercados.

Essa é hoje a principal preocupação do setor de alumínio no Brasil?
Temos duas preocupações. Uma delas é garantir a demanda nacional, e a gente tem capacidade para isso. Outra é ter acesso aos mercados globais. Do alumínio primário, que já é manufaturado, 32% do que é exportado têm como destino os Estados Unidos. E é isso que pode ser afetado.

Mas, na prática, o governo brasileiro não adotou nenhuma medida para evitar esse desequilíbrio no início da taxação e nem agora.
O setor deu elementos para que o governo questionasse os Estados Unidos tecnicamente. A questão é que muitas das empresas que atuam no Brasil estão nos Estados Unidos. Mas é fato de que o Brasil não se movimentou. O que poderia ser feito seria adotar algum tipo de retaliação e praticar a mesma sobretaxa nos produtos que chegam de outros países.

E o que impede que esse mecanismo seja adotado?
Aí entram as relações comerciais, os pesos dos parceiros. Normalmente uma retaliação é cruzada. Não dá para retaliar o mesmo grupo de produtos e sim outros que os países são mais dependentes. Caberia, mas não foi adotada. Isso envolve outros interesses. Agora precisamos saber qual serão as decisões americanas sobres as novas taxações e em que setores serão aplicadas.

Isso pode abrir oportunidades para as empresas brasileiras de alumínio atuem em outros mercados?
Sim, mas também há desafios. A União Europeia criou o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), um mecanismo de ajuste de fronteiras vinculada a emissões de carbono para produtos importados. Foi um instrumento para tentar buscar isonomia, para exigir do produto de fora o que eles exigem dos produtos internos. Mas é uma sobretaxa, que está sendo implementada.

E onde está a chance de o alumínio aproveitar o mercado europeu?
A grande discussão é a metodologia que eles estão utilizando e nós questionamos. Isso significa que, para a indústria brasileira exportar para lá, vai ter que atender essas regras. A exceção para reduzir essas tarifas vai ser a sustentabilidade. E, no caso do alumínio brasileiro, estamos muito bem posicionados. Se esse for o critério, pode ser positivo.

Há outra preocupação que possa afetar a indústria do alumínio no Brasil?
A nossa grande preocupação é com o desvio de comércio. O produto importado já tem uma vantagem competitiva sobre o nacional. A carga tributária incidente dos produtos nacionais da metalurgia do alumínio chega a 35,2%. Já sobre os mesmos produtos, só que importados, a carga é de 22,4%. Essa é uma grande preocupação do setor. Além de perder acesso ao mercado, temos risco de perder competitividade contra o produto importado. E a gente precisa encontrar alternativas para isso. Se os Estados Unidos estão protegendo o mercado deles, precisamos proteger o nosso.





Fonte: Neofeed

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Renda fixa ajuda BTG Pactual a ter lucro e receita recordes em 2024

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Renda fixa ajuda BTG Pactual a ter lucro e receita recordes em 2024
Tempo de Leitura:4 Minuto, 21 Segundo


O BTG Pactual fechou 2024 com recordes de receita e lucro, superando um cenário de alta de juros e de deterioração do cenário macroeconômico no Brasil.

O maior banco de investimentos da América Latina divulgou, nesta segunda-feira, 10 de fevereiro, que teve um lucro líquido ajustado de R$ 12,3 bilhões em 2024, alta de 18% em relação a 2023. A receita somou R$ 25,1 bilhões, alta de 16%.

O retorno ajustado sobre o patrimônio (ROAE) atingiu 23,1% no ano passado, acima dos 22,7% de 2023, com o total de ativos no fim do ano subindo 31%, a R$ 646,8 bilhões.

Ao longo dos trimestres de 2024, o BTG foi batente recordes. No três últimos meses do ano passado, não foi diferente: o lucro líquido ajustado foi de R$ 3,3 bilhões, crescimento de 15% em relação ao quarto trimestre de 2023, as receitas totais atingiram R$ 6,7 bilhões, alta de 19%, e o ROAE foi de 23%.

Um dos destaques no ano passado foi a franquia de clientes. Mesmo com a volatilidade dos juros, o segmento manteve a captação positiva, em meio à forte demanda por produtos de renda fixa.

No ano passado, a captação líquida (NNM) somou R$ 247 bilhões, acima dos R$ 205 bilhões de 2023. No quarto trimestre, o banco registrou cerca de R$ 50 bilhões, acima dos R$ 41 bilhões do mesmo período de 2023. Com esse resultado, o BTG Pactual alcançou R$ 1,9 trilhão em recursos de clientes sob gestão e administração, alta de 21%.

A franquia de clientes é vista por analistas como uma das fortalezas do banco para lidar com um 2025 mais nebuloso, em um ano em que a renda fixa deve seguir puxando os resultados. Além disso, a área ganhou um reforço com a aquisição, por R$ 615 milhões da operação da Julius Baer no Brasil.

A incorporação, que ainda precisa ser aprovada pelo Banco Central (BC), promete expandir a parte de gestão de fortunas do BTG Pactual, com o banco estimando que passará a gerir mais de R$ 100 bilhões somente no seu multifamily office, transformando o banco no maior prestador desse tipo de serviço no País. O BTG Pactual também fechou a aquisição da Clave Capital, um movimento que fortalece a asset do banco, lançando novos fundos.

A renda fixa também foi responsável pelos resultados do investment banking (IB), com perspectivas de que siga sendo relevante nos resultados de 2025, ainda que existam dúvidas sobre se as companhias ainda precisam ou querem acessar recursos e em meio à cautela dos investidores.

Enquanto o mercado de equity continua anêmica, a área de debt capital markets (DCM) apresentou contribuição recorde, embalada pelas emissões recordes de dívida pelas empresas no ano passado. Junto com a parte de M&A, DCM ajudou o IB do BTG Pactual a fechar 2024 com R$ 2,1 bilhões em receitas, alta de 30%. Considerando apenas o quarto trimestre, as receitas foram de R$ 510 milhões, alta de 10% em base anual.

A área de corporate lending and business banking apresentou recorde de receitas em 2024, de R$ 6,5 bilhões, avanço de 27%. No quarto trimestre, a receita foi de R$ 1,8 bilhão, alta de 35%. O portfólio de crédito atingiu R$ 221,6 bilhões no ano, avanço de 29%, com a carteira de pequenas e médias empresas totalizando R$ 26 bilhões, avanço de 27% no ano.

A questão, agora, é como o banco vai se comportar em termos de concessão de crédito. Os principais bancos brasileiros têm informando que deverá ter cautela nessa área ao longo de 2025. Esse é um tema ainda mais relevante para PMEs, embora, para esse público, as operações do banco sejam colateralizadas.

Já a área de sales & trading, que inclui corretagem e operações de mercado, viu a receita cair 4% no ano passado, para R$ 6 bilhões, mesmo com a alta de 10% vista na receita do quarto trimestre, que somou R$ 1,5 bilhão.

No ano passado, a área apresentou sua menor exposição a risco de mercados do que em anos anteriores, com o VaR (medida de perda percentual de uma carteira de investimentos) de 0,21% no ano e 0,13% no trimestre.

Em relatório publicado antes da divulgação dos resultados, os analistas do Goldman Sachs destacaram que as ações do BTG Pactual são sua preferência para o próximo ano.

“Olhando para 2025, acreditamos que o ROAE deve continuar expandindo no BTG, apoiado pelo crescimento ainda saudável da asset e do wealth management, empréstimos corporativos e interest and others à medida que os juros sobem”, diz trecho do relatório.

O Itaú BBA apontou que as ações do BTG Pactual apresentam um relação de risco e retorno favorável, considerando o P/E de 7,7 vezes para 2025. Já o Citi enxerga um upside de 53% para as ações, destacando que a diversificação da receita deve continuar impulsionando o retorno.

As units do BTG Pactual fecharam o pregão de sexta-feira, 7 de fevereiro, com alta de 0,06%, a R$ 32,12. Em 12 meses, os papéis registram queda de 14,5%, levando o valor de mercado a R$ 134,7 bilhões.



Fonte: Neofeed

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Bill Gates e a invenção de um futuro que já dura meio século

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Bill Gates e a invenção de um futuro que já dura meio século
Tempo de Leitura:6 Minuto, 7 Segundo


Seis anos havia se passado desde a chegada do homem à Lua, em julho de 1969, quando Bill Gates, aos 19 anos, junto com Paul Allen, começou a redefinir o curso da humanidade.

Era o início da revolução tecnológica e jovens intuitivos, como eles, se lançavam na corrida pela criação de um computador doméstico que se destacasse pela eficiência, durabilidade e praticidade. Não sabiam exatamente como chegariam lá, mas sabiam que faziam parte de algo muito grande — algo que mudaria radicalmente o mundo e o modo como a vida era encarada até então. Em meio essa efervescência transformadora, em 2 de janeiro de 1975, os amigos fundaram a Microsoft.

Quem conta essa história é o próprio Gates em Código-fonte — Como tudo começou, o primeiro volume de sua trilogia autobiográfica, lançado mundialmente na terça-feira, 4 de fevereiro.

Aos 69 anos, o empresário se sai bem no desafio de revelar a vida pessoal e a aventura criativa que o transformou em um dos homens mais ricos do planeta e uma das personalidades mais influentes dos últimos 50 anos.

Com a maturidade que a idade lhe trouxe, uma sinceridade surpreendente e uma escrita fluente e confessional, marcada por momentos de emoção e um modo gentil de tratar até mesmo adversários, Gates vai dos primeiros anos da infância até os passos iniciais que o levariam à ascensão da Microsoft, em um relato de quase 400 páginas.

Acompanhamos suas primeiras paixões, as inseguranças da adolescência de um nerd e as aspirações no mundo da lógica, de matemática e de tecnologia.

Lembra os ensinamentos da avó, que o ajudariam ao longo de toda a vida. Dos pais ambiciosos, porém presentes e motivadores — desde que o segundo dos três filhos não abandonasse os estudos. E da morte repentina de seu melhor amigo, Kent Evans, em um acidente de escalada, aos 17 anos.

O livro está repleto de histórias nunca reveladas, nem mesmo por seus biógrafos. Ele mostra como desenvolveu desde cedo uma paixão pelo raciocínio lógico, até fundar, em 1975, a Micro-Soft (sim, escrevia-se dessa forma), em parceria com Paul Allen, quando estava no segundo ano da Universidade Harvard e não sabia que rumo dar à sua vida.

Até que “Paul, um dos meus amigos de Lakeside [escola privada, em Seattle, onde o empresário estudou], entrou de rompante no meu quarto com a notícia do lançamento de um computador inovador. Eu sabia que poderíamos escrever uma linguagem BASIC para ele, pelo que tínhamos vantagem”.

Código na neve

Imediatamente Gates lembrou “dia miserável no desfiladeiro de Low Divide” e resgatou da memória o código escrito, ao longo da longa caminhada na neve com alguns colegas, anos antes. Ele percorrera a trilha meio a contragosto e, durante o percurso, ocupou a cabeça com números e a criação de um sistema operacional.

“Depois, introduzi-o num computador, lançando a primeira semente daquilo que se tornaria numa das maiores empresas de informática do mundo e o princípio de uma nova indústria”, acrescenta, sem modéstia.

Com 384 páginas,o livro lançado pela Companhia das Letras custa R$ 79,90 (Foto: Companhia das Letras)

Em 1975, quando Gates e Allen fundaram a Microsoft, o mundo vivia um momento de euforia com as promessas da revolução tecnológica (Foto: Companhia das Letras)

Os pais do empresário, William e Mary Gates, eram grandes incentivadores dos filhos (Foto: Companhia das Letras)

A história para Gates e Allen começou quando nascia o primeiro software da então Micro-Soft, o interpretador Microsoft Altair BASIC para o computador Altair 8800, da MITS. Através de um anúncio na revista Popular Electronics (na época os computadores só eram vendidos dessa forma, por correspondência), os dois tomaram conhecimento do lançamento dessa máquina e ficaram maravilhados com as novas possibilidades que surgiam ali.

Um ano depois, com uma caneta esferográfica azul, Gates destacou o que considerou como o principal parágrafo de uma reportagem da revista Newsweek: “A indústria de computadores domésticos já começa a se parecer com uma versão em miniatura do mercado de mainframes — inclusive por ser dominada por um único concorrente. A IBM dos computadores domésticos é a MITS Inc., fundada há sete anos pelo engenheiro H. Edward Roberts na garagem de sua casa em Albuquerque (Novo México)”.

Conforme o artigo, a MITS vendera 8 mil unidades do Altair 8800 e obtivera um faturamento de US$ 3,5 milhões no ano anterior. A concorrência existia, ressalvava o texto, mas a liderança inicial do Altair fez dele um padrão da indústria.

A matéria ocasionou uma enxurrada de telefonemas para a MITS, de lugares tão distantes quanto a África do Sul. “As pessoas queriam ter alguma ligação com a empolgante empresa mencionada por ela, atuando como distribuidores, abrindo lojas de computador ou trabalhando como consultores para apresentar o Altair a clientes de negócios”, conta Gates.

Ele, então, pensou: mesmo que a MITS seja a IBM do momento, isso não vai durar. Um dos motivos era que se a IBM algum dia decidisse fabricar um computador pessoal, havia uma boa chance de tomar o posto da MITS. “Eu sabia que Ed Roberts [dono da empresa] estava preocupado que grandes empresas de eletrônicos entrassem na briga”, escreve.

O “Presidente”

A Micro-Soft engatinhava. Gates tinha 60% da empresa e Allen, os 40% restantes: “Entre nós nos tratávamos por títulos grandiosos: eu era o ‘Presidente’ e ele, o ‘Vice’”.

“Eu me preocupava com o fato de ainda sermos tão dependentes da MITS. Os royalties das licenças do Basic para o microprocessador Intel 8080 do Altair continuavam sendo nossa principal fonte de receita. As licenças do nosso código-fonte para essa versão do Basic começavam a dar frutos. Nessa época, fechamos com a General Electric, que nos pagou US$ 50 mil pelo uso ilimitado do código-fonte Basic 8080”, lê-se em Código-fonte.

Após um acordo com a NCR, Gates e Allen foram procurados por um punhado de outras empresas de terminal inteligente. “Visitei uma delas, a Applied Digital Data Systems, em Long Island. Obviamente, como a MITS detinha os direitos no mundo todo sobre o Basic 8080, sempre que encontrávamos um cliente para o código-fonte, o contrato tinha de passar por eles. Se fechássemos um acordo, teríamos de dividir as receitas com eles. Nesse verão, fomos nos desligando gradativamente da MITS”, recorda o empresário.

Na primavera de 1977, quando apresentava seu Extended Basic a algumas pessoas, com o canto do olho, Gates viu um sujeito bem-apessoado mais ou menos da sua idade, de cabelo preto e comprido, barba bem aparada, vestindo terno, em um estande próximo, rodeado por seu próprio grupo, como descreve o autor. “Mesmo a certa distância dava para perceber que era dotado de certa aura. Pensei com meus botões: Quem é esse cara? Esse foi o dia em que conheci Steve Jobs”.

Embora menor do que muitas outras empresas, a Apple se sobressaía, observa Gates. “Já nessa época era evidente o característico talento para o design que faria da Apple — e de Jobs — algo tão icônico nas décadas seguintes”.

No evento, estavam lançando o Apple II, que, “com seu elegante gabinete bege, parecia antes um sofisticado produto eletrônico de consumo que um computador pessoal. Esse encontro inicial seria o início de um longo relacionamento entre Steve Jobs e eu, marcado por cooperação e rivalidade”.

E essa história estava apenas começando. Que venham os próximos volumes.



Fonte: Neofeed

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Tem boi na pizza do churrasqueiro Netão

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Tem boi na pizza do churrasqueiro Netão
Tempo de Leitura:6 Minuto, 24 Segundo


A paixão pela carne do empresário e churrasqueiro Domingos Neto, o Netão, fenômeno nas redes sociais e dono do grupo Bom Beef, agora vai ser dividida por um novo negócio: pizzaria.

“Quem me segue no Instagram sabe o quanto eu amo pizza. Tenho forno em casa e toda semana faço um evento para a família que é a pizza da Duda [filha de seis anos], que hoje também é para o Joaquim [de três anos]”, diz Netão, em entrevista ao NeoFeed. “A pizza está muito presente na minha vida.”

E, ao contrário das outras verticais do grupo, essa não terá a marca Netão por trás. Mas, claro, sua imagem. “Há um modelo de pizzaria que tem espaço para crescer e vou ser sócio de um empreendedor”, diz, sem revelar detalhes do empreendimento.

A ser inaugurada ainda em 2025, a primeira unidade da pizzaria, que ele pretende transformar em uma rede de franquias, será em São Paulo, a capital brasileira da pizza.  “Antes de expandir, vamos testar sabores, o formato ideal, e sentir a avaliação dos clientes. Depois, vamos crescer”, afirma. “Na fase atual, estamos definindo o ponto.”

A pizzaria vem integrar um grupo que conta hoje com 54 açougues e 23 hamburguerias, espalhadas pelo Brasil.  Em 2024, o Bom Beef registrou um crescimento de 20% e alcançou um faturamento de R$ 300 milhões.

Na conta estão, além dos royalties das franquias, as receitas das unidades próprias do açougue, da hamburgueria e de um restaurante de carnes, o Parilla Bom Beef, em Santos, no litoral paulista.

Também integram a fatia os recursos obtidos dos produtos licenciados Netão e das parcerias publicitárias. Hoje são 32 marcas, incluindo suas próprias, que tem o churrasqueiro como garoto-propaganda.

A pizzaria será o único negócio de Netão a ser lançado fora de Santos, sua cidade natal, onde  começou a empreender, em 2014, quando comprou o pequeno açougue de seu tio, Marcelo.

Bem antes disso, Netão sempre teve um fascínio pelo ambiente do açougue, pela preparação dos cortes. Apesar do pai ter sido dono de um box no mercado de peixes em Santos, e Netão ter trabalhado por lá quando era adolescente, era no açougue do tio que enxergava seu futuro. Entre o peixe e o boi, a carne vermelha venceu de goleada.

Antes de ser o dono, foi contratado pelo tio para ser o entregador de bicicleta do açougue, que naquela época se chamava Costa Rica. “Eu tinha 16 anos e pedalava pela cidade de Santos inteira para levar os pedidos. Eu adorava aquilo”, lembra Netão, hoje com 39 anos. “Mas já vim pensando em ser dono do açougue.”

Ao mesmo tempo, queria aprender a ser açougueiro. “Meu tio, que também é meu padrinho [hoje tem 54 anos], foi me ensinando a cortar a carne da forma certa. E eu ia com ele nos frigoríficos.” Ele, que saiu de vez do ramo, hoje é dono de uma fábrica de gelos em Santos.

Na pandemia, estourou como criador de conteúdo, mostrando o preparo de vários cortes de carne, com promoções ao vivo e com lives com nomes consagrados da música, como Michel Teló. Em agosto de 2020, o churrasqueiro ficou duas horas ao vivo, preparando carnes, enquanto o cantor trazia suas músicas. O vídeo teve 1,3 milhão de visualizações.

Hoje Netão tem mais de 3 milhões de seguidores nas redes sociais. Em seu canal no YouTube, são 1,3 milhão e, no Instagram, 1,7 milhão. “Antes da pandemia, tinha 60 mil seguidores. E de repente explodiu”, conta.

Em 2021, ele passou a ser sócio de Sabrina Sato e seus irmãos, em uma configuração em que eles ficam responsáveis pela área publicitária da rede Bom Beef. “O irmão dela [Karin Sato] me procurou e queria ajudar na expansão da nossa rede. Hoje somos sócios também em outros negócios.”

Com 23 hamburguerias no Brasil, empresário quer chegar a 50 unidades da rede de lanches em 2025 (Foto: Divulgação)

Antes de ser empresário, Netão aprendeu o ofício de açougueiro (Foto: Divulgação)

Netão com seu tio Marcelo, de quem ele comprou o açougue, em 2014 (Foto: Divulgação)

Live de Netão com Michel Teló, em agosto de 2020, teve 1,3 milhão de visualizações (Foto: YouTube)

Um churrasco mais barato

Com presença muito forte nos públicos A e B, Netão planeja para este ano abraçar pelo paladar também a classe C em seus açougues. Para isso, está preparando uma linha mais barata de cortes, sem que isso signifique perda dos padrões de sua linha premium.

“Hoje nosso negócio é baseado na carne de alta qualidade. Já lançamos uma picanha com uma linha boa, de ótima qualidade, mas 70% mais barato. E agora vamos ter uma carne popular, com nossa curadoria”, diz.

Na prática, Netão quer garantir o churrasquinho de fim de semana também do pobre. “Se hoje quero ter uma picanha a R$ 70 o quilo, vou procurar a que tenha a melhor qualidade nesse preço. A partir do mês que vem, essa linha estará presente na nossa rede.” Também em março vai começar o oferecer uma linha de suínos para churrasco.

Tudo isso sem deixar de vender o wagyu, a carne mais cara de seu açougue, que pode chegar a R$ 1,5 mil o quilo, se for importado do Japão.

Para manter o padrão em suas unidades, Netão tem uma rede de fornecedores de carnes de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, onde ele implementa seus padrões para adquirir as carnes. “Adoto meus protocolos de produção, de cria e recria, do período para o abate.”

Esse é o principal caminho traçado para a expansão da rede de açougues, que ele quer dobrar e chegar a 100 unidades em Brasil, basicamente no Sul e Sudeste. São levados em consideração conceitos de localização, renda per capita e número de habitantes de uma cidade.

Para ter uma unidade do açougue, o município precisa ter mais de 240 mil habitantes. No caso das lanchonetes, o foco é em cidades com pelo menos 300 mil habitantes (para lojas de 40 lugares), e mais de 350 mil moradores, para unidades com 80 lugares. Para lojas em shoppings (hoje são oito), o grupo Bom Beef também precisa aprovar a viabilidade econômica do centro de compras.

A meta de crescimento das hamburguerias também é ambiciosa e passa por 100% de aumento neste ano. Hoje com 1 milhão de lanches vendidos por mês, a rede de Netão deve chegar a 50 lanchonetes até dezembro. “A maior parte delas vai ser aberta por empreendedores que já são nossos franqueados”, explica.

A ideia passa também por expansão territorial. Além das lojas em cidades do estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, a Bom Beef Burgers vai chegar em Florianópolis (SC), Balneário Camboriú (SC), Belo Horizonte (MG) e Belém (PA). “A capital do Pará é uma cidade em que muita gente do Sudeste e do Nordeste vai visitar. A gente vai testar a marcar lá e, se for bem-sucedida, vai crescer no Norte e Nordeste.”

Ainda que não pareça, o empresário diz mais ‘não’ do que ‘sim’ na hora de definir sobre os novos locais para instalar sua rede de lanches. “A ampliação é planejada. A gente recusa de 10 a 20 pedidos de franquia por dia. E aceita dois por mês.”

Netão usa o feedback de seus seguidores como uma oportunidade para aprimorar os serviços. “As pessoas me mandam mensagens privadas e eu faço questão de acompanhar. O cliente me passa algo referente a um lanche da nossa rede, por exemplo, e eu repasso aos nossos supervisores”, diz. “É um contato direto com as pessoas, que eu não abro mão.”





Fonte: Neofeed

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