Connect with us

Negócios

No rouba monte da previdência privada, XP, BTG Pactual e Itaú ganham “mais cartas”

Prublicadas

sobre

No rouba monte da previdência privada, XP, BTG Pactual e Itaú ganham
Tempo de Leitura:9 Minuto, 15 Segundo


O tradicional mercado de previdência privada foi abalado por dois movimentos nos últimos anos. A chegada de novas empresas, que usaram a tecnologia para reduzir custos tanto nos negócios como para o cliente. E a facilidade de transferir os recursos por meio da portabilidade, que virou uma estratégia-chave para ganhar market share e mexer com as principais peças desse tabuleiro.

Um estudo realizado para o NeoFeed pela Pluggy, fintech especializada em soluções de pagamentos e dados financeiros para empresas, com a base de dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostra que entre janeiro de 2022 e junho de 2024 sete seguradoras atraíram R$ 41,78 bilhões em portabilidade.

Desse volume total, 98% se concentraram em três instituições: XP (43,48%), BTG (32,31%) e Itaú Unibanco (22,33%). As outras quatro seguradoras com saldo positivo são SulAmérica, Vinci, Sicoob e União Seguradora.

Do outro lado, estão 17 seguradoras que tiveram resgate líquido via portabilidade. Liderando a lista está a BrasilPrev, com 34,07% do volume total perdido, seguido por Bradesco (24,08%), Icatu (17,30%), Caixa (12,10%) e Zurich Santander (5,39%).

O ganho de recursos com a portabilidade foi decisivo para o crescimento de market share. Quem mais subiu nesse ranking foi o BTG, com ganho de 1,1 ponto percentual (p.p), chegando a 1,8% do total do mercado, seguido pela XP, com ganho de 1,05 p.p, que subiu para 4,4% de participação.

“Do total sob gestão na XP, 30% vieram de portabilidade, e no BTG, 53%. Eles são com certeza os grandes ganhadores da movimentação por portabilidade e passaram de players novos no mercado para relevantes”, afirma Victor Urano Braga, cofundador da Pluggy, em entrevista ao NeoFeed.

Acima deles, só a novata Vinci Vida e Previdência, que faz parte da gestora Vinci Partners, de Gilberto Sayão. Ela chegou ao mercado no fim de 2022 e tem 68% do seu patrimônio – cerca de R$ 300 milhões – vindo de portabilidade.

“Esse mercado é muito concentrado, com 80% do patrimônio nos seis maiores players. A portabilidade é uma estratégia importante para qualquer nova seguradora”, afirma Vinicius Albernaz, sócio da Vinci e head do Mio Vinci Partners.

A estratégia dos tomadores de mercados

A XP passou do 24º lugar em 2017 para a 6ª maior seguradora. Hoje com R$ 75 bilhões sob gestão, a empresa apostou nos serviços e na diversificação de produtos na sua plataforma aberta, que hoje conta com mais de 300 fundos plugados. E trouxe como diferencial um amplo canal de distribuição tanto no B2B como no B2C, com mais de 16 mil assessores de investimento.

“Zeramos taxas e trouxemos de fato uma plataforma aberta com fundos de terceiros em um mercado que era muito verticalizado. Mas depois todo mundo veio atrás e o produto agora é commodity”, afirma Roberto Teixeira, head da XP Seguros e Previdência.

Segundo ele, a portabilidade era, no início, o principal meio de captação – hoje está em 60%. Agora, a XP está centrada na estratégia de gerar educação financeira e criar novas contas para explorar as possibilidades pelo wealth planning. Com essa receita, a XP cresceu seu volume em 53% de janeiro de 2022 até junho deste ano.

Quem conseguiu também um crescimento exponencial foi o BTG, que era o 18º maior player em 2017 e hoje está em 9º lugar, com R$ 25,3 bilhões sob gestão – o banco mais que triplicou de tamanho desde 2022.

O grande salto do banco na previdência se deu pela estratégia de criar seu próprio canal de distribuição tanto no B2B, com seus mais de 400 escritórios plugados, como no B2C com os canais digitais e o BTG Pactual Advisors.

Em relação ao produto, a aposta do BTG foi tanto ter uma plataforma diversificada, hoje com mais de 210 fundos de cerca de 90 gestoras, como usar o seu canal de distribuição de uma forma mais consultiva.

“A legislação da previdência ficou muito mais flexível nos últimos anos e possibilitou ter estratégias mais sofisticadas. Soubemos aproveitar isso com a nossa expertise em investimentos para trazer produtos com boa rentabilidade e aliamos a isso uma assessoria dedicada a esse produto”, diz Marcelo Flora, sócio e responsável por plataformas digitais do BTG Pactual.

Flora afirma que a portabilidade é estratégica para o crescimento, tendo como meta estar sempre entre as três que mais recebem recursos. Outra via de crescimento importante é o segmento corporativo, em que as empresas oferecem o plano de previdência como benefício aos funcionários.

“Nos posicionamos como um player especialista em investimentos e, por isso, em geral, quando o cliente chega a nós, ele já sabe a importância da previdência, ele só está procurando uma melhor”, afirma o sócio do BTG.

Ao contrário de XP e BTG que eram novos entrantes nesse mercado, o Itaú tem uma história diferente. Terceiro maior player com cerca de 19% de market share, segundo dados da Susep, o Itaú Vida e Previdência estava sofrendo com pedidos de portabilidade. Para virar o jogo, partiu para uma reestruturação que passou a dar resultados há três anos: o saldo positivo começou a aparecer a partir de maio de 2022.

Uma das mudanças foi a reformulação da grade de produtos, passando a ser mais ampla, diversa e acessível. Em 2020 havia cerca de 60 fundos. Hoje são mais de 180 fundos de mais de 50 gestoras diferentes, com a grande maioria com investimento mínimo de R$ 1, o que também gera novas contas. Isso combinado aos especialistas advisors com a operação do íon.

“Sem dúvida foi em 2022 que demos a virada para reter o cliente e conquistar novos. Temos grande vocação para criar novos fundos, mas também queremos crescer com a portabilidade”, afirma Rogério Calabria, superintendente de produtos de investimentos e previdência do Itaú.

“Hoje, conseguimos tirar clientes de todos os concorrentes, tanto de outros bancões como dos players mais novos e ditos ‘modernos’. E acreditamos que isso ocorre pela nossa proposta de valor”, complementa.

A avaliação mais próxima a esse produto também tem gerado muitas portabilidades internas dentro do Itaú. Ao identificar que um produto não está agradando o cliente, ele é ofertado outro mais alinhado ao seu perfil na prateleira. Segundo o banco, no ano passado, essas migrações internas totalizaram mais de R$ 30 bilhões.

O contra-ataque dos líderes

Quem mais sofreu com os pedidos de retirada por portabilidade foi seguradora do Banco do Brasil, a BrasilPrev, com uma perda total de R$ 13,4 bilhões desde janeiro de 2022. Mas isso não significa que a seguradora líder diminuiu o seu tamanho. Ao contrário, houve um crescimento de 30% no período e hoje a BrasilPrev tem R$ 416,8 bilhões sob gestão, de mais de 2,6 milhões de clientes.

“Quando comparamos os volumes portados pelos clientes da Brasilprev para outras empresas de previdência, proporcionalmente aos volumes administrados por cada empresa, percebemos que somos a companhia que menos perde recursos para a concorrência, mostrando a qualidade dos nossos produtos e serviços”, afirma Mauro Guadagnoli, superintendente comercial da BrasilPrev.

Segundo a companhia, o foco segue em trazer novos poupadores para o mercado e não o “rouba monte”, como Ângela Assis, CEO da BrasilPrev, disse em entrevista recente ao NeoFeed.

O Bradesco Vida e Previdência, segundo maior player desse mercado e o segundo a mais sofrer com perdas por portabilidade, tem a mesma percepção de que é o mais atacado por ser um dos maiores. E vê que as seguradoras mais novas, sem balcões ainda desenvolvidos para gerar novos entrantes, pautam sua atuação na busca por portabilidade de clientes de outras instituições, fazendo desta a sua principal estratégia de negócio.

A capacidade de gerar novos poupadores também levou o Bradesco a, mesmo tendo perdido clientes para a concorrência, ter registrado crescimento. A carteira aumentou 36% no período do estudo e chegou a R$ 295 bilhões administrados.

Mas reter os clientes se mostrou imperativo, assim como trazer o “cliente antigo” de volta. Para isso, a grade de produtos do Bradesco foi ampliada e conta hoje com mais de 100 opções, que cobrem todos os perfis e classes de ativos de mais de 40 gestoras diferentes.

Além disso, foi ampliado o número de especialistas em investimentos e previdência que hoje superam 2 mil profissionais, aumentando a capacidade de relacionamento consultivo e busca de oportunidades por novas portabilidades.

“Temos uma estrutura dedicada à defesa dos pedidos de portabilidade cada vez mais especializada pelo perfil de pedido que chega, seja por característica de produto, origem do pedido, valores, entre outras características, o que nos permite ter uma taxa de sucesso cada vez maior nessa linha de defesa”, afirma Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência.

Como resultado, o Bradesco reduziu o saldo negativo de portabilidades, que estava acima de R$ 7 bilhões há alguns anos, para R$ 3,5 bilhões em 2023, como mostrou o NeoFeed. E projeta nova redução de 30% no saldo líquido negativo para o fechamento de 2024.

Apesar de serem as que mais perderam em volume, os montantes perdidos com o êxodo de clientes correspondem a 3,4% do patrimônio da BrasilPrev e 3,3% do Bradesco, segundo o levantamento da Pluggy. Já as gestoras independentes sofrem muito mais. Na Icatu, por exemplo, as perdas com portabilidade representam 14% do patrimônio.

Em nota, a Icatu afirmou que “um cenário recente de maior volatilidade e mudanças nas taxas de juros, aliado ao portfólio da Icatu tradicionalmente composto por estratégias diversificadas, a empresa observou movimentações naturais e pontuais de portabilidade no período recente, à medida que os clientes buscam rebalancear suas carteiras diante das mudanças de cenários”.

A companhia afirma ainda que aposta na aquisição de novos clientes e não em portabilidade. Com isso, viu no primeiro semestre de 2024 um aumento de R$ 2,9 bilhões em contribuições, 19% maior do que o mesmo período de 2023. Hoje, a empresa soma R$ 55 bilhões sob administração.

De olho no open insurance

Se a portabilidade trouxe inovação e mais dinamismo para o mercado de previdência privada, é esperado que o open insurance torne isso ainda mais dinâmico, segundo todas as seguradoras consultadas pelo NeoFeed.

“Hoje, para passar de um plano de previdência para outro é preciso ter todos os dados e, muitas vezes, isso se torna difícil, ao ponto de o cliente desistir. Com o open insurance, isso seria automático, diminuindo a fricção que se tem hoje, facilitando a vida do cliente”, afirma Calabria, do Itaú.

O open insurance é a versão de seguros do open banking, mas está bem mais atrasada e sem um cronograma claro de implementação. Quando sair do papel, todos os dados referentes a contas de seguros estarão disponíveis em um mesmo ambiente regulado, facilitando as movimentações.

Mas, mesmo sem essa abertura, o mercado de previdência já se mostra um case de como a facilidade em mudar leva a mais competição entre as empresas e mais e melhores opções para os investidores.

“A previdência privada é o produto com mais facilidade de portabilidade do mercado, tendo opções que não são hoje nem imaginadas para outros produtos bancários e de investimentos”, diz Braga, da Pluggy.





Fonte: Neofeed

Negócios

Infracommerce faz acordo com bancos e reestrutura dívida de R$ 641 milhões

Prublicadas

sobre

Infracommerce faz acordo com bancos e reestrutura dívida de R$ 641 milhões
Tempo de Leitura:7 Minuto, 11 Segundo


A Infracommerce anunciou após o fechamento do mercado de segunda-feira, 7 de outubro, um acordo vinculante com seus principais credores – Itaú Unibanco, Santander, Banco ABC Brasil e Banco do Brasil – para reestruturar uma dívida de cerca de R$ 641 milhões, o que representa 85% do seu endividamento total.

Em fato relevante, a empresa anunciou ainda que Ivan Murias deixará o posto de CEO global para ocupar a presidência do Conselho de Administração. Em seu lugar, quem assume é Mariano Oziobala, que comandava a operação da companhia na América Latina.

Além de Murias, a empresa nomeou João de Saint Brisson Paes de Carvalho, que, entre outros postos, é presidente do Conselho de Administração da PDG Realty, como novo membro independente do seu board. A dupla substitui Peter Estermann, do Patria, que presidia o colegiado, e Pedro Jereissati.

“Fui convidado pelos bancos para assumir como chairman e, junto com o João, ajudar nessa nova fase, exercendo outro papel”, diz Murias, ao NeoFeed. “É sinal de que algo de bom foi feito até aqui.”

O movimento dá sequência ao memorando de entendimentos não vinculantes (MOU) divulgado em agosto pela empresa de full commerce na tentativa de alongar suas dívidas. Na época, o potencial acordo acompanhou uma “má notícia” dada pela companhia ao reportar seu resultado do segundo trimestre.

Sob o comando de Murias, que havia assumido como CEO quatro meses antes, a empresa incluiu um impairment de R$ 1,38 bilhão no balanço do período, fruto da série agressiva de M&As da empresa desde o seu IPO, em 2021, o que não foi bem digerido pelo mercado.

“Quando trouxemos à tona o tema da baixa contábil, que por muito tempo ficou encapsulado na operação, não se tratava do começo do problema, mas sim, da solução”, diz Murias, ao NeoFeed. “E esse fato relevante de hoje é a concretização dessa história.”

O acordo em questão será viabilizado pela constituição da Newco, veículo de gestão independente que irá consolidar as dívidas incluídas nessa reestruturação. E que, na prática, se tornará o único credor desse passivo.

A Infracommerce amortizará R$ 420 milhões do total de R$ 641 milhões por meio da dação em pagamento (uso de um ativo para quitar parte de uma dívida) à Newco das suas ações de emissão na New Retail Limited – o braço por trás dos seus negócios na América Latina –, que representam 83,6% do capital social nessa operação.

Nessa composição, o saldo remanescente da dívida, estimado em cerca de R$ 221 milhões, será usado posteriormente pela Newco em uma emissão de debêntures privadas que serão subscritas e integralizadas pelos bancos credores. E que terá vencimento de cinco anos a partir da sua data de emissão.

Segundo o fato relevante, as debêntures serão mandatoriamente conversíveis em ações ordinárias de emissão da Infracommerce e o preço por ação será equivalente à média ponderada do volume de papéis da empresa negociados nos 30 pregões anteriores.

O acordo abre ainda a possibilidade de adesão de outros credores considerados relevantes. E traz o compromisso dos quatro bancos credores de não tomarem qualquer medida judicial ou extrajudicial contra a empresa até a conclusão das obrigações previstas em seu plano de reestruturação.

Murias destaca que, com essa readequação da estrutura de capital, fruto de negociações que se estenderam por seis meses, a empresa afasta definitivamente qualquer risco de recorrer a uma recuperação judicial ou extrajudicial, algo que vinha sendo ventilado no mercado.

“Com o compromisso de conversão da dívida remanescente em equity, na prática, mesmo que por meio da Newco, é como se passássemos a ter esses quatro bancos como acionistas”, diz. “É um voto de confiança de que a estrutura de capital está acertada e também na gestão e no potencial do negócio.”

A Infracommerce também negocia um novo financiamento de até R$ 70 milhões, dividido em três tranches, junto à Geribá Investimentos, conforme informou em fato relevante divulgado no início de setembro. A expectativa é de que esse acordo seja fechado nos próximos dias.

“Há uma crença de que quem chegou teve a sabedoria de dar um passo atrás e construir um caminho de saída”, afirma o executivo. “Ao mesmo tempo, isso só foi possível porque os credores entenderam que essa gestão e esse board não foram os responsáveis pelo contexto por trás dessa crise.”

Equívocos e correções de rota

O executivo ressalta os méritos de Kai Schoppen – fundador da Infracommerce, a quem substituiu como CEO – e de seus pares, especialmente no roteiro que levou a empresa ao IPO, em maio de 2021. Mas aponta os erros cometidos após a oferta, que trouxe R$ 902 milhões para o caixa da companhia.

“A Infracommerce é uma empresa de prestação de serviços, que integra soluções de parceiros”, diz Murias. “E, com esse caixa generoso e a Selic em baixa, o grande equívoco foi acreditar que poderia desenvolver sua própria tecnologia.”

Em sua visão, ao eleger os M&As como o atalho para essa virada, a empresa também cometeu erros. Além do preço das aquisições e dos juros que, posteriormente, pesaram sobre o balanço, ele observa outra herança crítica associada a essa alocação desenfreada e equivocada dos recursos.

“A companhia trouxe diversas soluções, mas a integração desse portfólio ficou fora do radar”, diz. “E isso criou um desequilíbrio brutal, já que a empresa arrecadava como prestadora de serviços e alocava capital como uma desenvolvedora de tecnologia. E isso teve sequência com os follow ons pós-IPO.”

Na contramão dessa orientação, ele destaca que a operação na América Latina, comandada, até então, por Oziobala, seu sucessor, sempre foi tocada com o viés mais centrado em serviços e “muito pé no chão”. O que resultou em sistemas unificados, menos complexidade e resultados mais saudáveis.

Já no Brasil, após sua chegada e com o apoio da Bain & Company, Murias adotou medidas para começar a estancar os riscos. A empresa entregou um dos dois andares que ocupava no Centro Empresarial Nações Unidas, na zona sul de São Paulo, e demitiu cerca de 30% do seu time, especialmente no C-Level.

A Infracommerce também fechou quatro dos seus sete centros de distribuição, além de buscar a renegociação de preços e condições de contratos que representavam 35% de sua carteira, dada a percepção de que muitos desses clientes eram deficitários. Essa última etapa já foi concluída.

Ele ainda enxerga margem para potenciais reduções na área usada pelos centros de distribuição mantidos na operação. Bem como para novos cortes, na ordem de 10% a 15% da equipe, mais centrados no time operacional.

Outro passo em execução envolve a integração das tecnologias e ativos incorporados nos últimos anos. Esse processo passa também pela redução do número de parceiros que compõem o portfólio em áreas como pagamentos e logística, outro legado dos M&As realizados.

A ideia é eliminar a complexidade de opções à disposição dos clientes e tornar essa oferta mais eficiente e acessível. Em alguns casos, diz ele, 80% da carteira adotava a solução de um parceiro, enquanto os 20% restantes usavam outras alternativas do portfólio.

“Em pagamentos, por exemplo, nós operávamos com 9 parceiros. Vamos concentrar em três”, diz. “Vamos migrar para alguns pacotes principais que, por sua vez, vão nos permitir ser mais flexíveis e repassar parte dessa eficiência para o preço na ponta.”

Esse trabalho conta com a participação de Luiz Pavão, cofundador da Infracommerce, que foi nomeado como novo general manager da companhia no Brasil em setembro. Membro do conselho da empresa na América Latina, ele estava afastado do dia a dia da operação desde 2022.

“Quando cheguei, pedi para falar com pessoas que participaram dessa história e o Pavão foi uma das conversas mais lúcidas que tive”, conta Murias. “Lá atrás, ele criticou e se mostrou descrente na tese de crescimento inorgânico acelerado e acabou se afastando. Ter ele de volta é muito emblemático.”

Com esse reforço e o plano de zerar boa parte dos desafios operacionais para ingressar em 2025 pronta para se concentrar na retomada do crescimento da empresa, a estimativa é de que muitas das ajustes em curso sejam concluídos nos prazos de 30 a 60 dias.

Se o prazo estimado para finalizar essa etapa é curto, tudo indica que a Infracommerce tem um longo caminho a percorrer para recuperar a confiança do mercado.

Cotadas a R$ 16 na época do IPO, as ações da empresa fecharam o pregão da segunda-feira, 7 de outubro, na B3 cotadas a R$ 0,16, queda de 5,88% sobre o pregão anterior. Os papéis acumulam uma desvalorização de 91,3% em 2024, dando à companhia um valor de mercado de R$ 102 milhões.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Risco de recessão nos EUA cai para 15% e pouso suave da economia fica mais próximo

Prublicadas

sobre

Risco de recessão nos EUA cai para 15% e pouso suave da economia fica mais próximo
Tempo de Leitura:2 Minuto, 0 Segundo


O Goldman Sachs melhorou as suas perspectivas para o desempenho da economia americana neste ano e reduziu as chances de recessão do país em cinco pontos percentuais, para 15%.

A mudança de rota ocorreu após o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgar, na sexta-feira, 4 de outubro, que a criação de vagas de emprego aumentou em ritmo acelerado em setembro, atingindo 254 mil novos postos de trabalho no período. Essa foi a maior alta dos últimos seis meses.

Com a taxa de desemprego atingindo 4,1%, os dados acalmaram o medo do mercado de que a demanda por mão de obra estivesse mais fraca do que o esperado. Na visão do economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, o relatório “reestruturou a narrativa do mercado de trabalho”, afirmou o executivo em um relatório.

Com a nova perspectiva, o banco manteve sua previsão de que o Federal Reserve fará cortes consecutivos de 0,25 ponto percentual até que atinja uma taxa de 3,25% a 3,50% em junho de 2025. “Agora, vemos um risco muito menor de outro corte de 50 pontos-base”, disse Hatzius.

A opinião do banco vai de encontro com a perspectiva do mercado. De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, 95,2% dos especialistas acreditam que o corte de novembro virá na casa de 0,25 ponto percentual. Antes do payroll, esse número estava em 71,5%.

“De forma mais ampla, não vemos razão óbvia para que o crescimento do emprego seja medíocre em um momento em que as ofertas de emprego são altas e o PIB está crescendo fortemente”, completou Hatzius.

Porém, a visão positiva não define resultados. No dia do anúncio, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que os dados efetivamente vieram muito bons, mas que o banco central não pode reagir ao resultado de um dado isolado. O comentário foi feito à Bloomberg TV.

Segundo ele, o próprio Fed não sabe qual será a taxa neutra de juros na qual deverá se fixar. Porém, a maioria dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) sugere que a taxa atinja essa meta entre 2,5% e 3,5%.

Apesar das perspectivas positivas, outubro não deve ser um mês tão positivo quanto setembro, já que a temporada de furacões pode impactar o mercado como um todo, na visão do Goldman.



Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Inteligência artificial ajuda mineração a “explorar” novas fronteiras

Prublicadas

sobre

Inteligência artificial ajuda mineração a
Tempo de Leitura:6 Minuto, 1 Segundo


Todos os dias, trens da mineradora Vale circulam por cerca de 2 mil quilômetros de ferrovias, levando toneladas de minério de ferro, manganês e cobre, entre outros materiais. As duas estradas de ferro, sob concessão da companhia, operam em dois sentidos. Em um deles, as composições saem das minas com destino às usinas de beneficiamento. No outro, os vagões retornam vazios, para serem carregados novamente.

Em alguns pontos, a via é de mão única. É o caso da ponte sobre o rio Tocantins, na Estrada de Ferro Carajás, que liga a cidade de Parauapebas, no Pará, e o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Nessas condições, é preciso escolher qual dos trens vai parar para que o outro passe.

Até 2020, essa decisão era tomada pela equipe de funcionários da mineradora. “Os operadores tinham uma norma tácita de sempre parar o trem vazio”, conta Alexandre Altoé Pigatti, head de inteligência artificial e democratização da Vale, em conversa com o NeoFeed. O motivo: o acionamento do veículo carregado, depois da pausa, gastaria mais combustível. Até que a inteligência artificial (IA) entrou em jogo e surpreendeu os humanos.

“A IA identifica situações em que é melhor parar o trem carregado. Isso ocorre, por exemplo, quando ele está em um perfil de rampa compensada que seja declive. Nessa situação, a quantidade de diesel necessária para retirar o trem carregado da inércia pode ser menor do que para movimentar o vazio que por sua vez está num aclive”, explica Pigetti.

Dependendo do que for decidido em uma primeira parada, a tecnologia faz recomendações sobre como deve ser a dinâmica do restante do percurso.

Este caso é um dos muitos que mostram como a IA está transformando a mineração. Nos últimos sete anos, a ferramenta vem sendo usada para as mais diversas funções.

Desde as atividades administrativas, como a geração de relatórios, até as mais delicadas, como aquelas que exigem a exposição de funcionários a situações de risco, como o desmoronamento de uma rocha.

“A base de tudo está na capacidade que a inteligência artificial tem de correlacionar dados e apresentar conclusões que ajudam na tomada de decisão. E isso pode ser aplicado em inúmeras frentes”, afirma Tiago Fontes, diretor de ecossistema e marketing da Huawei do Brasil — a companhia chinesa é uma das maiores fornecedoras de equipamentos para redes e telecomunicações do mundo. “Como consequência, ganha-se em segurança, eficiência, sustentabilidade e economia de tempo e dinheiro.”

Determinadas atividades minerárias oferecem risco, como a operação de veículos gigantescos, a ida a áreas remotas (muito altas ou muito subterrâneas) e o transporte e o manejo de materiais que se contam às toneladas. Agora, essas funções começam a ser realizadas pelas máquinas — ou, pelo menos, com o suporte delas.

Um caso: depois de extraído, o minério precisa passar pelo britador. Trata-se de um equipamento gigantesco que quebra o material em pedaços menores, para facilitar o transporte. Embaixo dele, fica outra estrutura, chamada sapata, que recebe essas porções que foram partidas.

Faz parte do procedimento normal, entre uma etapa e outra uma pessoa entrar embaixo da sapata para verificar se as peças estão todas no lugar. “Por mais que isso só seja feito com equipamentos de segurança, existe sempre um risco de acidente”, diz Pigetti.

Desde 2021, quem realiza essa função é uma câmera de última geração. Programado, o equipamento identifica com acurácia possíveis danos ou erros de ajustes. Quando alguma coisa não está de acordo, a máquina soa uma alarme. Só então, um funcionário é designado a ir até a sapata para fazer o reparo.

Desde 2020, Vale conta com a ajuda da tecnologia na administração das duas estradas de ferro, sob concessão da companhia (Foto: Ricardo Teles)

Os modelos de IA conseguem predizer um rasgo no pneu de um caminhão fora de estrada com até duas semanas de antecedência (Foto: Divulgação/Komatsu)

Dispositivos que identificam problemas, aliás, estão entre as primeiras soluções de IA nas minas. Em 2017, a Vale colocou em uso detectores de possíveis danos em pneus fora de estrada, os caminhões enormes que fazem o transporte do material minerado.

Eles acusam, por exemplo, o risco de furo, antes do pneu furar, economizando assim alguns milhões de reais. Além do gasto com o reparo, o custo de parar a operação quando algo importante quebra é altíssimo. “Hoje, os modelos conseguem predizer um rasgo, por exemplo, com até duas semanas de antecedência”, afirma Pigetti.

Atualmente, os caminhões fora de estrada funcionam com diversas outras funções orientadas por IA. Entre elas, recomendações aos operadores sobre as melhores velocidades por trecho. Assim é possível não só evitar acidentes, como otimizar o consumo de combustível e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Fora das minas

A IA também continua operando para fora das minas. No porto, antes de abastecer um navio, é preciso avaliar a umidade em que o minério que será transportado se liquefaz para, assim, ajustar as condições do ambiente. Esse procedimento evita que a carga derreta e provoque o afundamento da embarcação durante o trajeto.

Antigamente, essa medição era feita exclusivamente em laboratório em uma análise que podia durar até três horas. Só depois do resultado, a carga era liberada. Um prejuízo e tanto, já que, por hora, são carregadas 16 toneladas de minério de ferro. Desde 2020, o cálculo de umidade é feito por IA, que emite o resultado em minutos, evitando que a operação fique parada.

“O teste continua sendo realizado no laboratório, apenas para fins burocráticos e, em 97% dos casos é exatamente o mesmo daquele identificado pela máquina”, garante Pigetti. Segundo a companhia, os ganhos com as soluções de IA já ultrapassaram os R$ 300 milhões.

A IA também tem facilitado o trabalho nos escritórios. Sistemas de democratização de tecnologias permitem que usuários dos mais variados cargos usem aplicativos de suporte. Alimentados com manuais técnicos, por exemplo, assistentes virtuais emitem gráficos, relatórios, preparam material para reuniões e respondem perguntas específicas como normas técnicas.

Tecnologias assim agilizam o trabalho e evitam que uma pessoa abra mão de tempo criando algo ou executando uma tarefa mais elaborada para fazer algo que pode ser delegado a um robô. Mais do que isso: essas ferramentas ajudam a suprir a carência que o setor tem por algumas funções dentro e fora da mina.

“Hoje em dia, faltam profissionais em diversas áreas da mineração. Os jovens não querem mais ocupar atividades de risco ou que exigem ir a campo”, afirma Bartira Carvalho, gerente de vendas regional na Datamine, fornecedora de softwares para mineração, compartilha da opinião. “Existe ainda uma carência de mão de obra especializada e que pode ser suprida por tecnologias que carregam histórico de dados complexos.”

Junto com as facilidades, porém, vem o receio de perder postos de trabalho humano para as máquinas. “O medo está em quem vê a IA como fim e não como meio”, diz ao NeoFeed, João Camilo Costa, head de soluções digitais da Innomotics, empresa que desenvolve e fornece soluções em eletrificação, automação e digitalização para a mineração.

E ele completa: “Há quem diga que o ser humano vai ser completamente substituído pela IA. Na minha opinião, quem vai desaparecer são as pessoas que não têm a tecnologia como aliada”.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Popular