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Os negócios (e o recorde) da São Silvestre

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Tempo de Leitura:3 Minuto, 53 Segundo


Nas conversas da Faria Lima, é comum ouvir que tudo pode se transformar em negócio — ou melhor, em business. Há, claro, um certo exagero na afirmação, mas em alguns casos ela se aplica perfeitamente. A Corrida Internacional de São Silvestre é um deles.

Realizada religiosamente todo 31 de dezembro, em São Paulo, ao longo de seus 99 anos de existência, a mais importante prova de rua da América Latina vem se revelando uma poderosa fonte de lucros para seus organizadores e patrocinadores.

Apenas com a venda das inscrições, a edição de 2024 rendeu R$ 10 milhões à Vega Sports, holding de negócios esportivos, responsável pela primeira vez pelo planejamento da corrida.

O pool de patrocinadores deste ano conta com 11 empresas, lideradas pela Asics e pela Caixa Econômica Federal, donas das maiores cotas de patrocínio. E, para realizar o evento principal e as ações especiais, como a São Silvestrinha, destinada a crianças e adolescentes, o investimento girou em torno de R$ 5 milhões.

“A ideia de trazer a São Silvestre para a Vega nasceu muito antes da empresa existir”, afirma Marcos Yano, CEO e fundador da Vega Sports, em conversa com o NeoFeed. “Grande parte dos brasileiros tem lembranças afetivas com a prova e comigo não é diferente. Como corredor amador e integrante desse segmento de esportes, sempre foi um sonho poder organizar a prova.”

Para adquirir os direitos da prova, além de participar de uma concorrência, Yano teve de assumir o compromisso de que, mais importante do que os dois ano à frente do evento, a Vega estaria empenhada na construção do legado da corrida para o próximo século.

E é efetivamente isso que a empresa está tentando fazer. A prova de 2024 já se consagra a maior da história, com 37,5 mil corredores profissionais e amadores — 2,7 mil mais participantes do que o ano passado, incluindo os atletas estrangeiros, vindos de aproximadamente 50 países.

Entre torcedores e equipes de apoio, o evento deve reunir cerca de 120 mil pessoas. Um público formado por brasileiros de pelo menos 1,5 mil cidades, de todos os cantos do país.

“A nossa estratégia é fazer a corrida ir muito além do dia 31 de dezembro”, diz Yano. “Para isso, desenvolvemos, ao longo do ano, diversos pontos de contato com os corredores por meios digitais e físicos, junto às marcas patrocinadoras, o que nos ajudou a criar um universo da São Silvestre e fortalecer a marca.”

Esses esforços trouxeram resultados relevantes para a empresa. Se as inscrições, em 2023, levaram 30 dias para esgotar, nesta edição, acabaram em 27 minutos.

“Não existe um brasileiro que não conheça a São Silvestre. Então, estar na corrida como marca faz todo o sentido para a Asics, que busca se tornar mais conhecida por um público mais amplo e democrático”, afirma Alexandre Fiorati, presidente da Asics América Latina, ao NeoFeed.

A primeira São Silvestre teve 60 atletas inscritos, mas apenas 48 compareceram para disputar a prova (Foto: saosilvestre.com.br)

Por ser uma das patrocinadoras master da corrida, a marca japonesa participou de todos os eventos preparatórios da prova e assumiu o desenvolvimento dos uniformes a serem usados na corrida. Além disso, como conta Fiorati, no dia, serão realizadas diversas ações, para reforçar a presença da Asics na São Silvestre.

A Asics já está presente em algumas das maratonas mais importantes do mundo, como as de Paris, Tóquio e Sidney. E é notável, diz Fiorati, o aumento na procura pelos produtos da marca, com a participação em eventos do tipo.

Para 2025, ano em que a São Silvestre chega à sua 100ª edição, a Vega está planejando um rebranding para a prova e espera atingir um total de 50 mil corredores. A expectativa é investir R$ 10 milhões,  quadruplicando o número de patrocinadores.

Para alcançar tais objetivos, Yano pretende internacionalizar ainda mais a corrida, investindo em preparatórios realizados em diversos países da América Latina.

“Nós já estamos conversando com novas marcas interessadas em participar desta edição tão especial para a São Silvestre e temos certeza que ela será ainda mais completa e memorável para os corredores”, diz o CEO da Vega.

Interrompida em apenas uma ocasião, em 2020, por causa da pandemia de covid-19, a São Silvestre foi idealizada pelo jornalista Cásper Líbero, inspirado por uma corrida noturna francesa, na qual os atletas carregavam tochas durante o percurso.

Ao longo da história, a prova paulistana alterou seu trajeto dezenas de vezes até chegar aos atuais 15 quilômetros. No início, era realizada na noite de réveillon. Em 1989, passou para a tarde e, 23 anos depois, para a manhã da véspera de Ano-Novo.





Fonte: Neofeed

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Na África, lodges de safári agora vão muito além da observação da vida selvagem

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Na África, lodges de safári agora vão muito além da observação da vida selvagem
Tempo de Leitura:6 Minuto, 15 Segundo


Oito e meia da manhã, Okavango Delta, Botsuana. Elefantes, zebras e impalas bebem água, lado a lado, na beira do rio. Na outra margem, hóspedes do Wilderness Jao assistem a cena confortavelmente sentados em cadeiras de couro, à sombra, recebendo massagem nos pés com óleos artesanais feitos com ervas do vale — enquanto o chef prepara as omeletes de um lauto café da manhã ali mesmo.

Os tempos dos hotéis de safári focados exclusivamente em sair de carro para ver os Big 5 definitivamente ficaram para trás. Antes essencialmente contemplativa, nos últimos anos, a  viagem passou a ser uma experiência muito mais completa e ativa. Alta gastronomia, enologia e mixologia se tornaram commodities e o menu de atividades durante a estadia é cada vez mais extenso e variado.

Visitas a comunidades locais, passeios de balão, safáris a cavalo, bicicleta, aulas de culinária com famílias nativas, caminhadas entre a vida selvagem com veterinários, refeições surpresa em meio às savanas. Tudo isso agora conta — e muito — na hora de escolher onde ficar.

Jacque Dallal, fundadora da BeHappy Viagens, agência especializada em viagens de alto padrão, acredita que este seja um movimento natural de mercado. “O que está acontecendo é que os lodges africanos estão agregando cada vez mais atividades acompanhando uma tendência mundial da hotelaria em geral de focar em experiências”, diz Dallal.

Eduardo Gaz, CEO do TTWGroup, que reúne marcas como SKIBrasil, Selections, SKIUSA, TTWLab e VeryLatin, concorda. “Está acontecendo uma evolução natural do nicho, com os lodges buscando também se diferenciar de seus principais competidores. É uma questão comercial, mas que felizmente impacta de forma extremamente positiva as comunidades e a própria experiência do viajante”, afirma.

É fato que muitos viajantes redefiniram suas prioridades nos últimos anos, buscando horários mais flexíveis, experiências exclusivas e um contexto mais cultural nas viagens, um reflexo da tendência global de buscar mais autenticidade no turismo em geral.

E os lodges de safári estão surfando nessa onda, com uma abordagem cada vez mais à la carte em tudo. “A experiência agora é mais refinada e potencializada. Assim você consegue ter estadias muito mais personalizadas, bem ao gosto de cada hóspede”, diz Gaz.

Os primeiros registros de lodges de safári africanos operando no modelo consolidado internacionalmente datam de pouco mais de 40 anos atrás.

Nicho de US$ 2 bilhões

Mas muito mudou nestas quatro décadas neste mercado que avança em ritmo acelerado. Os safáris na África devem movimentar US$ 23,10 bilhões até 2030, evoluindo a uma taxa de crescimento anual composta de quase 10%, informam os analistas da ResearchAndMarkets.

Só os lodges de luxo estão previstos atingir US$ 2 bilhões, no mesmo período, conforme levantamento da Business Research Insights. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), nove países africanos estão entre as 20 nações que devem registrar o crescimento econômico mais rápido do mundo em 2025 — em boa parte graças ao turismo de luxo.

Safáris a cavalo estão entre as novidades, como os oferecidos pela Great Plains no Quênia (Foto: greatplainsconservation.com)

As acomodações do Wilderness Jao foram projetadas como luxuosas casa na árvora (Foto: Wilderness Safaris)

Os safáris do Cheetah Plains, na África do Sul, são realizados em veículos movidos a energia solar — repare o leopardo no galho da árvore (Foto: Cheetah Plains)

Great Plains Conservation Converteram tradicionais territórios de caça e terras improdutivas em quase 1 milhão de de acres de conservação da vida selvagem, no Quênia, na Botsuana e no Zimbábue (Foto: Great Plains)

A reforma do Wilderness Jao resultou em espaços mais amplos (Foto: Wilderness Safaris)

Os elefantes circulam livremente na áera das vilas do Chettah Plains (Foto: Cheetah Plains)

Entre as atividades mais celebradas pelos turistas está a visita às comunidades locais. Na imagem, mulheres de Naboisho, no Quênia, mantido pelo Great Plains (Foto: Great Plains)

Com reforma recente do Wilderness Jao, a propriedade em Botsuana ganhou uma biblioteca (Foto: Wilderness Safaris)

O Cheetah Plains conta com apenas três vilas de quatro suítes e um time de 12 funcionários para cada uma delas (Foto: Cheetah Plains)

Primeiro lodge de safári de luxo de Botsuana, o Wilderness Jao é uma das mais de 60 propriedades gerenciadas pela Wilderness, fundada em 1983, por dois guias de safári. Em locais remotos de oitos países africanos, as propriedades somam 6 milhões de acres de terras privadas e preservadas.

Com diárias a partir de US$ 1.850, por pessoa, e inserido em meio a savanas e planícies inundáveis de uma reserva privada de 60 mil hectares, o Jao foi criado no comecinho dos anos 2000 pela família de Cathy e David Kays, que seguem à frente da administração da propriedade, agora em parceria com a Wilderness.

Localizado no vale do rio Okavango, considerado um dos melhores lugares do mundo para observação de vida selvagem, o lodge sempre foi um caso de sucesso. Mas, no fim da década passada, seus administradores perceberam que era hora de mudar.

Foi recentemente reconstruído — agora com design sustentável, materiais naturais e reciclados — ganhando espaços muito mais amplos e refinados, pés direitos altíssimos, banheiras e jacuzzis com vista infinita, spa, biblioteca, museu, galeria.

Suas novas (e imensas) acomodações foram projetadas como casas na árvore ultraluxuosas conectadas por passarelas suspensas, causando mínimo impacto no terreno. Ali, pratica-se a alta gastronomia e há um impressionante bar de vinhos, destilados e coquetéis, tudo incluído.

Assim como diversos workshops, atividades do projeto Children in the Wilderness (que educa crianças das comunidades locais) e até as inesperadas massagens no meio do safári.

Aulas de culinária e fotografia

Quando os turistas desapareceram durante a pandemia de covid-19, muitos lodges de safári tiveram de dar tratos à bola para continuar sustentando suas comunidades e impedir a invasão de caçadores em suas áreas.

A Great Plains Conservation, criada pelo premiado casal de documentaristas Beverly e Dereck Joubert, sempre focou no turismo regenerativo em suas sofisticadas propriedades de safári no Quênia, na Botsuana e no Zimbábue.

Converteram tradicionais territórios de caça e terras improdutivas em quase 1 milhão de de acres de conservação da vida selvagem — sempre em parceria com as comunidades locais, absorvendo mão de obra da região e melhorando a infraestrutura geral dos destinos, ao reinvestir ali parte da arrecadação de cada visita turística.

As experiências ligadas às comunidades locais, aliás, costumam figurar entre as mais elogiadas por seus hóspedes. A partir de US$ 1 mil, por pessoa, a rede tem servido como inspiração para muitos lodges abertos nos últimos anos no continente africano.

O Cheetah Plains, na África do Sul, levou esse movimento a outro patamar. “Além de ter até os jipes de safári movidos a energia elétrica e todo o hotel funcionar com energia renovável, é uma hospedagem all inclusive imersa em arte contemporânea”, diz Jacque Dallal.

Idealizado por Japie van Niekerk, CEO da New Africa Developments (que desenvolve shopping centers no continente africano), o Cheetah Plains conta com apenas três vilas de quatro suítes e um time de 12 funcionários para cada uma delas — com tudo incluído nas diárias, até massagens e manicure. O preço: a partir de US$ 8.870, a diária.

Preveem também degustações de vinhos sul-africanos, workshops de mixologia, aulas de culinária e fotografia (emprestando sem custos uma câmera profissional com lentes de longa distância para uso durante a estadia).

Inaugurado pouco antes da pandemia na reserva Sabi Sands, na fronteira com o Parque Nacional Kruger, em pouco tempo virou reduto de bilionários, CEOs e CFOs de diversas nacionalidades. Todos ávidos por ir bem além da antiga fórmula “dois safáris incluídos por dia”.



Fonte: Neofeed

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Pedro Zemel troca as roupas esportivas pelo hambúrguer

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Pedro Zemel troca as roupas esportivas pelo hambúrguer
Tempo de Leitura:3 Minuto, 9 Segundo


Três dias depois ao seu surpreendente pedido de renúncia ao posto de presidente do Grupo SBF, dona da Centauro, Pedro Zemel já tem nova casa. E, nessa mudança, o executivo está saltando dos artigos esportivos para os hambúrgueres e frangos fritos.

O executivo acaba de ser anunciado como o novo CEO da Zamp, operadora das redes de fast food Burger King e Popeye’s no Brasil, além da Subway e do Starbucks. O grupo anunciou que ele será efetivamente eleito pelo conselho de administração da companhia em reunião prevista para o fim do mês de abril.

Assim como a sua mudança de ares, a escolha para um novo CEO na Zamp também foi rápida. Na semana passada, o grupo anunciou que Paulo Camargo, ex-presidente da Arcos Dorados (McDonald’s) no Brasil, estava deixando o cargo e que o CFO Gabriel Guimarães tocaria a operação como interino.

A data prevista para a eleição de Zemel coincide justamente com o fim do processo de transição no Grupo SBF, programado para o dia 23 de abril. No antigo CNPJ, ele passará o bastão para Gustavo de Lima Furtado, que, até então, atuava como CEO da Centauro.

Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e com um MBA pela Harvard Business School, Zemel tem uma passagem pela GP Investments e, nos últimos doze anos, esteve no Grupo SBF.

Nos últimos nove anos, o executivo liderou a operação da dona da Centauro, onde substituiu Sebastião Bomfim Filho, fundador do grupo. No comunicado sobre sua saída, divulgado na última terça-feira, a empresa ressaltou que Zemel iria se dedicar a outros projetos pessoais e profissionais.

Em seu período à frente do Grupo SBF, o executivo liderou o processo de abertura de capital da holding, em 2019. Além da estratégia de diversificação de negócios da companhia, rumo a um modelo de ecossistema.

Nessa direção, um dos acordos que se destacaram foi a estruturação do acordo com a Nike, que resultou na criação, em 2021, da Fisia, operação que, na prática, é a representante exclusiva da marca americana no Brasil.

Zemel chega à Zamp após uma breve passagem de Paulo Camargo, executivo que, nos dois anos anteriores comandou um turnaround na Espaçolaser. E que foi nomeado como CEO do grupo de fast food em julho de 2024.

Esse foi também o seu mandato na companhia. Escolhido pelo fundo Mubadala, que acabara de assumir o controle da Zamp, Camargo tinha como missão colocar a empresa, que vinha apresentando resultados indigestos para os investidores, nos trilhos.

O desafiou cresceu no fim de 2024, quando a Zamp trouxe para o seu guarda-chuva as operações da Subway e do Starbucks, que também passavam por dificuldades. Em comunicado na semana passada, o grupo informou que o fim do ciclo de Camargo foi decidido em comum acordo com o executivo.

Em seus números mais recentes – a empresa divulga o resultado do quarto trimestre e do consolidado de 2024 no próximo dia 20 de março – a Zamp reportou um prejuízo líquido de R$ 150,8 milhões no acumulado de janeiro a setembro do ano passado, uma redução de 4,1% sobre igual período, em 2023.

Já a receita operacional líquida nesse intervalo ficou em R$ 3,2 bilhões, um incremento de 17,8%. Enquanto as despesas gerais e administrativas cresceram 45,3%, para R$ 242,9 milhões. A empresa encerrou o período com uma dívida líquida de R$ 546 milhões e uma alavancagem de 1,4 vez.

As ações da Zamp fecharam o pregão de hoje com alta de 1,63%, cotadas a R$ 2,50. Os papéis acumulam uma valorização de 10,6% em 2025. Em doze meses, porém, a queda é de 45,8%. A empresa está avaliada em R$ 997,2 milhões.



Fonte: Neofeed

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Efeito DeepSeek reacende otimismo com o mercado acionário chinês

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deepseek mercadode ações inteligência artificial
Tempo de Leitura:3 Minuto, 17 Segundo


Desacreditado nos últimos anos, o mercado de ações chinês voltou a chamar a atenção de analistas de grandes bancos  internacionais após os avanços do projeto DeepSeek marcarem a entrada definitiva da China na corrida da inteligência artificial.

No início de fevereiro deste ano, enquanto o mercado ainda tentava compreender as implicações da nova tecnologia chinesa, o Deutsche Bank divulgou o relatório China Eats The World, destacando oportunidades de investimento no país e afirmando que a ascensão da DeepSeek “destruiu a fantasia ocidental de que poderia conter a China”.

“Acreditamos que 2025 será o ano em que os investidores perceberão que a China está superando o restante do mundo. Está cada vez mais difícil ignorar o fato de que as empresas chinesas oferecem melhor custo-benefício e, muitas vezes, qualidade superior em diversos setores da manufatura e, cada vez mais, até mesmo em serviços”, afirma o banco no relatório.

Desde que a Deepseek entrou nos holofotes, na última semana de janeiro, o índice Hang Seng, de Hong Kong, acumula alta de 12,73%. O desempenho no ano está cerca de oito pontos percentuais acima dos principais índices do mercado americano, impulsionado especialmente pelas empresas chinesas de tecnologia.

A Tencent, por exemplo, valorizou-se 21,8% após anunciar que integrará o modelo da DeepSeek em suas plataformas. O Alibaba, que também adotou a tecnologia e desenvolve um modelo próprio de IA, disparou 39,6%. Além disso, no início do mês, as compras onshore e offshore de ativos chineses lideraram as ordens da corretora global do Goldman Sachs, segundo um relatório acessado pela Reuters.

“Enquanto os laboratórios dos EUA investem em tecnologia de ponta, a DeepSeek demonstrou que otimizações avançadas podem gerar resultados notáveis mesmo com hardware mais modesto. O jogo está mais nivelado do que se pensava anteriormente”, avaliou o J.P. Morgan em relatório.

Sem acesso aos melhores chips da Nvidia devido às sanções dos EUA, a DeepSeek foi desenvolvida com a arquitetura Mixture of Experts (MoE), que conta com 671 bilhões de parâmetros, mas ativa apenas 6% deles por vez, reduzindo significativamente o consumo de energia e os custos operacionais.

Em comparação, modelos tradicionais como o ChatGPT utilizam abordagens que ativam a maioria dos parâmetros simultaneamente, exigindo maior poder computacional e investimentos bilionários em infraestrutura.

“Investidores globais estão começando a reavaliar o potencial da China em tecnologia e IA, após um longo período de atenção limitada”, afirmam estrategistas do Morgan Stanley. O banco americano acredita que o ímpeto positivo se sustente no curto prazo, impulsionado pelo posicionamento ainda tímido dos investidores globais. Goldman Sachs e UBS também demonstram maior otimismo com o mercado chinês.

Além de reacender o interesse com o mercado chinês, a chegada da DeepSeek levantou questionamentos sobre os players que eram dados como vitoriosos na corrida da inteligência artificial. O maior impacto foi sentido pela Nvidia, que perdeu US$ 500 bilhões em valor de mercado em apenas um dia, estabelecendo um novo recorde de desvalorização no mercado mundial

Após anos de forte valorização das “Sete Magníficas”, a competição com os preços mais baixos das empresas chinesas começa a se acirrar. Enquanto o Nasdaq negocia a um múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 37 vezes, o Hang Seng opera a 12 vezes.

“À medida que as empresas chinesas expandem sua presença global, é provável que esse desconto de avaliação se transforme em um prêmio no futuro”, destaca o Deutsche Bank, que prevê “uma mudança significativa em direção às ações chinesas no médio prazo”. O relatório alerta, no entanto, que a demanda crescente pode elevar os preços dos ativos.

Apesar do crescente otimismo com as bolsas chinesas, a tese não é consenso. Anderson Miranda, head de distribuição da W1 Capital, destaca preocupações com a crise imobiliária na China e os riscos de aumentos tarifários sobre suas exportações. “Há muita euforia no mercado em torno da DeepSeek. Os valuations são justificados, mas esse entusiasmo pode levar a correções”, pondera.



Fonte: Neofeed

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