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Quem é Marcio Silva, o “globetrotter dos drinques”

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Quem é Marcio Silva, o
Tempo de Leitura:5 Minuto, 36 Segundo


É possível preparar um bom Negroni em menos de 1 minuto. Se o preparo estiver a cargo de um dos maiores bartenders do mundo, porém, tudo pode ficar um pouco mais rebuscado — e um tantinho mais demorado. O Kakau, versão do clássico italiano criada por Márcio Silva, leva quase 26 horas para ficar pronto.

Começa com a elaboração de um Negroni e de um Boulevardier, drinque de origem americana, que usa bourbon no lugar do gim. Incrementados com chocolate 70% de teor de cacau, cada um é despejado, separadamente, em um recipiente fechado a vácuo. Em seguida, são cozidos a 60°C, por uma hora, pelo método sous vide.

Depois, tanto o Negroni quanto o Boulevardier são submetidos a um choque térmico e levados ao freezer, onde descansam por 24 horas. Está achando que acabou? Não, não.

Antes de misturá-los, os preparos passam por filtros de celulose. Um pouco de chá de rooibos e bitter de laranja e o Kakau está pronto. Chega ao cliente com gelo especial, uma fatia de laranja e um pedaço de chocolate.

A R$ 53, o drinque é uma das estrelas do Exímia, o novo bar de Silva, recém-inaugurado em São Paulo. Obviamente ninguém precisa esperar 26 horas para apreciá-lo. O coquetel fica praticamente pronto, sendo finalizado apenas no momento do pedido.

Invencionices etílicas, como o Kakau, fazem de Silva o bartender mais influente do Brasil.

Aos 47 anos, nascido na cidade paranaense de Assis Chateaubriand, mas criado na capital paulista, ele é um dos grandes responsáveis por colocar o Brasil no mapa da alta coquetelaria global.

Há cinco anos, consecutivamente, figura como o único bartender brasileiro no Bar World 100, o ranking das cem pessoas mais influentes da indústria mundial de bares, elaborado pela Drinks International.

Uma das passagens mais emblemáticas da carreira de Silva aconteceu em 2009, com a inauguração do SubAstor, em São Paulo. Ele ajudou a CiaTC, dona do Pirajá e da Bráz, entre outras redes, a criar aquele que se transformaria em um dos marcos da coquetelaria nacional.

Joelho machucado

E pensar que tudo começou por acaso. Integrante da Seleção Brasileira Juvenil de taekwondo, aos 17 anos, ele se mudou para Londres, para se aprimorar como atleta. Pouco depois de um ano, no entanto, o jovem machucou o joelho e teve de abandonar o esporte — por um bom tempo, pelo menos.

Para sobreviver na Inglaterra, Silva foi trabalhar em pubs. Daí para se apaixonar pela coquetelaria e dar adeus aos tatames foi um pulo.

Dizer que Silva é mais conhecido no circuito internacional do que no brasileiro não é exagero. De seus 27 anos de profissão, 17 foram vividos fora, entre Londres e Marbella, na Espanha.

Criado por Silva para o novo endereço, o Ameríndio é um drinque gaseificado, elaborado com bourbon, rum com masala brasileiro, mix de bitters, gengibre e demerara. (Crédito: Divulgação/Exímia Bar)

O Exímia é o segundo bar do qual Silva entra como sócio. Da nova empreitada participam também os irmãos Nicholas e Gabriel Fullen e a chef Manu Buffara (Crédito: Divulgação/Exímia Bar)

O Hot Cavaquinha, de “pão delícia”, tipicamente baiano, recheado com cavaquinha na brasa, creme de limão e pimenta-de-cheiro, já nasceu um clássico (Crédito: Divulgação/Exímia Bar)

No exterior, aos poucos, ele foi deixando a vida atrás dos balcões e se transformou em uma espécie de “globetrotter dos drinques”. Correu o mundo prestando consultoria  e trabalhando para a indústria de bebidas. Ao todo, foram 88 países abrindo bares e treinando gente.

“Eu sou um bartender e me apresento dessa forma, mas não trabalho mais diretamente no bar”, explica Silva ao NeoFeed. “Minha função é garantir a qualidade do que é servido, cuidando até da música.”

Sua inventividade, por exemplo, ajudou o Guilhotina, em São Paulo, a conquistar a 15ª posição no ranking The World’s Best Bars em 2019, três anos apenas depois da abertura da casa. Uma das estrelas do endereço era o Maldade Pouca É Bobagem, à base de rum, com especiarias, bourbon e club soda.

Por desavenças com os outros sócios, Silva deu adeus ao endereço, o único de que foi dono antes do Exímia. Badaladíssimo, o bar ficou com Marcello Nazareth e Rafael Berçot. “Passamos a divergir sobre tudo”, lembra ele.

Uma saída alternativa, na visão do bartender, seria ele comprar o Guilhotina. Mas Silva preferiu fazer o que sempre fez com maestria: zanzar pelo mundo, criando drinques.

Chef premiada

Em 2020, quando a Covid-19 trancou todo mundo em casa, Silva estava no Brasil. E experimentando um ofício novo, o de apresentador. Durante três anos, comandou o programa Bar Aberto, reality para bartenders amadores, patrocinado pela gigante de bebidas Pernod Ricard.

Há três anos, ele se aproximou dos irmãos Nicholas e Gabriel Fullen, empresários da gastronomia, donos do Grupo Locale. A dupla havia aberto, em 2020, o Locale Caffè e convidou Silva para atuar como consultor do endereço.

Mais recentemente, o bartender se juntou a eles como sócio do Exímia, do qual a chef curitibana Manu Buffara também é dona — o principal restaurante dela, o Manu, na capital paranaense, figura em 35° lugar na última edição dos 50 melhores da América Latina.

No novo endereço, ela serve aperitivos, como patê o de fígado de galinha com pão de fermentação natural e azeite picante de amendoim; pratos, como o fettuccine com molho bisque de camarão; e sanduíches nada óbvios, como o ManuZITA, que combina peixe frito, abacate, cebola roxa e vinagrete de iogurte com pepino azedo e dill.

O Hot Cavaquinha, de “pão delícia”, tipicamente baiano, recheado com cavaquinha na brasa, creme de limão e pimenta-de-cheiro, já nasceu um clássico.

Pro Brasilia fiant eximia

No terceiro andar do Exímia fica o “laboratório” de Silva. Foi onde ele criou, por exemplo, o Ameríndio, um drinque gaseificado, elaborado com bourbon, rum com masala brasileiro, mix de bitters, gengibre e demerara. O coquetel já está entre os mais pedidos do bar.

Decorado com azulejos brancos e com aquelas arandelas de parede que remetem a um globo, o térreo da casa emula os bares de hotéis paulistanos dos anos 1970.

Com direito a iluminação mais escura e um papel de parede com desenhos de bichos e folhagens tropicais, o primeiro andar reproduz a atmosfera das casas de coquetéis de Londres, da mesma década.

“Quantos brasis cabem em um Brasil?”, provoca o letreiro em neon vermelho, afixado na área da escada.

Se depender da criatividade de Silva, um copo é capaz de guardar todos os sabores, aromas e texturas brasileiros.

Afinal, é como diz o brasão na bandeira do estado de São Paulo, no qual o nome do Exímia foi inspirado, “pro Brasilia fiant eximia”. Ou, “pelo Brasil, faça-se o melhor”.





Fonte: Neofeed

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Na disputa da Rossi, o presidente do conselho conta os detalhes sobre indícios de fraude na companhia

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Tempo de Leitura:12 Minuto, 4 Segundo


Se não bastasse o fato de estar em recuperação judicial desde 2022, a Rossi viu seus alicerces serem ainda mais abalados nos últimos meses. O imbróglio envolve, de um lado, o ex-CEO, Fernando Miziara, e os irmãos Renata e João Paulo Rossi, ex-diretores e membros da família fundadora da empresa.

No canto oposto desse ringue está a atual gestão da construtora e incorporadora, que destituiu o trio de suas funções a partir de outubro de 2024, quando assumiu o comando da operação. E que apresentou novas armas, nesta semana, para esse confronto.

Em um fato relevante divulgado na noite da terça-feira, 11 de fevereiro, a Rossi anunciou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para submeter uma proposta de ação de responsabilidade civil contra seus três “oponentes”. Além da destituição dos irmãos do conselho de administração.

Distribuída em 381 páginas, a convocação foi acompanhada de um extenso pacote de documentos fruto de uma apuração interna realizada nos últimos dois meses e meio pela Kroll, empresa de auditoria. E promete aquecer ainda mais essa disputa.

“Ainda temos muitos documentos para serem analisados. Mas é possível identificar indícios, aparentemente, desde 2016”, diz Nicolas Paiva, presidente do conselho de administração da Rossi, ao NeoFeed.

“A administração optou, por ora, por indicar esses três nomes, porque já tem provas robustas em relação a eles”, afirma ele. “Temos e-mails mostrando que havia uma administração paralela entre os irmãos, onde se negligenciou toda a administração e a governança da companhia.”

Entre o amplo leque de supostas fraudes identificadas, há casos de celebração de contratos irregulares com parentes do trio. Além da transferência de ativos da Rossi com declaração de quitação, mas sem comprovações de pagamento. E com a anuência dos irmãos.

Procurados pelo NeoFeed, os irmãos Rossi e Fernando Miziara se posicionaram por meio de uma nota conjunta (leia a íntegra no fim da reportagem). Entre outros pontos, eles ressaltaram que a ação de responsabilidade civil proposta pela atual gestão não é resultado de uma investigação formal. E fazem menção a outro ator nesse caldeirão.

“Os conselheiros que capitanearam a investida são indicados por um acionista condenado em diversas ocasiões pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que, recentemente, teve seus direitos políticos na Rossi cassados”, afirmam, em uma referência ao investidor Silvio Tini.

Sobre essas alegações, Paiva diz que ele, que está no conselho há dois anos e que preside o board desde agosto de 2024, foi eleito por unanimidade. Inclusive pelos membros da família. Assim como os demais membros do colegiado.

“A participação do Silvio Tini na companhia não é nova. Ele é acionista, se não me engano, desde 2017. Então, não é nem um fato novo”, diz. “É claramente uma cortina de fumaça para tentar desqualificar e colocar em xeque o trabalho que está sendo realizado.”

Nesta entrevista, Paiva dá mais detalhes sobre algumas das supostas fraudes cometidas e comenta os possíveis impactos dessas práticas, inclusive, para que a companhia entrasse em recuperação judicial. Confira:

Como é presidir o conselho de uma empresa em meio a esse turbilhão, que já estende por meses?
Vou completar dois anos no conselho e nunca houve um ponto divergente. Essa ruptura ocorreu quando começamos a pedir informações. A ponto de ter uma agressividade desproporcional. O que chamou nossa atenção foi o fato de que não era natural que o até então CEO se manifestasse dessa maneira, o que acabou sendo corroborado pelos outros dois conselheiros. A partir daí, houve a ruptura. Foi de zero a 180 graus de uma vez só. Até o ponto de precisar da participação de advogados no conselho.

E o que levou à decisão de instaurar uma apuração interna?
Antes disso, a substituição do CEO foi porque ele começou a não cumprir as ordens do conselho. E, como qualquer empresa, sempre que há uma destituição, se pede para entregar os computadores e os bens da companhia. E houve uma resistência muito grande. E quando foi entregue, foi alterado o HD, tudo foi deletado. A partir daí, a Renata Rossi também começou a atuar de uma forma ativa para tentar negligenciar informações, a ponto de também precisar ser substituída. E ela também se opôs a entregar o computador. Então, a gestão começou a fazer um levantamento do que poderia ter acontecido. E não só por esses atos, mas até por uma questão diligente de tirar uma fotografia do que aconteceu para respaldar o daqui para frente. E começaram a surgir documentos e informações internas graves.

Quais foram as principais irregularidades detectadas?
A lista é grande. A primeira foi o pagamento para empresas de familiares. Tem empresa em nome do pai do antigo CEO, da esposa do antigo CEO, em nome do marido da Renata. E em valores altos. Isso, por si só, já é uma irregularidade grave, especialmente numa companhia aberta.

Há outros exemplos?
Uma questão básica de qualquer companhia é sempre ter a assinatura de dois diretores. E começou a se verificar que houve assinaturas da Renata, exclusivamente como diretora, representante da Rossi, com ela mesmo contratada do outro lado. Ela contratando, assinando sozinha. E aí tem uma sucessão. Ela sozinha assinando pela Rossi contratando o pai do Fernando Miziara. E é uma rede. Havia outros fatores bastante graves.

Quais?
Eles faziam uma forma de dação em pagamento como bônus. Supostamente havia um bônus de R$ 600 mil a ser pago para esse diretor, ele emitia uma nota nesse valor, escolhia um apartamento da Rossi em valores de mercado equivalente a R$ 2 milhões, R$ 2,5 milhões. E temos troca de e-mail entre eles, dizendo: escolhe quanto desconto você quer nesse apartamento. E transferia para ele R$ 600 mil. E na escritura, ao invés de constar a dação em pagamento, era uma compra e venda, com os diretores assinando como anteriormente quitado. Esse dinheiro não entrava na companhia e depois de dois anos eles pediam para fazer uma baixa contábil, como se fosse um crédito a receber. É fraude do início ao fim.

E, do que foi apurado, qual era a participação do João Paulo Rossi?
Nós identificamos escrituras trocadas, assinadas por ele, dando quitação dentro dessas fraudes que eu comentei. Então, evidentemente, ele sabia que o dinheiro não havia entrado na companhia e estava dando quitação. Ou seja, estava diluindo o patrimônio da companhia, transferindo um ativo sem contrapartida. E temos e-mails mostrando que havia uma administração paralela entre os irmãos, onde se negligenciou toda a administração e a governança da companhia.

Essas supostas fraudes vinham sendo cometidas há quanto tempo?
Ainda tem muitos documentos para serem analisados e alguns relatórios que vão ser emitidos. Mas é possível identificar indícios, aparentemente, desde 2016.

Se a apuração aponta para um período tão extenso, houve falha do conselho nesse processo?
Nós temos e-mail deles combinando o jogo para não passar informações sobre ativos da companhia para o conselho. Há questionamentos de conselheiros e eles combinam o jogo entre eles para sonegar essa informação. O mesmo foi feito em relação a questionamento de remuneração para sonegar o conselho fiscal. Então, tudo isso foi passando. Passou por auditoria independente, passou pelo conselho fiscal. E é preciso levar em consideração que estamos falando de uma empresa que, embora seja de capital aberto, foi sempre administrada pela família fundadora. Da diretoria até o conselho, tudo era centralizado na família. Então, até a chance de ter algum tipo de denúncia era inócua.

“Temos e-mails mostrando que havia uma administração paralela entre os irmãos, onde se negligenciou toda a administração e a governança da companhia”

E já é possível estimar qual é o tamanho do prejuízo gerado por essas práticas?
Ainda não. Certamente, são valores consideráveis. Nós estamos num cenário que, possivelmente, se esses atos não tivessem acontecido, a companhia sequer estaria em recuperação judicial. Só para se ter uma dimensão. A companhia pediu recuperação no fim de 2022. E, apenas nesse ano, foram pagos R$ 10 milhões para o CEO, muito acima do que a AGO havia determinado como remuneração.

Essas práticas estavam restritas aos irmãos Rossi e ao Fernando Miziara ou há outros nomes envolvidos?
Eu não posso abrir ainda nome de possíveis pessoas envolvidas, por uma questão de sigilo e fiduciária. Mas, aparentemente, pode ter outros envolvidos. Não necessariamente da companhia, além dos parentes dessas pessoas que já mencionamos. A administração optou, por ora, por indicar esses três nomes, porque já tem provas robustas em relação a eles. Até porque dois deles ainda estão no conselho da companhia, então, seria até negligente mantê-los e não tomar uma atitude.

O conselho e a gestão estudam outras medidas além da ação de responsabilidade civil?
Eu não posso ser taxativo, mas outras medidas estão em análise. Quando tivermos o relatório final, que deve ser concluído antes da AGE, iremos compartilhar com o escritório que está nos assessorando para avaliar todas as medidas cabíveis para que a empresa seja indenizada.

A outra parte alega que a ação não é resultado de uma auditoria independente e é fruto de sucessivas derrotas da atual gestão na Justiça. Como você enxerga essas afirmações?
Primeiro, existem quatro arbitragens e há muito mais decisões desfavoráveis para os irmãos Rossi do que favoráveis. E há, sim, uma auditoria independente que foi contratada e que já é de conhecimento dos irmãos, inclusive porque isso foi mencionado em reunião do conselho. Essa questão da auditoria independente faz parte da argumentação deles, no sentido de tentar desqualificar o trabalho que foi feito. Mas os e-mails falam por si só, né? As escrituras públicas falam por si só.

Outra questão é a acusação de que a atual gestão e o board estariam agindo sob a orientação do Silvio Tini, que estaria tomando a companhia de assalto. Como você rebate essa alegação?
Os fatos também comprovam isso. Começa com essa questão da suposta falta de independência dos conselheiros. Eu entrei na companhia no comitê imobiliário, trabalhando diretamente com o senhor João Paulo Rossi. E depois de meses trabalhando com ele, meu nome foi submetido à Assembleia Geral e ele, enquanto acionista, também me elegeu. Eu fui eleito por unanimidade pelos acionistas. Não estou ligado a nenhum acordo de votos. Eu e todos os outros conselheiros, que foram eleitos da mesma maneira. Se essa narrativa fosse verdade, porque que essa ruptura só aconteceu, coincidentemente, no momento em que identificamos a necessidade de melhorar a governança da companhia?

E quanto às acusações relacionadas ao Silvio Tini?
A participação do Silvio Tini na companhia não é nova. Ele é acionista, se não me engano, desde 2017. Então, não é nem um fato novo. E a única coisa que poderia desqualificar os conselheiros era justamente tentar vincular ao Silvio Tini. É claramente cortina de fumaça para tentar desqualificar e colocar em xeque o trabalho que está sendo realizado. Agora, independentemente da participação do Silvio Tini na companhia ou não, o que está em jogo aqui são as fraudes que foram identificadas por má gestão dos antigos administradores.

“Nós estamos num cenário que, possivelmente, se esses atos não tivessem acontecido, a companhia sequer estaria em recuperação judicial”

O quanto todo esse imbróglio torna o cenário da Rossi, que está em recuperação judicial, ainda mais desafiador?
É evidente que isso foi pesado, mas tem uma questão de responsabilidade fiduciária, de trazer isso ao mercado, a partir do momento que você toma conhecimento. Não há escolha. Acho que a mensagem como presidente do conselho é que, desde outubro, houve uma profissionalização da diretoria. Não tenho como fazer uma previsão, mas estamos otimistas sobre perspectiva de sair da RJ. E, de qualquer maneira, o que foi identificado veio de pessoas que, a partir de agora, não estariam mais relacionadas à gestão da companhia. O Miziara já saiu da empresa e, se assim os acionistas entenderem e aprovarem, os irmãos também deixarão de ser membros do conselho.

Caso esse seja o caminho decidido pelos acionistas, qual é o saldo que fica para a Rossi?
Com a profissionalização da companhia, a perspectiva tende a melhorar, porque agora, depois de uma bomba como essa, o que resta, evidentemente, com todos os holofotes sobre a empresa, é trabalhar na governança e, cada vez mais, na transparência.

* Confira abaixo, a íntegra do posicionamento dos irmãos Rossi e de Fernando Miziara

A ação de responsabilidade civil proposta pelos atuais administradores não é resultado de auditoria independente, ou seja, não existe investigação formal.

A investida persecutória dos atuais administradores ocorre depois de sucessivas derrotas sofridas na Justiça, nos processos de arbitragem e na CVM, envolvendo disputa societária.

Os conselheiros que capitanearam a investida são indicados por um acionista condenado em diversas ocasiões pela CVM e que, recentemente, teve seus direitos políticos na Rossi cassados.

Os citados reiteram o compromisso com as melhores práticas de governança corporativa e jamais cometeram qualquer irregularidade.

Seguem comentários sobre alguns pontos específicos:

A Rossi diz que pagou uma remuneração total acima do teto permitido pelo assembleia geral ordinária (de acionistas)
Isso nunca ocorreu: os atuais administradores levaram em consideração valores de remunerações referentes a diferentes anos/exercícios, como se fossem de um só, ou seja, propositalmente, misturam fluxo de caixa com ano de competência; Consideraram verbas de reembolso, que não são remuneração; Todas as remunerações foram previamente aprovadas em assembleia; Todas as contas foram auditadas e aprovadas posteriormente pelos acionistas.

A Companhia pagou executivos com imóveis (não havia caixa)
É praxe de qualquer companhia em recuperação judicial, a Rossi estabeleceu garantias de remuneração aos executivos para o caso de não haver recursos em caixa, o que acabou acontecendo; Tal modalidade de remuneração foi aprovada pelo Conselho de Administração da companhia;
Outros diversos colaboradores receberam nesta modalidade e não estão sendo responsabilizados.

Os antigos administradores se negaram a passar informações a respeito da Acro
Isso nunca ocorreu: há atas de dezenas de reuniões mensais com o presidente do Conselho de Administração em que havia total e irrestrito compartilhamento das informações, além de debates sobre ações a serem tomadas a respeito do ativo; essa mesma questão foi objeto de uma das várias decisões judiciais em que os atuais administradores saíram derrotados; a mudança de estrutura teve como objetivo proteger os ativos, como atesta uma sentença judicial que tratou do tema;

Um dos sócios da companhia – na prática, o atual controlador, Silvio Tini – tentou se apossar do ativo com uma investida objetiva: nomear uma funcionária de uma de suas empresas como diretora operacional com plenos poderes sobre a Acro. Há áudios de um dos atuais conselheiros confessando a trama.





Fonte: Neofeed

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“BTG tem a oportunidade de ser player dominante na América Latina”, diz Esteves

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Maior banco de investimentos da América Latina, o BTG Pactual vem expandindo seu footprint nos últimos anos para além da região. Em 2023, acertou a compra do FIS Privatbank, em Luxemburgo, e no ano passado anunciou a aquisição do M.Y. Safra Bank, nos Estados Unidos.

Apesar de globais, esses movimentos tem um foco local, calcados na estratégia que vem colocando em prática desde que realizou o IPO, em 2012, de ser o “banco dos latino-americanos”. E para André Esteves, fundador e chairman do BTG Pactual, os movimentos estão consolidando o banco como força na região.

“Temos a oportunidade de ser o player dominante na América Latina, o que de certa forma já somos”, disse ele na quarta-feira, 12 de fevereiro, em participação no Summit 2025, evento promovido pelo banco. “Mas para ser dominante, precisamos ter presença nos principais centros financeiros, na Europa e nos Estados Unidos.”

Segundo ele, as aquisições servirão tanto para a comunidade latino-americanas expatriadas nas regiões como na ponte para negócios. “Esse é o papel que queremos ter, de ser provedor de oportunidades globais para latino americanos e de oportunidades na América Latina para os investidores locais”, disse.

Adquirido por 21,3 milhões de euros, o FIS Privatbank permite ao BTG Pactual oferecer custódia e crédito estruturado, ampliando sua rede na Europa. Em 2020, o banco abriu um escritório em Portugal. No pós-pandemia, no Reino Unido, e em 2023 se estabeleceu em Madrid.

Com o M.Y. Safra Bank, o banco passou a contar com a possibilidade de linhas de crédito, com o NeoFeed apurando na ocasião que a instituição americana possui funding segurado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), barateando o custo de captação.

As aquisições ocorreram no momento em que o BTG Pactual vive um dos melhores momentos de sua história. O banco fechou 2024 com recordes de receita e lucro, além de um retorno ajustado sobre o patrimônio (ROAE) de 23,1%, acima dos 22,7% de 2023.

Um dedo na política local e internacional

Além das pretensões globais do banco, Esteves deu suas impressões sobre a situação política no Brasil e nos Estados Unidos e também sobre o momento dos mercados.

Sobre a situação no País, ele afirmou que as eleições municipais podem ser uma proxy sobre o que pode ocorrer em 2026.

Segundo ele, os resultados vistos no ano passado apontam para uma “sociedade meritocraticamente”, reelegendo os prefeitos que fizeram um bom trabalho, independentemente da postura ideológica. “As eleições do ano que vem devem ser meritocráticas também. Quem estiver entregando vai levar”, disse.

Esteves pintou também um quadro positivo em relação ao presidente Donald Trump, elogiando a agenda pró-business dele, entendendo que ela deve também se refletir no lado geopolítico. “Trump é muito pró-business e guerra não é pro-business”, disse.

Por outro lado, criticou as propostas de elevar as tarifas de importação, avaliando que se trata de um retrocesso, lembrando que os Estados Unidos só ganharam com o livre comércio. Ele também destacou os benefícios que a imigração tiveram em reforçar a economia do país, ainda que tenha concordado com a necessidade de coibir a entrada ilegal de pessoas.

Na parte dos mercados, o chairman do BTG Pactual disse que os mercados estão corrigindo o excesso de pessimismo com o País visto no final do ano passado, mas destacou o peso relevante do fim do Trump trade.

“O que aconteceu nos últimos 45 dias tem pouco a ver com méritos do Brasil, foi um movimento global”, disse. “E acredito que estamos chegando no final desse movimento.”

As units do BTG Pactual fecharam o pregão com queda de 1,92%, a R$ 31,70. Em 12 meses, os papéis acumulam alta de 16,97%, levando o valor de mercado a R$ 132,9 bilhões.





Fonte: Neofeed

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Trump tem “combo” de más notícias: inflação sobe nos EUA, adia corte de juros e ameaça limitar tarifas

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Tempo de Leitura:4 Minuto, 12 Segundo


A inflação nos Estados Unidos aumentou 3% em janeiro, mais do que os 2,9% registrados em dezembro. Apesar da pequena elevação, o anúncio, feito na quarta-feira, 12 de fevereiro, pelo Departamento do Trabalho, deve impactar o novo governo do presidente Donald Trump em duas áreas.

Uma delas é na política monetária. A inflação em elevação reforça o argumento de que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, deve ser mais cauteloso nos cortes das taxas de juros aguardados para este ano.

Outro efeito previsto é na política de imposição de tarifas de importação de Trump – a pressão inflacionária pode limitar, no médio prazo, a sobretaxação como arma política do presidente americano para arrancar concessões de parceiros comerciais dos EUA.

Após a publicação dos dados, as ações do mercado financeiro americano abriram em forte queda, com o S&P 500 caindo 1% e o Nasdaq Composite perdendo 1,1 %, enquanto um indicador do dólar em relação a seis outras moedas subiu 0,3%.  O rendimento de dois anos dos títulos do Tesouro dos EUA subiu 0,06 pontos percentuais para 4,35%.

“A inflação já está em torno dessas taxas há algum tempo e claramente não está mais caindo de forma decisiva”, disse Paul Ashworth, economista-chefe da Capital Economics, ao The Wall Street Journal.

No geral, os aumentos de preços em janeiro foram maiores do que os economistas esperavam – subiram 0,5% em relação ao mês anterior em uma base ajustada sazonalmente, o maior aumento mensal desde agosto de 2023.

O grande vilão do mês foram os ovos, impactados pela gripe aviária e responsáveis por cerca de dois terços do aumento mensal total dos preços de alimentos. Em janeiro, os preços dos ovos subiram mais de 15%, maior elevação desde junho de 2015. Em um ano, o aumento foi de 53%.

O anúncio da inflação em elevação ocorre em um momento de grande agitação nos EUA, após a posse de Trump, há três semanas.

Desde então, o presidente americano anunciou tarifas de 25% contra os vizinhos México e Canadá, e de 10% contra a China, além de sobretaxação das importações de alumínio e aço em 25%.

Ao mesmo tempo, o presidente americano vinha pressionando o Fed para cortar os juros. Mesmo com o anúncio desta quarta-feira da inflação, Trump reforçou suas exigências em sua plataforma Truth Social.

“As taxas de juros devem ser reduzidas, algo que andaria de mãos dadas com as próximas tarifas!!!”, postou o presidente dos EUA. “Mãos à obra, América!!!”

Agora, porém, o mercado está revisando a expectativa de redução de juros do Fed – já se fala que, dos dois cortes previstos até dezembro, apenas um deve ser anunciado.

Tarifas sob pressão

A pressão da inflação, por sua vez, já começa a respingar na política de tarifas de Trump. O aumento maior da inflação também refletiu em grande parte os preços mais altos de carros usados e, por tabela, dos seguros de automóveis.

Dados do índice de preços ao consumidor na quarta-feira mostraram que os custos do seguro de veículos automotores subiram 11,8% em relação ao ano anterior em janeiro, acima do aumento de 11,3% em dezembro.

O temor é que a soma de tarifas contra México e Canadá – grandes produtores de carros e autopeças – mais às de aço e alumínio impactem a indústria automobilística americana em geral.

“Até agora, o que estamos vendo é muito custo e muito caos”, reclamou o CEO da Ford, Jim Farley, em uma conferência automotiva na terça-feira, referindo-se ao aumento das tarifas de aço e alumínio – insumos usados na fabricação de carros.

A política de sobretaxa de Trump também começa a preocupar outros segmentos, da indústria de perfuração de petróleo e gás à do setor agrícola. As tarifas chinesas sobre máquinas agrícolas, medida retaliatória imposta pela China que entraram em vigor esta semana, podem prejudicar as vendas de empresas americanas, incluindo a Caterpillar.

O setor agrícola dos EUA também foi impactado por outra medida de Trump, aparentemente voltada para o exterior – o congelamento dos programas da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês).

As compras de safras dos EUA pela USAID para ajuda externa — que totalizaram US$ 2 bilhões no ano passado — já foram interrompidas pela ordem executiva de Trump, prejudicando agricultores do país.

Entre economistas, cresce a percepção de que Trump avaliou mal o impacto da inflação na adoção de tarifas. A sobretaxação de importação durante o primeiro mandato, em 2018 e 2019, não teve maior repercussão porque a inflação na época era muito baixa.

Desta vez, além de mais amplas, as tarifas tendem a atingir mais bens de consumo, com potencial de ampliar o efeito no índice de preços.

O combo de más notícias para Trump inclui outra ameaça, desta vez à sua popularidade. Resultados preliminares de uma pesquisa de pequenas empresas feita pela Vistage Worldwide para o The Wall Street Journal mostram que um aumento na confiança pós-eleição no presidente americano foi revertido em fevereiro.



Fonte: Neofeed

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