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Rafaela Vitória, do Inter: “O mercado está no modo ver para crer”

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Tempo de Leitura:8 Minuto, 15 Segundo


A inflação e a incerteza fiscal são os dois pontos de interrogação da economia brasileira. A harmonia entre eles é a paz esperada pelo mercado financeiro para colocar, novamente, o otimismo na mesa. Mas o esforço do governo para isso precisa ser genuíno.

“O mercado mostra que existe um grande risco de uma alta mais forte da inflação e que o Banco Central tem de subir os juros de maneira também mais acelerada do que se espera”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, ao NeoFeed.

“A economia já está operando perto da sua capacidade. Mais expansão de gastos pode provocar uma aceleração maior da inflação. Essa é a grande preocupação”, complementa.

Vitória fez uma revisão do cenário econômico. No relatório publicado na sexta-feira, 18 de outubro, que o NeoFeed teve acesso, ela eleva a projeção de inflação no ano de 4,4% para 4,5% devido a alta de energia e alimentos, ambos efeitos do recente choque climático.

“A maior aversão a risco, no entanto, continua pressionando o dólar, que teve nova valorização e chegou a R$ 5,65, acima da nossa expectativa de R$ 5,40 o que pode trazer pressão inflacionária adicional”, escreve a economista.

Embora considere os atuais juros no Brasil restritivos – ela foi contra o aumento de 0,25 ponto percentual da Selic na reunião de setembro, para 10,75% ao ano -, Vitória projeta mais duas altas de 0,50 ponto percentual para a taxa básica (antes o juro encerraria 2024 em 11,25%).

“Acredito que não havia, e ainda acredito que não há, necessidade de subir juros por conta do cenário de inflação, hoje. Mas quando esse receio contamina o mercado, e contamina o dólar, isso acaba gerando, sim, inflação na frente”, afirma a economista-chefe do Inter.

Com a confirmação de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central a partir de 2025, a sintonia entre a autoridade monetária, o governo e o mercado devem se restabelecer, correto?

Não necessariamente. Na visão de Vitória, assim como o compromisso do governo com o corte de gastos precisa ser cumprido com números, Galípolo terá de mostrar na prática o seu discurso no Senado: manter o esforço de política monetária e cumprir a meta de inflação.

A economista reforça que “tem uma visão positiva e construtiva da nossa economia”. E que pela primeira vez viu um upgrade da nota de crédito do Brasil ser criticado em vez de comemorado. “Esse é um termômetro do pessimismo que existe hoje, de maneira geral, nos mercados”, diz ela.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é a sua principal preocupação econômica?
A principal preocupação é a inflação. Hoje, quando olhamos a dinâmica atual da inflação e o patamar de juros, não vemos uma inflação acelerando no próximo ano. Mas a grande preocupação é se os modelos estão corretos, ou seja, que tenha um choque maior. Em parte esse choque já está acontecendo nesse câmbio mais próximo de R$ 5,70, que traz uma pressão adicional. A questão fiscal também pode adicionar pressão pelo lado da demanda. E apesar de não termos um cenário base de aceleração da inflação, esse é o principal risco que vemos no cenário: a inflação permanecendo acima de 4% e evoluindo para um patamar acima disso no próximo ano.

Estamos em um momento de incerteza?
Vivemos um momento de grande incerteza com relação ao que vem pela frente. Tivemos um crescimento melhor que o esperado nos últimos anos. De maneira geral, tenho uma visão positiva e construtiva da nossa economia. O crescimento foi mais forte, o mercado de trabalho está bastante aquecido e, por outro lado, isso também se deve em parte a algumas distorções, principalmente pelo lado fiscal, que é o que traz essa grande incerteza para frente. Vivemos um momento delicado com os ativos no mercado precificando uma alta de juros e uma alta de inflação. Se essas distorções não forem corrigidas, podemos ter um cenário bem diferente pela frente.

“Vivemos um momento delicado com os ativos no mercado precificando uma alta de juros e uma alta de inflação”

Em razão desse cenário, você se surpreendeu com a decisão da Moody’s de elevar a nota soberana do Brasil?
Não muito. Sou muito crítica à política fiscal atual, não só pela expansão excessiva de gastos, mas pela menor transparência que temos tido nos relatórios, na própria contabilidade, de receitas a despesas subestimadas Existe, sim, uma deterioração fiscal, mas a decisão da Moody’s olha sempre a qualidade de crédito do país de modo relativo. Em relação aos pares, o Brasil não está tão ruim. O problema fiscal que temos hoje não é uma coisa muito diferente do de outros países, que saíram da pandemia com mais gastos e tem dificuldade em fazer esse ajuste. Nesse contexto, o Brasil está relativamente melhor. Isso embasa a decisão da Moody’s.

O mercado não está comprado nesse movimento.
Foi a primeira vez que vi um upgrade ser criticado. Em geral, são comemorados. Mostra até um termômetro do pessimismo que existe hoje de maneira geral nos mercados. Mas a Moody’s divergiu da maioria do mercado ao ter uma confiança maior na promessa de ajuste fiscal. Se, de fato, for cumprida, podemos ter uma melhora significativa na evolução da dívida e no custo da dívida, que hoje reflete o inverso. A Moody’s fez uma aposta que isso vai ser feito. Resta saber quem vai acertar, a Moody’s ou o mercado.

O pessimismo do mercado não é exagerado?
Existe, sim, uma deterioração fiscal. Até o momento não vimos uma ação concreta do governo para essa correção. E o arcabouço fiscal, que foi lançado no ano passado, que ganhou crédito na época do seu lançamento, não se mostrou efetivo até este momento, A dívida cresce, o custo da dívida cresce, a inflação não foi controlada e o Banco Central volta a subir juros. A falta de confiança no arcabouço tem uma razão de existir. Para o governo reconquistar isso, ele vai precisar mostrar na prática uma melhora das contas públicas.

“A falta de confiança no arcabouço tem uma razão de existir”

O ministro Fernando Haddad tem se mostrado favorável ao ajuste fiscal. Falta convencer o presidente Lula?
Acredito que existe espaço para cortar gastos mesmo com o governo que não é politicamente comprado com essa ideia. Não é só o presidente, existem várias outras alas do governo que resistem a reduzir os gastos. Mas quando olhamos a evolução das contas públicas, vemos que parte do crescimento mais exagerado das despesas incluiu irregularidades que precisam ser corrigidas. Tem espaço para correção com um pente fino do INSS, do BPC, do cadastro único do Bolsa Família. Na nossa visão, cortar entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões desses programas no próximo ano é simplesmente uma questão de revisão de irregularidades. Tem espaço, sim, para fazer isso.

Mas e a postura do governo?
O governo está se mostrando um pouco mais preocupado com essa questão. Não é só a alta de juros, mas principalmente a alta do dólar que bate em Brasília. Vejo que existe uma possibilidade maior de fazer essa correção de rumo pela pressão que temos visto no lado do curso da dívida, do lado do câmbio, que pode trazer uma aceleração maior da inflação. Não é o nosso cenário base, mas se continuar esse estresse prevalecendo nos preços dos ativos, com o câmbio a R$ 5,70, o governo pode ter um problema ao longo do ano, com inflação crescente e juros altos. Vejo espaço, sim, para essa correção de rumo.

Quando a confiança volta?
A confiança nesse anúncio só vai existir quando começarmos a ver os números mostrando esse controle de gastos. O que vai fazer o mercado voltar a ter credibilidade no arcabouço é o governo mostrar com números que as despesas estão sendo controladas.

A confirmação do Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central vai reduzir as tensões existentes na e com a autoridade monetária?
Não necessariamente. Ainda tem vagas no Copom para serem preenchidas. O governo ainda não indicou os novos membros. E, de novo, acho que o mercado está no modo ver para crer. Apesar das falas do Galípolo serem na linha de ser duro com a inflação, acho que o mercado precisa ainda ver o desempenho dessa nova composição do Copom nas próximas reuniões para ganhar um pouco mais de confiança. Sem dúvida já estamos no modo transição. A preocupação agora é como vão ser as próximas reuniões e como serão os votos. O BC pode retomar parte da confiança votando de maneira unânime nas próximas decisões, com uma coesão maior. Isso ajuda a embasar toda a decisão de política monetária.

A decisão do Copom de setembro, de subir a Selic, foi acertada?
Acredito que não havia, e ainda acredito que não há, necessidade de subir os juros por conta do cenário de inflação, hoje. Mas quando esse receio contamina o mercado, e contamina o dólar, isso acaba gerando, sim, inflação na frente. O Banco Central poderia ter mantido a política monetária mais estável ao longo do ano. E não só essa última alta, mas desde a discussão em maio quando ele mudou o próprio guidance. Vimos a divergência nos votos e toda essa mudança trouxe mais incerteza na política monetária. O mercado acabou elevando o prêmio de risco e hoje o BC se vê nessa posição de ter de subir os juros.

Sem necessidade?
Na nossa visão, já temos um juro bastante restritivo. Se o governo cumprir a promessa de controlar o gasto público no ano que vem, a inflação projetada de 3,80% está dentro do intervalo da meta. Essa banda da meta existe justamente para acomodar esse tipo de choque. E o BC pode ter um pouco mais de prazo para levar a inflação para o centro da meta. A alta acabou adicionando mais volatilidade do que trazendo confiança para o mercado.





Fonte: Neofeed

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Um dilema de quase US$ 14 bilhões para a OpenAI e a Microsoft

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Um dilema de quase US$ 14 bilhões para a OpenAI e a Microsoft
Tempo de Leitura:3 Minuto, 6 Segundo


Dona do ChatGPT, a OpenAI reforçou seu status como protagonista do hype em torno da inteligência artificial (IA) ao anunciar um aporte de US$ 6,6 bilhões no início deste mês. A rodada foi liderada pela Thrive Capital e trouxe ainda nomes como Softbank, Tiger Global e Nvidia para o captable da operação.

Com o cheque de múltiplos dígitos, a startup criada em 2015 como um laboratório chegou a um total de US$ 21,9 bilhões captados, além de ver seu valuation dar um salto de US$ 86 bilhões para US$ 157 bilhões. E de ganhar fôlego para o seu projeto de se transformar em uma empresa com fins lucrativos.

Esses montantes escondem, porém, aquela que deve ser uma das principais dores desse crescimento e dessa transição. E que está expressa em uma cifra, em particular: o volume total próximo de US$ 14 bilhões já aportado pela Microsoft na OpenAI.

Com a mudança de patamar para uma empresa com fins lucrativos, tanto a startup como a sua maior “patrocinadora” nessa jornada contrataram bancos de investimento para ajudá-las a solucionar o dilema sobre qual será a participação detida pela Microsoft quando a OpenAI concluir esse processo.

Segundo o The Wall Street Journal, que citou pessoas familiarizadas com essas negociações, a Microsoft está trabalhando com o Morgan Stanley, enquanto a OpenAI contratou o Goldman Sachs para assessorá-la no imbróglio.

Além de definir qual será a fatia que cabe à Microsoft naquela que hoje é considerada a segunda startup mais valiosa do mundo, atrás apenas da SpaceX, de Elon Musk, o que também está em jogo são os direitos de governança que cada um terá nessa nova composição.

O que torna o processo mais desafiador é o fato de que é incomum que organizações sem fins lucrativos se transformem em empresas com fins lucrativos, especialmente para uma companhia com o porte e o valuation da OpenAI.

Hoje, a Microsoft, outros investidores e funcionários da OpenAI têm direitos sobre lucros futuros gerados por uma subsidiária com fins lucrativos controlada pelo conselho sem fins lucrativos da startup americana.

Desde 2019, a gigante de Redmond investiu US$ 13,75 bilhões na OpenAI, incluindo sua participação na última rodada de US$ 6,6 bilhões. Os aportes anteriores foram realizados quando a startup valia substancialmente menos do que o seu patamar atual.

Segundo as fontes próximas ao tema, a OpenAI também está sendo assessorada por Michael Klein, um ex-banqueiro do Citigroup com laços estreitos com Sam Altman, o CEO da startup. Definir a fatia de Altman será outra questão importante nesse processo.

Em outro fator agravante, é provável que, quanto maior for a participação da Microsoft, maior será a ofensiva dos órgãos antitruste sobre a empresa, dado que esses reguladores já estão adotando uma série de medidas para conter o avanço das big techs.

Os elos que ligam as duas empresas além da questão financeira são mais um elemento complicador nesse caso. A Microsoft é a provedora exclusiva de infraestrutura de nuvem para a OpenAI e usa a tecnologia da investida para o seu aplicativo Copilot AI.

Ao mesmo tempo, a gigante americana não vem medindo esforços para ampliar suas próprias capacidades de inteligência artificial. Em paralelo, a OpenAI também tem buscado outras fontes de poder computacional na nuvem.

Essa equação de difícil resolução passa ainda pelos termos da última rodada de investimentos da startup. Os investidores receberam dívidas que serão convertidas em equity quando a OpenAI se tornar uma empresa com fins lucrativos.

O aporte bilionário estabeleceu ainda que a OpenAI terá dois anos para concluir esse processo. Caso contrário, os investidores que participaram dessa última rodada terão direito ao reembolso dos recursos que injetaram na operação.



Fonte: Neofeed

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Os planos do A.C. Camargo para ir além do atendimento médico oncológico

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Os planos do A.C. Camargo para ir além do atendimento médico oncológico
Tempo de Leitura:5 Minuto, 36 Segundo


O A.C. Camargo é referência no tratamento contra o câncer no País. Em mais de 70 anos, a instituição filantrópica atendeu milhares de pacientes da rede pública e privada. Agora, toda essa bagagem de protocolos e tratamentos será empacotada em produtos e oferecida a terceiros.

O plano do A.C. Camargo, que no ano passado teve faturamento de R$ 1,75 bilhão, uma alta de 14,4% em relação a 2022, é conseguir aumentar sua fonte de receita através das verticais de ensino e pesquisa, além de oferecer serviços para hospitais e clínicas.

Atualmente, o atendimento médico responde por mais de 90% da receita anual do A.C. Camargo. Em três anos, a ideia é que essa diversificação de receita saia do patamar atual de 6% para 14%. E a instituição deixe de ser totalmente dependente das operadoras de saúde.

“A assistência médica é a área que nos sustenta, mas ela vem sendo desafiada por conta dos custos da saúde”, afirma Victor Piana, médico patologista, doutor em oncologia e diretor-geral do A.C. Camargo, ao NeoFeed. “Ela [a assistência médica] é a principal fonte de recursos do A.C. Camargo, mas daqui para frente acreditamos que vamos ter que encontrar um mosaico mais equilibrado de receita.”

No ensino, o A.C. Camargo está investindo para ampliar o alcance do que chama de “Universidade do Câncer”, sua iniciativa na parte de educação. Ainda que não tenha pretensões de ter uma graduação, a instituição está aportando R$ 45 milhões na construção de um novo prédio, em São Paulo, voltado para a parte de ensino técnico e capacitação de médicos.

“A expectativa é de que o câncer dobre de frequência em 30, 40 anos, e isso vai exigir muito mais gente especializada para cuidar dessas pessoas”, afirma Piana.

A instituição desenvolveu um portfólio de cursos voltados à capacitação de profissionais da saúde para tratar e lidar com pacientes com câncer, com cursos técnicos, especialização, pós-graduação e mestrado. No caso de graduação, a ideia é oferecer conteúdo de oncologia para as universidades, inspirados nos moldes dos sistemas de ensino como Etapa e Objetivo.

Uma das primeiras iniciativas foi firmada no ano passado, quando o A.C. Camargo fechou uma parceria com a Cogna para lançar cursos de capacitação em oncologia. Na parte Lato Sensu, são oferecidos os cursos de nutrição oncológica, na modalidade presencial, e enfermagem oncológica na modalidade EAD.

A instituição também está trabalhando com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) para criar um conteúdo para capacitar 400 mil agentes de saúde que sãos funcionários das Unidades Básicas de Saúde (UBS). E está estendendo esse trabalho às empresas, para que possam saber lidar com um funcionário no momento em que ele é diagnosticado e após o seu tratamento.

Na parte de pesquisa, o A.C. Camargo quer ampliar as parcerias com a indústria farmacêutica, em que testa novos medicamentos e tratamentos em suas dependências, pelos quais é remunerado.

A pesquisa clínica vem gerando uma receita de R$ 60 milhões por ano e representa a décima fonte pagadora do A.C. Camargo, considerando as operadoras de saúde, como SulAmérica e Bradesco Saúde. Já o ensino ainda está caminhando, com a receita anual com cursos na casa de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões por ano.

O plano do A.C Camargo envolve ainda a venda de seu conhecimento e expertise em oncologia para outros hospitais e clínicas. A ideia é oferecer diversos tipos de produtos e serviços para outras instituições, desde prover os protocolos médicos e apoio na gestão da área até ir para a linha de frente, assumindo a operação do serviço de oncologia.

Victor Piana, diretor-geral do A.C. Camargo

Esse último caso ocorreu apenas no hospital infantil Sabará, em São Paulo. Por ser raro, o câncer pediátrico é de difícil diagnóstico e a maioria dos hospitais não está preparada para oferecer tratamento, por serem generalistas. Neste caso, o A.C. Camargo estabeleceu equipes dentro do Sabará, realizando a parte clínica no hospital e realizando procedimentos como radioterapia e transplante de medula óssea no A.C. Camargo.

“Ao saber que o hospital Sabará tem estrutura e uma equipe do A.C. Camargo, os pediatras têm encaminhado casos para o hospital, porque sabem que a criança terá tudo aquilo que precisa”, conta Piana.

Ele cita ainda o caso de uma clínica de oncologia no interior de São Paulo, chamada Clínica COE, de um ex-aluno do A.C. Camargo, para aumentar a oferta de tratamentos e conseguir competir com hospitais da região.

“O A.C. Camargo apoia com questões de backoffice, mas também na parte clínica, com exames que essas clínicas não oferecem. Os pacientes podem vir aqui para fazer os exames”, diz.

Autossustentável

A decisão de ampliar as outras áreas faz parte do histórico recente do AC Camargo de buscar sua sustentabilidade financeira. Ela também está alinhada ao posicionamento de “câncer center”, adotado em 2013, que implica que a instituição não apenas realiza tratamento oncológico, tendo atuação em frentes como prevenção, ensino e pesquisa.

Segundo Piana, desde o início dos anos 2000, a instituição “se desafiou” a não depender de doações, depois de ter passado por “um desafio” de sustentabilidade em 1997, com risco de fechar as portas, justamente por conta do aumento do avanço da medicina oncológica, que gerou custos elevados.

“A gente tinha 600 pessoas captando doações, mas ficou insuficiente”, afirma. “A oncologia se transformou demais, deixando de ser uma especialidade com um cirurgião bem treinado, se incrementando em equipamentos, máquinas, e como fazíamos alto volume de procedimentos, para continuar nesse ritmo, a gente precisava ter muitos recursos.”

Uma das decisões foi ampliar o atendimento para a rede privada, para que gerasse os recursos para sustentar as operações. Isso ocorreu pouco antes do forte aumento do número de pessoas com planos de saúde, que passou de 30 milhões de usuários em 2004 para 50 milhões em 2014, de acordo com Piana.

A situação permitiu a A.C. Camargo ter superávits anuais, com os recursos gerados com o atendimento ao setor privado sendo totalmente reinvestidos na instituição, não apenas na parte clínica, sem depender de doações.

Mas a atividade core, que sustenta a fundação, é intensiva em capital e a medicina oncológica vem avançando, trazendo consigo custos bastante elevados, exigindo um volume maior de investimentos. Além disso, o setor de saúde passa por dificuldades, com falta de crescimento desde 2014, fazendo com que as operadoras passem a transferir aos prestadores de serviços os custos de atendimento.

“Tudo aquilo que a gente financiava com o superávit operacional, o ensino, a pesquisa, a inovação, a responsabilidade social, tem que ser readequado e repensado”, diz Piana. “Por isso, estamos fazendo adaptações.”





Fonte: Neofeed

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Números Falam #26 – Gustavo Estrella, CEO da CPFL Energia

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