Negócios
Jotacom alcança o topo do mercado publicitário (são os clientes que dizem)
Uma trajetória marcada por inovação, proximidade com clientes e capacidade de adaptação às transformações do mercado publicitário alçou a Jotacom à posição de agência mais bem avaliada do Brasil, de acordo com o ranking Agency Scope 2024/25.
Realizado pela consultoria Scopen, o levantamento consultou 850 profissionais, sendo 409 anunciantes (de 285 empresas distintas) e 441 de agências. Números como esses expressam a importância do reconhecimento, o mais respeito do setor.
Pela primeira vez, a Jotacom alcançou a liderança geral na avaliação dos clientes, superando o segundo lugar conquistado em 2022/23. Além disso, manteve a posição de destaque como a melhor agência digital do Brasil pelo quarto ciclo consecutivo, reforçando o domínio no segmento.
“O foco da Jotacom é no relacionamento com o cliente e na oferta de soluções estratégicas e criativas adaptadas aos desafios de comunicação”, diz Jurgis Figueiredo, CEO e fundador da Jotacom. “Manter consistência no Agency Scope não é comum no mercado brasileiro, mas conseguimos isso com um grande foco no cliente.”
A liderança da Jotacom no Agency Scope 2024/25 não se resumiu à satisfação geral dos clientes. A agência se destacou em 14 diferentes critérios de avaliação, liderando aspectos como criatividade, integração estratégica e expertise digital.
Na área de estrutura, a Jotacom foi reconhecida como uma agência avançada no uso de inteligência artificial, especialista em comunicação digital e referência em serviços integrados.
O domínio da Jotacom se estendeu também à capacidade de análise de dados e otimização de campanhas. Ela liderou categorias como excelência em analytics, medição e ROI.
Realizado pela consultoria Scopen, o levantamento consultou 850 profissionais, sendo 409 anunciantes (de 285 empresas distintas) e 441 de agências
No campo da criatividade, a agência foi a mais bem avaliada por sua originalidade e eficácia, além de se destacar na criação de conteúdos e branded content. Em mídia, a inovação no uso de novas plataformas e canais garantiu à empresa a primeira posição.
Um fator essencial para o sucesso da agência tem sido a qualidade do atendimento. A Jotacom foi a mais bem avaliada pelos clientes por sua proatividade, gestão de contas e presença de especialistas técnicos digitais.
“Temos um modelo hands on, no qual os sócios atuam diretamente nas contas, cada um em sua especialidade”, diz Jaderson de Alencar, vice-presidente da agência. “Essa proximidade e senioridade são uma prova do nosso compromisso e um dos principais motivos pelos quais conquistamos o maior nível de satisfação no mercado.”
O uso estratégico de inteligência artificial é um diferencial da Jotacom. Ferramentas de machine learning permitem análises preditivas que orientam a criação de campanhas, integrando dados e criatividade de forma única.
“Nossos times têm acesso direto a análises detalhadas que ajudam a mudar rotas de campanhas em tempo real”, diz Jurgis Figueiredo. “Essa agilidade gera resultados expressivos e uma troca rica com clientes.”
Parcerias com plataformas como Meta, TikTok, LinkedIn e Google (do qual a agência é Premier Partner há anos) garantem acesso a funcionalidades inovadoras e suporte exclusivo. Segundo Figueiredo, esse relacionamento possibilita à Jotacom oferecer soluções eficazes para desafios complexos.
A estrutura de gestão da Jotacom, que conta com 12 sócios especialistas atuando diretamente nas operações, é outro ponto de diferenciação. A combinação de expertises em criação, mídia, dados e conteúdo permite decisões rápidas e bem fundamentadas.
“Integrar times com habilidades tão distintas é desafiador, mas também é nosso diferencial”, afirma Figueiredo. “Aqui, um criativo sabe ler números, e um especialista em dados entende arquétipos. Essa abordagem colaborativa é a base de nosso sucesso.”
A cultura de inovação da agência é fomentada por workshops, hackathons e um ambiente que valoriza a troca de ideias. “A diversidade de pensamentos e experiências é fundamental para desenvolver soluções criativas e eficazes”, diz o CEO da agência.
Desde a fundação em 2005, a Jotacom tem impulsionado a transformação digital no mercado publicitário. A abordagem orientada por resultados, com metodologias próprias para medir o impacto das campanhas, ajuda marcas a obter mais visibilidade, gerar leads e melhorar o desempenho em lojas de aplicativos e mecanismos de busca.
Para o futuro, Figueiredo enxerga uma crescente integração entre dados, criatividade e experiência do consumidor. “O mercado exige campanhas mais personalizadas e alinhadas aos valores do público”, diz. “As agências precisam aprender a ouvir as conversas nas redes sociais e agir com estratégia e autenticidade”, conclui.
Negócios
Fatura de juro explode e coloca meta de inflação no foco
O Tesouro drenou R$ 918,2 bilhões do caixa para pagar juros da dívida pública em 12 meses até novembro, informa o Banco Central. A cifra – equivalente a cinco anos do Bolsa Família que repassou R$ 168,3 bilhões em 2024 – será turbinada pela alta da Selic em mais dois pontos percentuais em duas parcelas, janeiro e março, como decidiu o Copom.
O primeiro trimestre terminará com taxa básica de juros a 14,25% que poderá, contudo, ultrapassar 15% ao final do atual ciclo monetário mais adiante, preveem grandes bancos que defendem o juro salgado para reduzir a inflação de quase 5% em 12 meses para a meta de 3%.
A torcida é grande para que a meta de inflação seja cumprida. Mas o quanto ela é realista, se o juro exigido para alcançar o alvo joga a dívida pública ao espaço elevando prêmios de risco?
As projeções de queda do PIB em 2025 carregam, entre as premissas para o cálculo, a percepção de que a Selic permanecerá nas alturas o ano todo. Se de um lado, há consenso de que o juro real de quase 9% provocará estrago na atividade e até na imagem do governo; de outro, não dá para dizer que será suficiente para conter a inflação ou as expectativas.
Na prática, inflação e expectativas pressionadas, inclusive pelo vigor da taxa de câmbio, fortalecem a avaliação de que a estrutura da economia brasileira não comporta meta de 3%. E a persistir a drenagem bilionária de recursos do caixa do Tesouro para quitar os juros da dívida pública, o debate sobre a necessidade de elevar a meta de inflação tende a ser retomado.
O mercado financeiro resiste à possibilidade de mudança da meta por acreditar que uma alteração seria favorável à prática de inflação mais alta. Entretanto, não é prudente descartar a possibilidade de o governo – em algum momento e ante a escalada da dívida que castiga o câmbio – apelar ao princípio do “mal menor”.
Isto é, tomar uma decisão de impacto negativo num primeiro momento para evitar consequências piores. Nesse caso, o descumprimento da meta que, repetido ao longo do tempo, mina a credibilidade do próprio regime.
No início do Lula 3, economistas, inclusive de mercado, alertavam para o custo de cumprir a meta de 3%. Em outubro passado, economistas ligados à academia foram além. Divulgaram uma carta aberta ao Conselho Monetário Nacional (CMN), avaliando que a meta estava se tornando disfuncional.
O texto, publicado na Folha de S.Paulo, provocou reação negativa no mercado. O tema caiu à “segunda divisão”, mas não foi abortado e volta a ganhar relevância ante a estupenda conta de juros que mira R$ 1 trilhão para alegria de rentistas que o presidente Lula tanto combate.
Na carta ao CMN, Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp), Carmem Feijó (UFF), Demian Fiocca (USP), Fernando Ferrari Filho (UFRGS), Gilberto Tadeu Lima (USP), Leda Paulani (USP), Lena Lavinas (UFRJ), Luiz Fernando de Paula (UFRJ) e Nelson Marconi (FGV) alertaram para a rigidez de um conjunto de preços na economia e para a forte indexação que prevalece no Brasil – fatores que, entre outros, justificaram a proposta de elevação da meta a 4%.
Dominância fiscal à espreita
Incertezas fiscais e externas ofuscaram a proposta de mudança da meta que impõe um desafio particular. Em junho passado, o CMN adotou a “meta contínua” de inflação, manteve a variação em 3% até 2027 e determinou que qualquer alteração deve ser anunciada com 36 meses de antecedência. Portanto, mudanças antes do prazo teriam um custo e tanto para o governo.
“Mas a elevação da meta seria mais realista e incorreria em menores custos para a economia brasileira e para a sociedade”, avalia Nelson Marconi, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) e coordenador do Centro de Estudos do Novo Desenvolvimento, que, recentemente, voltou ao tema em artigo publicado na revista Conjuntura Econômica, da FGV Ibre.
Em conversa com o NeoFeed, Marconi, que também subscreveu a carta aberta ao CMN, defende a meta de 4% por considerar que 3% “está impedindo um crescimento maior da economia, pressionando o cenário fiscal e, a médio prazo, pressionará também a própria inflação”.
O professor entende que é melhor corrigir agora que posteriormente remediar os custos do descasamento entre a meta e a realidade da inflação brasileira. “Meta de 4%”, observa, “é compatível com a realidade da estrutura de preços no Brasil, em que a inflação de serviços é bastante rígida para baixo e contempla regras de indexação, formais e informais, que dificultam a redução do índice a 3% – patamar pouquíssimas vezes atingido no País.”
No atual cenário, calcula, a distância entre a meta e a inflação observada permanecerá em torno de 1 ponto percentual. E a tentativa de levar a inflação a 3% reduz o espaço para queda do juro. Resultado: o custo da rolagem da dívida pública seguirá aumentando, pressionando o câmbio como já vem ocorrendo e a inflação via preços de produtos comercializáveis.
Especialista em preços, Marconi avalia que a política fiscal, ainda que pressione a demanda, não parece ter sido preponderante para determinar a inflação que se mantém elevada. Já o câmbio, diz, mantém correlação com a inflação. É afetado por fluxos comerciais e financeiros que são influenciados pela evolução dívida pressionada pela despesa com juros. Um círculo vicioso.
Ele descreve que “a meta de inflação irrealista obriga o BC a manter o juro alto, o resultado fiscal nominal se deteriora e pressiona a dívida pública, mesmo que o resultado primário (que exclui a conta de juros) seja positivo”.
Nesse contexto, diz, perseguir meta de 3% será um tiro no pé porque a inflação subirá, os juros idem, bem como a taxa de câmbio. “Chegaremos assim a uma situação de dominância fiscal, mas não devido ao resultado primário das contas públicas. E, sim, em função das despesas com juros.”
Para Marconi, elevar a meta não significa que ela não poderá ser reduzida no futuro para 3,5% ou 3%. “A meta pode cair, a depender de uma bem-sucedida desindexação e aprimoramento da infraestrutura, com investimento em fontes alternativas de energia, retomada dos estoques reguladores de alimentos e aumento da produtividade via expansão do investimento privado”, pontua.
Negócios
Alper abre o apetite para mais aquisições e “separa” R$ 400 milhões para M&As
A corretora de seguros Alper começou o ano com apetite por M&As. A companhia decidiu separar R$ 400 milhões para comprar até oito empresas do setor, dependendo do tamanho da corretora. É pouco mais que o dobro dos R$ 180 milhões gastos pela empresa no ano passado.
No apagar das luzes de 2024, a companhia adquiriu a corretora De Caprio, de Santos, cidade no litoral de São Paulo, especializada em seguros de cargas – justamente uma área com grande movimentação de mercadorias no maior porto da América Latina. Somente na área de cargas seguradas, a Alper planeja emitir R$ 500 milhões em prêmios.
Com 40 anos de mercado, a De Caprio emitiu, nos últimos 12 meses, cerca de R$ 70 milhões em prêmios, com 96% relacionados ao setor de transportes. O histórico da empresa soma mais de 25 mil faturas emitidas e 13 milhões de indenizações. Com isso, o segmento de cargas, que representava 15% da receita da Alper, saltou para 20%.
A corretora do litoral paulista foi a terceira aquisição da Alper em 2024. Antes dela, já haviam sido compradas a catarinense Fracel Corretora de Seguros (focada em agronegócios) e a Togni Consultores Associados e Corretora de Seguros, de Minas Gerais (riscos corporativos).
Para manter esse ritmo de compras, a Alper trabalha com uma margem de 20 a 30 negociações de possíveis negócios sempre em andamento. Em 2025, esse número deve subir para 30 a 40.
“Nós vamos intensificar esse caminho. Nossa estratégia é comprar corretoras especialistas e não generalistas, pequenas e médias. Com isso, nos tornamos uma empresa completa, com todas as opções para oferecer”, diz Marcos Couto, CEO da Alper, ao NeoFeed.
Segundo o executivo, a corretora planeja, com este modelo, alcançar R$ 5 bilhões em prêmios em 2025, o que irá representar uma alta de 21% sobre o volume de 2024, que foi de R$ 4,1 bilhões.
Para manter esse ritmo de compras, a Alper trabalha com uma margem de 20 a 30 negociações de possíveis negócios sempre em andamento. Em 2025, esse número deve subir para 30 a 40.
A única condição da Alper para a compra de uma corretora é que ela tenha um desempenho anual de pelo menos R$ 8 milhões em faturamento.
A Alper, que nasceu em 2010 como BR Insurance e a consolidação de 27 corretoras, cresceu por meio de fusões e aquisições. Ao todo, a companhia realizou 70 aquisições. A empresa, que chegou a valer cerca de R$ 2 bilhões na sua abertura de capital, passou por uma grave crise em 2015, quando perdeu cerca de 90% do seu valor.
No quarto trimestre de 2023, a gestora de private equity Warburg Pincus fez uma oferta de R$ 850 milhões para fechar o capital da Alper. O processo foi encerrado no ano passado.
A Warbus Pincus, que detém US$ 80 bilhões sob gestão no mundo, é dono de 80% da Alper. Os 20% restantes estão divididos entre a gestora de investimentos Axxon Group, o vice-presidente André Martins e o CEO Marcos Couto.
Couto, que assumiu a liderança da corretora de seguros em dezembro de 2017, participou da reestruturação da companhia e do processo de mudança da marca BR Insurance para Alper. Nesse período, ele realizou 21 negócios de compra.
Pelo modelo de aquisição, a Alper adquire 100% da participação acionária da corretora e mantém executivos que já lideravam as empresas para seguir na operação.
“Em até seis meses, elas passam a usar a bandeira Alper, mantendo uma mesma marca, cultura e modelo de negócio”, diz Couto. “Para nós, não importa só comprar. Nosso trabalho também é de integrar e incorporar.”
A estratégia de Couto tem sido ampliar a presença da companhia nos mais diversos segmentos de seguros. “Antes da minha chegada, a Alper estava se tornando uma empresa especializada na área de benefícios, que representava 75% da receita. E minha principal ação foi buscar uma diversificação completa”, explica Couto.
Hoje o setor de benefícios representa 44,4% do total da receita, seguido por seguros de cargas (com a nova participação de 20%), seguros corporativos (16,7%) e seguros individuais (9,7%). O agro corresponde a 6,7% do volume de prêmios da corretora.
Para Couto, o mercado de seguros poderia estar surfando ainda melhor no País se o cenário econômico fosse mais favorável. “É um mercado que ainda conta com muita demanda de contratação, apesar de a economia não estar ajudando muito”, afirma ele. “E pela nossa estratégia agressiva, também orgânica, vamos seguir evoluindo. Não dá para uma empresa não se preocupar com seu patrimônio.”
Negócios
IPOs em 2025? Para o UBS BB, uma janela pode se abrir (hello, USA!)
O Brasil vive uma prolongada seca de IPOs. Depois da dupla listagem do Nubank, em dezembro de 2021, nenhuma companhia brasileira foi para a bolsa de valores, desencorajadas por uma série de fatores, da forte alta dos juros para combater a inflação pós-pandemia até os desarranjos da economia local e incertezas globais.
Diante do cenário atual, com o País vivendo uma crise fiscal, fica muito difícil acreditar que alguma empresa possa vir a mercado. Mas para Anderson Brito, chefe do banco de investimento do UBS BB, isso não quer dizer que seja impossível.
Para ele, setores da economia (e listados em bolsa) que vêm apresentando bom desempenho podem se animar a tentar um IPO em 2025, avaliando que a antecipação das discussões sobre as eleições de 2026 e a possibilidade de redução da curva de juros com o enfraquecimento da economia podem gerar uma janela de oportunidade.
“Esperamos um primeiro semestre mais focado em follow ons, principalmente no setor de instituições financeiras, com recuperação e possibilidade de reabertura de IPOs no segundo semestre”, diz ele, em entrevista ao NeoFeed.
Embora o caminho para a bolsa brasileira esteja aberto, se alguma empresa desejar seguir adiante com um IPO, a expectativa é de que a opção seja pelos Estados Unidos. “O mercado americano está funcional, temos precificado muitas transações de mercados emergentes”, diz Brito.
Entre follow ons e IPOs, o UBS BB projeta um volume de emissão de R$ 27 bilhões em 2025, um pouco acima do visto no ano passado, de R$ 25 bilhões. O UBS BB participou de três dos nove follow ons que aconteceram, o principal sendo o da Sabesp, que foi o destaque do ano passado, levantando R$ 14,8 bilhões. Em 2023, o volume de operações somou R$ 31 bilhões.
Se a renda variável ainda é uma incógnita, a renda fixa deve continuar sendo uma certeza, depois do ano histórico que foi 2024, puxado pela alta dos juros. Para 2025, o UBS BB projeta algo entre R$ 540 bilhões e R$ 550 bilhões de emissões, acima dos R$ 520 bilhões do ano passado. Em 2024, o banco estruturou mais de 200 operações.
“Tem que ver o que acontece com a economia, mas a dinâmica de dinheiro indo para renda fixa continua, se é que não intensifica, dado o cenário macro que a gente está vivendo”, diz Samy Podlubny, chefe da área de dívida do UBS BB.
As emissões no mercado externo também devem se manter em alta neste ano, segundo Podlubny, impulsionado pela baixa emissão nos últimos anos e os custos ainda atrativos. “Se o nosso pipeline mapeado para o mês de janeiro e o primeiro trimestre, começo do segundo trimestre, for um sinal para o que virá ao longo do ano, 2025 vai superar 2024”, diz ele.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista ao NeoFeed:
Qual é o balanço das operações no mercado de capitais no ano passado e o que esperar para este ano?
Brito – Em equity capital markets, esperamos um volume de emissão, de follow ons e IPOs, de R$ 27 bilhões em 2025, em linha com a média pré-Covid. Teremos um pequeno crescimento em relação ao que foi em 2024, quando vimos um volume de R$ 25 bilhões. Esperamos um primeiro semestre mais focado em follow ons, principalmente no setor de instituições financeiras, com recuperação e possibilidade de reabertura de IPOs no segundo semestre.
Esperar IPOs no segundo semestre parece um pouco otimista, considerando que os juros estão subindo. Nos últimos anos foi feita essa mesma projeção, de reabertura da janela de IPO, e isso nunca ocorreu: a situação se deteriora e as operações ficam para o ano seguinte. Por que 2025 vai ser diferente?
Brito – Nós, como casa, estamos vendo no segundo semestre uma antecipação da discussão de eleição no Brasil. E, no segundo semestre, também vemos, eventualmente, um crescimento mais fraco da economia, o que deve resultar numa redução mais rápida da curva de juros. E o mercado antecipa movimentos. Então, eventualmente, pode ter uma janela para ofertas, principalmente em setores que estão negociando bem.
“No segundo semestre, vemos um crescimento mais fraco da economia, o que deve resultar numa redução mais rápida da curva de juros”
Quais setores?
Brito – Se pegar instituições financeiras, nomes como Nubank estão no dobro do preço do IPO, do qual fomos um dos coordenadores. Follow ons de nomes como Caixa Seguridade, a empresa está 50% acima do IPO, em que também participamos. Tem setores específicos, e aí acaba sendo menos uma discussão sobre Brasil e mais de setores em que o vento é positivo, seja por subpenetração, com o mercado endereçável de lucro sendo muito grande, seja porque tem um crescimento contratado relevante, que o mercado estará aberto. Temos tido muitas conversas com clientes para, eventualmente, listar no segundo semestre nos Estados Unidos. O mercado americano está funcional.
Os IPOs acontecerão nos Estados Unidos? No Brasil, você também considera a possibilidade de IPOs?
Brito – Também considero [no Brasil], no segundo semestre.
Por que instituições financeiras seriam os principais candidatos?
Brito – O investidor institucional ganhou dinheiro em outras transações do segmento e acaba querendo fazer [operações em] setores nos quais ganhou dinheiro. Em vários subsegmentos, como seguros, ainda existe uma subpenetração relevante no Brasil. Tem um crescimento de receita contratada de longo prazo. Esse é um setor no qual a gente viu um net inflow de estrangeiro positivo no ano passado. E em serviços financeiros, tem muitos papéis com liquidez relevante, o que para o investidor internacional é importante.
No caso de IPOs nos EUA, houve esse movimento na época da pandemia, mas muitas empresas não conseguiram os resultados que almejavam, não conseguiram a liquidez que esperavam. O que motivaria empresas brasileiras voltarem a acessar o mercado?
Brito – Tem que separar os casos. Existem ativos muito pequenos que foram levados a mercado e não tiveram a liquidez correta. Por outro lado, tem diversos nomes, por exemplo, em serviços financeiros, como Nubank, XP, PagBank e Stone, que quando se olha para comparáveis no Brasil, eles negociam a múltiplos relevantes. Para nomes grandes do Brasil, existe apetite para listar nos Estados Unidos, tanto do institucional americano quanto do global.
“Para nomes grandes do Brasil, existe apetite para listar nos Estados Unidos, tanto do institucional americano quanto do global”
Olhando para follow ons, você vê outros setores acessando o mercado de equities, além do financeiro?
Brito – Vemos no setor de consumo, com alguns ativos nos quais estamos mandatados. Em infraestrutura, vemos um nome ou outro, em utilities, nomes grandes. Em saneamento básico, talvez alguns nomes grandes, porque a Sabesp, por exemplo, no qual fomos global coordinator no follow on, está negociando bem após o follow on. E isso volta para aquela questão da retroalimentação positiva, com a turma ganhando dinheiro num setor querendo fazer mais no mesmo setor. Tem uma agenda de privatização e acho que o governo brasileiro também vai ser pró eventualmente trazer alguns ativos ao mercado.
É demanda dos investidores? É necessidade de fazer caixa? O que levaria empresas a acessarem o mercado num momento como esse?
Brito – Tem alguns setores que estão negociando muito bem, como serviços financeiros, então tem demanda de investidores. Alguns ativos têm que readequar o float mínimo de CVM, outros têm apetite de investidor para fazer secundária. Tem alguns ativos que estão mais alavancados, num momento de mínima histórica de spread, mas, por outro lado, com o aumento de juros, o nível de serviço da dívida fica mais caro. Quem está um pouco mais alavancado eventualmente vai ter que acessar mercado no preço que tiver.
Quando você conversa com os executivos de empresas que têm interesse de acessar o mercado, o que eles questionam? O que eles olham? Qual o trigger para a tomada de decisão?
Brito – São vários fatores. Existem possibilidades de M&A no preço correto. Por mais que ocorra uma diluição em um múltiplo um pouco menor, a empresa está comprando o ativo no preço correto, na estrutura correta, com pouca competição. Tem também um pipeline de privatizações ou de licitações relevantes, então vale a pena estar capitalizado. E tem setores nos quais o Brasil ainda é pouco penetrado, como utilities de gás ou na parte de saneamento. Por mais que a questão macro esteja um pouco difícil de visualizar, na questão micro existe um crescimento de receita contratada por décadas.
No caso da renda fixa, como avaliam 2024?
Podlubny – Foi um ano recorde para dívida local, com maior volume ever. Isso ocorreu em função de um volume de dinheiro que fluiu para os fundos de renda fixa. A dinâmica que isso gerou foi, as empresas viram os spreads cair para os menores níveis históricos. Nunca tivemos spreads tão apertados como no ano passado. E as empresas aproveitaram para refinanciar dívidas que iam vencer até alguns anos para frente, se beneficiando dessa redução, além de captar os recursos que precisavam para investimentos, que é algo regular.
“A dinâmica de dinheiro indo para renda fixa continua, se é que não intensifica, dado o cenário macro que estamos vivendo”
Essa dinâmica continuará neste ano?
Podlubny – Tem que ver o que acontece com a economia, mas a dinâmica de dinheiro indo para renda fixa continua, se é que não intensifica, dado o cenário macro que estamos vivendo. Mas tem um limite de onde as empresas vão buscar dinheiro. O capex que vão fazer, boa parte do refinanciamento que precisavam fazer, já fizeram. Não imaginamos que terá um crescimento tão expressivo, se é que vai ter algum crescimento para renda fixa, neste ano. Não deve ser nada expressivo no volume total. Estávamos com uns 30 deals em andamento em dezembro, que é nossa média regular.
Brito – Vimos um volume de mercado de renda fixa local de R$ 520 bilhões de emissão em 2024, comparado a R$ 311 bilhões em 2023, um crescimento de 67%. Para 2025, estamos esperando algo entre R$ 540 bilhões e R$ 550 bilhões de emissões.
Ainda é um volume expressivo, apesar da previsão de um menor crescimento…
Podlubny – É o maior volume em termos históricos de dívida local. Esses R$ 520 bilhões vieram com muita antecipação, de dívida e capex, com o spread mais apertado.
Brito – Só como referência, a média de 2021, 2022 e 2023 é um volume de emissão de R$ 340 bilhões.
No ano passado, os spreads ficaram comprimidos, nos mais baixos níveis históricos. É possível isso se manter e o volume de emissões permanecer elevado, considerando que muitos gestores de crédito começaram a revisar suas compras?
Podlubny – Tem a ver com o ajuste dos spreads. Os spreads estão apertados, e passaram por pequenos ajustes, porque chega determinado momento que o gestor fala “não, nesse preço aqui, não vou, porque nesse preço a conta não fecha”. O gestor de uma casa menor pode pensar assim. Mas o gestor de uma casa maior não consegue ficar com o fundo fechado. Ele é obrigado a comprar papel, porque não pode dizer que o fundo está fechado para captação. Os spreads passam por ajustes, mas não é que o mercado para, o dinheiro continua vindo.
“O mercado ficará mais seletivo daqui para frente. Alguns setores que podem sofrer mais terão dificuldade”
Você vê o mercado aberto para todos os tipos de companhias, de todos os tamanhos, ou a partir de agora o mercado ficará mais seletivo a respeito dos emissores?
Podlubny – Existe uma preocupação no mercado com o nível de juros, e dado os acontecimentos recentes, isso tende a acelerar. Uma coisa é falar de spread mínimo, mas quando o custo do dinheiro parte de um CDI mais puxado, você começa a ter empresas e setores que terão dificuldade de manter a cabeça fora da água. O mercado ficará mais seletivo daqui para frente. Alguns setores que podem sofrer mais terão dificuldade. Ainda que os spreads estejam mínimos, ninguém queima dinheiro.
E as emissões internacionais? Vieram positivas?
Podlubny – Ano passado também foi de recuperação. Tivemos dois anos muito fracos para dívida internacional, com 2022 praticamente sem operação nenhuma, com US$ 4,7 bilhões, e 2023 com volume muito pequeno, de US$ 15,6 bilhões. Foram anos fracos. Em 2024, as operações voltaram, fizemos entre US$ 22 bilhões e US$ 23 bilhões, ficando perto da média histórica. Foi um ano bom, muitos emissores recorrentes vieram ao mercado, novos acessaram o mercado pela primeira vez. Foi um mercado saudável, com livros cobertos mais ou menos umas cinco vezes ao longo do ano, o que é resultado bastante bom.
Podemos esperar manutenção desse ritmo?
Podlubny – Para este ano, tem toda uma dúvida do que vai acontecer com o governo Trump, como isso afeta etc. Mas se o nosso pipeline mapeado para o mês de janeiro e o primeiro trimestre, começo do segundo trimestre, for um sinal para o que virá ao longo do ano, 2025 vai superar 2024. Já contamos para a primeira janela do ano com pelo menos dez transações mapeadas. Sabendo que emissões externas brasileiras, em tempos de eleições, é menor, e nos últimos dois anos teve pouca emissão, isso significa que tem mais dinheiro que fluiu dos vencimentos aos bolsos dos investidores e que precisa ser realocado.
A situação do Brasil não pesa?
Podlubny – Apesar de termos nossos problemas, não é que o resto do mundo esteja voando. Não é que tem muita gente querendo tirar dinheiro do Brasil e colocar na China, no México ou no sul da Ásia. A Rússia não existe mais. Tem poucas geografias para alocar o dinheiro, por isso achamos que tem apetite e será um ano bom de dívida externa para o Brasil. Para esse mercado, estamos apostando em algum crescimento.
Como foi o ano em termos de M&A?
Brito – O banco estave em mais de 20 transações, em diversos setores. Assessoramos a Equatorial na venda de linhas de transmissão para uma empresa do CDPQ, a gente assessorou o BTG Private Equity e a Inspira no round captação de R$ 1 bilhão com Advent e CPPIB. Foi um bom ano de M&A, em que crescemos fortemente em termos de receita, com todos os tipos de transações, como rounds primários, secundários, majoritários e minoritários. Crossborder e doméstico também.
E o que esperar para o ano que vem?
Brito – Esperamos um aumento do market share. Estamos com um pipeline saudável, seja de deals domésticos, seja de deals de private equities, que representam entre 30% e 40% do volume de M&As. Seja de cross-border transactions nos vários segmentos. Estamos vendo um 2025 começando positivo para M&A.
Algum setor mais ativo?
Brito – Tem transações no setor de utilities, de tecnologia que gera muito caixa, health, especialmente na parte farmacêutica, e consumo. E tem transações em real estate, com sales e leaseback, algo que se mantém ativo, além de infraestrutura, nas partes de pedágio e portos.
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