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Bill Gates e a invenção de um futuro que já dura meio século

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Bill Gates e a invenção de um futuro que já dura meio século
Tempo de Leitura:6 Minuto, 7 Segundo


Seis anos havia se passado desde a chegada do homem à Lua, em julho de 1969, quando Bill Gates, aos 19 anos, junto com Paul Allen, começou a redefinir o curso da humanidade.

Era o início da revolução tecnológica e jovens intuitivos, como eles, se lançavam na corrida pela criação de um computador doméstico que se destacasse pela eficiência, durabilidade e praticidade. Não sabiam exatamente como chegariam lá, mas sabiam que faziam parte de algo muito grande — algo que mudaria radicalmente o mundo e o modo como a vida era encarada até então. Em meio essa efervescência transformadora, em 2 de janeiro de 1975, os amigos fundaram a Microsoft.

Quem conta essa história é o próprio Gates em Código-fonte — Como tudo começou, o primeiro volume de sua trilogia autobiográfica, lançado mundialmente na terça-feira, 4 de fevereiro.

Aos 69 anos, o empresário se sai bem no desafio de revelar a vida pessoal e a aventura criativa que o transformou em um dos homens mais ricos do planeta e uma das personalidades mais influentes dos últimos 50 anos.

Com a maturidade que a idade lhe trouxe, uma sinceridade surpreendente e uma escrita fluente e confessional, marcada por momentos de emoção e um modo gentil de tratar até mesmo adversários, Gates vai dos primeiros anos da infância até os passos iniciais que o levariam à ascensão da Microsoft, em um relato de quase 400 páginas.

Acompanhamos suas primeiras paixões, as inseguranças da adolescência de um nerd e as aspirações no mundo da lógica, de matemática e de tecnologia.

Lembra os ensinamentos da avó, que o ajudariam ao longo de toda a vida. Dos pais ambiciosos, porém presentes e motivadores — desde que o segundo dos três filhos não abandonasse os estudos. E da morte repentina de seu melhor amigo, Kent Evans, em um acidente de escalada, aos 17 anos.

O livro está repleto de histórias nunca reveladas, nem mesmo por seus biógrafos. Ele mostra como desenvolveu desde cedo uma paixão pelo raciocínio lógico, até fundar, em 1975, a Micro-Soft (sim, escrevia-se dessa forma), em parceria com Paul Allen, quando estava no segundo ano da Universidade Harvard e não sabia que rumo dar à sua vida.

Até que “Paul, um dos meus amigos de Lakeside [escola privada, em Seattle, onde o empresário estudou], entrou de rompante no meu quarto com a notícia do lançamento de um computador inovador. Eu sabia que poderíamos escrever uma linguagem BASIC para ele, pelo que tínhamos vantagem”.

Código na neve

Imediatamente Gates lembrou “dia miserável no desfiladeiro de Low Divide” e resgatou da memória o código escrito, ao longo da longa caminhada na neve com alguns colegas, anos antes. Ele percorrera a trilha meio a contragosto e, durante o percurso, ocupou a cabeça com números e a criação de um sistema operacional.

“Depois, introduzi-o num computador, lançando a primeira semente daquilo que se tornaria numa das maiores empresas de informática do mundo e o princípio de uma nova indústria”, acrescenta, sem modéstia.

Com 384 páginas,o livro lançado pela Companhia das Letras custa R$ 79,90 (Foto: Companhia das Letras)

Em 1975, quando Gates e Allen fundaram a Microsoft, o mundo vivia um momento de euforia com as promessas da revolução tecnológica (Foto: Companhia das Letras)

Os pais do empresário, William e Mary Gates, eram grandes incentivadores dos filhos (Foto: Companhia das Letras)

A história para Gates e Allen começou quando nascia o primeiro software da então Micro-Soft, o interpretador Microsoft Altair BASIC para o computador Altair 8800, da MITS. Através de um anúncio na revista Popular Electronics (na época os computadores só eram vendidos dessa forma, por correspondência), os dois tomaram conhecimento do lançamento dessa máquina e ficaram maravilhados com as novas possibilidades que surgiam ali.

Um ano depois, com uma caneta esferográfica azul, Gates destacou o que considerou como o principal parágrafo de uma reportagem da revista Newsweek: “A indústria de computadores domésticos já começa a se parecer com uma versão em miniatura do mercado de mainframes — inclusive por ser dominada por um único concorrente. A IBM dos computadores domésticos é a MITS Inc., fundada há sete anos pelo engenheiro H. Edward Roberts na garagem de sua casa em Albuquerque (Novo México)”.

Conforme o artigo, a MITS vendera 8 mil unidades do Altair 8800 e obtivera um faturamento de US$ 3,5 milhões no ano anterior. A concorrência existia, ressalvava o texto, mas a liderança inicial do Altair fez dele um padrão da indústria.

A matéria ocasionou uma enxurrada de telefonemas para a MITS, de lugares tão distantes quanto a África do Sul. “As pessoas queriam ter alguma ligação com a empolgante empresa mencionada por ela, atuando como distribuidores, abrindo lojas de computador ou trabalhando como consultores para apresentar o Altair a clientes de negócios”, conta Gates.

Ele, então, pensou: mesmo que a MITS seja a IBM do momento, isso não vai durar. Um dos motivos era que se a IBM algum dia decidisse fabricar um computador pessoal, havia uma boa chance de tomar o posto da MITS. “Eu sabia que Ed Roberts [dono da empresa] estava preocupado que grandes empresas de eletrônicos entrassem na briga”, escreve.

O “Presidente”

A Micro-Soft engatinhava. Gates tinha 60% da empresa e Allen, os 40% restantes: “Entre nós nos tratávamos por títulos grandiosos: eu era o ‘Presidente’ e ele, o ‘Vice’”.

“Eu me preocupava com o fato de ainda sermos tão dependentes da MITS. Os royalties das licenças do Basic para o microprocessador Intel 8080 do Altair continuavam sendo nossa principal fonte de receita. As licenças do nosso código-fonte para essa versão do Basic começavam a dar frutos. Nessa época, fechamos com a General Electric, que nos pagou US$ 50 mil pelo uso ilimitado do código-fonte Basic 8080”, lê-se em Código-fonte.

Após um acordo com a NCR, Gates e Allen foram procurados por um punhado de outras empresas de terminal inteligente. “Visitei uma delas, a Applied Digital Data Systems, em Long Island. Obviamente, como a MITS detinha os direitos no mundo todo sobre o Basic 8080, sempre que encontrávamos um cliente para o código-fonte, o contrato tinha de passar por eles. Se fechássemos um acordo, teríamos de dividir as receitas com eles. Nesse verão, fomos nos desligando gradativamente da MITS”, recorda o empresário.

Na primavera de 1977, quando apresentava seu Extended Basic a algumas pessoas, com o canto do olho, Gates viu um sujeito bem-apessoado mais ou menos da sua idade, de cabelo preto e comprido, barba bem aparada, vestindo terno, em um estande próximo, rodeado por seu próprio grupo, como descreve o autor. “Mesmo a certa distância dava para perceber que era dotado de certa aura. Pensei com meus botões: Quem é esse cara? Esse foi o dia em que conheci Steve Jobs”.

Embora menor do que muitas outras empresas, a Apple se sobressaía, observa Gates. “Já nessa época era evidente o característico talento para o design que faria da Apple — e de Jobs — algo tão icônico nas décadas seguintes”.

No evento, estavam lançando o Apple II, que, “com seu elegante gabinete bege, parecia antes um sofisticado produto eletrônico de consumo que um computador pessoal. Esse encontro inicial seria o início de um longo relacionamento entre Steve Jobs e eu, marcado por cooperação e rivalidade”.

E essa história estava apenas começando. Que venham os próximos volumes.



Fonte: Neofeed

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A “saideira” de consumidores e empresários para embalar o carnaval

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A “saideira” de consumidores e empresários para embalar o carnaval
Tempo de Leitura:4 Minuto, 58 Segundo


Importante alerta sobre a economia partirá do Rio de Janeiro nos próximos dias e não necessariamente no festivo ritmo pré-carnaval. Na saideira de fevereiro, o humor de consumidores e empresários será revelado pela fluminense Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre 24 e 28, a instituição divulgará seis índices de confiança, além do Indicador de Incerteza Econômica, que terão inflação pelo IPCA-15 e IGP-M e contas públicas como rivais na agenda.

A coleção de dados da FGV relativos a fevereiro reunirá confiança do consumidor, comércio, serviços, indústria, construção e confiança empresarial e poderá reforçar a percepção de que a atividade já enfraquece ou trazer algum alento graças, principalmente, à valorização do real ante o dólar.

Em fevereiro, até a quinta-feira 20, o dólar caiu cerca de 3% e, em 2025, 8%, devolvendo uma fração do ganho superior a 27% em 2024. O câmbio contagia os juros futuros que estão deixando para trás taxas superiores a 15%. Apesar da queda, as condições financeiras seguem apertadas. Porém, uma distensão foi observada recentemente devido à melhora do mercado local, informa ao NeoFeed Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco Pine.

Com variação de -1 a +1 (onde o aperto monetário é crescente quanto mais elevado for o resultado da combinação de variáveis locais e internacionais como índices acionários, juros, câmbio e commodities), o indicador proprietário do banco (FCI-Pine) aponta condições que terão efeito cumulativo e defasado a impactar a atividade econômica, sobretudo, no segundo semestre.

Há um ano, o FCI-Pine estava em 0,04 ponto. Avançou e recuou nos meses seguintes ao sabor das variáveis que o compõe para retomar tração em outubro. Em dezembro, quando o dólar explodiu e o BC acelerou a alta da Selic para 1 ponto percentual e acenou com mais dois ajustes idênticos neste ano, o indicador do Pine chegou a 0,90. Em janeiro, superou 1 ponto para recuar em seguida. Já em fevereiro, a queda foi intensificada para cerca de 0,60 – variação importante, mas longe de zero ou condição monetária neutra.

“Exatamente por prever o efeito cumulativo e defasado da alta do juro, mantemos intacto nosso cenário para a Selic. Após o aumento de 1 ponto percentual no Copom de março e 0,5 ponto que esperamos para maio, acreditamos que o BC deverá interromper o ciclo e avaliar com cautela o impacto do aperto de 3,50 pontos empreendidos até lá”, diz Oliveira.

Refletindo a tensão que sacudiu dezembro – de arrancada do dólar atenuada com a venda de quase US$ 30 bilhões pelo BC – os índices de confiança recuaram, em janeiro, na avaliação da situação presente e das expectativas.

Calmaria à espera de medidas populistas

Além do juro, a inflação corrente e as previsões salgadas comprometeram, adicionalmente, a avaliação da situação financeira futura das famílias, independente de faixas de renda. Entre os índices apurados em janeiro as perdas foram as seguintes: confiança da indústria (-1,3 ponto), confiança empresarial (-1,8), confiança da construção (-1,9), confiança de serviços (-2,5), confiança do comércio (-2,8) e confiança do consumidor (-5,1).

O indicador que, mesmo em queda, ficou mais próximo da neutralidade, equivalente a 100 pontos, foi a indústria com 98,4 sem anular, contudo, a cautela de empresários quanto ao futuro. Apesar dos estoques satisfatórios nas empresas, ainda persistem dúvidas quanto à sustentação da demanda.

Mas o cenário, no geral, desanuviou com os ativos menos voláteis. Até quando? É difícil prever, ante a expectativa de analistas de que o governo não desistirá de medidas populistas que incentivem a economia – caso da promoção de crédito por instituições públicas e impulso do consignado privado. Na quinta-feira, 20 de fevereiro, em entrevista à Rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro, o presidente reiterou que políticas de crédito ao pequeno empreendedor serão anunciadas.

Além de um Donald Trump mais brando quanto à aplicação das tarifas comerciais, dois vetores políticos explicam a calmaria presente no mercado: a aposta no enfraquecimento do presidente Lula como candidato à reeleição em 2026, condição que poderia abrir espaço para uma política econômica alternativa à frente e de maior compromisso fiscal; e o fato de o Congresso estar esquentando os motores para engrenar as atividades após o carnaval – e com foco na tramitação da proposta orçamentária deste ano.

Se a expectativa se confirmar, a retomada, para valer, dos trabalhos no Congresso ampliará o debate sobre a política fiscal que também estará na ordem do dia às vésperas do carnaval. O Tesouro atualizará informações com a divulgação na quarta e quinta-feira, 26 e 27, respectivamente, do Relatório Mensal da Dívida Pública e do resultado primário do governo central que reúne contas do Tesouro, Previdência e BC. Os documentos referem-se a janeiro.

Já os dados consolidados das contas públicas pelo BC, também de janeiro, vão atrasar. Serão publicados em 12 de março. Em meados de janeiro, o BC informou o adiamento das estatísticas fiscais e as monetárias e de crédito. Explicou que a mudança de datas resulta da necessidade de prazo adicional para que as instituições adaptem seus sistemas ao novo plano contábil (Cosif) das entidades reguladas pela instituição. Mas as alterações no Cosif não afetarão as estatísticas ou suas séries históricas, assegurou o BC.

A última semana do mês ainda reserva a divulgação do IPCA-15 e IGP-M de fevereiro, respectivamente, para terça e quinta-feira, 25 e 27. Os índices poderão confirmar o rebote no custo da energia elétrica que despencou em janeiro pelo bônus de Itaipu nas contas de luz.

Na agenda externa, o PIB dos EUA no quarto trimestre tem anúncio previsto para quinta, 27, e inflação no dia seguinte. Especialmente o dado de inflação (PCE) de janeiro é relevante para a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juro. A próxima reunião de política monetária do BC americano será em 19 de março – mais uma vez coincidente com o encontro do Copom, no Brasil.



Fonte: Neofeed

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Nissan “pede carona” a Elon Musk após fusão com a Honda ficar pelo caminho

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Nissan
Tempo de Leitura:3 Minuto, 29 Segundo


O fim das negociações para uma fusão com a Honda colocou um grande ponto de interrogação no caminho da Nissan. Elo mais frágil desse acordo, a empresa está conduzindo um plano de reestruturação no qual prevê 9 mil demissões e a redução de 20% de sua capacidade global.

Isso não significa que a montadora japonesa está parada. Desde que as conversas com a Honda ficaram pelo caminho, outras possibilidades estão surgindo no horizonte da companhia. E uma dessas vias alternativas pode levar a uma associação com a empresa mais valiosa do setor.

Segundo o jornal britânico Financial Times, o mais novo movimento nessa direção passa pelos planos de um grupo japonês para abordar o bilionário Elon Musk em busca de um investimento da Tesla na Nissan – as ações da empresa subiram mais de 11% no pregão de sexta-feira, 21.

Em um atalho para essa conversa, a proposta é liderada por Hiro Mizuno, ex-diretor do Fundo de Investimento do Governo do Japão e ex-membro do conselho de administração da Tesla, no período de 2020 a 2023.

A investida, que visa dar mais tração financeira à estratégia de recuperação da empresa, conta ainda com o apoio de Yoshihide Suga, ex-primeiro-ministro do Japão e figura ainda bastante ativa na política do país. Além de Hiroto Izumi, seu ex-assessor.

Um dos motivos que dão confiança ao grupo é a crença de que a Tesla estaria interessada em adquirir fábricas da Nissan nos Estados Unidos. Essas plantas reforçariam sua produção doméstica e ajudariam a lidar com as ameaças de aumento de tarifas feitas pelo presidente americano Donald Trump.

A Nissan tem duas fábricas no mercado americano, no Tennesse e no Mississippi. Essas unidades têm uma capacidade anual combinada de aproximadamente 1 milhão de veículos. Mas produziram apenas 525 mil unidades em 2024.

Em uma postagem no X (antigo Twitter) sobre a reportagem do Financial Times, Musk pareceu, no entanto, minimizar o interesse nos ativos. “A fábrica da Tesla é o produto. A linha de produção do Cybercab (um dos novos protótipos da empresa) não se parece com nada na indústria automotiva”, escreveu ele.

Na outra ponta, diversos membros do board da Nissan estão cientes da proposta, que prevê um consórcio de investidores e a Tesla como o seu maior nome. Os termos incluem ainda a possibilidade de uma fatia minoritária da taiwanesa Foxconn, que fabrica, entre outros produtos, os iPhones da Apple.

A Foxconn é uma peça-chave nas engrenagens cada vez mais intrincadas dessas negociações. Anunciada em dezembro de 2024, a proposta de uma fusão com a Honda surgiu justamente depois de a fabricante taiwanesa mostrar interesse na compra da fatia detida pela francesa Renault na Nissan.

Essa investida gerou o receio de que a Nissan, terceira maior montadora do Japão, pudesse ter seu controle adquirido por meio de uma oferta hostil, de um player estrangeiro. Após o fracasso nas negociações com a Honda, a Foxconn voltou a confirmar seu interesse na empresa.

Nessa direção, ao que tudo indica, a Foxconn parece disposta, inclusive, a buscar outros roteiros. Segundo o jornal japonês Nikkei, a empresa propôs uma parceria estratégica com a Honda que envolveria ainda a Nissan e a Mitsubishi, que também estava incluída no acordo anterior de fusão.

Antes dessa nova proposta, no fim da semana passada, outra potencial opção surgiu na mesa da Nissan a partir de um suposto interesse da KKR na companhia. Segundo a agência Bloomberg, a gestora americana de private equity estaria considerando investir na empresa.

Em meio a esse pacote de opções, alguns membros do conselho da Nissan teriam sugerido a Tesla e a Apple como alvos ideais de investidores estratégicos, segundo pessoas familiarizadas com esses planos ouvidas pelo Financial Times.

O fato é que, enquanto procura alternativas, a Nissan segue seu percurso acidentado. Nessa sexta-feira, a agência de classificação de crédito Moody’s rebaixou o rating da montadora para o status de junk.

Em nota sobre montadora, Dean Enjo, analista sênior da empresa, ressaltou os “riscos associados à implementação de seu novo plano de reestruturação, à renovação de sua linha envelhecida de produtos e às políticas de comércio global”.



Fonte: Neofeed

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Nubank apresenta bons números, mas mercado vê desaceleração (e ação desaba)

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Nubank apresenta bons números, mas mercado vê desaceleração (e ação desaba)
Tempo de Leitura:3 Minuto, 18 Segundo


Os sinais de uma possível desaceleração apresentados pelo Nubank no quarto trimestre de 2024 colocaram em xeque a visão de que o banco é uma tese de crescimento acelerado, levando a uma forte correção das ações na sexta-feira, 21 de fevereiro, que acumulam alta de 25% em 12 meses.

Depois de uma queda de mais de 8% no pós-mercado de quinta-feira, 20, os papéis do maior banco digital da América Latina recuavam 15,22% perto das 12h45, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a US$ 11,31. O valor de mercado soma US$ 55,1 bilhões.

O Nubank fechou o quarto trimestre com um lucro líquido de US$ 552,6 milhões no trimestre. O resultado ficou praticamente estável em relação ao terceiro trimestre e um aumento de 53,1% em relação ao mesmo período de 2023.

A receita avançou 1,5% em base trimestral e 24,3% na anual, para quase US$ 3 bilhões, enquanto o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 32%, acima dos 30% do terceiro trimestre e de 23% do quarto trimestre de 2023.

Quando colocaram a lupa sobre os resultados, a dinâmica da receita foi um ponto levantado por muitos analistas. Ainda que a última linha do balanço tenha superado suas estimativas em 5%, a equipe do Citi destacou que alguns do KPIs (indicadores de performance) no lado da receita tiveram forte desaceleração.

É o caso, por exemplo, da margem financeira líquida (NIM), que recuou em 0,7 ponto percentual em relação ao terceiro trimestre, para 17,7%, a segunda queda seguida em base trimestral. Outro KPI destacado foi a receita com tarifas – apesar do crescimento de 9%, foi a primeira vez que a expansão ficou abaixo dos dois dígitos.

“Embora a gente reconheça alguns contratempos vindos do câmbio, vemos algumas tendências da operação core atingindo saturação”, diz trecho do relatório assinado por Gustavo Schroden.

Apesar da carteira de crédito ter apresentado uma expansão de 45% em relação ao ano anterior e 13% em comparação ao trimestre anterior, os analistas da Ativa Investimentos disseram que o desempenho ficou abaixo do esperado. Segundo eles, o principal produto da carteira, o cartão de crédito, registrou um crescimento mais modesto de apenas 9% na comparação trimestral.

“Esse desempenho abaixo do esperado se deve, principalmente pela expectativa elevada, devido à sazonalidade habitual do quarto trimestre, que normalmente impulsiona o volume transacionado nos cartões e, consequentemente, a expansão do portfólio”, diz trecho do relatório assinado por Ilan Arbetman e Pedro Dietrich.

Para os analistas do BTG Pactual, a questão da NIM combinada com a mensagem de que o Pix parcelado não deve ter um aumento de penetração na base pelos próximos um ou dois trimestres ajudam a explicar o mau humor do mercado. São notícias negativas para os investidores, ao menos no curto prazo, que projetavam forte expansão no curto prazo.

“Avaliamos que o negócio no Brasil está cada vez mais mostrando sinais de maturidade, com menos espaço para crescimento, especialmente em cartões de crédito, em que a empresa ‘decifrou o código’”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura.

Esta situação vem num momento negativo para os bancos brasileiros, com nomes como Itaú e Bradesco adotando uma postura mais conservadora quanto à concessão de crédito, diante dos juros e inflação em alta.

Os analistas do Safra avaliam que a receita deve desacelerar em 2025, com as receitas com cartões e juros perdendo força, diante da maturidade das operações de crédito e poucas opções de escalabilidade.

“Uma vez que novas iniciativas e geografias não devem pesar no lucro por ação no curto prazo tanto quanto cartões de crédito e empréstimos pessoais, vemos riscos nos consensos [no lucro por ação], especialmente nos mais otimistas, com alguns apresentando uma diferença de 37% na mediana do lucro por ação para 2027”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Daniel Vaz e Maria Luisa Guedes.



Fonte: Neofeed

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