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A crise dos fundos multimercados não tem fim e a sangria bilionária continua. Há saída à vista?

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A crise dos fundos multimercados não tem fim e a sangria bilionária continua. Há saída à vista?
Tempo de Leitura:7 Minuto, 14 Segundo


Os fundos multimercados, que têm maior liberdade de alocação de recursos em diversas classes de ativos, tiveram uma sangria de R$ 324 bilhões de janeiro a novembro de 2024, segundo dados da Anbima. A explicação de boa parte dos gestores para esses saques está no desmonte de fundos exclusivos, que passaram a pagar come-cotas.

Mas um levantamento do BTG Pactual, no qual o NeoFeed teve acesso com exclusividade, mostra que os saques vão além dos recursos dos fundos exclusivos. O banco de investimento identificou o fluxo para os fundos multimercados “puro sangue”, sem considerar aqueles exclusivos ou que seguem outras estratégias, como de crédito, mas que recebem a mesma classificação.

A conclusão não deixa dúvidas sobre a crise dos multimercados: os resgates somaram R$ 100 bilhões em 2024, superando os R$ 60 bilhões do ano passado. Desde 2022, as retiradas dos fundos analisados como multimercados “puro sangue” acumulam R$ 180 bilhões. Para chegar aos números, o BTG aplicou critérios como tamanho, estratégias, análises qualitativas das gestoras e número de cotistas.

A questão que se coloca é quando essa sangria vai parar? E o que explica essa debandada dos investidores rumo a outros ativos? Uma das razões está no desempenho dos multimercados.

Um levantamento da Elos Ayta Consultoria mostrou que apenas 34% dos fundos multimercado ficaram acima do CDI no ano de 2023. Em 2024 até novembro, esse número subiu um pouco, para 42% acima do benchmark.

“Os resgates são resultados de uma performance ruim, mas acima de tudo porque eles não cumprem o seu papel de diversificação na carteira há três anos”, diz Eduardo Castro, CIO da Portofino Multi Family Office. “Neste mundo pós-pandemia, os fundos vão bem quando o mercado vai bem. E quando vai mal, em vez de minimizarem as perdas como esperado, perdem até mais.”

É importante lembrar que a indústria viveu um grande boom entre 2012 e 2019 com o crescimento das plataformas digitais e a democratização dos investimentos, o que possibilitou o surgimento de várias novas assets e levou os multimercados ao investidor de varejo.

Quando a taxa de juros foi caindo e chegou a 2% em 2020, os investidores tomaram mais risco. Mas, à medida que o Brasil voltou à taxa média anual de juros de dois dígitos, o investidor foi saindo do risco.

Os investidores mais sofisticados, que seguraram a posição em seus altos e baixos até este ano, olharam a relação risco-retorno dos últimos 36 meses e avaliaram que não compensava ficar alocado nessa estratégia.

O que se espera é um retorno de CDI+3% no longo prazo para esse risco. O Itaú Fund of Funds fez um filtro para ver qual é, de fato, um multimercado “puro sangue”, e não um fundo temático com essa classificação, e analisou quais (dos 102 fundos na lista) nos últimos cinco anos teve um retorno de CDI +3%.

Em 2019 e 2020, 57% e 42%, respectivamente, entregaram essa rentabilidade. Em 2021 e 2022, apenas 22% e 16% respectivamente. E em 2023 e 2024, menos de 10% conseguiram esse resultado desejado.

“Sem dúvida estamos vivendo um momento de crise da indústria, que “inchou” muito nos últimos anos. E agora vive-se um processo de seleção de quem realmente está apto para lidar com as adversidades e entregar valor para o cliente”, afirma Rodrigo Giordano, superintendente da área de fund of funds do Itaú.

A tributação dos fundos exclusivos acelerou os resgate. Agora, com o imposto sendo pago de forma recorrente, ficou mais caro ter essa estratégia. Muitos investidores revisaram o portfólio e se sentiram livres para mandar mais recursos para o exterior e investir em títulos isentos no Brasil.

“Com a tributação, os clientes buscaram mais eficiência no Brasil em títulos isentos e aumentaram a sua exposição em moeda forte”, afirma Marcos Macedo, head de research e alocação da Fami Capital. “Mas além disso, a paciência do investidor com os multimercados acabou. Uma indústria que tem volatilidade, cobra 2% de taxa mais 20% de performance para entregar, na média, 110% do CDI”.

A decisão de resgatar os recursos dos multimercados também é técnica de alocação. Pelo cenário completamente incerto no Brasil, os poucos gestores que têm conseguido bons resultados estão capturando beta do mercado americano, com exposição a juros e bolsa.

Nada que não seja possível de conseguir com ETFs internacionais a custos mais baixos. Muito diferente de fundos de ações e crédito privado, por exemplo, em que uma seleção criteriosa se mostra fundamental.

“Os multimercados sempre foram um instrumento de geração de alfa em mercados difíceis e custosos de operar pelos alocadores. Mas agora o escopo das estratégias ganhadoras tem sido relativamente trivial, a gente pode montar a posição até mesmo na B3”, afirma Castro, da Portofino Multi Family Office.

O que se espera para 2025?

Mesmo após todos esses resgates, a sangria pode não ter estancado, mas vem mostrando desaceleração. Os gestores de grandes fortunas afirmam que ainda há fundos exclusivos para serem analisados e desmontados. E, com os juros subindo possivelmente para 15% ao ano, os investidores devem sair de fato do risco.

Em meio a isso, algumas gestoras começam a passar apertos para conseguir gerar melhores resultados. Com a queda de volume sob gestão, a receita fica menor para manter o mesmo time. O que se espera é uma consolidação da indústria.

Na segunda semana de dezembro deste ano, a gestora BlueLine anunciou o encerramento de suas operações, citando “condições de mercado” como motivo. De acordo com Fabio Akira, economista-chefe e um dos sócios, fatores como a alta de juros e a concorrência com a renda fixa pesaram para a decisão.

Guilherme Zaczac, head de investimentos alternativos líquidos no Brasil do UBS Global Wealth Management, destaca que, embora as saídas tenham “reduzido significativamente”, ainda não cessaram. “A barreira de entrada para ser um gestor multimercado é bem maior do que se pensava. Faz parte do amadurecimento do mercado”, afirma.

Apesar das dificuldades, Zaczac acredita que os fundos multimercados podem voltar a captar no próximo ano, desde que entreguem retornos atrativos. Ele aponta uma melhora significativa no desempenho dos principais fundos nos últimos seis meses. “Se a indústria performar bem até o fim do primeiro trimestre, haverá fluxo para esses gestores”, diz.

A questão está em saber quem serão esses vencedores. E os grandes alocadores estão muito mais criteriosos com suas escolhas. Para Fernando Donnay, portfólio manager da G5 Partners, a conversa com os gestores tem sido mais próxima, entendendo quem pode aproveitar a crise para capturar bons profissionais no mercado, ou quem está com a corda no pescoço.

“Esse é o momento de estar em casas sólidas e ver quem está em transformação e está investindo para ter um produto mais robusto do que o clássico trade de bolsa e juros”, afirma Donnay.

Esse movimento de consolidação pode ser também o início de uma transformação da indústria, como ocorreu com os hedge funds americanos. Por lá, a competição com a indústria de fundos indexadas obrigou os gestores a diminuírem os seus custos e buscarem mais alfa no longo prazo. E para conseguirem diversificar mais o risco, sem aumentar custos, passaram a usar massivamente tecnologia para alocação globalmente.

“Para cobrar caro é preciso dar um retorno mais agressivo, ao mesmo tempo não há espaço para grandes drawdown. Estamos vendo, corretamente, alguns gestores aumentando a sua exposição no exterior, adicionando novas fontes de alfa. Mas, para isso, é necessário investimento em pessoas e tecnologia”, afirma Adilson Ferrarezi, head de soluções de investimentos da Bradesco Asset.

Desde 2021, grandes gestoras de multimercado têm se desafiado no mercado global. Em 2022, conseguiram bons retornos com isso, mas em 2023 erraram. E a grande aposta para 2025 da indústria é o mercado internacional, que parece ter uma tendência mais clara para operar.

Ao mesmo tempo, no Brasil, cada vez mais o mercado global se abre para os pequenos investidores, que podem ter acesso a grandes gestoras internacionais e com o apoio de um assessor de investimentos.

“É importante os gestores ‘operarem mundo’, mas é preciso humildade em saber onde está o seu diferencial em relação a grandes gestores sentados em Nova York ou Londres”, afirma Ferrarezi. “Na nossa opinião, é replicar o aprendizado no Brasil para outros países que possam vir a passar por movimentos semelhantes e entender os impactos para emergentes.”

Lá fora, os hedge funds perderam estruturalmente espaço na carteira, mas são um dos grandes responsáveis pela geração de alfa. Por aqui, ainda não dá para saber se eles podem reconquistar o espaço que tiveram antes.

Mas já se espera que os vencedores sejam poucos e com uma estrutura muito mais robusta do que aquela que ganhou espaço anos atrás.





Fonte: Neofeed

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Juro reprisa “era Dilma” e carrega fantasma da dominância fiscal

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Juro reprisa “era Dilma” e carrega fantasma da dominância fiscal
Tempo de Leitura:5 Minuto, 18 Segundo


Em janeiro de 2015, início do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e antessala do seu afastamento do cargo em 2016, a Selic chegou a 12,25% ao ano – exatamente onde está hoje. A taxa básica surfava a onda que atingiria o pico em julho de 2015, a 14,25%, e aí permaneceu por nove reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom).

A primeira de uma prolongada sequência de queda aconteceu em outubro de 2016, quando a Selic declinou a 14%. O juro nas alturas marcou um período de tensão fiscal e inflação ascendente que entrou para a história pela troca de governo – impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer – e uma recessão inédita. Em dois anos, a economia brasileira encolheu 7,5%.

Neste janeiro de 2025, uma década depois do biênio fatídico, a escalada da Selic e o descrédito nas intenções do governo de conter a dívida pública despertam a avaliação de que o Brasil está à beira da dominância fiscal.

Um cenário em que a política monetária perde eficácia para controlar a inflação e leva o BC a pagar juros cada vez mais altos provocando deterioração acelerada da dívida pública, gerando mais desconfiança e pressão sobre o câmbio que potencializa a inflação se o governo não endurecer a política fiscal.

A coincidência das taxas de juros praticadas pelo BC num hiato de 10 anos e a defesa de agentes financeiros e empresários por cortes de gastos reforçam a tese de que a dominância fiscal está à espreita. Mas não há consenso (ainda) quanto a esse diagnóstico, o que não quer dizer que o cenário é tranquilo à frente.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad disse, em entrevista à CNN Brasil, em 17 de janeiro, não acreditar em dominância fiscal. Acrescentou que a política monetária fará efeito sobre a inflação e deu um spoiler: “Efeito muito maior do que se imaginou.”

A declaração de Haddad não freou as projeções de inflação e grandes bancos apontam 6% para 2025, mas reforçou a percepção de que a atividade arrefecerá neste ano e no próximo por força do juro real ao redor de 9%, ao menos até o quarto trimestre – proeza que colocará à prova a declaração/compromisso do presidente Lula de que o BC de Gabriel Galípolo terá autonomia para fazer o seu trabalho.



Bancos e consultorias apontam desaceleração do PIB de cerca de 3,5% em 2024 para algo em torno de 2% neste ano. E, mantido o ritmo da carruagem a Selic de 15% ou mais, o PIB de 2026 poderá recuar a 1,5%. Crescimento pífio que, se combinado à inflação pressionada, poderá travar qualquer melhoria da popularidade do presidente e até sua disposição a concorrer à reeleição.

Bancos centrais abrem o calendário de 2025

Nos próximos meses de BC na vitrine, o binômio crescimento e inflação terá repercussão política invulgar. E esse é o pano de fundo que revestirá a primeira reunião do Copom de 2025, prevista para 28 e 29 de janeiro, coincidente com a decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed), o BC americano. No dia 30, o Banco Central Europeu (BCE) também definirá sua taxa que poderá recuar devido à fragilidade da economia na Zona do Euro.

Em meio à divulgação massiva de indicadores nos próximos dias – mercado de trabalho e reunião do conselho de administração da Petrobras no Brasil e PIB e inflação nos EUA no quarto trimestre de 2024 – o Fed deverá manter sua taxa no intervalo de 4,25% a 4,50%. E o Copom deverá elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25%.

Nos EUA, a expectativa é de um corte de juro ainda neste ano, mas há apostas em elevação, a depender das medidas a serem tomadas pelo governo Trump – por ora, com sinalização mais branda do que o esperado quanto à imposição de tarifas comerciais. No Brasil, o Comitê deve ratificar, no comunicado ou na ata, a sinalização de emplacar mais 1 ponto na Selic em março, instalando a taxa em 14,25% – o pico da “era Dilma”.

Apesar do aperto em curso, a meta de inflação, de 3%, está longe de ser atingida neste e nos próximos anos. Porém, o esforço monetário do BC – somado ao eventual resultado da força-tarefa que o governo deve lançar para reduzir os preços dos alimentos – poderá atuar sobre as expectativas que seguem desancoradas, inclusive, por refletirem a mudança de patamar do câmbio. Dólar a R$ 6,00 passou a ser visto como o “novo normal”, apesar do declínio a cerca de R$ 5,90 nos últimos dias, replicando a trajetória da moeda no exterior.

A moeda americana atravessou dezembro acima de R$ 6,00. Deslizou em consistência. Em parte, graças ao fortalecimento do dólar ante todas as divisas, sobretudo, a partir da vitória de Trump à Casa Branca. E à perspectiva – ainda a confirmar – da adoção de sua plataforma protecionista e inflacionária, a exigir suporte de juros elevados.

Porém, em parte, a valorização do dólar também refletiu a incorporação de prêmios de risco pela persistente incerteza quanto ao empenho do governo em estabilizar sua dívida. Haddad acenou com novas providências que dependem, entretanto, da aprovação do Orçamento de 2025 pelo Congresso Nacional – talvez em março.

Até lá, é improvável que o mercado financeiro promova mudança substantiva nas projeções de déficit primário que, em proporção do PIB, se mantêm em 0,60% para 2025, 0,50% para 2026 e 0,30% para 2027. Ainda sem anúncio oficial, a Fazenda aponta déficit de 0,1% em 2024 e confia em zerar a conta neste ano. Na quinta-feira, 23 de janeiro, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, confirmou o déficit nanico do ano passado.

Já o déficit nominal, que inclui despesas com juros da dívida pública só avança. No início do Lula 3, o déficit por esse critério estava em 4,6% do PIB. Em 2024 aproximou-se de 8%. Em 2026, poderá colar em 10%, se a política monetária permanecer esticada. Considerando o alerta de Lula de que “2026 já começou” – e a visão corrente de que campanha eleitoral turbina gastos – 10% será mais que um “número redondo”. Mas um risco e tanto até para destemidos investidores e, talvez, apresse o governo em suas decisões. A ver.



Fonte: Neofeed

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Musk vence disputa e faz rolar primeira cabeça (bilionária) do governo Trump

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Elon Musk, o fundador da Tesla e SpaceX e, agora, dono do Twitter
Tempo de Leitura:3 Minuto, 51 Segundo


O presidente Donald Trump mal completou uma semana no cargo e já tem uma baixa de peso em seu governo, confirmada nesta quinta-feira, 23 de janeiro, mas que era de conhecimento do círculo político republicano desde a posse.

O empresário de biotecnologia Vivek Ramaswamy, convidado por Trump para co-dirigir ao lado de outro bilionário, Elon Musk, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) – espécie de órgão consultivo externo -, abandonou o barco em meio a um processo que mudou o status do DOGE, que passou a fazer parte do governo, e apenas confirmou a crescente ascendência de Musk junto ao presidente americano.

Ramaswamy e Musk se conheceram em 2023, quando o empresário de biotecnologia ainda desafiava Trump pela indicação presidencial republicana. Após a vitória em novembro e o anúncio da criação do órgão, os dois bilionários conviviam sem maiores rusgas em público.

Nas últimas semanas, porém, quando a estruturação do DOGE passou a ser discutida de forma mais intensa, as diferenças entre ambos começaram a florescer.

Enquanto Musk insistia em defender cortes de gastos e o uso de inteligência artificial para reduzir a força de trabalho federal, Ramaswamy pretendia priorizar no DOGE ações na desregulamentação da economia e nos argumentos constitucionais para reduzir o tamanho do governo – os dois tópicos sobre os quais ele falou durante anos em artigos, entrevistas e na campanha eleitoral.

A imprensa americana afirma que o círculo íntimo de assessores de Trump também ficou incomodado com a franqueza de Ramaswamy sobre praticamente qualquer assunto, sempre demonstrando independência, uma tendência que também irritou o dono da Tesla e da SpaceX.

Durante a transição de Trump, houve especulação interna sobre se o DOGE seria criado dentro do governo, potencialmente como um comitê consultivo federal, na forma de um think-tank externo ou um grupo de advocacia criado como uma organização sem fins lucrativos. Ramaswamy há muito argumentava que o DOGE deveria atuar fora do governo.

Musk nunca se preocupou em se manifestar qual seria o status do órgão, apenas defendia que tivesse liberdade de atuação. A presença assídua do dono da Tesla ao lado de Trump reforçou a percepção de que Musk estaria influenciando o presidente americano.

A confirmação de que havia algo estranho no ar surgiu após a posse. Musk se alojou num escritório na Ala Oeste da Casa Branca, enquanto Ramaswamy se mudou para seu estado natal, Ohio, para anunciar na semana que vem uma candidatura planejada para governador em 2026.

A provável candidatura não era segredo, mas esperava-se que Ramaswamy ficasse mais tempo no governo até para faturar politicamente com os primeiros anúncios de Trump.

Mudança de status

Uma ordem executiva, entre as dezenas assinadas pelo presidente no dia da posse, acabou expondo a reviravolta no DOGE: o órgão funcionará dentro do Poder Executivo, num arranjo que indiretamente reforçaria a vitória de Musk na queda de braço com Ramaswamy.

A nova entidade será chamada de United States DOGE Service, substituindo um órgão existente – o United States Digital Service, que foi estabelecido pela administração Obama após as falhas iniciais do site Obamacare. A agência foi encarregada de impulsionar os serviços de tecnologia da informação para agências federais.

A ordem executiva exige que agências federais individuais criem equipes DOGE com um líder de equipe, um engenheiro, um especialista em recursos humanos e um advogado.

Especialistas afirmam que levar o DOGE para dentro do governo poderia evitar dores de cabeça legais – minutos depois que Trump se tornou presidente, o DOGE foi atingido por três processos abertos por entidades ligadas a funcionários federais, denunciando que suas reuniões foram realizadas em segredo e os registros não estavam disponíveis ao público.

Um aspecto da ordem executiva de Trump — em um aceno a uma prioridade fundamental de Musk — insta as agências a implementar a agenda DOGE “modernizando a tecnologia e o software federais para maximizar a eficiência e a produtividade governamentais”.

O esforço de Musk, que lhe dará uma visão adicional considerável sobre um governo com o qual ele faz negócios significativos, deve ser concluído até 4 de julho de 2026.

A incorporação do DOGE ao Poder Executivo, porém, levanta novas questões. O DOGE agora está sujeito a novas regras de transparência e ética, particularmente em torno de leis de informação pública.

Fazer parte do governo também significa que Musk não pode usar sua fortuna privada para financiar as operações do DOGE, como já havia sugerido.

Enquanto isso, o Escritório de Gestão de Pessoal de Trump está tomando medidas que lembram as metas iniciais do DOGE: pedir que agências federais elaborem listas de trabalhadores que poderiam facilmente demitir – uma ideia defendida por Musk.



Fonte: Neofeed

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Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados

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Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados
Tempo de Leitura:2 Minuto, 33 Segundo


O impacto dos preços dos alimentos na inflação tem levado o governo a buscar alternativas para reduzir o custo de vida da população. Uma das medidas em estudo seria a liberação da venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados.

A proposta, que resgata o projeto de lei nº 1774/2019 atualmente travado na Câmara, parte da premissa de que as redes de supermercados poderiam aumentar sua rentabilidade graças às margens mais altas dos medicamentos, o que supostamente permitiria controlar a alta dos preços dos alimentos.

Analistas do Itaú BBA, no entanto, avaliam a medida como insuficiente para conter a inflação dos alimentos, além de preverem impactos significativos sobre as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na venda desses medicamentos. Os MIPs representam cerca de 15% das receitas das principais redes de farmácia, segundo o banco.

Os medicamentos isentos de prescrição possuem margens brutas médias de 30% a 35%, consideravelmente maiores do que as de produtos alimentícios, que variam entre 16% e 20%. “Para os varejistas de alimentos, isso é claramente positivo”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco ressalta que esse ganho adicional não necessariamente resultaria em preços de alimentos mais baixos.

“Temos muita dificuldade em imaginar como isso ajudaria a controlar a inflação alimentar. É difícil supor que as redes de supermercados repassarão esse adicional de lucro para reduzir os preços dos alimentos – e parece bastante impossível controlar isso”, avaliam os analistas.

O Itaú BBA também destaca que é “praticamente impossível” estimar com precisão as potenciais receitas ou lucros adicionais, considerando que as redes de supermercados enfrentariam custos elevados devido aos requisitos sanitários. Gastos com farmacêuticos, manipulação e armazenamento, por exemplo, poderiam impactar negativamente a rentabilidade do negócio.

“Várias grandes redes de varejo de alimentos já operaram farmácias dentro de suas lojas, mas essas operações não foram vistas como bem-sucedidas em termos de execução e rentabilidade.”

Outro entrave significativo para a aprovação da medida, na visão do Itaú, são as preocupações com a automedicação, uma das principais causas de intoxicação no Brasil. O banco lembra que esse debate ocorre pelo menos desde 2013, sendo essa questão um dos maiores obstáculos ao avanço da proposta.

“Muitas compras de OTCs são feitas por impulso, de modo que uma eventual aprovação dessa medida provavelmente aumentaria o mercado endereçável desses produtos, em vez de apenas tirar participação das farmácias”, afirma o Itaú BBA em seu relatório. “Acreditamos que a probabilidade de a proposta se tornar lei é baixa.”

Embora considere improvável a aprovação da medida, o Itaú avalia que o aumento da demanda pelo novo canal de vendas poderia fortalecer as farmacêuticas. Nessa linha, os analistas destacam a Hypera como a principal beneficiada, dada sua sólida relação comercial com as varejistas, com as vendas de produtos como Zero-Cal e Engov After.

“A liberação de medicamentos em redes de supermercados deve ter um efeito positivo nas vendas devido ao maior consumo por impulso, mas consideramos que o impacto potencial para as empresas farmacêuticas seja menos significativo do que para as empresas de varejo alimentar.”



Fonte: Neofeed

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