Negócios
Alemanha vive fim de uma era sem “bússola” para retomar crescimento
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Maior economia da Europa e terceira do mundo, após Estados Unidos e China, a Alemanha sempre foi considerada um símbolo de estabilidade desde o fim da Segunda Guerra, num cenário global marcado por guerras, reviravoltas políticas e transformações econômicas.
Sua indústria, moderna e exportadora, ajudou a bancar a reunificação alemã após a queda do Muro de Berlim, em 1990, injetando US$ 2 trilhões (em valores atualizados) na antiga Alemanha Oriental.
O crescimento econômico sempre foi acompanhado pela estabilidade política. Nos últimos 43 anos, o país teve apenas quatro chefes de governo, sendo que dois deles – Helmut Kohl e Angela Merkel – permaneceram 16 anos no poder.
A Alemanha que vai às urnas no domingo, 23 de fevereiro, para eleger a nova composição do Parlamento e o novo chanceler (cargo equivalente ao de primeiro-ministro) é apenas uma pálida lembrança dessa história de sucesso das últimas décadas.
Nos últimos cinco anos, marcados pela recessão e inflação após o choque causado pela pandemia, a Alemanha viu o PIB dos EUA crescer 12% em termos reais, enquanto sua economia permaneceu estagnada – na verdade, andou para trás em 2023 (-0,3%) e em 2024 (-0,2%).
O aumento dos custos de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia foi determinante para a paralisia econômica do país.
A Alemanha perdeu quase 250 mil empregos na indústria desde 2020. A contração da indústria alemã é evidente na queda do valor de mercado no setor. Juntas, Volkswagen, Thyssenkrupp e BASF, constituintes do índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, perderam € 50 bilhões – ou 34% em capitalização de mercado nos últimos cinco anos.
Além do fator energético, a crescente concorrência da China, que está derrubando seus produtos exportados, e até a recente ameaça de tarifas dos EUA tornam turvo o cenário no médio prazo.
Não bastasse a estagnação econômica, a outra perna do outrora sucesso alemão – a estabilidade política – também ficou para trás. O chanceler social-democrata Olaf Scholz (SPD), que sucedeu a Merkel em 2021, perdeu maioria no Parlamento no fim do ano passado após se consolidar como um líder sem carisma e sem respostas para tirar a economia da crise.
A crise política alemã, por sinal, é mais grave que a econômica. Ela envolve um impasse no Parlamento, sem que nenhum partido tenha maioria suficiente para formar governo. O quadro partidário pulverizado impede a ascensão de uma liderança com força suficiente para recolocar o país nos eixos.
Há ainda um fator político complicador: a paranoia nacional em torno da imigração e do crescimento da extrema direita – obsessões que monopolizaram a campanha eleitoral, a ponto de deixar eventuais soluções da estagnação econômica em segundo plano.
Os dois temas são os mesmos em debate em toda a Europa nos últimos anos, mas na Alemanha eles ganharam um contorno mais complexo por causa do impacto que a expulsão em massa de imigrantes pode causar na economia e o temor de que a ascensão da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita, imploda de vez qualquer possibilidade de estabilidade política.
Concessões
As pesquisas de opinião indicam que a União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita, deve obter 30% dos votos.
Seu líder, Friedrich Merz, terá de buscar composição com o SPD de Scholz e o Partido Verde, ambos mais à esquerda, para formar governo – o que deve obrigá-lo a fazer concessões em seu programa de governo de forte apelo liberal, incluindo a promessa de revitalizar a economia alemã introduzindo € 100 bilhões em cortes de gastos do governo.
Mesmo que seja bem-sucedido, Merz terá de enfrentar a oposição barulhenta da AfD, que deve levar 20% dos votos.
O partido de extrema direita é liderado por Alice Weidel, cuja agenda a favor da expulsão de imigrantes ganhou popularidade, que aumentou ainda mais depois de ter recebido apoio do bilionário Elon Musk – que já foi fotografado com o braço erguido, símbolo do nazismo.
O alemão comum, que sempre foi mais tolerante com a imigração do que outros pares europeus, começou a mudar de ideia com a estagnação econômica e, mais recentemente, com três atentados perpetrados por imigrantes.
Ocorre que a população em idade ativa está diminuindo rapidamente, começando a interferir em vários setores da economia – e o país pode não prescindir de mão de obra estrangeira.
No ano passado, por exemplo, o governo alemão recrutou enfermeiros brasileiros, oferecendo salários atraentes, curso grátis para aprender alemão e outros benefícios. O mesmo ocorre em áreas da indústria, com a dificuldade de repor os engenheiros alemães que estão se aposentando.
“Os custos de energia não são a única razão para o baixo desempenho econômico da Alemanha e a queda na produção, mas é uma das principais razões”, afirma Malte Küper, especialista em energia do Instituto de Pesquisa Econômica de Colônia.
“Se os formuladores de políticas não agirem, a Alemanha permanecerá presa — dificultando a recuperação de sua atratividade como um local de negócios.”
Vários analistas, no entanto, olham a estagnação econômica alemã sob o ponto de vista do copo meio cheio. “Estamos falando de uma economia em recessão, não em desastre”, disse Amy Gutmann, ex-embaixadora dos EUA na Alemanha de 2022 até este ano, em entrevista ao The New York Times.
Há vários indicadores que confirmam essa percepção. Indústrias intensivas em energia, como de produtos químicos e metais, contraíram. Mas um informe do FMI observa que outros setores se adaptaram “mudando para produtos de maior valor agregado e usando menos insumos intermediários”.
As exportações de veículos elétricos, por exemplo, aumentaram 60% em 2023. A produção eletrônica e óptica também cresceu, assim como a de máquinas aeronáuticas.
A demanda por equipamentos de defesa e de tecnologias verdes está aumentando em todo o continente. A Alemanha tem especialização em ambos. Ela também está no topo entre as nações desenvolvidas, bem acima dos EUA e da China, no índice de vantagem comparativa em produtos verdes do FMI. Isso inclui usinas de energia altamente eficientes, design de rede inteligente e tecnologia de carregamento.
Além disso, apesar da narrativa de pessimismo em torno da economia alemã, o índice Dax superou todos os outros índices principais — incluindo o S&P 500 — no ano passado.
Se os EUA têm as Sete Magníficas, gigantes tech que lideram o mercado de ações, a Alemanha conta com sua versão: SAP, Siemens, Siemens Energy, Allianz, Deutsche Telekom, Rheinmetall e Munich Re, com a vantagem de estarem espalhadas pelos setores de energia, telecomunicações e seguros.
A rigor, o foco das sete gigantes alemãs nos mercados globais as isolou da fraqueza econômica doméstica.
Freio da dívida
Merz, o provável próximo chanceler, deve implementar algumas reformas estruturais para recuperar a economia.
Uma delas é revisar o “freio da dívida” constitucionalmente consagrado — que exige que o déficit estrutural permaneça em 0,35 % do PIB —, o que segura o investimento público. A parcela de gastos de capital na economia da Alemanha é uma das mais baixas da OCDE.
Se conseguir revisar essa regra da dívida, o país terá espaço fiscal para aumentar investimentos em sua infraestrutura e no setor produtivo. Estimativas sugerem que a Alemanha também poderia tomar emprestado mais € 48 bilhões por ano, ou cerca de 1,2% do PIB, sem entrar em conflito com as regras fiscais da UE.
“A Alemanha é a economia mais forte da Europa – ainda é, isso não mudou – e acredito que será no futuro”, reforça a ex-embaixadora americana Amy Gutmann. “Mas apenas se fizer mudanças”.
Se confirmar a vitória, Merz tem plenas condições de recolocar a economia da Alemanha nos trilhos. Mas lhe faltam carisma e liderança política para conduzir a transição alemã entre o fim de uma era iniciada após o fim de Segunda Guerra, com apoio dos EUA, para outra, em que terá de peitar as humilhações que têm sido impostas pelo presidente americano Donald Trump.
Desde a posse, Trump mirou o maior país da União Europeia passando a negociar pelas costas com o líder russo Vladimir Putin o fim da guerra da Ucrânia, além de repetir ameaças de impor tarifas contra as exportações do bloco, lideradas pela Alemanha.
Mas a expectativa de que uma nova liderança que traga estabilidade política ao país e ainda conduza o futuro da UE – como fizeram Kohl e Merkel no passado – dificilmente deverá emergir da eleição geral de domingo, independentemente de quem saia vencedor.
Negócios
Onda verde: como o pistache se tornou uma mania global
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Não é preciso ser ligado em gastronomia para ver que o Brasil “pistacheou“. Originária do Oriente Médio, a noz de cor esverdeada está por todos cantos. Em petiscos, pratos salgados, doces, bolos, sorvetes. Se é comida, pode apostar, há sempre um jeito de incluir o ingrediente-fenômeno na receita.
A febre do pistache é, com o perdão do trocadilho, fruto de um dos cases de marketing mais bem-sucedidos dos últimos anos — no mundo todo. E tudo começa nos Estados Unidos. Graças a uma série de inovações agrícolas, os americanos começaram a produzir a noz em quantidades colossais. Como o mercado interno não daria conta de absorver safras cada vez maiores da oleaginosa, decidiram pintar o planeta de verde.
Até a década passada, o grande produtor de pistache era o Irã. Ainda que a noz não esteja na lista de sanções impostas ao governo dos aiatolás por boa parte do Ocidente, os agricultores iranianos têm sofrido com as restrições ao acesso a apoios financeiros internacionais.
Assim, os americanos assumiram a liderança global. Hoje, eles são responsáveis por 523,9 mil toneladas anuais, segundo dados do portal Atlas Big. Enquanto no Irã as colheitas chegam a 135 mil toneladas. Em terceiro lugar está a Turquia, com 119,3 mil toneladas.
E é aí que entra o trabalho da American Pistachio Growers (APG), uma associação sem fins lucrativos que representa mais de 800 produtores da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas, criada justamente para dar visibilidade ao produto dos Estados Unidos e ajudar na vazão do estoque do país. Foi criado até o dia mundial do pistache: 26 de fevereiro.
Uma das principais iniciativas do grupo foi promover o produto nas redes sociais, com influenciadores e chefs estrelados de todo mundo enaltecendo a versatilidade e o sabor leve, entre o doce e o salgado, do pistache. E, claro, os benefícios para a saúde de uma das proteínas vegetais mais completas, rica em antioxidantes e fibras.
Publicação recente na plataforma da associação garante: “Dois punhados diários de pistache podem ajudar a proteger os olhos dos danos causados pela luz azul [de telas de computador e celular] e podem reduzir o risco de problemas de visão relacionados à idade”. Apelar para a saúde é cartada das mais certeiras.
No Brasil, desde 2021, o escritório de São Paulo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também ajudou a impulsionar as vendas do produto, com ações publicitárias no País, incluindo depoimentos em redes muito utilizadas pela geração Z, como o TikTok. Deu certo.
Em 2003, as importações de pistache movimentavam apenas US$ 400 mil. Vinte anos depois bateram US$ 8,8 milhões, aumento de 2.200%, em duas décadas, segundo estudo da fintech de comércio exterior Vixtra, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior, do governo federal.
E, das 608 toneladas que chegam hoje ao mercado brasileiro, quase 80% vem dos Estados Unidos, movimentando US$ 6,8 milhões. A noz argentina fica com 18,2% (US$ 1,6 milhão) e a iraniana, com 4,1% (US$ 0,4 milhão).
“A estratégia dos Estados Unidos foi extremamente bem-sucedida. A geração Z é muito conectada à novidade”, diz Luciana Florêncio, professora do mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em entrevista ao NeoFeed.
Para ela, a “glamourização” do produto importado e a grande exploração nas redes sociais foram fundamentais para o sucesso de vendas da oleaginosa, em suas mais variadas formas.
“As nossas atitudes impactam o comportamento de consumo. E isso também vem de olhar o que o outro faz”, afirma Florêncio. “O pistache viralizou nas redes sociais, somado ao discurso da moda de um produto saudável e da facilidade do acesso.”
E, isso, apesar do preço do fruto ser ainda um tanto salgado: R$ 200, em média, o quilo.
O sucesso da noz gelada
Na gelateria Bacio di Latte, ainda que todo o pistache consumido nas lojas do País venha do Sul da Itália, a empresa percebeu, em volume e em faturamento, o crescimento do consumo no Brasil a partir das plantações dos Estados Unidos.
Em 2022, a empresa importava 30 toneladas da noz. No ano passado, foram 100 toneladas, exatamente para suprir o aumento da demanda.
Nas 200 lojas da rede no país e nas nove nos Estados Unidos, além dos 8 mil pontos de venda no varejo, o gelato de pistache lidera no volume de vendas em todas elas. No top 5 dos produtos mais pedidos, está a mousse… de pistache.
“Hoje as vendas de produtos com pistache representam 50% a mais do que o segundo colocado, o chocolate belga”, diz Fábio Medeiros, diretor de marketing da Bacio di Latte.
Dos R$ 850 milhões faturados pela empresa em 2024 (e que deve chegar a R$ 1,2 bilhão em 2025), 20% vêm dos produtos com sabor pistache. Hoje são mais de 15 itens oferecidos pela empresa de sabores derivados da oleaginosa.
E, para Medeiros, acreditem, ainda há espaço para crescer. “Com mais marcas e mais pistache disponível, sendo produzidos por docerias menores e grandes marcas, o produto entra mais na cabeça do consumidor. E quem oferece algo de qualidade, sai ganhando com isso”, afirma executivo.
Veio para ficar
Os analistas de mercado e especialistas em marketing concordam. Para Florêncio, da ESPM, a febre do pistache não é moda passageira, não. O produto, segundo ela, deve ser incorporado de vez ao hábito de consumo do brasileiro.
“Vai chegar o momento da análise crítica sobre as várias formas do pistache, mas acredito que o ingrediente em si passe a fazer parte da realidade do consumidor. Essa associação de que é um produto saudável está na base de consumo. E isso já foi feito”, afirma a professora da ESPM.
Ela acredita que o marketing do pistache poderia ser uma boa inspiração para o crescimento de volume das oleaginosas brasileiras no exterior, como a castanha do Pará, conhecida globalmente como “castanha do Brasil”.
Mas, para José Eduardo Camargo, presidente da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC), ainda é necessário que o setor faça a lição de casa.
“O marketing precisa estar associado à disponibilidade do produto, que é o ocorre nos Estados Unidos”, diz Camargo. “Para nós, seria importante aumentar a produção da castanha. Mas o exemplo dos americanos deve, sim, servir de inspiração.”
Ainda que haja demanda para aumento no volume da importação, é possível que o Brasil comece a dar alguns pequenos passos para sair da condição de apenas comprador para se transformar também em produtor de pistache.
A Embrapa Agroindústria Tropical, por exemplo, desenvolve projeto para o início de cultivo do pistache até 2027 no Ceará, com colheitas previstas para 2035. O momento agora é de definição do material genético, para adaptação da planta no Nordeste brasileiro. E de onde virão as amostras dos genes? Dos Estados Unidos, claro. O pistache realmente veio para ficar.
Negócios
O peso de ser filha de um mito chamado Elvis Presley
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Lisa Marie Presley era filha de um rei. O do rock. Mas, em sua mente de criança, a grandiosidade de Elvis ia muito além: “Eu achava que meu pai podia mudar o clima. Para mim, ele era um Deus. Um ser humano eleito”. Para o bem e para o mal: “Se estivesse de péssimo humor, o tempo lá fora ficava terrível; se o dia estivesse tempestuoso, era porque ele estava prestes a estourar”.
As lembranças de Lisa Marie com o pai são os melhores momentos da autobiografia póstuma Rumo ao grande mistério: Memórias. Ela tinha apenas oito anos, quando o corpo do astro foi encontrado em 16 de agosto de 1977, em um dos banheiros da mansão Graceland, em Memphis, no Tennessee.
O livro estava quase pronto quando a autora morreu em 12 de janeiro, de 2023, aos 54 anos, vítima de uma obstrução intestinal, em decorrência de uma cirurgia bariátrica para perda de peso. Rumo ao grande mistério foi finalizado por sua filha mais velha, a modelo e atriz Riley Keough, de 35 anos.
Lisa vinha trabalhando na autobiografia há bastante tempo, mas não conseguia terminá-la. Em janeiro de 2022, um mês antes de morrer, pediu ajuda a Ryle para finalmente encerrá-lo. No processo, a atriz usou gravações feitas pela mãe.
E o resultado impressiona pela sinceridade — e pela riqueza de detalhes. O amor incondicional pelo pai; a vida em Graceland; a convivência com a mãe Priscilla; as frequentes mudanças de escola por causa de mau comportamento; a luta contra o vício em álcool, drogas e remédios; o relacionamento com o ator e músico Danny Keough; o casamento com Michael Jackson; o luto pela morte do filho Benjamin Keough, entre outras passagens. Da narrativa emerge uma mulher apaixonada, alegre, carinhosa e complexa. De uma solidão comovente.
A convivência entre Lisa e Elvis era restrita às férias escolares, já que ela vivia com a mãe, em Los Angeles — Elvis e Priscilla se divorciaram em 1973. Apesar do tempo restrito, pai e filha mantiveram uma relação estreita, marcada pela busca quase obsessiva da menina para agradar a Elvis.
“Fazê-lo feliz, fazê-lo rir — era este o meu mundo inteiro. Se eu descobrisse que ele achava certa coisa engraçada, faria aquilo o máximo possível para diverti-lo”, lê-se na obra, lançada no Brasil pela editora Rocco. “Nossa proximidade era muito maior do que eu jamais deixei transparecer a qualquer pessoa no passado. Ele me amava muito e era muito dedicado, mil por cento presente o tanto quanto podia, apesar de todos ao seu redor.”
Mas a vida ao lado do cantor não era fácil. “Ele era intenso e ninguém queria ser o alvo da sua raiva”, lembrou Lisa. Se ela o aborrecia, ou se ele estava zangado com a filha, parecia que era o fim do mundo: “Eu não conseguia suportar. Quando ele se chateava comigo, eu levava para o lado pessoal e ficava simplesmente destroçada. Queria a aprovação dele em tudo”.
Mesmo depois de anos, mesmo adulta, a filha nunca superou a perda do pai: “Houve noites em que eu simplesmente fiquei bêbada, ouvi sua música, sentei-me e chorei. A tristeza ainda vem. Ela ainda está lá”, contou.
Erguida em 1939 por um médico e comprada por Elvis vinte anos depois, Graceland merece uma longa, emotiva e minuciosa descrição de Lisa. Tão minuciosa que o leitor parece passear pelo lugar, em sua companhia.
Lisa Marie tentou carreira na música e chegou a lançar três álbuns, mas nunca deslanchou. Em 1994, se casou com outro rei — o do pop, Michael Jackson. A união foi o oficializada apenas 20 dias depois do divórcio de Keough e durou apenas dois anos.
“Michael (lhe) disse: ‘Não sei se você notou, Lisa Marie, mas estou completamente apaixonado por você. Quero que nos casemos e que você tenha meus filhos’. Eu não disse nada imediatamente, mas então falei: ‘Estou realmente lisonjeada, não consigo nem falar’. Naquela época, eu sentia que estava apaixonada por ele também”, relatou a autora.
“Acho que Michael tinha beijado Tatum O’Neal e ele teve um caso com Brooke Shields, que não foi físico, exceto por um beijo. Ele também disse que Madonna tentou ficar com ele uma vez, mas nada aconteceu entre os dois. Eu estava apavorada porque não queria fazer o movimento errado.”
Em uma entrevista de 2023, Priscilla disse que o astro só se casara com Lisa por causa de sua obsessão por Elvis.
Rumo ao grande mistério traz ainda outra passagem dolorosa da vida de Lisa: a perda do filho Benjamin. Em julho de 2020, no auge da pandemia, o jovem de 27 anos cometeu suicídio e, até enterrá-lo em Graceland, ela manteve seu corpo em casa, em gelo seco, por dois meses — o que suscitou uma enorme polêmica, quando livro foi lançado nos Estados Unidos.
Por não saber como lidar com a morte de Benjamin, Lisa justificou: aquele tempo fora importante para que ela conseguisse se despedir do filho.
Uma sensação muito semelhante à vivida por ela com Elvis, cujo corpo ficou em caixão aberto por dois dias, na mansão de Memphis: “Ter meu pai em casa após sua morte me ajudou muito, porque eu podia passar tempo com ele e falar com ele.”
As memórias de Lisa são dolorosas, mas pontuadas por situações de humor. Quando era criança, por exemplo, divertia-se às custas dos fãs que se aboletavam nos portões de Graceland. Por US$ 20, prometia a menina, ela tiraria uma foto de Elvis. Em vez do cantor, no entanto, ela fotografava a mansão.
Eram tempos alegres. Mas Lisa cresceu e teve de enfrentar as dificuldades da vida adulta e o peso de ser a filha única de uma lenda.
Negócios
A “saideira” de consumidores e empresários para embalar o carnaval

Importante alerta sobre a economia partirá do Rio de Janeiro nos próximos dias e não necessariamente no festivo ritmo pré-carnaval. Na saideira de fevereiro, o humor de consumidores e empresários será revelado pela fluminense Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre 24 e 28, a instituição divulgará seis índices de confiança, além do Indicador de Incerteza Econômica, que terão inflação pelo IPCA-15 e IGP-M e contas públicas como rivais na agenda.
A coleção de dados da FGV relativos a fevereiro reunirá confiança do consumidor, comércio, serviços, indústria, construção e confiança empresarial e poderá reforçar a percepção de que a atividade já enfraquece ou trazer algum alento graças, principalmente, à valorização do real ante o dólar.
Em fevereiro, até a quinta-feira 20, o dólar caiu cerca de 3% e, em 2025, 8%, devolvendo uma fração do ganho superior a 27% em 2024. O câmbio contagia os juros futuros que estão deixando para trás taxas superiores a 15%. Apesar da queda, as condições financeiras seguem apertadas. Porém, uma distensão foi observada recentemente devido à melhora do mercado local, informa ao NeoFeed Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco Pine.
Com variação de -1 a +1 (onde o aperto monetário é crescente quanto mais elevado for o resultado da combinação de variáveis locais e internacionais como índices acionários, juros, câmbio e commodities), o indicador proprietário do banco (FCI-Pine) aponta condições que terão efeito cumulativo e defasado a impactar a atividade econômica, sobretudo, no segundo semestre.
Há um ano, o FCI-Pine estava em 0,04 ponto. Avançou e recuou nos meses seguintes ao sabor das variáveis que o compõe para retomar tração em outubro. Em dezembro, quando o dólar explodiu e o BC acelerou a alta da Selic para 1 ponto percentual e acenou com mais dois ajustes idênticos neste ano, o indicador do Pine chegou a 0,90. Em janeiro, superou 1 ponto para recuar em seguida. Já em fevereiro, a queda foi intensificada para cerca de 0,60 – variação importante, mas longe de zero ou condição monetária neutra.
“Exatamente por prever o efeito cumulativo e defasado da alta do juro, mantemos intacto nosso cenário para a Selic. Após o aumento de 1 ponto percentual no Copom de março e 0,5 ponto que esperamos para maio, acreditamos que o BC deverá interromper o ciclo e avaliar com cautela o impacto do aperto de 3,50 pontos empreendidos até lá”, diz Oliveira.
Refletindo a tensão que sacudiu dezembro – de arrancada do dólar atenuada com a venda de quase US$ 30 bilhões pelo BC – os índices de confiança recuaram, em janeiro, na avaliação da situação presente e das expectativas.
Calmaria à espera de medidas populistas
Além do juro, a inflação corrente e as previsões salgadas comprometeram, adicionalmente, a avaliação da situação financeira futura das famílias, independente de faixas de renda. Entre os índices apurados em janeiro as perdas foram as seguintes: confiança da indústria (-1,3 ponto), confiança empresarial (-1,8), confiança da construção (-1,9), confiança de serviços (-2,5), confiança do comércio (-2,8) e confiança do consumidor (-5,1).
O indicador que, mesmo em queda, ficou mais próximo da neutralidade, equivalente a 100 pontos, foi a indústria com 98,4 sem anular, contudo, a cautela de empresários quanto ao futuro. Apesar dos estoques satisfatórios nas empresas, ainda persistem dúvidas quanto à sustentação da demanda.
Mas o cenário, no geral, desanuviou com os ativos menos voláteis. Até quando? É difícil prever, ante a expectativa de analistas de que o governo não desistirá de medidas populistas que incentivem a economia – caso da promoção de crédito por instituições públicas e impulso do consignado privado. Na quinta-feira, 20 de fevereiro, em entrevista à Rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro, o presidente reiterou que políticas de crédito ao pequeno empreendedor serão anunciadas.
Além de um Donald Trump mais brando quanto à aplicação das tarifas comerciais, dois vetores políticos explicam a calmaria presente no mercado: a aposta no enfraquecimento do presidente Lula como candidato à reeleição em 2026, condição que poderia abrir espaço para uma política econômica alternativa à frente e de maior compromisso fiscal; e o fato de o Congresso estar esquentando os motores para engrenar as atividades após o carnaval – e com foco na tramitação da proposta orçamentária deste ano.
Se a expectativa se confirmar, a retomada, para valer, dos trabalhos no Congresso ampliará o debate sobre a política fiscal que também estará na ordem do dia às vésperas do carnaval. O Tesouro atualizará informações com a divulgação na quarta e quinta-feira, 26 e 27, respectivamente, do Relatório Mensal da Dívida Pública e do resultado primário do governo central que reúne contas do Tesouro, Previdência e BC. Os documentos referem-se a janeiro.
Já os dados consolidados das contas públicas pelo BC, também de janeiro, vão atrasar. Serão publicados em 12 de março. Em meados de janeiro, o BC informou o adiamento das estatísticas fiscais e as monetárias e de crédito. Explicou que a mudança de datas resulta da necessidade de prazo adicional para que as instituições adaptem seus sistemas ao novo plano contábil (Cosif) das entidades reguladas pela instituição. Mas as alterações no Cosif não afetarão as estatísticas ou suas séries históricas, assegurou o BC.
A última semana do mês ainda reserva a divulgação do IPCA-15 e IGP-M de fevereiro, respectivamente, para terça e quinta-feira, 25 e 27. Os índices poderão confirmar o rebote no custo da energia elétrica que despencou em janeiro pelo bônus de Itaipu nas contas de luz.
Na agenda externa, o PIB dos EUA no quarto trimestre tem anúncio previsto para quinta, 27, e inflação no dia seguinte. Especialmente o dado de inflação (PCE) de janeiro é relevante para a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juro. A próxima reunião de política monetária do BC americano será em 19 de março – mais uma vez coincidente com o encontro do Copom, no Brasil.
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