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Depois de investir na Mottu e em dezenas de startups, Allievo Capital quer R$ 200 milhões para search fund

A Allievo Capital é uma casa jovem dentro do mercado de private equity brasileiro com cinco anos de existência e com cerca de R$ 300 milhões sob gestão. Agora, a gestora quer crescer em uma estratégia de investimento que vem ganhando cada vez mais tração no País, os chamados search funds.
A gestora iniciou a captação de um fundo de fundos (FoF, na sigla em inglês) para essa tese com o objetivo de levantar até R$ 200 milhões para aproveitar o crescimento dessa estratégia dentro do País.
“Estamos estudando e acompanhando a indústria de search funds desde a nossa fundação”, diz Matheus Baldi, cofundador da Allievo Capital, ao NeoFeed. “E. agora que a estratégia está madura, estamos prontos para escalar.”
Os investimentos seguirão a receita tradicional dos search funds. A Allievo pretende encontrar profissionais, muitos deles saídos de universidades de primeira linha do mundo, que estejam em busca de uma companhia para empreender via aquisição.
Escolhidos os empreendedores, conhecidos nesse formato de investimentos como searchers, a Allievo em conjunto com outros investidores vão fornecer recursos, o chamado search capital. São cheques entre US$ 400 mil e US$ 900 mil para que os empreendedores busquem um ativo para ser comprado dentro de um prazo de cerca de dois anos.
Esse montante inicial serve para financiar o salário do searcher durante a busca, seus gastos com estruturação da empresa, equipe para ajudá-lo em sua missão e custos referente a esse processo, como gastos com viagem e diligências. Em contrapartida, o investimento inicial garante aos investidores o direito de investir no momento da aquisição (acquisition capital).
Após o ativo ser encontrado, a gestora decidirá se vai ou não seguir adiante, analisando a companhia alvo. Se decidir seguir em frente, a estratégia da Allievo é de realizar um aporte de cerca de R$ 10 milhões, contribuindo para a aquisição do investimento e detendo uma participação minoritária.
Os recursos levantados pela Allievo através do FoF servirão para financiar todos esses passos do processo, comprando cotas dos search funds criados por esses empreendedores. A ideia é financiar entre 35 e 50 searchers na primeira fase para investir em 12 a 17 das empresas encontradas por esses empreendedores. O mandato do fundo também prevê exposição internacional, mas o foco é o Brasil.
O veículo que está sendo levantado nasce ancorado pela base atual de investidores da Allievo. A gestora já assinou dois commitments no último mês com searchers e pretende alocar os recursos do fundo entre quatro e cinco anos.
Para tocar a estratégia, a Allievo trouxe, em janeiro deste ano, André Dionysio, que foi responsável pela parte de M&A da Voke, empresa de aluguel de equipamentos que foi adquirida por um search fund investido pela Spectra, gestora de ativos alternativos com aproximadamente R$ 7 bilhões sob gestão e que tem se destacado nesse segmento.
Segundo Guilherme Queiroz, cofundador da Allievo, o fato da casa ter um fundo dedicado exclusivamente a search funds é um diferencial em relação a outros nomes no mercado que atuam com essa tese, mas que também contam com outras estratégias.
“Entendemos que tem um mercado que não acessa esses fundos e que pode acessar o nosso, por poder fazer uma alocação individual nesse tipo de investimento”, diz Queiroz.
Ele destaca que o search fund é um bom formato para investir em empresas do chamado pequeno e médio porte, uma vez que possui alguns mitigantes de risco, exigindo que a empresa tenha receita recorrente, margens elevadas e não esteja muito alavancada. “Existe uma estrutura na aquisição que ajusta o risco que se quer tomar”, afirma Queiroz.
A Allievo já tem experiência com a estratégia de search fund, tendo feito dois investimentos dessa forma. Uma delas foi na Colortel, de locação de equipamentos de refrigeração para empresas, e a outra foi a Tátil Design, empresa de design voltada para branding.
O modelo de search funds vem ganhando tração no País. Segundo um levantamento feito pela própria Allievo, a quantidade acumulada desses tipos de fundos plenamente financiados atingiu 43 em 2024, até o começo de abril. No ano passado, eram 39.
Além da Allievo, a Spectra tem aumentado sua exposição a search funds, área em que já fez 13 investimentos e tem 27 “searchers” buscando um ativo para comprar. Outro nome que está investido nessa modalidade é a KVIV Ventures, de Raphael Klein, neto do fundador da Casas Bahia.
Pés no chão
A estratégia de search funds é a terceira tese de investimento da Allievo, junto com venture capital e growth equity. A casa foi fundada em 2019, quando Queiroz e Baldi se conheceram durante um programa de intercâmbio em Harvard para gestores.

Ambos possuem background distintos. Baldi atuou na indústria e trabalhou na empresa de embalagens de joias e relógios da família, a Estojos Baldi. Queiroz, por sua vez, tem quase 15 anos de experiência no mercado financeiro, passando por private equity, real estate e em family offices, além de Tishman Speyer e a Starwood Capital Group.
Durante o programa, ambos começaram a se aproximar, trocar experiências e olhar negócios juntos, observando que as experiências passadas eram complementares. Foi quando decidiram criar a Allievo, para atuar em mercados privados. “Unir forças ficou muito óbvio e o que a gente entendia de investimentos, o ambiente que gostaríamos de estar, do private equity, foi um caminho claro para nós”, diz Baldi.
Eles começaram a analisar alguns negócios e captar para fazer investimentos, recorrendo a club deals, algo que permanece até hoje. Essa decisão, segundo Queiroz, se deve a uma visão de que o investidor poderia preferir o risco de um ativo stand alone do que de um portfólio.
Um dos primeiros investimentos relevantes da Allievo foi na Mottu, startup de aluguel de motos e serviços logísticos, em 2020. Por meio de um club deal, a gestora levantou capital, não revelado pelos sócios, para adquirir uma participação minoritária na empresa, durante a rodada seed, que levantou US$ 2 milhões a um valuation de US$ 17 milhões em 2020.
Desde então, a Allievo investiu em 23 empresas, como a lawtech Turivius, a startup de processamento de notas fiscais V360, a plataforma online para o mercado publicitário Winnin e a plataforma de residência médica Medway.
A Allievo tem como aspiração entregar o equivalente a 40% de taxa interna de retorno (TIR) ao ano bruto, ajustada ao risco. “Hoje, se considerarmos todos os investimentos que fizemos, ponderados pelo tempo, e trazer a valor de mercado, baseado nas últimas rodadas de investimentos, temos gerado 40% de retorno ao ano no papel”, diz Queiroz.
A estrutura de search funds casa bem com a filosofia de investimento da casa. Queiroz diz que a Allievo não foca em temas quando vai investir, mas sim em combinar crescimento com valor, dando um “peso desproporcional” para a capacidade financeira das investidas no processo decisório, além de buscar empreendedores “pé no chão”, mas com sonhos grandes.
Negócios
Itaú prepara ofensiva na disputa com as carteiras digitais

O Itaú prepara duas ações para tentar derrubar uma liminar da Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que impôs uma medida preventiva contra o banco no âmbito de um processo administrativo que apura imposição de barreiras em transações de carteiras digitais de concorrentes, apurou o NeoFeed.
A primeira das medidas é um recurso no próprio Cade para que a liminar possa ser analisada pelo tribunal do conselho, colegiado que conta com sete participantes. A liminar foi uma decisão de Alexandre Barreto, superintendente-geral do Cade.
Além de recorrer ao próprio Cade, o Itaú vai entrar na Justiça Federal do Distrito Federal para tentar anular a decisão do órgão concorrencial brasileiro, alegando que não exerceu o direito ao contraditório e que teve o seu direito de defesa cerceado.
Nos dois casos, o objetivo do Itaú é derrubar a liminar, que ordena ao banco que cesse imediatamente as condutas consideradas irregulares sob pena de uma multa diária de R$ 250 mil. A decisão é de 14 de fevereiro, mas se tornou pública na sexta-feira, 21 de fevereiro. A informação foi noticiada em primeira mão pelo jornal Valor Econômico.
A tese da defesa do Itaú, além de recorrer do mérito da questão, é que ao longo do processo administrativo, a área jurídica do banco não teve acesso a todo o processo, pois muitas das acusações feitas ao Itaú estavam tarjadas (não podiam ser vistas), segundo uma fonte próxima ao banco.
O processo foi aberto no Cade, no ano passado, a partir de uma representação do Ministério Público Federal, que recebeu denúncia da Associação Brasileira de Internet (Abranet), que tem entre seus associados PicPay, Mercado Pago, RecargaPay, entre outras carteiras digitais.
A Abranet alega que o Itaú está bloqueando transferência de recursos de cartões emitidos pelo banco na modalidade de crédito de forma discriminatória. Segundo a liminar, “foram coletadas informações, fundadas em ampla documentação, relativas à existência de recusa/negativa de transações via cartões de crédito”.
Em nota enviada ao NeoFeed (confira a íntegra no fim do texto), o Itaú diz que “teve seus direitos gravemente violados, quando lhe foi negado acesso à íntegra dos autos e, estranhamente, é o único implicado na medida preventiva, ainda que haja evidências no processo de que outros bancos e fintechs possuem práticas semelhantes de negativa de transação. Nesse contexto, o Itaú está convicto de que não violou qualquer regra de livre concorrência e recorrerá contra a medida preventiva para as instâncias competentes”.
Uma fonte próxima ao banco diz que desde 2022 o Itaú notou que titulares de cartões emitidos pelo banco usavam o cartão na modalidade crédito para transferir dinheiro para carteiras digitais. E que as taxas de inadimplência desses clientes eram altas.
Na nota enviada ao NeoFeed, o Itaú informa que “apurou que transações com cartões de crédito em carteiras digitais, realizadas para transferências de valores e pagamento de contas e boletos, apresentavam inadimplência até cinco vezes superior às transações de compra com cartão de crédito”.
A partir disso, o Itaú criou ratings para os clientes de carteiras digitais. Aqueles com boas notas, podiam transferir dinheiro para qualquer carteira, sem restrições. Os de pior, não conseguiam fazer o cash in. Nas notas intermediárias, havia também algumas restrições.
“Essas regras valem para todas as carteiras digitais, inclusive o iti, que é do próprio Itaú”, afirma essa fonte. “Tanto que o Itaú aprovou, em 2024, mais de 70% das transferências solicitadas para o PicPay. Não há nenhuma discriminação.”
Outro ponto da defesa do Itaú é que, como emissor do cartão, ele tem o direito de administrar os limites dos clientes, bem como aprovar ou negar autorizações de transferências e compras.
No texto que justifica a medida preventiva, Alexandre Barreto, superintendente-geral do Cade, escreve que as práticas “relatadas ao Ministério Público Federal pela PicPay envolvem o fato de que o Banco Itaú recusa transações com cartão de crédito embarcado em sua plataforma para pagamento de boletos, transferências Pix ou transferências entre clientes (P2P), ao passo que este banco emissor permite que os mesmos tipos de transações sejam realizadas nos seus próprios canais, como aplicativos digitais e sites.”
Uma fonte próxima ao PicPay disse ao NeoFeed que o Itaú não só começou a negar as transações, como também, após identificar que era via uma carteira digital, oferecer o seu serviço. “E você sabe o poder de mercado que o Itaú tem. Principalmente na área de cartões”, afirma.
Sobre o Mercado Pago, o superintendente-geral do Cade diz que a empresa “relatou que, além das recusas relacionadas à autorização das transações nas carteiras digitais, o Representado não estaria utilizando os códigos de respostas acerca dos motivos da recusa, o que dificulta a visibilidade e a transparência nos critérios adotados.”
E, Abranet, por sua vez, segundo o texto de Barreto, destaca que a atuação do Itaú “revela que as Associadas narram uma série de problemas por elas vivenciados em relação àquele banco emissor”.
Procurada, a Abranet não retornou aos pedidos de comentários. O PicPay disse que não iria comentar. E o Itaú enviou a nota abaixo:
“O Itaú Unibanco apurou que transações com cartões de crédito em carteiras digitais, realizadas para transferências de valores e pagamento de contas e boletos, apresentavam inadimplência até cinco vezes superior às transações de compra com cartão de crédito. Essa alta inadimplência leva ao desequilíbrio financeiro das transações com prejuízos mensais relevantes para a instituição, além de contribuir para um aumento significativo do superendividamento das famílias. Por essas razões e com base nas regras de boas práticas bancárias, aplicáveis ao produto cartão de crédito, e na lei de prevenção ao superendividamento, o Itaú iniciou a negativa de algumas transações com cartão em carteiras digitais, especialmente aquelas tentadas por pessoas economicamente vulneráveis. Desde 2022, essa decisão foi compartilhada com as carteiras digitais e com o Banco Central, que sempre ratificou a legitimidade da conduta do Itaú. Em relação à preventiva, o Itaú teve seus direitos gravemente violados, quando lhe foi negado acesso à íntegra dos autos e, estranhamente, é o único implicado na medida preventiva, ainda que haja evidências no processo de que outros bancos e fintechs possuem práticas semelhantes de negativa de transação. Nesse contexto, o Itaú está convicto de que não violou qualquer regra de livre concorrência e recorrerá contra a medida preventiva para as instâncias competentes.”
Negócios
Onda verde: como o pistache se tornou uma mania global

Não é preciso ser ligado em gastronomia para ver que o Brasil “pistacheou“. Originária do Oriente Médio, a noz de cor esverdeada está por todos cantos. Em petiscos, pratos salgados, doces, bolos, sorvetes. Se é comida, pode apostar, há sempre um jeito de incluir o ingrediente-fenômeno na receita.
A febre do pistache é, com o perdão do trocadilho, fruto de um dos cases de marketing mais bem-sucedidos dos últimos anos — no mundo todo. E tudo começa nos Estados Unidos. Graças a uma série de inovações agrícolas, os americanos começaram a produzir a noz em quantidades colossais. Como o mercado interno não daria conta de absorver safras cada vez maiores da oleaginosa, decidiram pintar o planeta de verde.
Até a década passada, o grande produtor de pistache era o Irã. Ainda que a noz não esteja na lista de sanções impostas ao governo dos aiatolás por boa parte do Ocidente, os agricultores iranianos têm sofrido com as restrições ao acesso a apoios financeiros internacionais.
Assim, os americanos assumiram a liderança global. Hoje, eles são responsáveis por 523,9 mil toneladas anuais, segundo dados do portal Atlas Big. Enquanto no Irã as colheitas chegam a 135 mil toneladas. Em terceiro lugar está a Turquia, com 119,3 mil toneladas.
E é aí que entra o trabalho da American Pistachio Growers (APG), uma associação sem fins lucrativos que representa mais de 800 produtores da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas, criada justamente para dar visibilidade ao produto dos Estados Unidos e ajudar na vazão do estoque do país. Foi criado até o dia mundial do pistache: 26 de fevereiro.
Uma das principais iniciativas do grupo foi promover o produto nas redes sociais, com influenciadores e chefs estrelados de todo mundo enaltecendo a versatilidade e o sabor leve, entre o doce e o salgado, do pistache. E, claro, os benefícios para a saúde de uma das proteínas vegetais mais completas, rica em antioxidantes e fibras.
Publicação recente na plataforma da associação garante: “Dois punhados diários de pistache podem ajudar a proteger os olhos dos danos causados pela luz azul [de telas de computador e celular] e podem reduzir o risco de problemas de visão relacionados à idade”. Apelar para a saúde é cartada das mais certeiras.
No Brasil, desde 2021, o escritório de São Paulo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também ajudou a impulsionar as vendas do produto, com ações publicitárias no País, incluindo depoimentos em redes muito utilizadas pela geração Z, como o TikTok. Deu certo.
Em 2003, as importações de pistache movimentavam apenas US$ 400 mil. Vinte anos depois bateram US$ 8,8 milhões, aumento de 2.200%, em duas décadas, segundo estudo da fintech de comércio exterior Vixtra, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior, do governo federal.
E, das 608 toneladas que chegam hoje ao mercado brasileiro, quase 80% vem dos Estados Unidos, movimentando US$ 6,8 milhões. A noz argentina fica com 18,2% (US$ 1,6 milhão) e a iraniana, com 4,1% (US$ 0,4 milhão).
“A estratégia dos Estados Unidos foi extremamente bem-sucedida. A geração Z é muito conectada à novidade”, diz Luciana Florêncio, professora do mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em entrevista ao NeoFeed.
Para ela, a “glamourização” do produto importado e a grande exploração nas redes sociais foram fundamentais para o sucesso de vendas da oleaginosa, em suas mais variadas formas.
“As nossas atitudes impactam o comportamento de consumo. E isso também vem de olhar o que o outro faz”, afirma Florêncio. “O pistache viralizou nas redes sociais, somado ao discurso da moda de um produto saudável e da facilidade do acesso.”
E, isso, apesar do preço do fruto ser ainda um tanto salgado: R$ 200, em média, o quilo.
O sucesso da noz gelada
Na gelateria Bacio di Latte, ainda que todo o pistache consumido nas lojas do País venha do Sul da Itália, a empresa percebeu, em volume e em faturamento, o crescimento do consumo no Brasil a partir das plantações dos Estados Unidos.
Em 2022, a empresa importava 30 toneladas da noz. No ano passado, foram 100 toneladas, exatamente para suprir o aumento da demanda.
Nas 200 lojas da rede no país e nas nove nos Estados Unidos, além dos 8 mil pontos de venda no varejo, o gelato de pistache lidera no volume de vendas em todas elas. No top 5 dos produtos mais pedidos, está a mousse… de pistache.
“Hoje as vendas de produtos com pistache representam 50% a mais do que o segundo colocado, o chocolate belga”, diz Fábio Medeiros, diretor de marketing da Bacio di Latte.
Dos R$ 850 milhões faturados pela empresa em 2024 (e que deve chegar a R$ 1,2 bilhão em 2025), 20% vêm dos produtos com sabor pistache. Hoje são mais de 15 itens oferecidos pela empresa de sabores derivados da oleaginosa.
E, para Medeiros, acreditem, ainda há espaço para crescer. “Com mais marcas e mais pistache disponível, sendo produzidos por docerias menores e grandes marcas, o produto entra mais na cabeça do consumidor. E quem oferece algo de qualidade, sai ganhando com isso”, afirma executivo.
Veio para ficar
Os analistas de mercado e especialistas em marketing concordam. Para Florêncio, da ESPM, a febre do pistache não é moda passageira, não. O produto, segundo ela, deve ser incorporado de vez ao hábito de consumo do brasileiro.
“Vai chegar o momento da análise crítica sobre as várias formas do pistache, mas acredito que o ingrediente em si passe a fazer parte da realidade do consumidor. Essa associação de que é um produto saudável está na base de consumo. E isso já foi feito”, afirma a professora da ESPM.
Ela acredita que o marketing do pistache poderia ser uma boa inspiração para o crescimento de volume das oleaginosas brasileiras no exterior, como a castanha do Pará, conhecida globalmente como “castanha do Brasil”.
Mas, para José Eduardo Camargo, presidente da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC), ainda é necessário que o setor faça a lição de casa.
“O marketing precisa estar associado à disponibilidade do produto, que é o ocorre nos Estados Unidos”, diz Camargo. “Para nós, seria importante aumentar a produção da castanha. Mas o exemplo dos americanos deve, sim, servir de inspiração.”
Ainda que haja demanda para aumento no volume da importação, é possível que o Brasil comece a dar alguns pequenos passos para sair da condição de apenas comprador para se transformar também em produtor de pistache.
A Embrapa Agroindústria Tropical, por exemplo, desenvolve projeto para o início de cultivo do pistache até 2027 no Ceará, com colheitas previstas para 2035. O momento agora é de definição do material genético, para adaptação da planta no Nordeste brasileiro. E de onde virão as amostras dos genes? Dos Estados Unidos, claro. O pistache realmente veio para ficar.
Negócios
O peso de ser filha de um mito chamado Elvis Presley

Lisa Marie Presley era filha de um rei. O do rock. Mas, em sua mente de criança, a grandiosidade de Elvis ia muito além: “Eu achava que meu pai podia mudar o clima. Para mim, ele era um Deus. Um ser humano eleito”. Para o bem e para o mal: “Se estivesse de péssimo humor, o tempo lá fora ficava terrível; se o dia estivesse tempestuoso, era porque ele estava prestes a estourar”.
As lembranças de Lisa Marie com o pai são os melhores momentos da autobiografia póstuma Rumo ao grande mistério: Memórias. Ela tinha apenas oito anos, quando o corpo do astro foi encontrado em 16 de agosto de 1977, em um dos banheiros da mansão Graceland, em Memphis, no Tennessee.
O livro estava quase pronto quando a autora morreu em 12 de janeiro, de 2023, aos 54 anos, vítima de uma obstrução intestinal, em decorrência de uma cirurgia bariátrica para perda de peso. Rumo ao grande mistério foi finalizado por sua filha mais velha, a modelo e atriz Riley Keough, de 35 anos.
Lisa vinha trabalhando na autobiografia há bastante tempo, mas não conseguia terminá-la. Em janeiro de 2022, um mês antes de morrer, pediu ajuda a Ryle para finalmente encerrá-lo. No processo, a atriz usou gravações feitas pela mãe.
E o resultado impressiona pela sinceridade — e pela riqueza de detalhes. O amor incondicional pelo pai; a vida em Graceland; a convivência com a mãe Priscilla; as frequentes mudanças de escola por causa de mau comportamento; a luta contra o vício em álcool, drogas e remédios; o relacionamento com o ator e músico Danny Keough; o casamento com Michael Jackson; o luto pela morte do filho Benjamin Keough, entre outras passagens. Da narrativa emerge uma mulher apaixonada, alegre, carinhosa e complexa. De uma solidão comovente.
A convivência entre Lisa e Elvis era restrita às férias escolares, já que ela vivia com a mãe, em Los Angeles — Elvis e Priscilla se divorciaram em 1973. Apesar do tempo restrito, pai e filha mantiveram uma relação estreita, marcada pela busca quase obsessiva da menina para agradar a Elvis.
“Fazê-lo feliz, fazê-lo rir — era este o meu mundo inteiro. Se eu descobrisse que ele achava certa coisa engraçada, faria aquilo o máximo possível para diverti-lo”, lê-se na obra, lançada no Brasil pela editora Rocco. “Nossa proximidade era muito maior do que eu jamais deixei transparecer a qualquer pessoa no passado. Ele me amava muito e era muito dedicado, mil por cento presente o tanto quanto podia, apesar de todos ao seu redor.”
Mas a vida ao lado do cantor não era fácil. “Ele era intenso e ninguém queria ser o alvo da sua raiva”, lembrou Lisa. Se ela o aborrecia, ou se ele estava zangado com a filha, parecia que era o fim do mundo: “Eu não conseguia suportar. Quando ele se chateava comigo, eu levava para o lado pessoal e ficava simplesmente destroçada. Queria a aprovação dele em tudo”.
Mesmo depois de anos, mesmo adulta, a filha nunca superou a perda do pai: “Houve noites em que eu simplesmente fiquei bêbada, ouvi sua música, sentei-me e chorei. A tristeza ainda vem. Ela ainda está lá”, contou.
Erguida em 1939 por um médico e comprada por Elvis vinte anos depois, Graceland merece uma longa, emotiva e minuciosa descrição de Lisa. Tão minuciosa que o leitor parece passear pelo lugar, em sua companhia.
Lisa Marie tentou carreira na música e chegou a lançar três álbuns, mas nunca deslanchou. Em 1994, se casou com outro rei — o do pop, Michael Jackson. A união foi o oficializada apenas 20 dias depois do divórcio de Keough e durou apenas dois anos.
“Michael (lhe) disse: ‘Não sei se você notou, Lisa Marie, mas estou completamente apaixonado por você. Quero que nos casemos e que você tenha meus filhos’. Eu não disse nada imediatamente, mas então falei: ‘Estou realmente lisonjeada, não consigo nem falar’. Naquela época, eu sentia que estava apaixonada por ele também”, relatou a autora.
“Acho que Michael tinha beijado Tatum O’Neal e ele teve um caso com Brooke Shields, que não foi físico, exceto por um beijo. Ele também disse que Madonna tentou ficar com ele uma vez, mas nada aconteceu entre os dois. Eu estava apavorada porque não queria fazer o movimento errado.”
Em uma entrevista de 2023, Priscilla disse que o astro só se casara com Lisa por causa de sua obsessão por Elvis.
Rumo ao grande mistério traz ainda outra passagem dolorosa da vida de Lisa: a perda do filho Benjamin. Em julho de 2020, no auge da pandemia, o jovem de 27 anos cometeu suicídio e, até enterrá-lo em Graceland, ela manteve seu corpo em casa, em gelo seco, por dois meses — o que suscitou uma enorme polêmica, quando livro foi lançado nos Estados Unidos.
Por não saber como lidar com a morte de Benjamin, Lisa justificou: aquele tempo fora importante para que ela conseguisse se despedir do filho.
Uma sensação muito semelhante à vivida por ela com Elvis, cujo corpo ficou em caixão aberto por dois dias, na mansão de Memphis: “Ter meu pai em casa após sua morte me ajudou muito, porque eu podia passar tempo com ele e falar com ele.”
As memórias de Lisa são dolorosas, mas pontuadas por situações de humor. Quando era criança, por exemplo, divertia-se às custas dos fãs que se aboletavam nos portões de Graceland. Por US$ 20, prometia a menina, ela tiraria uma foto de Elvis. Em vez do cantor, no entanto, ela fotografava a mansão.
Eram tempos alegres. Mas Lisa cresceu e teve de enfrentar as dificuldades da vida adulta e o peso de ser a filha única de uma lenda.
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