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Donald Trump “herda” dívida de US$ 34 trilhões. E ela vai crescer ainda mais

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Donald Trump “herda” dívida de US$ 34 trilhões. E ela vai crescer ainda mais
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Com a vitória oficialmente confirmada na eleição presidencial dos Estados Unidos, realizada nesta terça-feira, 5 de novembro, o candidato republicano Donald Trump derrotou a oponente democrata Kamala Harris com relativa vantagem e ainda comemorou a maioria republicana na Câmara e no Senado.

A reação inicial no mercado financeiro foi de euforia na manhã de quarta, 6, com ações subindo no pre-pregão e o dólar se valorizando. Trump, que prometeu “curar” os EUA e iniciar uma nova “era dourada” em seu discurso da vitória durante a madrugada, terá pela frente um desafio: tentar conter o crescimento da dívida pública dos EUA, de US$ 34 trilhões, de longe, a maior do planeta.

Essa conta, que vem crescendo como uma bola de neve nos últimos anos e hoje equivale a 99% do Produto Interno Bruto (PIB) americano, representa mais do que o dobro do segundo colocado do ranking, a China, com dívida batendo em US$ 13,8 trilhões.

A dívida pública dos EUA cresceu com o total desinteresse dos últimos ocupantes da Casa Branca em atacar o problema – incluindo Trump – e ganhou tração com pandemia, que levou o governo americano, já sob comando de Joe Biden, a liberar um auxílio assistencial de US$ 1,7 trilhão.

Antes do início da atual campanha presidencial, o Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), órgão do Legislativo americano, calculou que a dívida pública dos EUA vai subir 64% nos próximos dez anos para US$ 56,9 trilhões – engordando num ritmo anual de US$ 3 trilhões até 2034.

Apesar do fardo, o tema sequer foi abordado pelos dois candidatos durante a campanha. Na verdade, ambos foram na direção contrária: fizeram promessas que vão aumentar – e muito – o endividamento. Trump e Harris anunciaram apoio aos maiores impulsionadores do aumento dos gastos, a Previdência Social e o Medicare, que concentra os gastos públicos de saúde.

Ambos também prometeram estender trilhões de dólares em cortes de impostos que expiram no fim de 2025, em meio a um acordo bipartidário de que o imposto de renda federal não deve aumentar para pelo menos 97% das famílias.

Com Trump na Casa Branca, o endividamento americano tende a crescer com mais força. O novo presidente deve adicionar US$ 7,75 trilhões à dívida pública nos próximos dez anos, caso seus planos fiscais sejam inteiramente implementados. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump já havia acrescentado US$ 8,4 trilhões à dívida ao longo de uma janela de 10 anos.

“Nenhum presidente dos EUA na história, republicano ou democrata, recebe uma estrela dourada ou um Prêmio Nobel por controlar os gastos, os déficits e nossa dívida”, diz o deputado republicano Jodey Arrington, do Texas, presidente do Comitê de Orçamento da Câmara.

Essa escalada da dívida, porém, preocupa economistas e agentes do mercado, assustados com o possível impacto no médio prazo na economia americana, incluído aumento da inflação e das taxas de juros, que poderiam restringir o crescimento econômico.

Larry Fink, cofundador da gestora de ativos BlackRock, com US$ 11,5 trilhões sob gestão, publicou um artigo na terça-feira, 5 de novembro, no The Wall Street Journal, no qual chama a dívida pública de “calcanhar de Aquiles” de uma economia dos EUA forte.

Segundo ele, disciplina fiscal é importante, mas qualquer caminho realista para o país sair da dívida tem de depender principalmente do crescimento, com investimento em inteligência artificial e infraestrutura. “Precisamos aumentar o tamanho da nossa economia para que o que devemos se torne menor em relação ao que ganhamos.”

Outros economistas advertem que o aumento da dívida pública tende a atrapalhar a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que já cortou 0,5 ponto percentual da taxa de juros na última reunião e deverá cortar mais 0,25 pp na próxima na quinta-feira, 7 de novembro.

“A percepção de muito mais estímulo fiscal chegando sugere que a inflação pode ser mais difícil de controlar”, afirma Sara House, economista sênior do banco Wells Fargo. “As taxas de juros podem precisar ficar um pouco mais altas, por um período maior.”

Pujança dos EUA

Os números negativos de endividamento ajudam a explicar por que, das três grandes agências de risco, duas rebaixaram o AAA, nota máxima de crédito de dívida dos EUA.

Por outro lado, é fato que o rápido crescimento da dívida pública americana – que aumentou 10 vezes nos últimos 35 anos, avançando quase três vezes mais rápido do que o PIB – tenha impactado com menos força do que poderia se imaginar, a ponto de se tornar um tema irrelevante numa campanha presidencial.

A principal explicação está na constatação da pujança da economia americana, que representa sozinha 26,1% do PIB global. A despeito da dívida – que este ano vai custar US$ 890 bilhões apenas em pagamentos de juros, mais do que o orçamento de Defesa -, os EUA crescem a um ritmo anual de 2,8% e taxa de emprego recorde.

Basta comparar esse crescimento do PIB dos EUA com o de outros países ricos, como o de 1,1% da economia britânica e o 1,0% da União Europeia em 2024. A dívida pública da França, equivalente a 110% do PIB, impacta muito mais na economia local do que a dívida dos EUA internamente.

Estender a comparação a países emergentes, como o Brasil, amplia ainda mais o fosso entre os EUA e o resto do mundo. Para se ter uma ideia, o déficit americano do ano fiscal encerrado em 30 de setembro foi US$ 1,9 trilhão, equivalente a 6% PIB dos EUA.

Por aqui, o governo federal está sendo bombardeado pelo mercado para apresentar um pacote de corte de gastos visando a reduzir o déficit de 2024, estimado em R$ 68,83 bilhões, equivalente a 0,7% do PIB e, mesmo assim, fora da meta fiscal.

“O debate fiscal é mais saudável no Brasil do que nos EUA”, afirmou André Esteves,  chairman e sócio sênior do BTG Pactual, durante evento do banco, há um ano. ”A melhor estratégia [para o Brasil] é perseguir a meta de zerar o déficit, ir até onde podemos chegar, e depois vemos o que fazer.”

Neste ano, Esteves voltou ao assunto. Para ele, a situação fiscal brasileira tem algumas semelhanças com os Estados Unidos, que também enfrentam um déficit elevado. O chairman do BTG destacou, no entanto, que essa é uma questão no debate público brasileiro, enquanto os candidatos à presidência americana não tocaram no tema.

Alguns fatores, porém, reforçam essas diferenças. A dívida dos EUA cresceu seguidamente nos últimos anos, mas as consequências temidas não se materializaram. As taxas de juros, pelo menos até 2022, permaneceram baixas. O fato de a dívida pública ser lastreada pelos títulos do Tesouro dos EUA – um ativo valorizado e procurado por vários países – também ameniza o impacto.

Há ainda o trunfo da moeda: o dólar continua sendo a moeda de reserva mundial. A China nunca foi um exemplo confiável para o mercado global trocar o dólar pelo yuan, enquanto o bloco europeu peca com seu euro por ter união monetária, mas não fiscal.

Economistas têm outras justificativas para o impacto limitado da dívida pública americana na economia interna. Uma parte pode até ajudar a alimentar inflação, mas o que pesou mais no aumento de preços foi a política fiscal expansionista do pós-pandemia, que levou a inflação a 9%, índice elevadíssimo para os padrões americanos.

A crise de 2008, por exemplo, que não teve expansão fiscal, não gerou inflação. Ou seja, os EUA de 2024 não são a Grécia de 2007. Há risco, mas não há crise fiscal.

Com isso, o efeito no curto prazo mais preocupante desse endividamento nos EUA seria político: em janeiro de 2025, vence o prazo para o Congresso americano renegociar o teto da dívida.

Em janeiro de 2023, quando venceu o prazo anterior, a divisão no Congresso arrastou a disputa por cinco meses, a ponto de o Tesouro americano ficar ameaçado por falta de liquidez. Mesmo assim, o acordo acabou sendo fechado e a economia seguiu seu curso, sem maiores impactos.

Com maioria assegurada nas duas Casas, Trump não deverá ter dificuldade de renegociar esse teto. Outro gatilho à espera de Trump na Casa Branca é a expiração iminente de grande parte da lei tributária de 2017.

Se o Congresso não agir até o fim de 2025, os impostos aumentarão para a maioria das famílias, um caminho para a redução do déficit que Trump seguramente deve descartar. Ou seja, nos próximos quatro anos, a dívida pública dos EUA tende a continuar sendo um tema solenemente ignorado na agenda da Casa Branca.



Fonte: Neofeed

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A Caatinga, bioma mais pobre do Brasil, pode ser uma solução para a fome

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A Caatinga, bioma mais pobre do Brasil, pode ser uma solução para a fome
Tempo de Leitura:5 Minuto, 47 Segundo


Com o fim da temporada das chuvas, as folhas caem, deixando os troncos esbranquiçados à amostra. Do tupi, “caa”, “mata” e “tinga“, “branca”. Na Caatinga, a natureza parece morta — só que não.

As plantas desfolham para reduzir a perda de água pela transpiração e, dessa forma, sobreviver aos períodos mais secos. Basta a chuva voltar a cair para a paisagem esverdear de novo. Deveria ser assim, como sempre foi. Mas o caos climático está subvertendo a dinâmica do único bioma 100% brasileiro.

Com secas cada vez mais longas e frequentes, a Caatinga está ameaçada virar deserto. E, com o declínio ambiental, vem o agravamento da miséria, da fome e da sede de uma gente há muito depauperada — quase 20% da população rural mais pobre do país vive no bioma e depende dele para sobreviver.

Mas ainda há esperança, revela estudo recém-divulgado pelo Instituto Escolhas. Intitulado Os bons frutos da recuperação de florestas: do investimento aos benefícios, o levantamento da ONG socioambiental mostra: a restauração de 1 milhão de hectares da Caatinga, em áreas de preservação permanente e reserva legal, criaria 465,8 mil empregos e produziria 7,4 milhões de toneladas de frutas, hortaliças e verduras.

É comida em quantidade o suficiente para alimentar as comunidades locais e ainda proporcionar renda extra aos agricultores. Os produtos, aponta o relatório da entidade, poderiam ser incorporados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar e vendidos nas feiras e mercados das localidades onde são produzidos — muitas delas, inseridas em desertos alimentares, onde o acesso a alimentos frescos e nutritivos é precário.

Ao fim e ao cabo, os R$ 15 bilhões necessários para a recuperação do 1 milhão de hectares resultariam em R$ 29,7 bilhões em receita líquida — quase o dobro do total investido.

“Isso é renda, isso é gente comendo, isso é mais alimentos nas feiras, isso é a agricultura familiar sendo empoderada”, diz Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, em conversa com o NeoFeed. “Ou seja, a recuperação do que já foi desmatado na Caatinga é uma estratégia também de redução da pobreza, de combate às desigualdades e pelo fim da fome.”

O modelo avaliado pela organização é o chamado sistema agroflorestal (SAF). As agroflorestas alinham os interesses ecológicos aos econômicos, conciliando o plantio de espécies nativas com culturas agrícolas — os dois interagindo entre si e ambos se beneficiando mutuamente.

De um lado, a preservação ambiental, com a promoção da biodiversidade, melhoria da qualidade do solo, controle da erosão, preservação dos recursos hídricos… e de outro, o cultivo sustentável de alimentos, com alívio da pressão sobre a terra e a água, queda na incidência de pragas e doenças e, consequentemente, redução da necessidade de agrotóxicos.

Luz no fim do túnel

Atualmente, no Brasil, a produção agroflorestal é desenvolvida majoritariamente pela agricultura familiar. E, como define a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares, a Caatinga é “o bioma mais rural do país”. Cerca de 32% dos estabelecimentos agropecuários estão na região.

E pouco mais de 25% de seus 28 milhões de habitantes trabalham no setor agropecuário, enquanto a média nacional é de cerca de 6%, informa o estudo Agricultores familiares da Caatinga e do Cerrado: Mapeamento para a promoção de uma transição rural justa no Brasil, elaborado pela ONG Climate Policy Initiative (CPI).

Das cerca de 1,6 milhão de propriedades rurais da região, 75% têm, no máximo, 20 hectares. Ou seja, o bioma é dos pequenos produtores. Mas há um (enorme) problema, como alertam os analistas da CPI.

“Os agricultores familiares da Caatinga apresentam níveis mais baixos de produtividade e de acesso à assistência técnica. Ainda mais importante é o fato de que um grande número de agricultores familiares depende da agricultura de subsistência e vive em locais de extrema pobreza. Tal realidade os expõe ainda mais ao risco climático, devido ao acesso restrito a mecanismos de mitigação, como seguros ou insumos resilientes ao clima.”

“A recuperação do que já foi desmatado na Caatinga é uma estratégia também de redução da pobreza, de combate às desigualdades e pelo fim da fome”, diz Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas (Foto: Divulgação/Instituto Escolhas)

Cerca de 30% das espécies de plantas da Caatinga são endêmicas, como o mandacaru

Adaptado ao calor extremo e à escassez de alimento e água, o roedor mocó é um dos 317 tipos de animal que só existe na Caatinga

Um passo importante rumo à preservação produtiva do bioma foi dado nesta quarta-feira, 11 de dezembro. Por unanimidade, a Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou o projeto de lei (PL) 1990/2024, que institui  a Política Nacional para a Recuperação da Vegetação da Caatinga.

Proposto pela senadora Janaína Farias, do PT, do Ceará, o dispositivo determina, entre outras medidas, a ação articulada da União, Estados, municípios e ONGs para a formulação e implementação de políticas públicas para a restauração e o uso sustentável dos recursos ambientais do ecossistema. E, isso, com a participação das comunidades locais, prevendo a capacitação dos trabalhadores. O projeto segue agora para apreciação da Câmara dos Deputados.

“A aprovação do PL é um  marco histórico. Pela primeira vez, um bioma no Brasil terá uma política própria para guiar a sua recuperação”, comemora o diretor executivo do Instituto Escolhas. “Para que a bioeconomia possa crescer, essas comunidades precisam de apoio. O Brasil, por exemplo, é forte no agro porque foi feito todo um aporte de investimentos e formação de pessoal.”

Uma evolução muito peculiar

Se aprovado também na Câmara, o PL acena com a promessa de um olhar mais atento e cuidadoso para uma região que, desde sempre, sofre com a “falta de vigor institucional”, como definem os pesquisadores do projeto No Clima da Caatinga.

“Há menos conhecimento científico produzido sobre o bioma e menos grupos de pesquisadores seniores em atividade, se compararmos com a Amazônia e a Mata Atlântica, mesmo a Caatinga apresentando biodiversidade comparável”, escrevem os especialistas no relatório Caatinga, a floresta que é a cara do Brasil.

Estendendo-se pelos nove estados do Nordeste e o extremo norte de Minas Gerais, a Caatinga já perdeu 34 milhões de seus 82,6 milhões de hectares. É o quarto maior bioma brasileiro, atrás apenas da Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado e à frente do Pampa e do Pantanal.

Durante milênios, a região passou por oscilações intensas de temperaturas, curtos períodos de tempo nos quais o calor e o frio se alternavam drástica e rapidamente, submetendo a flora e fauna a um processo evolutivo muito particular.

Assim, algumas espécies não são encontradas em nenhuma outra floresta semiárida, apenas aqui — o que explica a importância do bioma para o planeta.

Três em cada dez plantas da região são endêmicas. Mandacaru, xique-xique, catingueira, barriguda e umbuzeiro, por exemplo, são privilégio brasileiro. Tal qual 317 dos 1.1824 tipos de animais. Entre eles, o tatu-bola, o periquito-cara-suja, o mocó, o tamanduá-mirim, o veado catingueiro… dos quais 47 estão ameaçados de extinção.





Fonte: Neofeed

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Com Selic em alta, empresas enfrentam desafio ainda maior em rentabilidade

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Com Selic em alta, empresas enfrentam desafio ainda maior em rentabilidade
Tempo de Leitura:3 Minuto, 9 Segundo


Na última reunião presidida por Roberto Campos Neto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira, 11 de dezembro, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

A decisão representa um baque para muitas companhias listadas na B3, que se encontram num momento em que não conseguem rentabilizar o capital em magnitude suficiente para cobrir o custo do dinheiro, prejudicando a atração de recursos para investimentos.

E considerando que a Selic deve seguir subindo em 2025, as companhias devem sofrer ainda mais para entregar uma rentabilidade capaz de atrair investidores, pagar suas dívidas e ter recursos para expandir as operações.

Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Málaga Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, obtido com exclusividade pelo NeoFeed, que analisou 261 empresas listadas na Bolsa no período de 12 meses até 30 de setembro.

O estudo calculou a rentabilidade das companhias listadas, numa média histórica. O que se viu é que 75% das empresas apresentam rentabilidade inferior a 10% ao ano. A média foi de 7,76% ao ano, com 45 companhias apresentando rentabilidade negativa.

“O Brasil está desestimulando os investimentos corporativos, a iniciativa, o empreendedorismo, a pesquisa e o desenvolvimento, por conta do ambiente de juros elevados”, diz Flávio Málaga, sócio fundador da Málaga Assessoria, ao NeoFeed.

Os juros são apenas uma parte da equação da questão da rentabilidade, mas representam um aspecto importante da equação, considerando o peso que tem sobre as despesas financeiras das companhias, além de ser um sintoma de uma questão que poderia ter sido endereçado pelo governo através de um ajuste fiscal crível.

Málaga destaca que existe uma “trava concorrencial estrutural” para as empresas aumentarem sua rentabilidade, o que é natural, considerando que muitas companhias enfrentam mercados concorridos, o que naturalmente acaba limitando os ganhos.

“Muitas empresas enfrentam um ambiente concorrencial que impede de auferir grandes rentabilidades, muitas têm teto para aquilo que podem render”, afirma ele. “Mas temos um país que não cresce e uma alta despesa com juros. Essa combinação toda derruba a rentabilidade.”

São poucas as empresas que conseguem contornar a situação, que é o caso da WEG. Um dos principais nomes de seu setor no Brasil e no mundo, com claros diferenciais competitivos, a companhia catarinense consegue entregar uma rentabilidade de 30% ao ano, melhor resultado entre as empresas do estudo. A Ambev e a Vale são outras que estão neste grupo privilegiado, considerando seus tamanhos e relevâncias em seus mercados.

“Para ser uma empresa com uma rentabilidade ótima, a companhia precisa ter uma rentabilidade de 20% ao ano, estaria entre as top 20 ou top 30 do Brasil”, diz o sócio fundador da assessoria financeira.

Málaga destaca que o cenário atual é particularmente nefasto para as empresas de varejo, em que a diferenciação é mais difícil, as rentabilidades são estruturalmente menores e as companhias dependem de dívida para girar estoques e recebíveis.

Das empresas analisadas, 25 delas atuam neste segmento, de RD Saúde e Track&Field, que conseguem apresentar bons índices de rentabilidade, até Casas Bahia e Magazine Luiza, nas últimas posições.

Nesse grupo, segundo Málaga, a margem de lucro gira na casa dos quatro e cinco pontos percentuais sobre a receita. “E as despesas com juros come praticamente todo o lucro operacional”, diz ele. “Se essas companhias estiverem com um desempenho apenas mediano, os juros vão corroer o lucro.”

Para incentivar novamente os investimentos em empresas, Malaga diz que os juros precisariam estar, nominalmente, entre 7% e 8% ao ano, para incentivar novamente os investimentos em empresas, levando em conta a rentabilidade que as companhias vêm apresentando. Mas sem um sinal de ajuste crível do governo federal, a situação deve permanecer difícil para as empresas.





Fonte: Neofeed

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A estratégia da Novo Nordisk para enfrentar o fim da patente do Ozempic no Brasil

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novo nordisk ozempic
Tempo de Leitura:4 Minuto, 39 Segundo


A menos de dois anos da expiração da patente no Brasil dos blockbusters Ozempic e Wegovy, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk se prepara para a inevitável perda de mercado com o fim da exclusividade sobre a molécula da semaglutida. Sua estratégia: a modernização e ampliação bilionária da fábrica de Montes Claros, em Minas Gerais.

A companhia acaba de anunciar o investimento de R$ 500 milhões, na unidade fabril brasileira. Com o novo aporte, o total destinado às obras, apenas em 2024, chega a R$ 1,36 bilhão. A ideia é triplicar, até 2027, a produção da enzima enteroquinase, essencial para a produção de dois de seus medicamentos mais vendidos no mundo. A substância “made in Brazil” garante o abastecimento do Ozempic e do Wegovy para mais de 70 países.

“A demanda para produtos da empresa teve uma explosão no mundo. Por isso, a gente precisa produzir mais esses medicamentos, o que explica a importância da ampliação da fábrica de enzimas em Montes Claros”, afirma Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da unidade mineira da farmacêutica, em conversa com o NeoFeed.

“A companhia viu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor global de enzimas ao invés de comprar de outras empresas. E isso nos garante um diferencial competitivo”, complementa.

O resultado global do terceiro trimestre da Novo Nordisk explica a decisão da companhia. Só com o Wegovy, o aumento foi de 79%, entre julho e setembro deste ano. No período, o faturamento global alcançou 34 bilhões de coroas dinamarquesas (o equivalente a R$ 28,8 bilhões). O crescimento geral das vendas foi de 24% sobre o terceiro trimestre de 2023.

Corrida pelo genérico

Com o aumento da produção da enzima, o custo de fabricação dos remédios naturalmente cai. E isso é também um fator importante a se considerar no momento em que é dada a largada na corrida pelos genéricos da semaglutida. Laboratórios nacionais, como EMS, Biomm, Cimed e Prati-Donaduzzi, já demonstraram interesse em produzir o composto ativo.

“Toda vez que expira uma patente a concorrência aumenta, e isso é muito bom para o setor de saúde no Brasil”, diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), em entrevista ao NeoFeed.

Para ele, faz sentido o investimento da Novo Nordisk em solo nacional para reduzir os custos da fabricação do medicamento. “Com mais capacidade, o custo por unidade vai reduzir. E aí a empresa passa a ter condições de competir em patamar mais flexível com quem for lançar o genérico da semaglutida.”

“A companhia viu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor global de enzimas ao invés de comprar de outras empresas. E isso nos garante um diferencial competitivo”, diz Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da unidade mineira da Novo Nordisk (Foto: Divulgação/Novo Nordisk)

Em 2024, a Novo Nordisk investiu R$ 1,36 bilhão na fábrica da farmcêutica em Montes Claros, em Minas Gerais (Foto: Divulgação/Novo Nordisk)

Ainda que não admita, com a nova fábrica, a Novo Nordisk trabalha para minimizar o possível impacto da perda de parte da fatia de R$ 3,3 bilhões, segundo dados da IQVIA dos últimos 12 meses, das vendas dos dois remédios no Brasil. Por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os genéricos devem custar, no mínimo, 35% menos do que suas contrapartes de referência.

Atualmente o antidiabético Ozempic e o antiobesidade Wegovy são encontrados nas farmácias por cerca de R$ 1,2 mil e R$ 2,3 mil, respectivamente. Ou seja, os genéricos não poderão ultrapassar R$ 780 e R$ 1,5 mil. Como a competição se anuncia ser acirrada a queda no preço deve ser ainda maior.

No Brasil, a participação dos produtos de marca corresponde a 85% do valor total dos medicamentos vendidos no País. Em unidades, porém, os negócios respondem por 39% do mercado.

Decisão judicial

A Novo Nordisk tentou ampliar o prazo da exclusividade no Brasil, mas não teve sucesso. A empresa entrou com depósito da patente da semaglutida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em 2006, o que garante a exclusividade do produto durante 20 anos.

Mas a farmacêutica foi à Justiça, alegando que o prazo venceria em 2029 por causa do atraso do Inpi no processo de registro. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que a patente teria validade de duas décadas, a partir da entrada do registro. E, em 2023, o Tribunal Regional Federal (TRF-1) confirmou a decisão.

“A dona da patente queria mais prazo do que lei permite, e isso não é possível. Se a empresa é nórdica, argentina ou brasileira, a duração é igual para todas”, diz ao NeoFeed o advogado Pedro Marques Nunes Barbosa, especialista em propriedade intelectual e que atuou em defesa da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) justamente sobre a patente da semaglutida no Brasil.

No Brasil, o Wegovy chegou às prateleiras das farmácias em julho deste ano, 18 meses após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em janeiro de 2023, para utilização como medicamento contra obesidade.

Já o Ozempic começou a ser comercializado no País em 2019. A alta procura resultou em escassez do produto no Brasil em alguns períodos deste ano. O medicamento não tem aprovação para uso off-label (fora da recomendação da bula) e é indicado apenas para tratamento do diabetes tipo 2.

Com valor de mercado de US$ 375 bilhões (R$ 2,3 trilhões), segundo a Nasdaq Copenhagen, a ação da Novo Nordisk tem valorização de 13,4% no ano.





Fonte: Neofeed

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