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Motorola liga seu “banco digital” no Brasil na disputa contra Samsung e Apple

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Motorola liga seu “banco digital” no Brasil na disputa contra Samsung e Apple
Tempo de Leitura:5 Minuto, 14 Segundo


O Brasil é um dos poucos mercados em que a Motorola enfrenta gigantes como a Samsung em smartphones. Essa distinção se reflete, por exemplo, no fato de a companhia, parte da chinesa Lenovo, ser liderada pelo brasileiro Sergio Buniac.

Há exatos dois anos, em um dos exemplos desse protagonismo, a marca escolheu o mercado brasileiro para explorar uma nova fronteira, os serviços financeiros, a partir do lançamento de uma conta digital integrada aos seus smartphones, batizada de Dimo.

Fruto de uma parceria com a Jazz Tech e o Banco Arbi, a operação já soma 2,5 milhões de clientes e mais de R$ 1,5 bilhão em transações. E, agora, vai ampliar seu poder de fogo com uma “arma” até então guardada nos bastidores e que é sua principal aposta para fincar de vez seus pés nesse novo espaço.

Em um movimento antecipado com exclusividade ao NeoFeed, o Dimo está lançando oficialmente a oferta de um plano de financiamento de smartphones da marca. E, nessa pegada, a fintech planeja ir muito além do universo da Motorola.

“O crédito é um pain point para o nosso consumidor”, diz André Bahbouth, head de serviços financeiros da Motorola, ao NeoFeed. “E o financiamento era uma peça-chave para ampliar o acesso a novas tecnologias embarcadas no aparelho, como 5G e inteligência artificial, e fidelizar a marca.”

Como parte dessa estratégia, o primeiro passo será oferecer a contratação dos financiamentos, antes restrita, em um projeto-piloto, a cerca de cem lojas físicas da Motorola, ao aplicativo do Dimo. Outra frente será estender essa oferta a canais de parceiros.

Nessa largada, os planos estarão disponíveis em 200 lojas de parceiros. Essa base inclui tanto pontos-de-venda de agentes autorizados de operadoras de telecom, como HS Telecom, Mastercell e Jufap, até varejistas regionais, como Nagem, no Nordeste, e Info Store, no Amazonas.

Sem alarde, a modalidade começou a ser testada há dois anos. O projeto-piloto foi ganhando terreno até cobrir a base de Moto Stores, as lojas próprias da marca, em todo o País. Esses pontos-de-venda são, inclusive, outra iniciativa que teve o Brasil cono ponta-de-lança no mapa global da Motorola.

Durante o projeto-piloto, o Dimo desenvolveu três versões do plano de financiamento a partir dos feedbacks de vendedores e consumidores, além de azeitar suas engrenagens de score de crédito.

“Não pegamos uma política de crédito de mercado e transportamos para o mundo Motorola”, diz José Roberto Kracochansky, CEO da Jazz Tech, parceira de banking as a service do Dimo. “Então, nós precisávamos amadurecer algumas safras de crédito com nosso algoritmo.”

Os executivos não revelam dados de inadimplência e de operações realizadas no projeto-piloto. Mas entendem que, após ajustes que envolveram desde a extensão dos limites de crédito até a opção de incluir acessórios e o seguro do aparelho no financiamento, é hora de escalar essa oferta.

O plano formatado inclui de três a dezoito parcelas, juros a partir de 2,99% ao mês e um valor de entrada a partir de 10% do preço total do montante financiado. Após o primeiro desembolso, o consumidor tem até 60 dias para quitar a próxima parcela. Ainda restritas às lojas físicas, a aprovação e a contratação dos planos são feitas em até dez minutos.

“Ao fazer o financiamento, o consumidor também está abrindo uma conta conosco”, diz Bahbouth. “E as parcelas vão ser pagas diretamente no aplicativo do Dimo, que já vem embarcado em qualquer aparelho da marca. Tudo isso vai retroalimentando esse ecossistema.”

Nova arena

Com os financiamentos, a Motorola alimenta outra ambição. “Somos muito fortes no intermediário, mas queremos crescer também no premium”, diz Renato Arradi, diretor de desenvolvimento de negócios e serviços digitais da marca, sobre o espaço dominado por Samsung e Apple.

Na disputa entre as três marcas, levando-se em conta todos os segmentos da categoria, a Samsung segue no topo, com uma fatia de 38,78% do mercado brasileiro de smartphones, contra os 37,57% registrados há um ano, segundo a consultoria StatCounter.

A Apple, por sua vez, perdeu terreno, recuando de uma fatia de 18,25% para 7,82%. Já a Motorola vem reduzindo sua distância da Samsung. No intervalo, sua fatia subiu de 19,09% para 24,88% e o entendimento é de que, com os financiamentos, é possível avançar ainda mais.

Essa percepção favorece o high end, já que esses planos – que cobrem inclusive o Razr, modelo mais caro da marca, com preço de R$ 6,5 mil – seriam um estímulo para que os consumidores façam um upgrade em seus aparelhos.

Tal visão é sustentada por um indicador contabilizado nos dois anos de projeto-piloto. Nesse período, o tíquete médio dos financiamentos dobrou e hoje está na faixa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Os dois principais rivais da Motorola também vêm se movimentando na arena dos serviços financeiros. Samsung e Apple já oferecem, por exemplo, carteiras digitais associadas a cartões de parceiros. Há cinco anos, a empresa da maçã foi além e lançou um cartão de crédito próprio, o Apple Card, nos Estados Unidos.

Fruto de uma parceria com o Goldman Sachs, o projeto também incluía uma conta-poupança. O acordo entre as duas partes passa, porém, por desgastes desde o fim de 2023. E, em setembro deste ano, veio à tona a notícia de que o J.P. Morgan estaria negociando para assumir a operação.

Os executivos por trás do Dimo acreditam, no entanto, que o diferencial do projeto é seu portfólio mais robusto, que inclui pagamento de contas e boletos, PIX, TEDs, portabilidade de salário, recargas no celular, saques no Banco24horas e antecipação de saque-aniversário do FGTS.

Num escopo mais amplo de competição, que inclui ainda os bancos tradicionais e fintechs, a ideia é adicionar mais ofertas a esse pacote no médio prazo. Mas a visão é de que o Dimo tem outras armas para se tornar gradativamente uma das principais opções de serviços financeiros para os consumidores.

“Há vários bancos digitais que são mobile first, mas estamos falando aqui de um projeto mobile native”, diz Kracochansky. “E nós acreditamos que, no Open Finance, a principalidade não vai ser atingida pelos serviços financeiros em si. Mas pela jornada, a segurança e a comodidade dessas ofertas.”





Fonte: Neofeed

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A Caatinga, bioma mais pobre do Brasil, pode ser uma solução para a fome

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A Caatinga, bioma mais pobre do Brasil, pode ser uma solução para a fome
Tempo de Leitura:5 Minuto, 47 Segundo


Com o fim da temporada das chuvas, as folhas caem, deixando os troncos esbranquiçados à amostra. Do tupi, “caa”, “mata” e “tinga“, “branca”. Na Caatinga, a natureza parece morta — só que não.

As plantas desfolham para reduzir a perda de água pela transpiração e, dessa forma, sobreviver aos períodos mais secos. Basta a chuva voltar a cair para a paisagem esverdear de novo. Deveria ser assim, como sempre foi. Mas o caos climático está subvertendo a dinâmica do único bioma 100% brasileiro.

Com secas cada vez mais longas e frequentes, a Caatinga está ameaçada virar deserto. E, com o declínio ambiental, vem o agravamento da miséria, da fome e da sede de uma gente há muito depauperada — quase 20% da população rural mais pobre do país vive no bioma e depende dele para sobreviver.

Mas ainda há esperança, revela estudo recém-divulgado pelo Instituto Escolhas. Intitulado Os bons frutos da recuperação de florestas: do investimento aos benefícios, o levantamento da ONG socioambiental mostra: a restauração de 1 milhão de hectares da Caatinga, em áreas de preservação permanente e reserva legal, criaria 465,8 mil empregos e produziria 7,4 milhões de toneladas de frutas, hortaliças e verduras.

É comida em quantidade o suficiente para alimentar as comunidades locais e ainda proporcionar renda extra aos agricultores. Os produtos, aponta o relatório da entidade, poderiam ser incorporados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar e vendidos nas feiras e mercados das localidades onde são produzidos — muitas delas, inseridas em desertos alimentares, onde o acesso a alimentos frescos e nutritivos é precário.

Ao fim e ao cabo, os R$ 15 bilhões necessários para a recuperação do 1 milhão de hectares resultariam em R$ 29,7 bilhões em receita líquida — quase o dobro do total investido.

“Isso é renda, isso é gente comendo, isso é mais alimentos nas feiras, isso é a agricultura familiar sendo empoderada”, diz Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, em conversa com o NeoFeed. “Ou seja, a recuperação do que já foi desmatado na Caatinga é uma estratégia também de redução da pobreza, de combate às desigualdades e pelo fim da fome.”

O modelo avaliado pela organização é o chamado sistema agroflorestal (SAF). As agroflorestas alinham os interesses ecológicos aos econômicos, conciliando o plantio de espécies nativas com culturas agrícolas — os dois interagindo entre si e ambos se beneficiando mutuamente.

De um lado, a preservação ambiental, com a promoção da biodiversidade, melhoria da qualidade do solo, controle da erosão, preservação dos recursos hídricos… e de outro, o cultivo sustentável de alimentos, com alívio da pressão sobre a terra e a água, queda na incidência de pragas e doenças e, consequentemente, redução da necessidade de agrotóxicos.

Luz no fim do túnel

Atualmente, no Brasil, a produção agroflorestal é desenvolvida majoritariamente pela agricultura familiar. E, como define a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares, a Caatinga é “o bioma mais rural do país”. Cerca de 32% dos estabelecimentos agropecuários estão na região.

E pouco mais de 25% de seus 28 milhões de habitantes trabalham no setor agropecuário, enquanto a média nacional é de cerca de 6%, informa o estudo Agricultores familiares da Caatinga e do Cerrado: Mapeamento para a promoção de uma transição rural justa no Brasil, elaborado pela ONG Climate Policy Initiative (CPI).

Das cerca de 1,6 milhão de propriedades rurais da região, 75% têm, no máximo, 20 hectares. Ou seja, o bioma é dos pequenos produtores. Mas há um (enorme) problema, como alertam os analistas da CPI.

“Os agricultores familiares da Caatinga apresentam níveis mais baixos de produtividade e de acesso à assistência técnica. Ainda mais importante é o fato de que um grande número de agricultores familiares depende da agricultura de subsistência e vive em locais de extrema pobreza. Tal realidade os expõe ainda mais ao risco climático, devido ao acesso restrito a mecanismos de mitigação, como seguros ou insumos resilientes ao clima.”

“A recuperação do que já foi desmatado na Caatinga é uma estratégia também de redução da pobreza, de combate às desigualdades e pelo fim da fome”, diz Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas (Foto: Divulgação/Instituto Escolhas)

Cerca de 30% das espécies de plantas da Caatinga são endêmicas, como o mandacaru

Adaptado ao calor extremo e à escassez de alimento e água, o roedor mocó é um dos 317 tipos de animal que só existe na Caatinga

Um passo importante rumo à preservação produtiva do bioma foi dado nesta quarta-feira, 11 de dezembro. Por unanimidade, a Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou o projeto de lei (PL) 1990/2024, que institui  a Política Nacional para a Recuperação da Vegetação da Caatinga.

Proposto pela senadora Janaína Farias, do PT, do Ceará, o dispositivo determina, entre outras medidas, a ação articulada da União, Estados, municípios e ONGs para a formulação e implementação de políticas públicas para a restauração e o uso sustentável dos recursos ambientais do ecossistema. E, isso, com a participação das comunidades locais, prevendo a capacitação dos trabalhadores. O projeto segue agora para apreciação da Câmara dos Deputados.

“A aprovação do PL é um  marco histórico. Pela primeira vez, um bioma no Brasil terá uma política própria para guiar a sua recuperação”, comemora o diretor executivo do Instituto Escolhas. “Para que a bioeconomia possa crescer, essas comunidades precisam de apoio. O Brasil, por exemplo, é forte no agro porque foi feito todo um aporte de investimentos e formação de pessoal.”

Uma evolução muito peculiar

Se aprovado também na Câmara, o PL acena com a promessa de um olhar mais atento e cuidadoso para uma região que, desde sempre, sofre com a “falta de vigor institucional”, como definem os pesquisadores do projeto No Clima da Caatinga.

“Há menos conhecimento científico produzido sobre o bioma e menos grupos de pesquisadores seniores em atividade, se compararmos com a Amazônia e a Mata Atlântica, mesmo a Caatinga apresentando biodiversidade comparável”, escrevem os especialistas no relatório Caatinga, a floresta que é a cara do Brasil.

Estendendo-se pelos nove estados do Nordeste e o extremo norte de Minas Gerais, a Caatinga já perdeu 34 milhões de seus 82,6 milhões de hectares. É o quarto maior bioma brasileiro, atrás apenas da Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado e à frente do Pampa e do Pantanal.

Durante milênios, a região passou por oscilações intensas de temperaturas, curtos períodos de tempo nos quais o calor e o frio se alternavam drástica e rapidamente, submetendo a flora e fauna a um processo evolutivo muito particular.

Assim, algumas espécies não são encontradas em nenhuma outra floresta semiárida, apenas aqui — o que explica a importância do bioma para o planeta.

Três em cada dez plantas da região são endêmicas. Mandacaru, xique-xique, catingueira, barriguda e umbuzeiro, por exemplo, são privilégio brasileiro. Tal qual 317 dos 1.1824 tipos de animais. Entre eles, o tatu-bola, o periquito-cara-suja, o mocó, o tamanduá-mirim, o veado catingueiro… dos quais 47 estão ameaçados de extinção.





Fonte: Neofeed

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Com Selic em alta, empresas enfrentam desafio ainda maior em rentabilidade

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Com Selic em alta, empresas enfrentam desafio ainda maior em rentabilidade
Tempo de Leitura:3 Minuto, 9 Segundo


Na última reunião presidida por Roberto Campos Neto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira, 11 de dezembro, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

A decisão representa um baque para muitas companhias listadas na B3, que se encontram num momento em que não conseguem rentabilizar o capital em magnitude suficiente para cobrir o custo do dinheiro, prejudicando a atração de recursos para investimentos.

E considerando que a Selic deve seguir subindo em 2025, as companhias devem sofrer ainda mais para entregar uma rentabilidade capaz de atrair investidores, pagar suas dívidas e ter recursos para expandir as operações.

Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Málaga Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, obtido com exclusividade pelo NeoFeed, que analisou 261 empresas listadas na Bolsa no período de 12 meses até 30 de setembro.

O estudo calculou a rentabilidade das companhias listadas, numa média histórica. O que se viu é que 75% das empresas apresentam rentabilidade inferior a 10% ao ano. A média foi de 7,76% ao ano, com 45 companhias apresentando rentabilidade negativa.

“O Brasil está desestimulando os investimentos corporativos, a iniciativa, o empreendedorismo, a pesquisa e o desenvolvimento, por conta do ambiente de juros elevados”, diz Flávio Málaga, sócio fundador da Málaga Assessoria, ao NeoFeed.

Os juros são apenas uma parte da equação da questão da rentabilidade, mas representam um aspecto importante da equação, considerando o peso que tem sobre as despesas financeiras das companhias, além de ser um sintoma de uma questão que poderia ter sido endereçado pelo governo através de um ajuste fiscal crível.

Málaga destaca que existe uma “trava concorrencial estrutural” para as empresas aumentarem sua rentabilidade, o que é natural, considerando que muitas companhias enfrentam mercados concorridos, o que naturalmente acaba limitando os ganhos.

“Muitas empresas enfrentam um ambiente concorrencial que impede de auferir grandes rentabilidades, muitas têm teto para aquilo que podem render”, afirma ele. “Mas temos um país que não cresce e uma alta despesa com juros. Essa combinação toda derruba a rentabilidade.”

São poucas as empresas que conseguem contornar a situação, que é o caso da WEG. Um dos principais nomes de seu setor no Brasil e no mundo, com claros diferenciais competitivos, a companhia catarinense consegue entregar uma rentabilidade de 30% ao ano, melhor resultado entre as empresas do estudo. A Ambev e a Vale são outras que estão neste grupo privilegiado, considerando seus tamanhos e relevâncias em seus mercados.

“Para ser uma empresa com uma rentabilidade ótima, a companhia precisa ter uma rentabilidade de 20% ao ano, estaria entre as top 20 ou top 30 do Brasil”, diz o sócio fundador da assessoria financeira.

Málaga destaca que o cenário atual é particularmente nefasto para as empresas de varejo, em que a diferenciação é mais difícil, as rentabilidades são estruturalmente menores e as companhias dependem de dívida para girar estoques e recebíveis.

Das empresas analisadas, 25 delas atuam neste segmento, de RD Saúde e Track&Field, que conseguem apresentar bons índices de rentabilidade, até Casas Bahia e Magazine Luiza, nas últimas posições.

Nesse grupo, segundo Málaga, a margem de lucro gira na casa dos quatro e cinco pontos percentuais sobre a receita. “E as despesas com juros come praticamente todo o lucro operacional”, diz ele. “Se essas companhias estiverem com um desempenho apenas mediano, os juros vão corroer o lucro.”

Para incentivar novamente os investimentos em empresas, Malaga diz que os juros precisariam estar, nominalmente, entre 7% e 8% ao ano, para incentivar novamente os investimentos em empresas, levando em conta a rentabilidade que as companhias vêm apresentando. Mas sem um sinal de ajuste crível do governo federal, a situação deve permanecer difícil para as empresas.





Fonte: Neofeed

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A estratégia da Novo Nordisk para enfrentar o fim da patente do Ozempic no Brasil

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novo nordisk ozempic
Tempo de Leitura:4 Minuto, 39 Segundo


A menos de dois anos da expiração da patente no Brasil dos blockbusters Ozempic e Wegovy, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk se prepara para a inevitável perda de mercado com o fim da exclusividade sobre a molécula da semaglutida. Sua estratégia: a modernização e ampliação bilionária da fábrica de Montes Claros, em Minas Gerais.

A companhia acaba de anunciar o investimento de R$ 500 milhões, na unidade fabril brasileira. Com o novo aporte, o total destinado às obras, apenas em 2024, chega a R$ 1,36 bilhão. A ideia é triplicar, até 2027, a produção da enzima enteroquinase, essencial para a produção de dois de seus medicamentos mais vendidos no mundo. A substância “made in Brazil” garante o abastecimento do Ozempic e do Wegovy para mais de 70 países.

“A demanda para produtos da empresa teve uma explosão no mundo. Por isso, a gente precisa produzir mais esses medicamentos, o que explica a importância da ampliação da fábrica de enzimas em Montes Claros”, afirma Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da unidade mineira da farmacêutica, em conversa com o NeoFeed.

“A companhia viu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor global de enzimas ao invés de comprar de outras empresas. E isso nos garante um diferencial competitivo”, complementa.

O resultado global do terceiro trimestre da Novo Nordisk explica a decisão da companhia. Só com o Wegovy, o aumento foi de 79%, entre julho e setembro deste ano. No período, o faturamento global alcançou 34 bilhões de coroas dinamarquesas (o equivalente a R$ 28,8 bilhões). O crescimento geral das vendas foi de 24% sobre o terceiro trimestre de 2023.

Corrida pelo genérico

Com o aumento da produção da enzima, o custo de fabricação dos remédios naturalmente cai. E isso é também um fator importante a se considerar no momento em que é dada a largada na corrida pelos genéricos da semaglutida. Laboratórios nacionais, como EMS, Biomm, Cimed e Prati-Donaduzzi, já demonstraram interesse em produzir o composto ativo.

“Toda vez que expira uma patente a concorrência aumenta, e isso é muito bom para o setor de saúde no Brasil”, diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), em entrevista ao NeoFeed.

Para ele, faz sentido o investimento da Novo Nordisk em solo nacional para reduzir os custos da fabricação do medicamento. “Com mais capacidade, o custo por unidade vai reduzir. E aí a empresa passa a ter condições de competir em patamar mais flexível com quem for lançar o genérico da semaglutida.”

“A companhia viu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor global de enzimas ao invés de comprar de outras empresas. E isso nos garante um diferencial competitivo”, diz Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da unidade mineira da Novo Nordisk (Foto: Divulgação/Novo Nordisk)

Em 2024, a Novo Nordisk investiu R$ 1,36 bilhão na fábrica da farmcêutica em Montes Claros, em Minas Gerais (Foto: Divulgação/Novo Nordisk)

Ainda que não admita, com a nova fábrica, a Novo Nordisk trabalha para minimizar o possível impacto da perda de parte da fatia de R$ 3,3 bilhões, segundo dados da IQVIA dos últimos 12 meses, das vendas dos dois remédios no Brasil. Por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os genéricos devem custar, no mínimo, 35% menos do que suas contrapartes de referência.

Atualmente o antidiabético Ozempic e o antiobesidade Wegovy são encontrados nas farmácias por cerca de R$ 1,2 mil e R$ 2,3 mil, respectivamente. Ou seja, os genéricos não poderão ultrapassar R$ 780 e R$ 1,5 mil. Como a competição se anuncia ser acirrada a queda no preço deve ser ainda maior.

No Brasil, a participação dos produtos de marca corresponde a 85% do valor total dos medicamentos vendidos no País. Em unidades, porém, os negócios respondem por 39% do mercado.

Decisão judicial

A Novo Nordisk tentou ampliar o prazo da exclusividade no Brasil, mas não teve sucesso. A empresa entrou com depósito da patente da semaglutida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em 2006, o que garante a exclusividade do produto durante 20 anos.

Mas a farmacêutica foi à Justiça, alegando que o prazo venceria em 2029 por causa do atraso do Inpi no processo de registro. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que a patente teria validade de duas décadas, a partir da entrada do registro. E, em 2023, o Tribunal Regional Federal (TRF-1) confirmou a decisão.

“A dona da patente queria mais prazo do que lei permite, e isso não é possível. Se a empresa é nórdica, argentina ou brasileira, a duração é igual para todas”, diz ao NeoFeed o advogado Pedro Marques Nunes Barbosa, especialista em propriedade intelectual e que atuou em defesa da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) justamente sobre a patente da semaglutida no Brasil.

No Brasil, o Wegovy chegou às prateleiras das farmácias em julho deste ano, 18 meses após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em janeiro de 2023, para utilização como medicamento contra obesidade.

Já o Ozempic começou a ser comercializado no País em 2019. A alta procura resultou em escassez do produto no Brasil em alguns períodos deste ano. O medicamento não tem aprovação para uso off-label (fora da recomendação da bula) e é indicado apenas para tratamento do diabetes tipo 2.

Com valor de mercado de US$ 375 bilhões (R$ 2,3 trilhões), segundo a Nasdaq Copenhagen, a ação da Novo Nordisk tem valorização de 13,4% no ano.





Fonte: Neofeed

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