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Mudanças no imposto sobre herança mexem no xadrez da sucessão patrimonial

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Mudanças no imposto sobre herança mexem no xadrez da sucessão patrimonial
Tempo de Leitura:8 Minuto, 12 Segundo


Depois do come-cotas nos fundos exclusivos e da taxação das offshore, as famílias com grandes fortunas devem lidar com mais um aumento de carga tributária. E, desta vez, ela mexe em um tema restrito, quando não proibido: o xadrez da sucessão patrimonial.

A nova alíquota do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que faz parte da tramitação da segunda parte do projeto de lei da reforma tributária e que deve se converter em lei federal ainda neste ano, está provocando uma corrida em busca de informações aos family offices e multi family offices e, principalmente, aos escritórios de advocacia para entender se faz sentido antecipar a sucessão.

Três grandes escritórios de advocacia especializados em sucessão patrimonial consultados pelo NeoFeed, o Candido Martins Advogados, Cescon Barrieu e o Choaib, Paiva e Justo Advogados Associados, relatam ter havido um aumento de cerca de 50% nas demandas jurídicas envolvendo planejamento sucessório, após a aprovação da reforma tributária.

“O aumento da tributação está colocando esse assunto tabu na mesa. A verdade é que para muitos patriarcas e matriarcas falar de sucessão é dizer que se chegou ao fim da vida”, afirma Mari Emmanouilides, sócia da Galapagos Capital. “Mas não é. Quem já está em idade avançada precisa pensar sobre o assunto. E a discussão do momento exige garantir as melhores condições.”

Com sanção do PLP 108/2024, a alíquota do ITCMD (que é um imposto estadual) passará a ser obrigatoriamente progressiva, com o teto limite definido pelo Senado (atualmente em 8%). Isso significa que os estados que ainda não possuem esse modelo de tributação serão obrigados a se adequar à progressividade. E grandes patrimônios ficarão na alíquota máxima, com faixa a ser decidida pelo estado.

Alguns estados já estão ajustados, como o Rio de Janeiro (4% a 8%), o Mato Grosso (2% a 8%) e o Ceará (2% a 8%). Mas alguns ainda possuem alíquotas fixas (e baixas) de ITCMD, como é o caso de São Paulo (4%), Bahia (3,5%), Minas Gerais (5%) e Paraná (4%). Ou seja, nesses estados a regra atual é bem vantajosa, o que impõe urgência na discussão familiar.

Quem ligou o sinal de alerta foi o estado do Amazonas, que em dezembro do ano passado decidiu se adequar à progressividade e passou o imposto fixo de 2% para a faixa de 2% a 4%. Como esse tipo de lei passa a entrar em vigor somente no ano seguinte e 90 dias após a publicação, as grandes fortunas do Estado têm até março para fazerem a sucessão na alíquota antiga.

“Temos clientes do Amazonas e está sendo uma correria. Uma mostra de que a qualquer momento outro estado pode resolver se antecipar e mudar”, diz Roberto Freitas, sócio da G5 Partners. “Claramente os estados irão aumentar as alíquotas teto, porque esse é o único jeito de ter uma progressividade e manter a mesma arrecadação. E eles podem ainda querer arrecadar mais.”

O detalhe que pode fazer o imposto disparar

A mudança que poderá dobrar de 4% para 8% vai além da alíquota. O projeto de lei também mexe com a base de cálculo. Os bens precisarão ter o seu valor de mercado atualizado, o que muda totalmente o valor de bens ilíquidos e, assim, o total de imposto a pagar.

Se para as aplicações financeiras, que têm valores marcados a mercado diariamente, nada muda, para os demais bens há uma mexida considerável.

A lei até agora usa como base de cálculo para imóveis o valor venal de referência (que geralmente é bem menor que o valor de mercado). Segundo o projeto de lei, será necessário fazer uma avaliação do valor de mercado do imóvel para atualizá-lo, como se estivesse fazendo uma venda – o mesmo vale para fazendas e outras propriedades imobiliárias.

Ações ou cotas de empresas que não são listadas na bolsa de valores também precisão fazer o ajuste do valor de mercado. Isso significa que para famílias que têm grande patrimônio ilíquido, o impacto será muito maior que apenas a elevação da alíquota.

“Aqueles com grandes patrimônios imobiliários ou participações societárias podem ser duplamente afetados”, afirma Alamy Candido, sócio-fundador do Candido Martins Advogados.

Para exemplificar o impacto, o escritório Candido Martins Advogados fez uma simulação para o NeoFeed. Foi considerado um residente de São Paulo cujo patrimônio total de R$ 30 milhões é composto por bens imóveis, com valor venal de R$ 13 milhões, e participações societárias adquiridas há 30 anos, com valor patrimonial de R$ 10 milhões. Para complementar, as aplicações financeiras são de R$ 7 milhões.

Nesse perfil, a alíquota do ITCMD passa dos atuais 4% para 8%. A conta mais simples, no caso, é a da aplicação financeira. Basta trocar a alíquota de 4% para 8% sobre os R$ 7 milhões e o ITCMD devido passa de R$ 280 mil para R$ 560 mil.

Para os bens ilíquidos, quem deixar para fazer depois terá que atualizar o patrimônio. De acordo com as regras atuais, o indivíduo recolheria ITCMD de 4% sobre o valor venal dos imóveis de R$ 13 milhões, totalizando R$ 520 mil para realizar a doação.

Com a nova regra, ao longo de 30 anos houve apreciação do valor desses imóveis, que passaram a valer R$ 20 milhões. No cálculo do ITCMD com alíquota de 8%, o imposto devido salta para R$ 1,6 milhão – mais que o triplo do valor que seria devido atualmente.

Já sobre o patrimônio em participações societárias, nas regras atuais é possível recolher o tributo utilizando o valor patrimonial de R$ 10 milhões como base de cálculo, ou seja, R$ 400 mil pagos de ITCMD para realizar a transferência das ações e cotas que não são negociadas em bolsa de valores e ele tem participação direta.

Com a nova regra, é necessário reajustar a base de cálculo e considerar o valor de mercado dos ativos subjacentes. Assumindo que ele contratou uma empresa especializada para avaliar suas companhias e que o valor de mercado dessas empresas seja agora de R$ 15 milhões, se a transferência ocorresse com a regra nova, o ITCMD devido seria de R$ 1,2 milhão.

Na última linha, esse indivíduo com patrimônio calculado em R$ 30 milhões atualmente pagaria R$ 1,2 milhão de ITCMD nas regras atuais. Porém, se a transferência de patrimônio ocorrer nas regras propostas, o valor a ser pago será de R$ 3,36 milhões – quase três vezes mais.

Esse é um grande alerta para famílias com grande patrimônio ilíquido. No exemplo simulado, o novo imposto representa quase metade das aplicações líquidas a serem recebidas, o que exige um segundo planejamento: ter reservas líquidas para honrar com esse pagamento.

A reação das famílias

Com o projeto ainda em tramitação, há incertezas na mesa. Mas o caminho é mesmo o de uma elevação da arrecadação. O único jeito para garantir as condições atuais de transmissão de patrimônio é fazendo a transmissão antes da mudança da lei por meio de doação em vida de parte ou da totalidade dos bens.

“O assunto ainda é um tabu, então era empurrado para frente porque o imposto é baixo e não tinha nada que indicasse uma mudança”, afirma Pedro Olmo, sócio responsável pelo patrimônio patrimonial da Sten Gestão Patrimonial.

“Agora, com o incentivo financeiro, as conversas estão a todo vapor. Mas isso não significa que todos devam fazer a transmissão agora. Temos dito que o incentivo financeiro não é tudo”, complementa.

Muitos multi family offices estão orientando as famílias a não tomarem nenhuma decisão precipitada até que a lei fique clara. “O momento agora é de reflexão para entender qual é a estrutura mais eficiente. Não é o momento de execução. As famílias preferem agir quando as regras já estiverem definidas”, diz Marcos Macedo, da Faros Multi Family Office.

Além da indecisão sobre o texto final, há a questão de maturidade da família para a sucessão. O doador deve se sentir confortável e os herdeiros maduros para receber.

“Para alguns clientes estamos pedindo calma, porque não faz sentido. Quem tem filhos ainda pequenos pode não ser um bom momento. Há famílias que querem que seus filhos lutem para construir os seus patrimônios, e não se acomodem por já ter um”, afirma Emmanouilides, da Galapagos.

Para Felipe Russomano, da Cescon Barrieu Advogados, não há idade para pensar em sucessão. Há vários mecanismos de proteção aos donos do patrimônio, como a cláusula de reversão, para que no caso do falecimento dos filhos antes dos pais, o patrimônio volte aos pais. Ou usando da incomunicabilidade, em que o bem herdado não se comunique com cônjuges independente do regime de casamento que ele venha a fazer. E até mesmo vetar que esse herdeiro possa doar esse patrimônio a outra pessoa.

Para quem, no entanto, já deveria ter feito o planejamento patrimonial, a orientação é começar o quanto antes. Para Samir Choaib, sócio-fundador do Choaib, Paiva e Justo Advogados Associados, a expectativa é que a lei passe este ano com o governo em busca de arrecadação. E, quando sair, a demanda pelo serviço irá aumentar ainda mais.

“Já estamos com vários processos em andamento, mas com o tempo a procura irá aumentar mais. Em alguns casos, os sucessores não fazem ideia do que querem, e isso faz o processo ser demorado”, afirma Choaib.

Cada caso é um caso, mas, em média, são necessários de dois a três meses para pôr em execução um desenho de sucessão. E com a lei passando neste ano, é provável que haja um ‘congestionamento jurídico’ em razão de muitas famílias preferirem a regra antiga.

O risco é que esses prazos se estendam na Justiça e fiquem para 2026 – já na nova lei. “Nossa sugestão é que a análise seja concluída até meados de outubro para que dê tempo de realizar a implementação com cautela e certo tempo”, afirma Candido, da banca Candido Martins Advogados.





Fonte: Neofeed

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Onda verde: como o pistache se tornou uma mania global

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Onda verde: como o pistache se tornou uma mania global
Tempo de Leitura:6 Minuto, 0 Segundo


Não é preciso ser ligado em gastronomia para ver que o Brasil “pistacheou“. Originária do Oriente Médio, a noz de cor esverdeada está por todos cantos. Em petiscos, pratos salgados, doces, bolos, sorvetes. Se é comida, pode apostar, há sempre um jeito de incluir o ingrediente-fenômeno na receita.

A febre do pistache é, com o perdão do trocadilho, fruto de um dos cases de marketing mais bem-sucedidos dos últimos anos — no mundo todo. E tudo começa nos Estados Unidos. Graças a uma série de inovações agrícolas, os americanos começaram a produzir a noz em quantidades colossais. Como o mercado interno não daria conta de absorver safras cada vez maiores da oleaginosa, decidiram pintar o planeta de verde.

Até a década passada, o grande produtor de pistache era o Irã. Ainda que a noz não esteja na lista de sanções impostas ao governo dos aiatolás por boa parte do Ocidente, os agricultores iranianos têm sofrido com as restrições ao acesso a apoios financeiros internacionais.

Assim, os americanos assumiram a liderança global. Hoje, eles são responsáveis por 523,9 mil toneladas anuais, segundo dados do portal Atlas Big. Enquanto no Irã as colheitas chegam a 135 mil toneladas. Em terceiro lugar está a Turquia, com 119,3 mil toneladas.

E é aí que entra o trabalho da American Pistachio Growers (APG), uma associação sem fins lucrativos que representa mais de 800 produtores da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas, criada justamente para dar visibilidade ao produto dos Estados Unidos e ajudar na vazão do estoque do país. Foi criado até o dia mundial do pistache: 26 de fevereiro.

Uma das principais iniciativas do grupo foi promover o produto nas redes sociais, com influenciadores e chefs estrelados de todo mundo enaltecendo a versatilidade e o sabor leve, entre o doce e o salgado, do pistache. E, claro, os benefícios para a saúde de uma das proteínas vegetais mais completas, rica em antioxidantes e fibras.

Publicação recente na plataforma da associação garante: “Dois punhados diários de pistache podem ajudar a proteger os olhos dos danos causados pela luz azul [de telas de computador e celular] e podem reduzir o risco de problemas de visão relacionados à idade”. Apelar para a saúde é cartada das mais certeiras.

No Brasil, desde 2021, o escritório de São Paulo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também ajudou a impulsionar as vendas do produto, com ações publicitárias no País, incluindo depoimentos em redes muito utilizadas pela geração Z, como o TikTok. Deu certo.

Em 2003, as importações de pistache movimentavam apenas US$ 400 mil. Vinte anos depois bateram US$ 8,8 milhões, aumento de 2.200%, em duas décadas, segundo estudo da fintech de comércio exterior Vixtra, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior, do governo federal.

E, das 608 toneladas que chegam hoje ao mercado brasileiro, quase 80% vem dos Estados Unidos, movimentando US$ 6,8 milhões. A noz argentina fica com 18,2% (US$ 1,6 milhão) e a iraniana, com 4,1% (US$ 0,4 milhão).

“A estratégia dos Estados Unidos foi extremamente bem-sucedida. A geração Z é muito conectada à novidade”, diz Luciana Florêncio, professora do mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em entrevista ao NeoFeed.

Para ela, a “glamourização” do produto importado e a grande exploração nas redes sociais foram fundamentais para o sucesso de vendas da oleaginosa, em suas mais variadas formas.

“As nossas atitudes impactam o comportamento de consumo. E isso também vem de olhar o que o outro faz”, afirma Florêncio. “O pistache viralizou nas redes sociais, somado ao discurso da moda de um produto saudável e da facilidade do acesso.”

E, isso, apesar do preço do fruto ser ainda um tanto salgado: R$ 200, em média, o quilo.

O sucesso da noz gelada

Na gelateria Bacio di Latte, ainda que todo o pistache consumido nas lojas do País venha do Sul da Itália, a empresa percebeu, em volume e em faturamento, o crescimento do consumo no Brasil a partir das plantações dos Estados Unidos.

Em 2022, a empresa importava 30 toneladas da noz. No ano passado, foram 100 toneladas, exatamente para suprir o aumento da demanda.

Na Bacio di Latte, as vendas de produtos com pistache representam 50% a mais do que o segundo colocado, o chocolate belga (Foto: Divulgação)

Graças a um série de melhorias em tecnologias agrícolas e às sanções impostas ao Irã, as fazendas de pistache dos Estados Unidos lideram a produção da noz

Nas 200 lojas da rede no país e nas nove nos Estados Unidos, além dos 8 mil pontos de venda no varejo, o gelato de pistache lidera no volume de vendas em todas elas. No top 5 dos produtos mais pedidos, está a mousse… de pistache.

“Hoje as vendas de produtos com pistache representam 50% a mais do que o segundo colocado, o chocolate belga”, diz Fábio Medeiros, diretor de marketing da Bacio di Latte.

Dos R$ 850 milhões faturados pela empresa em 2024 (e que deve chegar a R$ 1,2 bilhão em 2025), 20% vêm dos produtos com sabor pistache. Hoje são mais de 15 itens oferecidos pela empresa de sabores derivados da oleaginosa.

E, para Medeiros, acreditem, ainda há espaço para crescer. “Com mais marcas e mais pistache disponível, sendo produzidos por docerias menores e grandes marcas, o produto entra mais na cabeça do consumidor. E quem oferece algo de qualidade, sai ganhando com isso”, afirma executivo.

Veio para ficar

Os analistas de mercado e especialistas em marketing concordam. Para Florêncio, da ESPM, a febre do pistache não é moda passageira, não. O produto, segundo ela, deve ser incorporado de vez ao hábito de consumo do brasileiro.

“Vai chegar o momento da análise crítica sobre as várias formas do pistache, mas acredito que o ingrediente em si passe a fazer parte da realidade do consumidor. Essa associação de que é um produto saudável está na base de consumo. E isso já foi feito”, afirma a professora da ESPM.

Ela acredita que o marketing do pistache poderia ser uma boa inspiração para o crescimento de volume das oleaginosas brasileiras no exterior, como a castanha do Pará, conhecida globalmente como “castanha do Brasil”.

Mas, para José Eduardo Camargo, presidente da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC), ainda é necessário que o setor faça a lição de casa.

“O marketing precisa estar associado à disponibilidade do produto, que é o ocorre nos Estados Unidos”, diz Camargo. “Para nós, seria importante aumentar a produção da castanha. Mas o exemplo dos americanos deve, sim, servir de inspiração.”

Ainda que haja demanda para aumento no volume da importação, é possível que o Brasil comece a dar alguns pequenos passos para sair da condição de apenas comprador para se transformar também em produtor de pistache.

A Embrapa Agroindústria Tropical, por exemplo, desenvolve projeto para o início de cultivo do pistache até 2027 no Ceará, com colheitas previstas para 2035. O momento agora é de definição do material genético, para adaptação da planta no Nordeste brasileiro. E de onde virão as amostras dos genes? Dos Estados Unidos, claro. O pistache realmente veio para ficar.





Fonte: Neofeed

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O peso de ser filha de um mito chamado Elvis Presley

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O peso de ser filha de um mito chamado Elvis Presley
Tempo de Leitura:5 Minuto, 29 Segundo


Lisa Marie Presley era filha de um rei. O do rock. Mas, em sua mente de criança, a grandiosidade de Elvis ia muito além: “Eu achava que meu pai podia mudar o clima. Para mim, ele era um Deus. Um ser humano eleito”. Para o bem e para o mal: “Se estivesse de péssimo humor, o tempo lá fora ficava terrível; se o dia estivesse tempestuoso, era porque ele estava prestes a estourar”.

As lembranças de Lisa Marie com o pai são os melhores momentos da autobiografia póstuma Rumo ao grande mistério: Memórias. Ela tinha apenas oito anos, quando o corpo do astro foi encontrado em 16 de agosto de 1977, em um dos banheiros da mansão Graceland, em Memphis, no Tennessee.

O livro estava quase pronto quando a autora morreu em 12 de janeiro, de 2023, aos 54 anos, vítima de uma obstrução intestinal, em decorrência de uma cirurgia bariátrica para perda de peso. Rumo ao grande mistério foi finalizado por sua filha mais velha, a modelo e atriz Riley Keough, de 35 anos.

Lisa vinha trabalhando na autobiografia há bastante tempo, mas não conseguia terminá-la. Em janeiro de 2022, um mês antes de morrer, pediu ajuda a Ryle para finalmente encerrá-lo. No processo, a atriz usou gravações feitas pela mãe.

E o resultado impressiona pela sinceridade — e pela riqueza de detalhes. O amor incondicional pelo pai; a vida em Graceland; a convivência com a mãe Priscilla; as frequentes mudanças de escola por causa de mau comportamento; a luta contra o vício em álcool, drogas e remédios; o relacionamento com o ator e músico Danny Keough; o casamento com Michael Jackson; o luto pela morte do filho Benjamin Keough, entre outras passagens. Da narrativa emerge uma mulher apaixonada, alegre, carinhosa e complexa. De uma solidão comovente.

A convivência entre Lisa e Elvis era restrita às férias escolares, já que ela vivia com a mãe, em Los Angeles — Elvis e Priscilla se divorciaram em 1973. Apesar do tempo restrito, pai e filha mantiveram uma relação estreita, marcada pela busca quase obsessiva da menina para agradar a Elvis.

“Fazê-lo feliz, fazê-lo rir — era este o meu mundo inteiro. Se eu descobrisse que ele achava certa coisa engraçada, faria aquilo o máximo possível para diverti-lo”, lê-se na obra, lançada no Brasil pela editora Rocco. “Nossa proximidade era muito maior do que eu jamais deixei transparecer a qualquer pessoa no passado. Ele me amava muito e era muito dedicado, mil por cento presente o tanto quanto podia, apesar de todos ao seu redor.”

Mas a vida ao lado do cantor não era fácil. “Ele era intenso e ninguém queria ser o alvo da sua raiva”, lembrou Lisa. Se ela o aborrecia, ou se ele estava zangado com a filha, parecia que era o fim do mundo: “Eu não conseguia suportar. Quando ele se chateava comigo, eu levava para o lado pessoal e ficava simplesmente destroçada. Queria a aprovação dele em tudo”.

Mesmo depois de anos, mesmo adulta, a filha nunca superou a perda do pai: “Houve noites em que eu simplesmente fiquei bêbada, ouvi sua música, sentei-me e chorei. A tristeza ainda vem. Ela ainda está lá”, contou.

Erguida em 1939 por um médico e comprada por Elvis vinte anos depois, Graceland merece uma longa, emotiva e minuciosa descrição de Lisa. Tão minuciosa que o leitor parece passear pelo lugar, em sua companhia.

Lisa morreu em 2023, aos 54 anos, vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia bariátrica (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

O livro foi terminado pela filha de Lisa, a atriz e modelo Riley Keuogh (Foto: Instagram @rileykeough)

Elvis e Priscilla apresentam Lisa Marie para a imprensa e os fãs, no nascimento da filha, em 1968 (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

Lisa descreveu Graceland com tantos detalhes que o leitor tem a impressão de que passeia pela mansão em sua companhia (Foto: Instagram @visitgraceland)

Com a separação dos pais, em 1973, Lisa foi viver com a mãe Priscilla em Los Angeles (Foto: Instagram @priscillapresley)

Lisa manteve o corpo de seu filho Benjamin (à direita) por dois meses em casa. O rapaz de 27 anos cometeu suicídio em 2020 (Foto: Instagram @lisampresley)

Com 224 páginas, o livro custa R$ 69,90 (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

Lisa Marie tentou carreira na música e chegou a lançar três álbuns, mas nunca deslanchou. Em 1994, se casou com outro rei — o do pop, Michael Jackson. A união foi o oficializada apenas 20 dias depois do divórcio de Keough e durou apenas dois anos.

“Michael (lhe) disse: ‘Não sei se você notou, Lisa Marie, mas estou completamente apaixonado por você. Quero que nos casemos e que você tenha meus filhos’. Eu não disse nada imediatamente, mas então falei: ‘Estou realmente lisonjeada, não consigo nem falar’. Naquela época, eu sentia que estava apaixonada por ele também”, relatou a autora.

“Acho que Michael tinha beijado Tatum O’Neal e ele teve um caso com Brooke Shields, que não foi físico, exceto por um beijo. Ele também disse que Madonna tentou ficar com ele uma vez, mas nada aconteceu entre os dois. Eu estava apavorada porque não queria fazer o movimento errado.”

Em uma entrevista de 2023, Priscilla disse que o astro só se casara com Lisa por causa de sua obsessão por Elvis.

Rumo ao grande mistério traz ainda outra passagem dolorosa da vida de Lisa: a perda do filho Benjamin. Em julho de 2020, no auge da pandemia, o jovem de 27 anos cometeu suicídio e, até enterrá-lo em Graceland, ela manteve seu corpo em casa, em gelo seco, por dois meses — o que suscitou uma enorme polêmica, quando livro foi lançado nos Estados Unidos.

Por não saber como lidar com a morte de Benjamin, Lisa justificou: aquele tempo fora importante para que ela conseguisse se despedir do filho.

Uma sensação muito semelhante à vivida por ela com Elvis, cujo corpo ficou em caixão aberto por dois dias, na mansão de Memphis: “Ter meu pai em casa após sua morte me ajudou muito, porque eu podia passar tempo com ele e falar com ele.”

As memórias de Lisa são dolorosas, mas pontuadas por situações de humor. Quando era criança, por exemplo, divertia-se às custas dos fãs que se aboletavam nos portões de Graceland. Por US$ 20, prometia a menina, ela tiraria uma foto de Elvis. Em vez do cantor, no entanto, ela fotografava a mansão.

Eram tempos alegres. Mas Lisa cresceu e teve de enfrentar as dificuldades da vida adulta e o peso de ser a filha única de uma lenda.



Fonte: Neofeed

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A “saideira” de consumidores e empresários para embalar o carnaval

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A “saideira” de consumidores e empresários para embalar o carnaval
Tempo de Leitura:4 Minuto, 58 Segundo


Importante alerta sobre a economia partirá do Rio de Janeiro nos próximos dias e não necessariamente no festivo ritmo pré-carnaval. Na saideira de fevereiro, o humor de consumidores e empresários será revelado pela fluminense Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre 24 e 28, a instituição divulgará seis índices de confiança, além do Indicador de Incerteza Econômica, que terão inflação pelo IPCA-15 e IGP-M e contas públicas como rivais na agenda.

A coleção de dados da FGV relativos a fevereiro reunirá confiança do consumidor, comércio, serviços, indústria, construção e confiança empresarial e poderá reforçar a percepção de que a atividade já enfraquece ou trazer algum alento graças, principalmente, à valorização do real ante o dólar.

Em fevereiro, até a quinta-feira 20, o dólar caiu cerca de 3% e, em 2025, 8%, devolvendo uma fração do ganho superior a 27% em 2024. O câmbio contagia os juros futuros que estão deixando para trás taxas superiores a 15%. Apesar da queda, as condições financeiras seguem apertadas. Porém, uma distensão foi observada recentemente devido à melhora do mercado local, informa ao NeoFeed Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco Pine.

Com variação de -1 a +1 (onde o aperto monetário é crescente quanto mais elevado for o resultado da combinação de variáveis locais e internacionais como índices acionários, juros, câmbio e commodities), o indicador proprietário do banco (FCI-Pine) aponta condições que terão efeito cumulativo e defasado a impactar a atividade econômica, sobretudo, no segundo semestre.

Há um ano, o FCI-Pine estava em 0,04 ponto. Avançou e recuou nos meses seguintes ao sabor das variáveis que o compõe para retomar tração em outubro. Em dezembro, quando o dólar explodiu e o BC acelerou a alta da Selic para 1 ponto percentual e acenou com mais dois ajustes idênticos neste ano, o indicador do Pine chegou a 0,90. Em janeiro, superou 1 ponto para recuar em seguida. Já em fevereiro, a queda foi intensificada para cerca de 0,60 – variação importante, mas longe de zero ou condição monetária neutra.

“Exatamente por prever o efeito cumulativo e defasado da alta do juro, mantemos intacto nosso cenário para a Selic. Após o aumento de 1 ponto percentual no Copom de março e 0,5 ponto que esperamos para maio, acreditamos que o BC deverá interromper o ciclo e avaliar com cautela o impacto do aperto de 3,50 pontos empreendidos até lá”, diz Oliveira.

Refletindo a tensão que sacudiu dezembro – de arrancada do dólar atenuada com a venda de quase US$ 30 bilhões pelo BC – os índices de confiança recuaram, em janeiro, na avaliação da situação presente e das expectativas.

Calmaria à espera de medidas populistas

Além do juro, a inflação corrente e as previsões salgadas comprometeram, adicionalmente, a avaliação da situação financeira futura das famílias, independente de faixas de renda. Entre os índices apurados em janeiro as perdas foram as seguintes: confiança da indústria (-1,3 ponto), confiança empresarial (-1,8), confiança da construção (-1,9), confiança de serviços (-2,5), confiança do comércio (-2,8) e confiança do consumidor (-5,1).

O indicador que, mesmo em queda, ficou mais próximo da neutralidade, equivalente a 100 pontos, foi a indústria com 98,4 sem anular, contudo, a cautela de empresários quanto ao futuro. Apesar dos estoques satisfatórios nas empresas, ainda persistem dúvidas quanto à sustentação da demanda.

Mas o cenário, no geral, desanuviou com os ativos menos voláteis. Até quando? É difícil prever, ante a expectativa de analistas de que o governo não desistirá de medidas populistas que incentivem a economia – caso da promoção de crédito por instituições públicas e impulso do consignado privado. Na quinta-feira, 20 de fevereiro, em entrevista à Rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro, o presidente reiterou que políticas de crédito ao pequeno empreendedor serão anunciadas.

Além de um Donald Trump mais brando quanto à aplicação das tarifas comerciais, dois vetores políticos explicam a calmaria presente no mercado: a aposta no enfraquecimento do presidente Lula como candidato à reeleição em 2026, condição que poderia abrir espaço para uma política econômica alternativa à frente e de maior compromisso fiscal; e o fato de o Congresso estar esquentando os motores para engrenar as atividades após o carnaval – e com foco na tramitação da proposta orçamentária deste ano.

Se a expectativa se confirmar, a retomada, para valer, dos trabalhos no Congresso ampliará o debate sobre a política fiscal que também estará na ordem do dia às vésperas do carnaval. O Tesouro atualizará informações com a divulgação na quarta e quinta-feira, 26 e 27, respectivamente, do Relatório Mensal da Dívida Pública e do resultado primário do governo central que reúne contas do Tesouro, Previdência e BC. Os documentos referem-se a janeiro.

Já os dados consolidados das contas públicas pelo BC, também de janeiro, vão atrasar. Serão publicados em 12 de março. Em meados de janeiro, o BC informou o adiamento das estatísticas fiscais e as monetárias e de crédito. Explicou que a mudança de datas resulta da necessidade de prazo adicional para que as instituições adaptem seus sistemas ao novo plano contábil (Cosif) das entidades reguladas pela instituição. Mas as alterações no Cosif não afetarão as estatísticas ou suas séries históricas, assegurou o BC.

A última semana do mês ainda reserva a divulgação do IPCA-15 e IGP-M de fevereiro, respectivamente, para terça e quinta-feira, 25 e 27. Os índices poderão confirmar o rebote no custo da energia elétrica que despencou em janeiro pelo bônus de Itaipu nas contas de luz.

Na agenda externa, o PIB dos EUA no quarto trimestre tem anúncio previsto para quinta, 27, e inflação no dia seguinte. Especialmente o dado de inflação (PCE) de janeiro é relevante para a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juro. A próxima reunião de política monetária do BC americano será em 19 de março – mais uma vez coincidente com o encontro do Copom, no Brasil.



Fonte: Neofeed

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