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O algoritmo antidesperdício que não deixa os alimentos estragarem

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O algoritmo antidesperdício que não deixa os alimentos estragarem
Tempo de Leitura:5 Minuto, 57 Segundo


No Brasil dos paradoxos, onde a comida jogada fora equivale a oito vezes a quantidade necessária para alimentar quem tem fome, 65% das frutas, legumes e verduras produzidos apenas no estado de São Paulo têm o lixo como destino.

Delicados e sensíveis à ação do tempo e das condições climáticas, os vegetais estão entre os alimentos que deterioram mais depressa. Às vezes, eles nem apodreceram, mas ficaram “feios” para exposição nas gôndolas dos supermercados e nas bancas das feiras… em ambos os casos são descartados.

Grande parte do problema está na falta de planejamento preciso de o que comprar e quando. A solução mais óbvia é também a mais arriscada — pelo menos, do ponto de vista, do negócio. Comprar menos significa vender menos. E isso ninguém quer.

Com o propósito de ajudar o varejo a “comprar certo e não menos”, o economista Marco Perlman, em parceria com os engenheiros Bruno Schrappe e Aline Azevedo, fundou, em 2022, a startup Aravita. O trio desenvolveu uma plataforma de inteligência artificial (IA), capaz de fazer a gestão de hortifrutis, reduzindo o desperdício em 20%.

“Se o varejista cortar demais, pode atrapalhar a jornada do consumidor”, diz ele, CEO da foodtech, em conversa com o NeoFeed. “Aí, ele passa a ter um problema.”

Modelos avançados de deep e reinforcement learning fazem o cruzamento de uma série de variáveis, com uma precisão e rapidez que nós, humanos, jamais conseguiríamos alcançar.

Para chegar às quantidades ideais de frutas, legumes e verduras, os algoritmos da Aravita analisam a previsão de consumo de determinado produto e sua quantidade em estoque; as datas de entrega e o histórico dos fornecedores. É tudo uma questão de matemática.

Uma aritmética complicadíssima, cujas equações são determinadas por fatores específicos — aparentemente incombináveis entre si. As condições meteorológicas do momento, por exemplo, indicam o tipo de alimento mais consumido: ingredientes para saladas e frutas saem mais em dias de calor; enquanto produtos mais usados no preparo de sopas, como batata e lentilha, em tempos de frio.

Já o período do mês em que a maioria dos clientes de uma loja recebe o salário indica a época das maiores compras — dinheiro na conta é sempre sinônimo de carrinho mais farto.

Até o sentido da rua onde o comércio está localizado é levado em consideração. Se for na direção centro-bairro, as vendas tendem a acontecer no final da tarde, quando as pessoas do trabalho em direção às suas casas. Da análise conjunta de parâmetros como esse, emergem o período e quantidade de hortifrutis a ser comprada.

Rua alagada

Os relatórios emitidos pela Aravita são diários e consideram até imprevistos. Caso um temporal alague a rua onde fica o mercado, por exemplo, a IA sugere que, no dia seguinte, muito provavelmente, as vendas serão fracas. “A gente recomenda a partir de quando o varejista pode voltar a comprar o produto”, explica o cofundador da startup. Até porque o aplicativo também informa a partir do momento em que aquela fruta, verdura ou legume deve estragar.

Inicialmente, o foco da empresa são os supermercados com faturamento acima de R$ 1 bilhão. “Eles têm os dados mais organizados do que qualquer outra parte da cadeia de abastecimento”, afirma o executivo. “Quanto menor a loja, mais difícil acertar, já que muitas vezes as informações não são completas.”

Hoje a tecnologia da Aravita está presente na rede St. Marche, que entrou com um pedido à Justiça de São Paulo para suspensão temporária do pagamento de dívidas e para proteger a companhia contra medidas de cobrança de credores financeiros, passo antes de um pedido de recuperação judicial.

Hoje, 33 lojas espalhadas pela capital paulista, municípios da região metropolitana de São Paulo, Campinas, no interior do estado, e Santos, no litoral, usam a tecnologia da Aravita.

O mundo desperdiça, em média, 45% dos legumes, frutas e verduras produzidos, informa a FAO, a agência para a alimentação e agricultura da ONU

Sediada em Seattle, a Strella Biotech criou um sistema de IA que indica o momento ideal para o consumo de cada fruta (Foto: Strella Biotech(

Mark e Aislin Kirwan, da Positive Carbon, de Dublin, criam uma espécie de “Big Brother das cozinhas comerciais” (Foto: Positive Carbon)

Desde o início da parceria, em abril de 2023, o índice de aceitação das recomendações apresentadas pela Aravita ultrapassou a marca de 80%, diz Perlman. No restante dos casos, os funcionários responsáveis pela compra alteraram a indicação da IA, já que a palavra final é sempre da unidade compradora. “É muita decisão que acontece todo dia”, explica o cofundador.

Além da queda no volume de desperdício, a tecnologia da Aravita ajudou a reduzir em 30% o índice de ruptura — quando uma venda é perdida pela falta do produto em loja. A IA avalia entre 500 a 800 itens diferentes, por loja.

Recentemente, a empresa iniciou um projeto piloto com uma outra rede de supermercados, em um modelo diferente do adotado no St. Marche.

“Nesse caso, o pedido é centralizado e o estabelecimento negocia diretamente com o fornecedor. Então, a gente leva a recomendação para essa central de compras”, explica o CEO da Aravita, sem revelar o nome do novo cliente. “Também está funcionando.”

A primeira captação da startup aconteceu em março de 2023: US$ 2,5 milhões, em um aporte liderado pela americana Qualcom Ventures e pela argentina 17Sigma, além de fundos brasileiros e investidores-anjo.

Entre eles,  o fundo mexicano Bridge (que tem entre seus LPs os principais empreendedores de unicórnios do país) e os brasileiros DGF Investimentos, Alexia Ventures, Big Bets e Norte Capital.

Os fundadores da Aravita querem ir além. E compreender mais sobre a transformação de alguns produtos e suas diferentes formas de consumo. “A gente já discute como entender melhor o momento em que a laranja vira suco, por exemplo”, conta o CEO.

Isso significa vender o produto para o cliente que não compra fruta in natura, mas sob a forma da bebida. E isso pode influenciar o volume de compra — e, lá na frente, as perdas.

No mundo

O planejamento aprimorado da demanda do varejo, como propõe a Aravita, é apenas uma das soluções baseadas em IA no combate ao desperdício de alimentos.

A tecnologia pode ser usada na coleta de dados sobre quando os produtos estragam. É o caso da americana Strella Biotech, de Seattle, que desenvolveu um sistema de sensores capaz de indicar quando as frutas estão prontas para serem comercializadas.

A IA tem ainda o potencial de rastrear os resíduos, produzidos nos serviços de alimentação, identificando os pontos críticos nos quais os gestores devem se concentrar para evitar as perdas de comida

Sediada em Dublin, a Positive Carbon criou uma espécie de “Big Brother das cozinhas comerciais”.
Equipadas com câmeras de última geração, o sistema irlandês consegue fazer a distinção entre ingredientes e restos de pratos já consumidos. Os cozinheiros podem receber alertas do tipo: “Diminua a quantidade de lasanha em 25%”.

“Estamos apenas começando a entender o potencial total da IA como uma ferramenta para impulsionar reduções na perda alimentar”, avaliam, em relatório, os analistas da ONG americana ReFED. “Será emocionante ver como essa indústria se desenvolverá em um futuro próximo.”





Fonte: Neofeed

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Números Falam #35 – Pedro Alvarenga, CFO da CSU

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À espera de fusão de € 1,5 trilhão com AXA, BNP Paribas ajusta operação de sua gestora no Brasil

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ricardo guimarães ceo bnp paribas
Tempo de Leitura:6 Minuto, 46 Segundo


A BNP Asset Management Brasil enfrentou uma turbulência no ano passado. O então CEO Luiz Carlos Sorges deixou a gestora após 23 anos para ser sócio e head de estruturas na XP Asset. O executivo levou duas pessoas da equipe com ele, responsáveis pelo flagship da casa. E o saldo para a instituição francesa foi negativo.

O fundo BNP Paribas Match DI vinha chamando a atenção do mercado com uma rentabilidade bastante satisfatória para um produto com liquidez e baixo risco (102,5 % do CDI em 2023 e 2024), um patrimônio que subiu de R$ 4,4 bilhões sob gestão no fim de 2022 e chegou a R$ 17 bilhões em junho de 2024 e pouco mais de 236 mil cotistas, segundo dados da plataforma Mais Retorno.

Desde a saída de Sorges, o fundo flagship foi sofrendo resgates e encolheu para cerca de R$ 10 bilhões – e o número de cotistas caiu para menos de 160 mil. A trajetória da BNP Asset, que até então era de captação, se transformou em resgates. E a gestora fechou o ano passado com captação negativa de R$ 7,8 bilhões, segundo dados da Anbima.

“Esse movimento faz parte do jogo. É natural que um player novo queira atrair talentos. E o Sorges já havia expressado a vontade de ir para novos desafios, após muitos anos na mesma função”, afirma Ricardo Guimarães, CEO do BNP Paribas no Brasil, em entrevista ao NeoFeed.

“Sempre que há uma mudança de gestores há uma perda de investidores em um primeiro momento, mas isso já está se revertendo com os resultados conquistados”, complementa.

Desde junho de 2024, Aquiles Mosca, na casa desde 2018, é o CEO da BNP Asset Management. A equipe também se reforçou com Damont Carvalho, ex-Principal Claritas, como gestor sênior de renda fixa e multimercados, e Natália Soares, que estava no banco BNP, como analista sênior de crédito privado.

Além deles, no início deste ano, a asset trouxe Gustavo Ottoni, que era responsável por macro alocação no fundo de pensão do Banco Central, como gestor sênior de fundos de fundos (FoFs).

Com os reforços e assento da nova liderança focando nas estratégias de renda fixa e conseguindo bons resultados, a décima quinta maior gestora do Brasil com R$ 70 bilhões sob gestão, segundo a Anbima, retoma o seu crescimento. E terá ainda uma grande alavanca vindo do exterior, com as possibilidades abertas pela fusão com a AXA Investment Management.

No fim do ano passado, o banco BNP selou um acordo de sua gestora com a AXA para criar a segunda maior gestora de ativos da Europa, com € 1,5 trilhão sob gestão – e uma das 10 maiores do mundo.

A fusão ainda está esperando a aprovação dos reguladores europeus, mas o sindicato do setor já deu o seu aval, o que sinaliza uma aprovação no meio deste ano, como afirmou o banco francês em sua divulgação de resultados.

Esse protagonismo global será um diferencial no projeto da gestora do BNP Paribas no Brasil, principalmente com a ampliação de acordos de distribuição. A AXA é bem forte em fundos de renda fixa, o que aumenta o portfólio de produtos do BNP – aqui no Brasil, a AXA atua só como seguradora.

“Ganhamos mais visibilidade e uma gama maior de produtos e tecnologias para oferecer para os clientes brasileiros. Pretendemos trazer novos feeders funds de fundos internacionais para cá, aumentando a oferta em uma crescente busca por ativos internacionais”, diz Guimarães.

Desde o fechamento de seu wealth management local em 2022, e a perda de seu mercado cativo, o BNP vem ampliando sua distribuição com plataformas de investimento e family offices. E a mais recente fase dessa ampliação de portfólio tem acontecido neste momento.

O banco está fechando parcerias com plataformas offshore, como Avenue, Inter, XP, BTG entre outras, para disponibilizar seus fundos globais aos investidores brasileiros de forma facilitada. E para o banco BNP, essa é uma forma mais eficiente de distribuição, pois não necessita da criação de feeders.

Ao mesmo tempo, o BNP está dando apoio a essa distribuição localmente em assessorias de investimento, para explicar as características dos produtos e aconselhando para quais perfis é mais indicado. E espera-se que essa presença local seja decisiva para a escolha dos alocadores e investidores.

“Estamos focando na venda de fundos no mercado offshore, crescente com a democratização do acesso nas plataformas digitais”, afirma Guimarães. “O brasileiro se sente mais seguro em aplicar em nomes conhecidos. Com a nossa placa forte no Brasil e tamanho global, acreditamos que podemos ser protagonistas nessa jornada internacional.”

Quem também irá se beneficiar da nova gama de produtos globais com a AXA são os fundos de pensão, que sempre foram importantes para a gestora brasileira e representam mais da metade do passivo da gestora brasileira. As fundações, por questões regulatórias, alocam em players internacionais que têm presença local.

Guimarães ressalta que a demanda no momento é baixa, com as altas taxas pagas pelas NTN-Bs, mas a gestora já está fazendo o trabalho educacional para o momento de virada. E como parte da estratégia de estar mais próxima desse público institucional, o banco está lançando neste ano uma plataforma de gestão de recursos, para ajudar as fundações a gerirem o seu patrimônio de forma mais automatizada.

Surfando as emissões de renda fixa

Apesar de grande em market share, a asset representa menos de 10% da receita do BNP no Brasil. A maior parte do faturamento vem da mesa de operações, que executa transações como câmbio e derivativos para bancos e gestoras no País.

O banco tem uma participação de mercado relevante nessa linha de negócio e o que parecia sem espaço para mais crescimento, ganhou impulso com a nova regulação de derivativos de crédito em 2023.

Da mesma forma, o crescimento do mercado de capitais em renda fixa, que teve a emissão recorde de mais de R$ 700 bilhões no ano passado, abriu espaço para o investment banking do BNP dar um salto.

“O mercado cresceu muito, cerca de 40%, e conseguimos crescer mais, cerca de 60%, e ganhar market share. Estamos nos tornando referência na emissão de crédito de infraestrutura e incentivados no geral”, diz Guimarães.

Segundo o banco, as receitas com a mesa de operações e o investment banking cresceram, aproximadamente, 20% ao ano entre 2021 e 2023. O bom desempenho fez o banco entrar com um processo para ter uma DTVM e para ingressar no mercado de emissão de equity também.

“No momento, o mercado de IPOs está fechado no Brasil e temos surfado bem a onda de captação por renda fixa. Mas queremos estar completos no nosso IB para quando o mercado mudar de ares”, diz o CEO do BNP.

Assim, o banco vai se destacando nas emissões de infraestrutura e quer ser protagonista no potencial de títulos verdes brasileiro, escolhendo atuar em emissões que fazem parte dos valores sustentáveis do banco. Em destaque agora estão o segmento de energia limpa e de infraestrutura em data centers.

Na visão do CEO do BNP Paribas, o Brasil possui uma vantagem competitiva em energia sustentável e pode liderar o processo de transição energética. “O Brasil perdeu o boom demográfico para crescer e não pode se dar ao luxo de perder essa vantagem competitiva do powershoring que traz oportunidade para o Brasil nos próximos 20 anos”.

Para o banco, a área financeira possui um papel primordial nessa estratégia, ajudando a financiar projetos sustentáveis por meio do mercado de capitais e contribuindo para um investimento com uma visão mais sustentável.

Na Europa, onde essa discussão está mais avançada, já há uma taxonomia verde bem estabelecida e um mercado de carbono regulado que pode servir de modelo.

Como o maior banco de investimento europeu e com grande presença no Brasil, o BNP quer ajudar nessa conexão com o velho e sustentável continente e ajudar nessa discussão na COP-30 em novembro.

“Esse será um marco importante para o Brasil em sustentabilidade e há várias iniciativas a serem desenvolvidas no mercado dívida, em sustainable finance, e queremos ajudar nossos clientes brasileiros, sejam bancos, gestoras ou empresas, nessa evolução”, afirma Guimarães.



Fonte: Neofeed

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O duro recado da Gerdau ao governo brasileiro sobre o aço da China

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Gerdau aços (Foto: Divulgação)
Tempo de Leitura:4 Minuto, 19 Segundo


Maior empresa produtora de aço no Brasil, a Gerdau cobrou o governo brasileiro para adotar de forma rápida medidas mais duras de defesa à indústria nacional, a exemplo do que fez o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em taxar em 25% o aço importado.

Para a Gerdau, não há ação efetiva do Brasil para frear a entrada do aço da China no mercado nacional. A companhia inclusive deu prazo para aguardar o posicionamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva antes de repensar o volume de investimentos no País: fim do primeiro trimestre.

“O tempo está passando e a gente precisa confirmar ou não os investimentos dos próximos anos”, diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. “Esse é o prazo importante para que gente perceba movimentos do governo para evitar essa competição desleal.”

O problema, segundo Werneck, é que não há, no horizonte, alguma iniciativa prática em andamento para minimizar o impacto da presença do aço estrangeiro no Brasil, a um custo menor do que o produzido no País.

“É frustrante ver que o governo brasileiro não é célere para tomar medidas de defesa comercial”, afirma Werneck. “Temos quatro ou cinco semanas para buscar uma solução.”

O alerta está no aumento significativo da presença do aço importado no Brasil. Segundo a Gerdau, o volume do produto vindo do exterior corresponde hoje a um índice próximo a 20%, quase o dobro do que representava historicamente, quando alcançava 10%. Do total importado, quase 70% vêm da China.

“Não dá para competir com um aço importado, com preço menor do que nosso custo. Não dá para competir. São claros descumprimentos do que preconiza a Organização Mundial do Comércio (OMC)”, diz Werneck. “Por isso que países como os Estados Unidos têm sido pragmáticos em adotar essas medidas de defesa comercial.”

O CEO da Gerdau subiu ainda mais o tom quando disse que a indústria precisa é de um governo que garanta sua defesa e não a proteção. “Proteção dá a ideia de alguém que é ineficiente, que precisa de ajuda. Não quero proteção de nada. Temos 124 anos de história e todos os dias pensamos em competitividade”, afirma. “O que quero é condição isonômica.”

Em 2024, o Brasil implementou cotas de importação de produtos ligados ao aço, mas, segundo a empresa, as medidas prejudicaram a competição no mercado nacional e afetaram as receitas das empresas, inclusive a Gerdau.

Segundo Werneck, sob impacto das iniciativas insuficientes do governo, a Gerdau decidiu hibernar, em maio do ano passado, a unidade de Barão do Cocais, em Minas Gerais.

“Essa usina não conseguia produzir mais. A gente se viu com a necessidade de passar esse volume para outras unidades, para poder melhorar nossa equação de custos”, afirma. “Isso aconteceu porque o Brasil não toma as medidas adequadas.”

Para o CFO da companhia, Rafael Japur, isso significa que a empresa poderia ter um acréscimo de 10% no volume de vendas de aço no Brasil, se essa competição, na avaliação da empresa, fosse mais leal. “Se não fosse esse volume de penetração de aço importado, que dobrou de tamanho, poderia vender mais”, diz. “Poderíamos ter produzido 10% a mais a gerado muito mais empregos.”

Em um cenário desafiador, a empresa inaugura, em março, um laminador de bobinas a quente em Ouro Branco (MG), que vai aumentar a capacidade de laminação de 250 mil toneladas de aços planos para a Gerdau. O CEO, no entanto, reconhece a dificuldade de ampliação de mercado.

“A gente vai começar a operar esse laminador com dificuldade de vender, por estar entrando produto importado no Brasil. E o que vamos fazer? Deixar um equipamento novinho parado? Esse é o dilema que estamos enfrentando”, afirma Werneck.

Cenário favorável

Nos Estados Unidos, o cenário é diferente para a Gerdau. A empresa aposta na utilização da capacidade ociosa de produção de 30% na unidade local para ampliar sua presença no mercado norte-americano. Isso poderia representar um aumento de volume de 1 milhão de toneladas de aço por ano.

“Essa capacidade ociosa nos ajuda a diluir nossos custos e ser mais competitivos. A gente espera produzir mais nos Estados Unidos e melhorar nossos resultados”, diz o CEO.

Em 2024, a siderúrgica investiu R$ 6,2 bilhões, sendo 46% em manutenção e 54% em projetos de expansão, além de atualização tecnológica. Para este ano, estão previstos aportes de R$ 6 bilhões.

Se há desafios para serem enfrentados, a companhia também demonstra confiança em seu próprio crescimento. No ano passado, a siderúrgica destinou aos acionistas, por meio de dividendos, R$ 1,7 bilhão para a Gerdau S.A. e R$ 461 milhões aos donos de ações da Metalúrgica Gerdau S.A.

Também em 2024, a empresa realizou a recompra de 69,8 milhões de ações ordinárias e presenciais, representando 3,4% das ações. Para este ano, estão previstas recompras equivalente a 3,2%.

A receita líquida da companhia em 2024 fechou a R$ 67 bilhões, queda de 2,7% sobre 2023. O lucro líquido alcançou R$ 4,3 bilhões, queda de 37,5%.

Os papéis da empresa na B3 registraram queda de 4,04% em 12 meses. A empresa está avaliada em R$ 34,7 bilhões.



Fonte: Neofeed

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