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O “cashback” da descarbonização: como os benefícios superam os custos da transição climática

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O “cashback” da descarbonização: como os benefícios superam os custos da transição climática
Tempo de Leitura:6 Minuto, 21 Segundo


Até o cientistas estão alarmados. A crise climática explodiu antes do previsto. Os eventos extremos estão mais frequentes e agressivos. O aquecimento global deixou de ser uma hipótese formulada por projeções matemáticas. O caos se dissemina. Secas intensificam os incêndios; tempestades e furacões colocam cidades inteiras sob a água; ondas de calor “derretem” a Antártida e o Ártico e o nível do mar sobe… mais e mais severos, é um recorde atrás de outro. A temperatura do planeta nunca foi tão alta.

Os prejuízos humanos e financeiros são enormes. Nos últimos 20 anos, o clima em desequilíbrio custou à economia global US$ 2,8 trilhões, em danos à infraestrutura, à agricultura e à saúde humana, entre outros, informam analistas do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Entre 2000 e 2019, quase 61 mil pessoas morreram, no mundo, de causas associadas às mudanças climáticas.

Com o recrudescimento da crise, as perdas, naturalmente, aumentam. Mantido o ritmo de degradação atual, até 2050, o rombo pode variar de US$ 1,7 trilhão a US$ 3,1 trilhões anuais.

No artigo The economic commitment of climate change, publicado recentemente na revista científica Nature, pesquisadores alemães preveem uma retração de até 19% na economia global, ao longo dos próximos 26 anos. “Nesse período de curto prazo, os danos já superam em seis vezes os custos de mitigação necessários para limitar o aquecimento global a 2 °C”, escrevem.

Já está mais do que estabelecido que os recursos usados no controle e prevenção de qualquer problema são sempre menores do que os gastos com o tratamento do mesmo problema. Por que com o aquecimento global seria diferente?

A descarbonização já cumpriria seu papel se zerasse as despesas relacionadas à crise ambiental. Mas, ela vai além e oferece uma espécie de cashback para a humanidade.

“Fazer a transição para uma economia de baixo carbono até 2050 poderia resultar em um PIB global 7% maior do que sob as políticas atuais”, lê-se em relatório do FMI, divulgado no início do ano.

Nas estatísticas da Organização Mundial do Trabalho, a migração para um sistema verde pode abrir 103 milhões novos empregos — o suficiente para compensar os 78 milhões de postos previstos desaparecer.

“Desses trabalhadores cujos empregos serão eliminados devido à contração em indústrias específicas, a maioria será capaz de encontrar a mesma ocupação em outras indústrias”, informa o documento Just Transition Policy Brief.

Mas ainda dá tempo?

“PIB maior” e “PIB melhor”

“É possível, sim, recuperar os danos econômicos e ainda produzir mais riqueza e distribuição de renda a partir de ações voltadas para a descarbonização e adaptação às mudanças climáticas”, diz o economista Carlos Eduardo Frickmann Young, professor do Instituto de Economia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista ao NeoFeed.

Com os também economistas Marcio Alvarenga Junior e Lucas de Almeida Nogueira da Costa, Young assina o Green New Deal — Brasil (GND-BR), um plano composto por cinco eixos temáticos, com um total de 30 ações, a ser implementado até 2030.

Baseada na certeza de que não há dicotomia entre crescimento econômico e respeito ambiental, essa espécie de “cartilha da salvação” tem o potencial de impulsionar um novo ciclo de crescimento no país — mais produtivo, sustentável e igualitário.

O conceito de “green new deal” surgiu no mainstream em 2007, em artigo do jornalista e escritor americano Thomas Friedman, no jornal americano The New York Times. A estratégia é inspirada no New Deal, o programa americano dos anos 1930, para a recuperação econômica do país depois da Grande Depressão.

O GND , no entanto, traz uma diferença crucial em comparação ao plano do presidente Franklin Delano Roosevelt: “O Green New Deal busca não apenas recuperar o crescimento econômico (“PIB maior”), mas refundar as bases sobre as quais esse crescimento se ergue (“PIB melhor”)”, escreve o trio, na apresentação do GND-BR.

Nos últimos 20 anos, o aquecimento global custou US$ 2,8 trilhões à economia global

Os eventos climáticos extremos estão mais frequentes, A seca intensifica os incêndios, como aconteceu nos Brasil nas últimas semanas

Entre as ações sugeridas pelo GND-BR, está a construção de 218 mil postos de recarga para atender uma frota de 10% de carros elétricos

Hoje, a abordagem é defendida por acadêmicos, ativistas e representantes da sociedade civil em vários países. Além dos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Austrália e Coréia do Sul, por exemplo. Inclusive a ONU criou, em 2009, o GND global.

Entre as medidas práticas propostas pelo GND-BR, no setor de infraestrutura, estão, por exemplo, a eletrificação de 50% da frota de ônibus públicos, a construção de 218 mil postos de recarga para atender uma frota de 10% de carros elétricos, o incentivo à produção e circulação de caminhões movidos à energia limpa e a expansão da rede de transporte de massa sobre trilhos.

No eixo “uso do solo e de florestas”, por exemplo, a meta proposta é recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas com o apoio à agropecuária de baixo carbono. “Até agora, agimos pensando no curtíssimo prazo e isso só tem aumentado a concentração de renda, a vulnerabilidade social e o agravamento da crise climática”, diz Young.

Embora não compactue de visões catastróficas como as que preveem o fim da espécie humana, o economista é categórico: se quisermos um futuro razoável para as gerações futuras, precisamos, agir coletivamente e rapidamente, mudar de conduta.

Se executado à risca, sob o GND-BR, a economia brasileira deixaria de emitir CO² para passar a capturar o gás da atmosfera. Criaria cerca de 700 mil mais empregos do que o modelo atual, com aumento do salário médio anual dos atuais R$ 22,178 mil para R$ 26,578 mil. E os R$ 509,1 bilhões necessários para implementar o programa, no modelo verde, teria o potencial de gerar R$ 1,28 trilhão.

“A viabilidade do GND-BR depende de fontes de financiamento para a transição proposta que respeitem a capacidade fiscal do sistema público brasileiro, mas que também reflitam o compromisso com um modelo crescimento justo, igualitário e sustentável”, explicam os economistas, no documento. “Por isso, além da tributação induzida pela expansão econômica, são propostos impostos sobre renda e riqueza, cobrança sobre externalidades ambientais, redirecionamento de subsídios fiscais e recursos de fundos de desenvolvimento regionais.”

Finalizado em 2022, o documento já está foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice, Geraldo Alckmin.

Sustentável e inclusivo

Não importa o país, qualquer programa de descarbonização só será eficaz se incluir a redução da pobreza e da desigualdade.

“A transição para uma economia verde deve ser inclusiva para ser sustentável”, diz Saadia Zahidi, diretora geral do WEF, em comunicado de julho. “Apoiar a transição de trabalhadores e abordar lacunas no financiamento e acesso à tecnologia é crucial para atingir metas ambientais e socioeconômicas.”

A necessidade média anual de financiamento climático em 2030 será de US$ 9 trilhões, de acordo com a Climate Policy Initiative, enquanto hoje é de US$ 1,3 trilhão. “A distribuição desigual de fluxos financeiros entre indústrias e negócios pode desacelerar a transição para alguns”, informam os pesquisadores de um trabalho realizado pelo WEF, em colaboração com a consultoria Boston Consulting Group.

Os desafios bem como os gastos com a descarbonização são altos. A conta da inação, porém, é ainda maior. É como diz a escritora americana Rebecca Solnit, no artigo Precisamos de novas histórias sobre o clima, publicado no início de setembro, na revista Quatro cinco um.

“Precisamos superar, logo e em definitivo, a era dos combustíveis fósseis. Mas só conseguiremos mudar o combustível de nossas máquinas quando mudarmos a condução das nossas ideias”.





Fonte: Neofeed

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A Caatinga, bioma mais pobre do Brasil, pode ser uma solução para a fome

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A Caatinga, bioma mais pobre do Brasil, pode ser uma solução para a fome
Tempo de Leitura:5 Minuto, 47 Segundo


Com o fim da temporada das chuvas, as folhas caem, deixando os troncos esbranquiçados à amostra. Do tupi, “caa”, “mata” e “tinga“, “branca”. Na Caatinga, a natureza parece morta — só que não.

As plantas desfolham para reduzir a perda de água pela transpiração e, dessa forma, sobreviver aos períodos mais secos. Basta a chuva voltar a cair para a paisagem esverdear de novo. Deveria ser assim, como sempre foi. Mas o caos climático está subvertendo a dinâmica do único bioma 100% brasileiro.

Com secas cada vez mais longas e frequentes, a Caatinga está ameaçada virar deserto. E, com o declínio ambiental, vem o agravamento da miséria, da fome e da sede de uma gente há muito depauperada — quase 20% da população rural mais pobre do país vive no bioma e depende dele para sobreviver.

Mas ainda há esperança, revela estudo recém-divulgado pelo Instituto Escolhas. Intitulado Os bons frutos da recuperação de florestas: do investimento aos benefícios, o levantamento da ONG socioambiental mostra: a restauração de 1 milhão de hectares da Caatinga, em áreas de preservação permanente e reserva legal, criaria 465,8 mil empregos e produziria 7,4 milhões de toneladas de frutas, hortaliças e verduras.

É comida em quantidade o suficiente para alimentar as comunidades locais e ainda proporcionar renda extra aos agricultores. Os produtos, aponta o relatório da entidade, poderiam ser incorporados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar e vendidos nas feiras e mercados das localidades onde são produzidos — muitas delas, inseridas em desertos alimentares, onde o acesso a alimentos frescos e nutritivos é precário.

Ao fim e ao cabo, os R$ 15 bilhões necessários para a recuperação do 1 milhão de hectares resultariam em R$ 29,7 bilhões em receita líquida — quase o dobro do total investido.

“Isso é renda, isso é gente comendo, isso é mais alimentos nas feiras, isso é a agricultura familiar sendo empoderada”, diz Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, em conversa com o NeoFeed. “Ou seja, a recuperação do que já foi desmatado na Caatinga é uma estratégia também de redução da pobreza, de combate às desigualdades e pelo fim da fome.”

O modelo avaliado pela organização é o chamado sistema agroflorestal (SAF). As agroflorestas alinham os interesses ecológicos aos econômicos, conciliando o plantio de espécies nativas com culturas agrícolas — os dois interagindo entre si e ambos se beneficiando mutuamente.

De um lado, a preservação ambiental, com a promoção da biodiversidade, melhoria da qualidade do solo, controle da erosão, preservação dos recursos hídricos… e de outro, o cultivo sustentável de alimentos, com alívio da pressão sobre a terra e a água, queda na incidência de pragas e doenças e, consequentemente, redução da necessidade de agrotóxicos.

Luz no fim do túnel

Atualmente, no Brasil, a produção agroflorestal é desenvolvida majoritariamente pela agricultura familiar. E, como define a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares, a Caatinga é “o bioma mais rural do país”. Cerca de 32% dos estabelecimentos agropecuários estão na região.

E pouco mais de 25% de seus 28 milhões de habitantes trabalham no setor agropecuário, enquanto a média nacional é de cerca de 6%, informa o estudo Agricultores familiares da Caatinga e do Cerrado: Mapeamento para a promoção de uma transição rural justa no Brasil, elaborado pela ONG Climate Policy Initiative (CPI).

Das cerca de 1,6 milhão de propriedades rurais da região, 75% têm, no máximo, 20 hectares. Ou seja, o bioma é dos pequenos produtores. Mas há um (enorme) problema, como alertam os analistas da CPI.

“Os agricultores familiares da Caatinga apresentam níveis mais baixos de produtividade e de acesso à assistência técnica. Ainda mais importante é o fato de que um grande número de agricultores familiares depende da agricultura de subsistência e vive em locais de extrema pobreza. Tal realidade os expõe ainda mais ao risco climático, devido ao acesso restrito a mecanismos de mitigação, como seguros ou insumos resilientes ao clima.”

“A recuperação do que já foi desmatado na Caatinga é uma estratégia também de redução da pobreza, de combate às desigualdades e pelo fim da fome”, diz Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas (Foto: Divulgação/Instituto Escolhas)

Cerca de 30% das espécies de plantas da Caatinga são endêmicas, como o mandacaru

Adaptado ao calor extremo e à escassez de alimento e água, o roedor mocó é um dos 317 tipos de animal que só existe na Caatinga

Um passo importante rumo à preservação produtiva do bioma foi dado nesta quarta-feira, 11 de dezembro. Por unanimidade, a Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou o projeto de lei (PL) 1990/2024, que institui  a Política Nacional para a Recuperação da Vegetação da Caatinga.

Proposto pela senadora Janaína Farias, do PT, do Ceará, o dispositivo determina, entre outras medidas, a ação articulada da União, Estados, municípios e ONGs para a formulação e implementação de políticas públicas para a restauração e o uso sustentável dos recursos ambientais do ecossistema. E, isso, com a participação das comunidades locais, prevendo a capacitação dos trabalhadores. O projeto segue agora para apreciação da Câmara dos Deputados.

“A aprovação do PL é um  marco histórico. Pela primeira vez, um bioma no Brasil terá uma política própria para guiar a sua recuperação”, comemora o diretor executivo do Instituto Escolhas. “Para que a bioeconomia possa crescer, essas comunidades precisam de apoio. O Brasil, por exemplo, é forte no agro porque foi feito todo um aporte de investimentos e formação de pessoal.”

Uma evolução muito peculiar

Se aprovado também na Câmara, o PL acena com a promessa de um olhar mais atento e cuidadoso para uma região que, desde sempre, sofre com a “falta de vigor institucional”, como definem os pesquisadores do projeto No Clima da Caatinga.

“Há menos conhecimento científico produzido sobre o bioma e menos grupos de pesquisadores seniores em atividade, se compararmos com a Amazônia e a Mata Atlântica, mesmo a Caatinga apresentando biodiversidade comparável”, escrevem os especialistas no relatório Caatinga, a floresta que é a cara do Brasil.

Estendendo-se pelos nove estados do Nordeste e o extremo norte de Minas Gerais, a Caatinga já perdeu 34 milhões de seus 82,6 milhões de hectares. É o quarto maior bioma brasileiro, atrás apenas da Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado e à frente do Pampa e do Pantanal.

Durante milênios, a região passou por oscilações intensas de temperaturas, curtos períodos de tempo nos quais o calor e o frio se alternavam drástica e rapidamente, submetendo a flora e fauna a um processo evolutivo muito particular.

Assim, algumas espécies não são encontradas em nenhuma outra floresta semiárida, apenas aqui — o que explica a importância do bioma para o planeta.

Três em cada dez plantas da região são endêmicas. Mandacaru, xique-xique, catingueira, barriguda e umbuzeiro, por exemplo, são privilégio brasileiro. Tal qual 317 dos 1.1824 tipos de animais. Entre eles, o tatu-bola, o periquito-cara-suja, o mocó, o tamanduá-mirim, o veado catingueiro… dos quais 47 estão ameaçados de extinção.





Fonte: Neofeed

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Com Selic em alta, empresas enfrentam desafio ainda maior em rentabilidade

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Com Selic em alta, empresas enfrentam desafio ainda maior em rentabilidade
Tempo de Leitura:3 Minuto, 9 Segundo


Na última reunião presidida por Roberto Campos Neto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira, 11 de dezembro, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

A decisão representa um baque para muitas companhias listadas na B3, que se encontram num momento em que não conseguem rentabilizar o capital em magnitude suficiente para cobrir o custo do dinheiro, prejudicando a atração de recursos para investimentos.

E considerando que a Selic deve seguir subindo em 2025, as companhias devem sofrer ainda mais para entregar uma rentabilidade capaz de atrair investidores, pagar suas dívidas e ter recursos para expandir as operações.

Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Málaga Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, obtido com exclusividade pelo NeoFeed, que analisou 261 empresas listadas na Bolsa no período de 12 meses até 30 de setembro.

O estudo calculou a rentabilidade das companhias listadas, numa média histórica. O que se viu é que 75% das empresas apresentam rentabilidade inferior a 10% ao ano. A média foi de 7,76% ao ano, com 45 companhias apresentando rentabilidade negativa.

“O Brasil está desestimulando os investimentos corporativos, a iniciativa, o empreendedorismo, a pesquisa e o desenvolvimento, por conta do ambiente de juros elevados”, diz Flávio Málaga, sócio fundador da Málaga Assessoria, ao NeoFeed.

Os juros são apenas uma parte da equação da questão da rentabilidade, mas representam um aspecto importante da equação, considerando o peso que tem sobre as despesas financeiras das companhias, além de ser um sintoma de uma questão que poderia ter sido endereçado pelo governo através de um ajuste fiscal crível.

Málaga destaca que existe uma “trava concorrencial estrutural” para as empresas aumentarem sua rentabilidade, o que é natural, considerando que muitas companhias enfrentam mercados concorridos, o que naturalmente acaba limitando os ganhos.

“Muitas empresas enfrentam um ambiente concorrencial que impede de auferir grandes rentabilidades, muitas têm teto para aquilo que podem render”, afirma ele. “Mas temos um país que não cresce e uma alta despesa com juros. Essa combinação toda derruba a rentabilidade.”

São poucas as empresas que conseguem contornar a situação, que é o caso da WEG. Um dos principais nomes de seu setor no Brasil e no mundo, com claros diferenciais competitivos, a companhia catarinense consegue entregar uma rentabilidade de 30% ao ano, melhor resultado entre as empresas do estudo. A Ambev e a Vale são outras que estão neste grupo privilegiado, considerando seus tamanhos e relevâncias em seus mercados.

“Para ser uma empresa com uma rentabilidade ótima, a companhia precisa ter uma rentabilidade de 20% ao ano, estaria entre as top 20 ou top 30 do Brasil”, diz o sócio fundador da assessoria financeira.

Málaga destaca que o cenário atual é particularmente nefasto para as empresas de varejo, em que a diferenciação é mais difícil, as rentabilidades são estruturalmente menores e as companhias dependem de dívida para girar estoques e recebíveis.

Das empresas analisadas, 25 delas atuam neste segmento, de RD Saúde e Track&Field, que conseguem apresentar bons índices de rentabilidade, até Casas Bahia e Magazine Luiza, nas últimas posições.

Nesse grupo, segundo Málaga, a margem de lucro gira na casa dos quatro e cinco pontos percentuais sobre a receita. “E as despesas com juros come praticamente todo o lucro operacional”, diz ele. “Se essas companhias estiverem com um desempenho apenas mediano, os juros vão corroer o lucro.”

Para incentivar novamente os investimentos em empresas, Malaga diz que os juros precisariam estar, nominalmente, entre 7% e 8% ao ano, para incentivar novamente os investimentos em empresas, levando em conta a rentabilidade que as companhias vêm apresentando. Mas sem um sinal de ajuste crível do governo federal, a situação deve permanecer difícil para as empresas.





Fonte: Neofeed

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A estratégia da Novo Nordisk para enfrentar o fim da patente do Ozempic no Brasil

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novo nordisk ozempic
Tempo de Leitura:4 Minuto, 39 Segundo


A menos de dois anos da expiração da patente no Brasil dos blockbusters Ozempic e Wegovy, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk se prepara para a inevitável perda de mercado com o fim da exclusividade sobre a molécula da semaglutida. Sua estratégia: a modernização e ampliação bilionária da fábrica de Montes Claros, em Minas Gerais.

A companhia acaba de anunciar o investimento de R$ 500 milhões, na unidade fabril brasileira. Com o novo aporte, o total destinado às obras, apenas em 2024, chega a R$ 1,36 bilhão. A ideia é triplicar, até 2027, a produção da enzima enteroquinase, essencial para a produção de dois de seus medicamentos mais vendidos no mundo. A substância “made in Brazil” garante o abastecimento do Ozempic e do Wegovy para mais de 70 países.

“A demanda para produtos da empresa teve uma explosão no mundo. Por isso, a gente precisa produzir mais esses medicamentos, o que explica a importância da ampliação da fábrica de enzimas em Montes Claros”, afirma Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da unidade mineira da farmacêutica, em conversa com o NeoFeed.

“A companhia viu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor global de enzimas ao invés de comprar de outras empresas. E isso nos garante um diferencial competitivo”, complementa.

O resultado global do terceiro trimestre da Novo Nordisk explica a decisão da companhia. Só com o Wegovy, o aumento foi de 79%, entre julho e setembro deste ano. No período, o faturamento global alcançou 34 bilhões de coroas dinamarquesas (o equivalente a R$ 28,8 bilhões). O crescimento geral das vendas foi de 24% sobre o terceiro trimestre de 2023.

Corrida pelo genérico

Com o aumento da produção da enzima, o custo de fabricação dos remédios naturalmente cai. E isso é também um fator importante a se considerar no momento em que é dada a largada na corrida pelos genéricos da semaglutida. Laboratórios nacionais, como EMS, Biomm, Cimed e Prati-Donaduzzi, já demonstraram interesse em produzir o composto ativo.

“Toda vez que expira uma patente a concorrência aumenta, e isso é muito bom para o setor de saúde no Brasil”, diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), em entrevista ao NeoFeed.

Para ele, faz sentido o investimento da Novo Nordisk em solo nacional para reduzir os custos da fabricação do medicamento. “Com mais capacidade, o custo por unidade vai reduzir. E aí a empresa passa a ter condições de competir em patamar mais flexível com quem for lançar o genérico da semaglutida.”

“A companhia viu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor global de enzimas ao invés de comprar de outras empresas. E isso nos garante um diferencial competitivo”, diz Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da unidade mineira da Novo Nordisk (Foto: Divulgação/Novo Nordisk)

Em 2024, a Novo Nordisk investiu R$ 1,36 bilhão na fábrica da farmcêutica em Montes Claros, em Minas Gerais (Foto: Divulgação/Novo Nordisk)

Ainda que não admita, com a nova fábrica, a Novo Nordisk trabalha para minimizar o possível impacto da perda de parte da fatia de R$ 3,3 bilhões, segundo dados da IQVIA dos últimos 12 meses, das vendas dos dois remédios no Brasil. Por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os genéricos devem custar, no mínimo, 35% menos do que suas contrapartes de referência.

Atualmente o antidiabético Ozempic e o antiobesidade Wegovy são encontrados nas farmácias por cerca de R$ 1,2 mil e R$ 2,3 mil, respectivamente. Ou seja, os genéricos não poderão ultrapassar R$ 780 e R$ 1,5 mil. Como a competição se anuncia ser acirrada a queda no preço deve ser ainda maior.

No Brasil, a participação dos produtos de marca corresponde a 85% do valor total dos medicamentos vendidos no País. Em unidades, porém, os negócios respondem por 39% do mercado.

Decisão judicial

A Novo Nordisk tentou ampliar o prazo da exclusividade no Brasil, mas não teve sucesso. A empresa entrou com depósito da patente da semaglutida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em 2006, o que garante a exclusividade do produto durante 20 anos.

Mas a farmacêutica foi à Justiça, alegando que o prazo venceria em 2029 por causa do atraso do Inpi no processo de registro. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que a patente teria validade de duas décadas, a partir da entrada do registro. E, em 2023, o Tribunal Regional Federal (TRF-1) confirmou a decisão.

“A dona da patente queria mais prazo do que lei permite, e isso não é possível. Se a empresa é nórdica, argentina ou brasileira, a duração é igual para todas”, diz ao NeoFeed o advogado Pedro Marques Nunes Barbosa, especialista em propriedade intelectual e que atuou em defesa da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) justamente sobre a patente da semaglutida no Brasil.

No Brasil, o Wegovy chegou às prateleiras das farmácias em julho deste ano, 18 meses após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em janeiro de 2023, para utilização como medicamento contra obesidade.

Já o Ozempic começou a ser comercializado no País em 2019. A alta procura resultou em escassez do produto no Brasil em alguns períodos deste ano. O medicamento não tem aprovação para uso off-label (fora da recomendação da bula) e é indicado apenas para tratamento do diabetes tipo 2.

Com valor de mercado de US$ 375 bilhões (R$ 2,3 trilhões), segundo a Nasdaq Copenhagen, a ação da Novo Nordisk tem valorização de 13,4% no ano.





Fonte: Neofeed

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