Negócios
O que tem surpreendido o Bradesco BBI em meio ao boom da renda fixa
Enquanto o mercado está fechado para operações no mercado de equity, fazendo com que 2024 seja mais um ano sem IPOs e poucos follow ons (oito no total, até o fim de setembro), a renda fixa tem experimentado um forte boom. E o Bradesco BBI está aproveitando.
Com o valor recorde de R$ 484,2 bilhões até agosto de empresas acessando o mercado de dívida, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o banco de investimentos do Bradesco vê o volume e a quantidade de transações subir fortemente, gerando a expectativa de que 2024 seja o melhor ano da história em termos de faturamento.
“No ano passado, teve aquela emissão de debêntures da Aegea, que foi o maior fee [de uma operação de renda fixa]”, diz Felipe Thut, diretor do Bradesco BBI, ao NeoFeed. “Não tivemos neste ano uma transação que nem aquela, mas, ainda assim, vamos ter um ano melhor de receita do que no ano passado”
O banco não divulga o faturamento, mas dados da consultoria Dealogic, levantados para o NeoFeed apontam que, em 2021, quando foi estabelecido o último recorde, a receita foi de US$ 81 milhões. No ano passado, o Bradesco BBI teve uma receita de US$ 40 milhões, de acordo com o levantamento.
O momento positivo para as empresas emitirem títulos de dívida tem feito o Bradesco BBI trabalhar. No acumulado do ano, incluindo debêntures, bonds, notas comerciais, CRIs, CRAs, CCBs e fianças, o número de operações estruturadas que o banco participou, no acumulado do ano, cresceu 65%, em base anual, para 304. E o volume financeiro das operações aumentou 116%, para R$ 360 bilhões.
Thut ressalta, porém, que a renda fixa não é a única frente que está puxando a receita em 2024. Ele diz que M&A vem surpreendendo neste ano, com o banco participando de 21 operações no acumulado do ano, cujo volume financeiro alcançou R$ 40 bilhões, muito acima dos R$ 5 bilhões apurados no mesmo período de 2023. E a perspectiva é de que 2025 siga bem positivo.
“Hoje, em setembro de 2024, tenho 35% mais mandatos do que em setembro de 2023, o que me dá uma confiança maior para 2025”, afirma.
Já para IPOs e follow ons, o diretor do Bradesco BBI diz que o ambiente macroeconômico local e global deve ajudar a destravar as operações, depois de um ano frustrante – no começo do ano, a expectativa da casa era de cinco aberturas de capital em 2024.
“Na retomada do mercado, vamos ser mais dependentes do fluxo de investidores estrangeiros”, afirma, destacando que, por enquanto, não tem projeções para IPOs e follow ons em 2025.
Acompanhe, a seguir, os principais pontos da conversa:
A VEZ DA RENDA FIXA
Os bancos de investimentos estão surfando esse mercado de renda fixa local. Para se ter ideia, este ano, que todo mundo diz que está horrível, vai ser o ano recorde de receita da história do Bradesco BBI, com a renda fixa sendo o carro-chefe. No ano passado, teve aquela emissão de debêntures da Aegea, que foi o maior fee [de uma operação de renda fixa]. Não tivemos neste ano uma transação que nem aquela. Ainda assim, vamos ter um ano melhor de receita do que no ano passado.
E VAI LONGE
Vai continuar entrando dinheiro no fundo de crédito, porque os juros estão altos. E quando você olha para os incentivados, a taxa de longo prazo ainda é muito alta. Os incentivados estão muito fortes, seja CRI, CRA, debêntures de infraestrutura. Acho que ainda vamos longe nessa captação de fundos de renda fixa. Tenho menos dúvida do volume de renda fixa, mas um pouco sobre preço, se não chegou no limite.
FRUSTRAÇÃO EM EQUITIES
Desde a eleição, estamos sempre jogando o ano do equity para frente. ‘Depois da eleição, a janela vai abrir aí’. E aí vieram todas aquelas questões, a desavença entre governo e BC, a PEC da Transição. Nos Estados Unidos, era para os juros terem caído em março, como se falava em novembro do ano passado, mas aí veio a questão da inflação, postergando tudo. Pelo menos agora finalmente caiu. O que aconteceu este ano foi uma reversão de cenário, com a Selic voltando a subir, algo que ninguém esperava. Em janeiro, não tinha como saber que o Fed não iria cortar os juros em março e da reversão da Selic, por isso estávamos animado.
O CAMINHO PARA A RETOMADA DAS AÇÕES
Me parece que, quando os IPOs voltarem no Brasil, e a gente espera que voltem no ano que vem, vamos ter que passar pela situação vista em 2007, quando os estrangeiros compravam a maior parte das ações emitidas, antes de chegar em 2021 e 2022, quando a situação se inverteu, com os brasileiros comprando a maior parte. A indústria de assets que investe em ações está muito machucada, sofreu com resgates e diminuiu de tamanho. E mesmo que os juros caíam no Brasil, vai ser um processo lento. Na retomada do mercado, vamos ser mais dependentes do fluxo de investidores estrangeiros do que foi em 2020 e 2021.
BRASIL “MENOS FEIO”
A questão agora é o que vai fazer com que o País atraia esse dinheiro. O nosso economista-chefe, o Fernando Honorato, brinca que, às vezes, é um campeonato de quem é menos feio. Tem países que estão fazendo coisas que vão prejudicar essa atração de investimento. Talvez o México, por conta da atual situação, não vá atrair o quanto atraiu com a história do nearshoring. No Brasil, a discussão fiscal está no radar dos investidores, mas é muito mais uma preocupação dos locais do que dos internacionais. Porque os estrangeiros olham todos os emergentes e tentam ver quanto a dívida vai crescer nos países. E quando olham entre hoje e 2026, a dívida brasileira vai crescer menos do que nos Estados Unidos e outras economias. O fiscal é um problema, mas é um jogo relativo. E a economia brasileira está muito forte. Tem o lado de preocupação do fiscal, mas a economia está indo bem. O que o Brasil precisa é da volta da percepção de responsabilidade.
IPOs EM 2025
Se não tiver nenhuma reversão de cenário, com certeza vamos ter condições melhores no ano que vem, com Selic caindo de novo e Fed continuando a cortar juros. Neste ano, tivemos saída de dinheiro de estrangeiros da Bolsa de janeiro a junho, mas em julho, com a perspectiva do Fed começando a cortar juros, entrou dinheiro de estrangeiro, e em agosto também. Nesse período, o Ibovespa subiu quase 20%. Somente a expectativa de corte de juros já trouxe o fluxo para o Brasil e foi responsável pela alta da Bolsa. Acho que, no ano que vem, devemos ter condições financeiras mais apropriadas para equities.
DÍVIDA X FOLLOW ONs
Se você tem uma história bacana para contar ao mercado, os investidores topam essa história e acompanham no follow on. O mercado está sempre aberto para follow ons com boas histórias. Mas hoje as companhias estão preferindo captar com dívida primeiro, porque está barato. Estamos fazendo dívidas com sete, dez anos. Em todas as companhias, se couber na estrutura de capital, é melhor captar dívida. Se precisar equilibrar a estrutura de capital, aí faz um follow on, porque tem ainda a questão do preço da ação, que caíram bastante.
PROJECT FINANCE FORTE
Project finance está muito forte. Vamos ter muitos leilões até o final do ano, rodovias federais e estaduais, de saneamento básico, leilões de energia. O project finance mudou muito com saneamento, porque passaram a ter muitas oportunidades. Energia, geração distribuída, está muito forte também. E com as debêntures de infraestrutura, as companhias estão fazendo uma ponte com os bancos e depois fazem take out com as debêntures. Com o mercado de renda fixa forte, as companhias estão conseguindo fazer emissões com taxas super baixas.
M&A SURPREENDENDO
O ano está surpreendendo positivamente, porque eu esperava que esse cenário de juros caros encarecendo o financiamento. Mas os juros começaram a cair com esse mercado de renda fixa. Estamos vendo interesse de estrangeiros no Brasil e de companhias brasileiras se fundindo. Vemos um movimento grande de fusão de companhias listadas, como foi o caso da Auren com a AES, nós estávamos com a AES nesse deal. Foi o caso de Enauta com a 3R. Vemos as companhias não querendo se vender nos preços atuais. Quando faz troca de ações, se ambas caíram 50%, elas se juntam e bola para frente. Vender em dinheiro quando caiu 50% dói demais. Vimos isso acontecer bastante. Algumas companhias juntas têm muita sinergia. Se obtiverem sinergia, talvez seja o gatilho para as ações subirem.
M&A EM ALTA EM 2025
Acho que vamos entrar mais forte em M&A em 2025, porque o deal de M&A é super longo. Entre o dia em que somos engajados e a venda são nove meses, seis meses, dependendo do processo. E tem o Cade ainda. Hoje, em setembro de 2024, tenho mais mandatos do que em setembro de 2023, o que me dá uma segurança maior para a receita em 2025. Vimos uma volta da atividade de novos mandatos. E são mandatos melhores, com maior probabilidade de sair do que não.
Negócios
Regulamentação da energia eólica offshore tem “jabutis voando” para todos os lados
Em uma votação marcada pela força dos lobbies do setor elétrico que atuam no Congresso Nacional, o Senado aprovou nesta quinta-feira, 12 de dezembro, o projeto de lei 576/21, que regulamenta a geração de energia eólica offshore no Brasil, considerada uma das fronteiras tecnológicas mais promissoras do setor de energia renovável.
A euforia por abrir um mercado potencial que pode movimentar entre US$ 40 bilhões e US$ 168 bilhões no País até 2050, dependendo do aporte de investimentos, segundo estudo divulgado em julho pelo Banco Mundial, acabou ofuscada por uma série de “jabutis” – temas sem relação direta com o objeto da lei -, que acabaram sendo incorporados ao PL.
Assim, com votação simbólica, os senadores aprovaram uma lei que vai custar R$ 650 bilhões ao País até 2050 em benefícios para segmentos que nada têm a ver com as eólicas offshore, incluindo a contratação de térmicas a gás natural inflexíveis e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), além de expandir subsídios ao carvão até 2050.
Na ponta do lápis, de acordo com cálculos da consultoria PSR, os jabutis vão acrescentar R$ 25 bilhões por ano na conta de luz dos consumidores, representando um aumento de 11% no custo da energia no Brasil – item responsável por 25% dos gastos de uma família.
“Na prática, a lei aprovada equivale à adoção de uma nova bandeira vermelha de longo prazo na conta de luz”, afirma ao NeoFeed Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia – coalizão formada por 16 entidades que representa todas as classes de consumidores -, resumindo a indignação do setor.
As oito emendas, incluídas originalmente na Câmara dos Deputados e agora referendadas pelo Senado, obrigam o governo a contratar energia cara, desnecessária e poluente, que vai ampliar as emissões de gases de efeito estufa do setor elétrico em 25%.
As manobras ao longo do processo legislativo causaram revolta nas entidades ligadas ao setor elétrico. O PL ficou hibernando um ano no Senado, em meio a pressões do setor das eólicas offshore – para que fosse votado logo para dar segurança jurídica aos investidores – e das entidades, que exigiam a supressão dos jabutis.
Prejuízo duplo
Lucien Belmonte, da União pela Energia, entidade que reúne 70 associações da indústria, aponta outros impactos causados pelos jabutis.
“Para o consumidor, o prejuízo é duplo, com aumento na conta de luz e nos produtos que ele consome, pois todos têm um custo relacionado à energia para produzi-lo, do pão (27,2% do preço) ao vestuário (12,4%), por exemplo”, diz.
Já para o setor industrial, o aumento do custo de energia impacta na margem em relação à competitividade global, em especial dos produtos chineses. “A indústria sofreu dois aumentos de custos consecutivos pelo Congresso: com a aprovação do mercado de carbono, para descarbonizar a economia; e com esses jabutis do PL, que vão carbonizá-la”, acrescenta Belmonte.
Dos oito jabutis, três preveem iniciativas onerosas e totalmente dispensáveis. A contratação compulsória 4,9 gigawatts (GW) de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), por exemplo, vai custar R$ 140 bilhões.
A construção de uma planta de hidrogênio, com contratação obrigatória de 250 megawatts (MW), deve consumir mais R$ 28 bilhões. Outros R$ 140 bilhões serão destinados à contratação de 300 MW de energia eólica na Região Sul.
Numa mostra da força dos lobbies, outros dois jabutis ampliaram benefícios que já estavam assegurados por lei. A contratação compulsória de térmicas a gás inflexíveis, por exemplo, já previa a utilização de 8 GW condicionada ao preço teto e necessidade do sistema.
No novo arranjo, a contratação compulsória caiu para 4,25 GW, mas com inflexibilidade de 70% – ou seja, vão ficar funcionando a maior parte do tempo, mesmo sem precisar – e sem o preço teto, o que vai onerar o sistema em R$ 155 bilhões.
Outro benefício se deu com a prorrogação da contratação de térmicas a carvão. Uma lei anterior autorizava a continuação da operação da usina Jorge Lacerda até 2040. O PL das Eólicas Offshore incluiu mais duas usinas na lista, Candiota III e Figueira, além da extensão do prazo de operação até 2050, ao custo de R$ 92 bilhões.
Nos últimos momentos antes da votação, a prorrogação de concessão de subsídios para renováveis e para projetos de micro e minigeração distribuída (MMGD), que havia sido retirada pelo relator, senador Weverton (PDT-MA), voltou a pedido do PL e do senador Irajá (PSD-TO).
O congressista já havia incluído a medida no projeto lei do Combustível do Futuro, que acabou sendo derrubada pela Câmara. Com isso, o projeto de lei foi aprovado com R$ 71 bilhões a mais em jabutis do que antes de ir a plenário.
Há, porém, uma esperança derradeira: o veto aos jabutis na sanção da lei, que será assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador Randolfe Rodrigues declarou no plenário que as emendas serão vetadas pelo Executivo e, em última instância, judicializadas.
“Desgovernança energética”
Luiz Augusto Barroso, CEO da consultoria PSR e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia que realiza estudos para subsidiar o planejamento energético do País –, afirma que os jabutis das eólicas offshore nasceram de outro PL, da privatização da Eletrobras.
“Houve um acordo implícito entre o governo anterior e o Legislativo, aceitando aprovar a privatização da Eletrobras em troca da inclusão desses jabutis em votações futuras”, diz.
Barroso adverte que a sucessão de benefícios aprovados por lobbies do setor elétrico no Congresso está criando uma “desgovernança energética”, na qual o planejamento do setor passa a ser definido pelo Legislativo, fora das competências técnicas dos órgãos reguladores, como o Operador Nacional do Sistema (ONS), EPE e Ministério das Minas e Energia.
“Os jabutis no setor energético está criando o hábito de o País comprar oferta sem ter demanda que a respalde”, afirma. “Isso desequilibra o sistema, o balanço entre oferta e demanda, a tarifa, o preço de energia e a capacidade de se fazer previsões.”
O especialista aponta alguns exemplos de como os jabutis aprovados vão impactar o setor. O primeiro deles é drenar recursos oriundos de aumentos tarifários que deveriam ser usados para gerar resiliência aos impactos adversos das mudanças climáticas.
Outro efeito é o agravamento do crescimento desordenado da geração distribuída (GD), que obriga o ONS a cortar o excesso de geração das energias renováveis ligadas ao sistema para equilibrar a oferta à demanda.
“Ao obrigar a compra compulsória de nova geração de térmicas inflexíveis, a lei aprovada reduz eventuais necessidades futuras de energia reserva que poderiam ser ocupadas por outras renováveis, incluindo as próprias eólicas offshore”, afirma Barroso.
Ou seja, a ampliação e uso obrigatório de térmicas devem aumentar os cortes de fornecimento de energias renováveis, o chamado curtailment: “Da forma como a lei ficou, seria melhor que não fosse aprovada, os custos dos jabutis são maiores que os benefícios que as eólicas vão trazer”, sentencia Barroso, lembrando do enorme potencial disponível para as eólicas onshore, em terra firme.
O setor de eólica offshore, por sua vez, prefere ver o copo meio cheio. Há muita expectativa de investimentos bilionários para instalar as pás gigantes no litoral brasileiro, apesar de os custos operacionais dos parques eólicos marítimos serem praticamente o dobro dos instalados em terra – com valores anuais de aproximadamente US$ 70 a US$ 80 por kilowatt (kW) instalado para offshore e US$ 30/kW a US$ 40/kW para onshore.
O Ibama recebeu, até a última semana de novembro, 98 pedidos formais de licenciamento de parques eólicos em alto-mar. Juntos, esses projetos pedem autorização para instalar 15.501 torres, o equivalente a 234,2 GW – maior que a capacidade total da matriz elétrica brasileira, de 207,7 GW.
Para Elbia Gannoum, residente executiva da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias), o novo marco regulatório trará para a indústria a segurança jurídica necessária para que o País possa atrair investidores.
“Era algo que esperamos há três anos e que agora se concretiza como viável e necessário para o Brasil”, afirma Gannoum, reiterando que a entidade espera que, na sanção presidencial sejam retiradas todas as emendas que não sejam exclusivamente relacionadas às eólicas.
Para Roberta Cox, diretora de políticas do Global Wind Energy Council (GWEC) – entidade que representa o setor a nível global -, a aprovação do marco legal do setor abre caminho para atrair investimentos não só de desenvolvedores como de todas a cadeia naval de implementação, como de indústrias ligados à produção de hidrogênio verde.
“Só a Petrobras cadastrou dez projetos no Ibama, há ainda interesse de outras gigantes do setor, como da Shell, Equinor, TotalEnergy, além de sondagens de empresas do norte da Europa e dos Estados Unidos”, diz.
Cox afirma que o País possui um dos maiores potenciais do mundo para a geração de energia eólica offshore, com mais de 1.200 GW disponíveis, de acordo com o Banco Mundial. Segundo o GWEC, cada GW instalado representa um investimento de € 2,5 bilhões na economia brasileira.
A diretora da GWEC, porém, lamenta que o projeto tenha sido aprovado com os jabutis. “Mas é importante ressaltar que não foi incluído nnehum estímulo para a energia eólica offshore, todo o investimento será privado”, diz.
Para Barroso, da consultoria PSR, porém, as emendas colocadas no projeto de lei aprovado vão manchar a imagem da nova fonte renovável: “A energia eólica offshore no Brasil será sempre lembrada como a filha dos jabutis.”
Negócios
Suzano quer menos “M&As grandiosos” e mais foco na desalavancagem
Em seu primeiro investor day desde que assumiu o comando da Suzano, em julho deste ano, Beto Abreu afirmou que a companhia não fará grandes movimentos de aquisição, destacando que o foco está na redução da alavancagem financeira e de custos operacionais do negócio.
“Não vamos implementar na nossa estratégia nenhum movimento significativo em termos de crescimento inorgânico”, disse ele na quinta-feira, 12 de dezembro. “Não temos no pipeline nenhum acordo transformador.”
Isso significa que, em vez de movimentos como a aquisição da International Paper, que criaria uma gigante com um valor de mercado de quase US$ 44 bilhões (mas envolveria um cheque volumoso, na casa dos US$ 15 bilhões, conforme noticiado à época), a empresa pretende apostar em movimentos como a compra da Pactiv Evergreen, por US$ 110 milhões, e de 15% da Lenzing, por R$ 1,3 bilhão.
No caso, serão movimentos em que a companhia possa gerar escala, trazendo suas capacidades operacionais e que possa extrair sinergias. É o caso da Pactiv, em que a Suzano vem trabalhando para ter opções de novas linhas de produtos em até cinco anos.
“Nós consideramos, por exemplo, que acordos que fizemos como da Pactiv e da Lenzing são saudáveis, com equilíbrio entre risco e crescimento no exterior”, disse Abreu. “Queremos alocar capital preservando a tendência do processo de desalavancagem.”
Também novato na cadeira, tendo assumido o posto no final de novembro, o CFO da Suzano, Marcos Assumpção, disse que a alocação de capital será o grande desafio da Suzano indo adiante. Mas ele destacou que a estratégia da companhia seguirá a mesma, com as decisões precisando obedecer os critérios de agregação de valor e com o pagamento do preço justo.
Ele destacou ainda os esforços da companhia de reduzir a alavancagem financeira da Suzano, que no terceiro trimestre alcançou 3,2 vezes em reais, visando alcançar o patamar de 3 vezes. Parte disso vem do fim dos vultosos investimentos para o Projeto Cerrado, nova fábrica de celulose da companhia em Mato Grosso do Sul.
A companhia também destacou que pretende implementar iniciativas para reduzir o custo caixa, apostando em iniciativas como mecanização na parte de silvicultura e aumentando a autossuficiência em madeira.
“O custo de capital é uma vantagem competitiva muito importante para a Suzano e não queremos arriscar isso, considerando que estamos numa indústria intensiva em capital”, afirmou Assumpção.
Como parte dos planos, a Suzano também vem trabalhando para concluir alguns investimentos anunciados, como é o caso da construção da fábrica de papéis higiênicos em Aracruz, no Espírito Santo, anunciada em outubro de 2023.
Ao custo de R$ 650 milhões, a planta deve ficar pronta no quarto trimestre de 2025, antecipando em alguns meses o plano inicial, o primeiro trimestre de 2026, fortalecendo a presença da Suzano na parte de bens de consumo, cujo maior movimento foi a compra das operações da Kimberly Clark no Brasil em 2022.
Por volta de 12h40, a ação SUZB3, da Suzano, recuava 2,29%, a R$ 62,63. No ano, os papéis acumulam alta de 13,6%, levando o valor de mercado a R$ 79,2 bilhões.
Negócios
Startup de “carros voadores” embarca novo aporte de US$ 430 milhões (e a Stellantis vai de carona)
As startups de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL), ainda têm algumas escalas a cumprir para colocarem seus “carros voadores” nos céus, em operações comerciais. Mas não faltam investidores embarcando recursos para que essa tendência decole no mercado.
O mais novo nome a reforçar esse movimento é a Archer Aviation. Fundada em 2020, a startup americana anunciou na quinta-feira, 12 de dezembro, que levantou um novo investimento de US$ 430 milhões. O aporte chega apenas cinco meses depois de um aporte de US$ 230 milhões, liderado pela Stellantis, montadora de veículos de marcas como Fiat, Peugeot e Citroën.
A montadora também está pegando carona nessa nova rodada, assim como a United Airlines, que já integrava o captable da companhia. Entre os novos investidores figuram a Wellington Management e a 2PointZero, holding dos Emirados Árabes Unidos.
Com o aporte, a Archer Aviation, que abriu capital em Nova York por meio de uma Special Purpose Acqusition (SPAC) em setembro de 2021, chega a um volume de aproximadamente US$ 2 bilhões captados.
Parte dos recursos anunciados hoje será aplicada em outro projeto anunciado hoje pela startup. Trata-se de uma parceria com a também americana Anduril, empresa da área de tecnologia de defesa, para o desenvolvimento de aeronaves militares híbridas, na categoria dos eVTOLs.
De acordo com as duas companhias, o projeto tem como alvo um potencial registro da aeronave em um programa de aquisições do governo americano, aprovado e autorizado no âmbito do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Ao ressaltar que a cadeia de suprimentos já desenvolvida e a experiência da Anduril vão acelerar o desenvolvimento do projeto, a Archer Aviation também informou que a iniciativa será tocada dentro do Archer Defense, um programa lançado recentemente pela companhia.
Com outro projeto de um eVTOL de cinco lugares em curso, a startup destacou ainda que encerrou o terceiro trimestre com US$ 502 milhões no caixa. E acrescentou que, agora, está bem posicionada, com um dos “principais balanços” do setor e sem necessidades de novas captações no curto prazo.
“Com a Anduril ao nosso lado e esse novo influxo de capital, aceleraremos o desenvolvimento e a implantação de tecnologias aeroespaciais avançadas em escala”, afirmou, em nota, Adam Goldstein, fundador e CEO da Archer Aviation.
Após chegarem a cair mais de 5% na Bolsa de Nova York, as ações da Archer Aviation registravam ligeira queda de 0,14% por volta das 10h37 (horário local), cotadas a US$ 7,38. Em 2024, os papéis acumulam, porém, uma valorização de 20,1%, dando à companhia um valor de mercado de US$ 3,1 bilhões.
Em outros exemplos mais recentes de startups capitalizadas da área, no início de outubro, a também americana Joby Aviation levantou US$ 500 milhões junto à Toyota, montadora japonesa que já investia na operação.
Já a brasileira Eve, fruto de um spin-off da Embraer e com capital aberto também na Bolsa de Nova York, onde está avaliada US$ 1,3 bilhão, captou um total de R$ 700 milhões em duas tranches, com um intervalo de nove dias, junto ao BNDES.
O primeiro contrato, de R$ 500 milhões, terá como destino a construção da fábrica de eVTOLs da empresa em Taubaté, no interior de São Paulo. Já o segundo financiamento será aplicado no desenvolvimento do carro voador da fabricante.
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