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Um filme que fala de corações partidos (e revela o jovem João Pedro Mariano)

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João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro_crédito_ Joana luz
Tempo de Leitura:7 Minuto, 14 Segundo


O que define um lar ou uma família funcional? “Baby”, novo filme de Marcelo Caetano, que estreia dia 9 de janeiro nos cinemas, desconstrói ideias estigmatizadas de família ao acompanhar a trajetória de Wellington (João Pedro Mariano), um jovem à deriva nas ruas de São Paulo após deixar um centro de detenção para jovens.

Logo ao sair da prisão, ele descobre que seus pais “fugiram” dele. Prestes a completar 18 anos, Wellington tenta se manter vivo enquanto busca pela família que o abandonou. Durante uma visita a um cinema pornô, conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que lhe ensina a navegar por um mundo hostil e imprevisível.

O relacionamento entre os dois evolui para uma paixão turbulenta, marcada por exploração e proteção, ciúme e cumplicidade. Baby é repleto de personagens complexos que desafiam o espectador a decidir se deve apoiá-los ou condená-los, refletindo a ambiguidade das relações humanas.

O filme de Marcelo Caetano teve sua estreia mundial na 63ª Semaine de la Critique, em Cannes, no dia 23 de maio de 2024. No Festival de Cinema do Rio de 2024, destacou-se como um dos mais premiados, conquistando os troféus de Melhor Longa-Metragem de Ficção, Melhor Direção de Arte, Prêmio Especial do Júri e Melhor Ator para João Pedro Mariano, estreante no cinema. O longa passou por mais de 40 festivais e acumula 16 prêmios.

Para o jovem ator João Pedro Mariano, de 21 anos, que até então se dedicava exclusivamente ao teatro, o cinema parecia um horizonte distante. Durante sua formação na Escola de Teatro, João viu um post de Marcelo Caetano anunciando testes para Baby. João já gostava muito de Corpo Elétrico, filme anterior do diretor, e decidiu se inscrever. “Por que não?”, pensou. Com o material de divulgação recém-finalizado, enviou sua candidatura. Caetano recebeu quase duas mil inscrições para o papel.

“João demonstrou desde o início uma dedicação impressionante. Ele é cinéfilo e não teve receio de compartilhar suas dificuldades e fragilidades”, diz Caetano ao NeoFeed. “A química entre ele e Ricardo Teodoro foi determinante para a escolha. Ambos mostraram uma generosidade incrível durante todo o processo.”

O caminho para a construção da personagem foi longo. Assim que leu o roteiro e soube que a história girava em torno de um jovem recém-saído da Fundação Casa, João Pedro percebeu que precisaria evitar estereótipos de “fragilidade” e “vitimização”. Para ele, a própria personagem não se via dessa forma.

Laboratório na Cracolândia

Antes de conseguir o papel, João morava com uma tia em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, enfrentando quatro horas diárias de transporte coletivo entre sua casa e a capital paulista, onde estudava. Assim que foi escolhido, a produção alugou um apartamento para ele perto da Praça Princesa Isabel, um dos pontos de dispersão da Cracolândia. Para o ator, aquele local virou um verdadeiro laboratório.

“Eu saía de casa às 11 horas da noite e conversava com as pessoas que moravam nas ruas. Em São Paulo, essas pessoas são invisíveis. Ninguém as vê como indivíduos pensantes. Mas tem gente ali com histórias fortíssimas. Nem todo mundo está na rua porque quer. Eu conversei com muitos ‘Babies’, pessoas com histórias semelhantes à da minha personagem”, conta João Pedro ao NeoFeed.

A trama de “Baby” retrata a história de um jovem que deixa um centro de detenção juvenil e, sem apoio dos pais, vaga pelas ruas de São Paulo

A visita a um cinema no centro de São Paulo muda a vida do personagem principal de “Baby”

Estreia mundial de “Baby” foi na 63ª Semaine de la Critique, em Cannes, em maio de 2024 (Foto: Julia Hervouin/Divulgação)

O diretor Marcelo Caetano exibe o Prêmio Abraço de melhor filme no Festival de Biarritz, na França

Depois, conseguiu visitar a Fundação Casa e entender melhor o perfil e o cotidiano dos jovens que cumprem pena dentro do sistema socioeducativo. “Lá, essas pessoas têm de seguir muitas regras. Assim que chegam, raspam o cabelo deles. Eles perdem a identidade dentro daquele sistema”, explica. Compreender essa rigidez foi fundamental para construir o que João chama de primeira fase da personagem, que retrata um jovem muito racional, frio e duro, até mesmo em seus gestos.

O ator também ficou comovido ao perceber que, assim como sua personagem, muitos daqueles jovens estavam abandonados pela família. Um momento marcante foi uma visita em um dia de confraternização pelo encerramento do curso de panificação.

“Eram 12 garotos finalizando a formação, mas só havia a mãe de um deles lá dentro. O menino que estava com a mãe tentava abraçar todos, mas ficava uma situação meio difícil”, lembra. “Aí eu pensei: Baby é totalmente isso, esse menino que está na busca pela mãe.”

João Pedro também fez uma pesquisa em saunas de São Paulo, locais conhecidos por servirem de ponto de encontro e de prostituição na cidade. Durante essa investigação, o ator procurava se livrar de qualquer preconceito que pudesse ter sobre esse universo. “Eu queria entender os códigos desses lugares e dessas pessoas. Como eles se comportam dentro e fora desses ambientes?”, explica.

Para completar a composição de sua personagem, João Pedro fez aulas de dança Vogue no Vale do Anhangabaú, onde muitas pessoas ligadas ao movimento se reúnem para ensaiar coreografias. “Baby é uma personagem que vive no Centro. Então, foi muita pesquisa sobre esses universos para desvendar essas camadas”, conclui.

O ator ainda assistiu a uma lista de 32 filmes recomendados pelo diretor Marcelo Caetano, entre eles “Pixote: A Lei do Mais Fraco” (de Hector Babenco, 1981), “Amarelo Manga” (de Cláudio Assis, 2002) e “Happy Together” (de Wong Kar-wai, 1997).

Além disso, escolheu um perfume que, para ele, tivesse o cheiro da personagem. “Eu e Baby somos muito diferentes”, afirma. “Acho que tive a graça de conseguir me distanciar de mim mesmo para viver esse personagem, e assim entregar o que entregamos e ver o filme sendo reconhecido.”

Fora o Festival do Rio 2024, João Pedro também foi premiado por sua atuação no Mix Brasil 2024 e no Fest Aruanda 2024.

De Minas Gerais para o cinema

A vida de João Pedro, no entanto, é bem diferente da do personagem que estreou no cinema. Natural de Guaxupé, Minas Gerais, ele foi uma criança inquieta. Tão agitada que sua mãe, Fabiana, buscou ajuda de um psiquiatra, que sugeriu uma solução inusitada: inscrevê-lo no teatro.

A ideia, inicialmente, era apenas canalizar a energia de um menino de 10 anos. Mas o que começou como uma atividade extracurricular logo se transformou em paixão. Uma peça levou a outra, depois mais uma, até que, em determinado momento, João estava envolvido em cinco produções simultaneamente.

“Eu lembro exatamente da primeira vez que entrei em um teatro para subir no palco. Minhas pernas tremiam tanto que pensei: ‘Cara, quero fazer isso para o resto da vida’”, recorda o ator.

Filho de uma empregada doméstica e um funileiro, João Pedro cresceu em uma família modesta, com poucas oportunidades para sonhar. Determinado a trilhar seu caminho no teatro, mudou-se para São Paulo logo após concluir o ensino médio, para estudar na Escola de Teatro. “Sou o primeiro da minha família a sair de casa para estudar e buscar um sonho”, reflete.

Sua mãe, porém, nunca deixou de sonhar junto com ele. Para apoiar o filho, Fabiana fez promessas e orações, transformando o desejo dele em uma missão compartilhada. “Eu me sinto uma pessoa muito privilegiada em relação à família, porque sempre tive um apoio muito grande, principalmente da minha mãe”, afirma. “Ela sempre segurou a minha mão e falou: ‘Cara, se é isso que você quer, vamos correr atrás e vai dar certo.’”

Enquanto pleiteava o papel de Baby, a mãe de João fez uma promessa para o ator cumprir. Caso fosse aprovado, ele precisaria levar um buquê de flores para Santa Rita de Cássia, de quem Fabiana é devota.

E não é por falta de reza nem de talento que a carreira de João está decolando. O ator está no elenco da série Tremembé, da cineasta Vera Egito, prevista para estrear no Prime Video. Ele interpretará o cabeleireiro Duda, que teve um relacionamento com Cristian Cravinhos (Kelner Macêdo) na cadeia.

“Eu espero que os prêmios que recebi por Baby me impulsionem para outros e abra novas oportunidades”, torce João Pedro. “E eu, como um cara gay do interior, acho que é bonito e representativo o que está acontecendo. Recebo mensagens de pessoas dizendo como é bonito ver alguém como eu conquistando esse espaço, como estou representando uma galera também. Acho isso muito forte.” E é só o começo.





Fonte: Neofeed

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Bolsa deve sentir impactos de economia real mais fraca em 2025, projeta mercado

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O BTG estimou o lucro das empresas brasileiras em 2025. E o resultado não é animador
Tempo de Leitura:3 Minuto, 8 Segundo


Perspectivas de que a economia brasileira perca força diante de juros elevados, moeda mais fraca e inflação mais alta levaram o Ibovespa a encerrar o ano passado com queda de 10,36%, apesar de um desempenho econômico robusto. O PIB de 2024, ainda a ser divulgado, deve fechar em 3,49%, segundo projeções do Focus. Excluindo 2021, ano de recuperação pós-pandemia, esse será o maior crescimento desde 2010. Agora, as preocupações do mercado voltam-se para os impactos na economia real.

A dinâmica econômica projetada para este ano exige maior cautela na bolsa, segundo analistas e investidores. O maior risco, alerta o BTG Pactual, recai sobre as empresas domésticas. Essas companhias devem enfrentar uma forte desaceleração nos lucros, com crescimento projetado de apenas 8%, após uma alta de 29% no ano passado.

Em contrapartida, exportadoras (excluindo Vale e Petrobras) devem apresentar um crescimento de lucro de 44%, revertendo a queda de 33% registrada em 2024, impulsionadas principalmente pela depreciação do real.

Além da dependência do mercado interno, a exposição à Selic deve pressionar ainda mais os balanços das empresas domésticas. De acordo com o BTG, 48% do endividamento total dessas companhias é atrelado à Selic, contra apenas 18% no caso das produtoras de commodities.

O banco também destaca que varejistas de alimentos, eletrônicos e eletrodomésticos possuem alavancagem elevada, amplamente vinculada à Selic. A mesma dinâmica afeta algumas construtoras voltadas para alta renda e locadoras de veículos, setores que devem enfrentar maior pressão em 2025.

“Considerando a incerteza macroeconômica, acreditamos que, daqui para frente, é mais apropriado trabalhar com um cenário de inflação mais alta, taxas de juros elevadas e menor crescimento do PIB”, diz o Santander em relatório.

Essa visão mais cautelosa também se reflete nas carteiras de algumas das principais gestoras. A Ibiuna Investimentos, por exemplo, tem concentrado seu portfólio em empresas com baixa ou nenhuma alavancagem, poder de proteção de margens e perfil exportador.

“Nomes alavancados financeiramente, com fraca geração de caixa e/ou com substanciais programas de investimentos são observados com cautela e devem apresentar resultados desapontadores no curto e médio prazo”, destacou a gestora em carta a investidores.

Mesmo com a aprovação do pacote fiscal às vésperas do recesso parlamentar, o mercado avalia que os cortes de gastos serão insuficientes para conter o endividamento público. A projeção é de que a dívida/PIB alcance 84% em 2026, um aumento de 12 pontos percentuais em quatro anos.

Para a Ibiuna, o cenário doméstico é “relativamente claro”. “Sem uma correção de rumo na política pública de gastos, devemos observar um processo contínuo de deterioração nas variáveis econômicas, como crescimento e inflação, com impactos negativos sobre investimentos, inadimplência, confiança e taxa de desemprego.”

Nesse contexto, até mesmo a tese de que a bolsa está barata, amplamente defendida nos últimos anos, começa a ser questionada.

Com juros reais de longo prazo em 7%, inflação de 5,5% e crescimento projetado de 1%, o BTG calcula que o P/L alvo para o Ibovespa seria de 6,3 vezes, o que colocaria o índice em 90 mil pontos, 25% abaixo do nível atual.

Contudo, em um cenário otimista, com juros reais caindo para 5%, inflação na meta de 3% e crescimento de 3%, o Ibovespa poderia alcançar 179 mil pontos, assumindo um P/L de 12,6 vezes. Para os analistas, porém, esse cenário ainda está distante.

“Considerando o elevado endividamento, as altas taxas de juros e a deterioração fiscal acelerada, a única maneira de estabilizar ou melhorar os preços dos ativos seria por meio de mudanças estruturais no orçamento, algo altamente improvável neste momento”, afirma.

Tradicionalmente, a virada de ano traz uma onda de otimismo ao mercado. No início de 2025, porém, é a cautela que dá o tom.



Fonte: Neofeed

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Biden “afoga” bordão de Trump, proibindo novas perfurações offshore de petróleo e gás

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exploração de petróleo offshore
Tempo de Leitura:4 Minuto, 51 Segundo


Com uma ação executiva anunciada na segunda-feira, 6 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dificultou – e muito – a realização de uma das principais promessas de campanha do presidente eleito e seu sucessor, Donald Trump: a de acelerar a exploração de petróleo e gás na costa americana.

O anúncio de Biden, a duas semanas da posse de Trump, proíbe permanentemente novos arrendamentos de petróleo e gás para perfurações offshore ao longo de toda a Costa Leste, no leste do Golfo do México e no litoral dos estados de Washington, Oregon e Califórnia, além de partes do norte do Mar de Bering, no Alasca, numa área que corresponde a 253 milhões de hectares de águas marítimas americanas.

“Minha decisão reflete o que as comunidades costeiras, empresas e banhistas sabem há muito tempo: que a perfuração nessas costas pode causar danos irreversíveis a lugares que prezamos e é desnecessária para atender às necessidades energéticas de nossa nação”, disse Biden, em um comunicado. “Não vale a pena os riscos.”

Na prática, a medida protegeria o litoral dos EUA, incluindo o Golfo do México, contra futuros derramamentos de óleo e contra a adição de mais poluição de combustíveis fósseis à atmosfera.

“Olha, é ridículo. Vou ‘desbani-lo’ imediatamente”, reagiu Trump em uma entrevista de rádio horas após o anúncio de Biden. Mas anular a ação de seu antecessor não será tão simples como parece à primeira vista.

Para não correr o risco de ver a medida revogada no primeiro dia do novo presidente na Casa Branca, Biden recorreu a uma legislação antiga, de 1953, a Lei de Terras da Plataforma Continental Externa, que dá aos presidentes ampla autoridade para retirar as águas federais de futuros arrendamentos e desenvolvimento de petróleo e gás.

A mesma lei não dá aos presidentes autoridade explícita para revogar a ação e colocar as águas federais de volta ao status anterior. Com isso, após tomar posse, Trump terá de aprovar uma lei no Congresso autorizando a revogação antes de ele próprio assinar um decreto confirmando a mudança.

Como dispõe de maioria na futura configuração da Câmara e do Senado, o presidente eleito em tese não deverá ter dificuldades de reverter a ação executiva de Biden – mas sofrerá o desgaste político de insistir numa decisão polêmica.

“Esta é uma decisão vergonhosa destinada a se vingar politicamente do povo americano que deu ao presidente Trump um mandato para aumentar a perfuração e reduzir os preços do gás”, escreveu num post no X a nova secretária de imprensa de Trump, Karoline Leavitt.

“Fique tranquilo, Joe Biden vai falhar e nós vamos perfurar, baby, perfurar”, acrescentou Leavitt, repetindo o bordão usado pelos republicanos desde 2008 e ressuscitado por Trump na reta final de campanha – “drill, baby, drill”, em inglês -, numa atualização do discurso negacionista da mudança do clima do republicano, que havia glorificado o carvão na campanha presidencial anterior.

O bordão, por sinal, foi citado pela primeira vez em 2008 pela candidata republicana à vice-presidência Sarah Palin, ex-governadora do Alasca, durante debate pela vice-presidência com o então candidato a vice Joe Biden – que levou 17 anos para dar o troco.

Propostas divergentes

A ação executiva expõe a gritante diferença de propostas das áreas de energia e clima que Biden e Trump defenderam durante a campanha presidencial.

Enquanto o atual presidente prometia expandir os investimentos em transição energética verde, Trump reforçava sua intenção de ampliar perfuração de petróleo e gás como fontes de energia adicional.

Apesar do ruído político causado pela medida, analistas de energia afirmam que a mudança não fará muita diferença na produção de petróleo dos EUA – que, por sinal, estabeleceu novos recordes sob Biden.

“Não vejo essa medida como tendo qualquer impacto real na oferta, exportações e importações dos EUA”, disse Tom Kloza, chefe global de análise de energia do Serviço de Informações sobre Preços do Petróleo. Segundo ele, existem muitas plataformas offshore que bombeiam petróleo no Golfo do México e as que estão em operação ficam fora do alcance da ação executiva assinada por Biden.

A ironia é que Trump, enquanto presidente, também se moveu para proibir a perfuração offshore. Em 2020, durante o primeiro mandato, estendeu a proibição de futuras perfurações de petróleo no Golfo Oriental e a expandiu para incluir as costas atlânticas de três estados: Flórida, Geórgia e Carolina do Sul.

A dúvida é se a decisão de Biden vai estimular um acirramento do discurso negacionista de Trump quanto ao clima e à energia verde. A equipe de transição do republicano já começou a traçar planos para reverter os principais elementos do legado climático de Biden.

As ações incluem a retirada dos EUA do acordo climático de Paris – algo que Trump fez em seu primeiro mandato. Eles também prometeram reverter as regulamentações que favorecem veículos elétricos e híbridos e aprovar projetos da Costa do Golfo para liquefazer e enviar gás natural para o exterior, agora ameaçados pela ação executiva de Biden.

Embora Trump tenha prometido matar a lei climática de Biden, seus generosos créditos fiscais de energia limpa estão levando à construção de novas fábricas de veículos elétricos e de plantas solares, beneficiando as economias dos estados controlados pelos republicanos.

Outra peça enorme do quebra-cabeça de energia é a eletricidade, que está em alta demanda à medida que inteligência artificial, data centers e instalações de fabricação de energia entram em operação. Muitas das maiores empresas de tecnologia prometeram usar energia nuclear de carbono zero.

“Todo mundo tem visto a política energética através das lentes das últimas duas décadas, com os republicanos a favor dos combustíveis fósseis e os democratas, da energia limpa e da política climática”, afirma Neil Chatterjee, que atuou como presidente da Comissão Federal de Regulamentação de Energia no primeiro governo Trump. “Acho que estamos prestes a entrar em um novo capítulo.”



Fonte: Neofeed

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Qual é o dólar esperado para este ano: mais para R$ 6 ou para R$ 7?

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dólar real
Tempo de Leitura:4 Minuto, 14 Segundo


A confiança é como um cristal delicado: uma vez quebrado, os fragmentos nunca se encaixam como antes. A primeira trinca aconteceu em março. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abandonou a meta de superávit fiscal primário crescente em 2025 e 2026. A nova meta, a margem tolerância e os gastos fora da meta passaram a ser mais dois anos de déficit.

O cristal se espatifou de vez em novembro. Um anúncio em cadeia nacional destacou mais as medidas expansionistas do que qualquer intenção de controlar gastos, contrair a política fiscal, ou reduzir o crescimento acelerado da dívida pública.
A confiança na política fiscal não será mais a mesma, a não ser que aconteça uma mudança política muito inesperada.

A consequência foi a mudança total na expectativa dominante para a inflação, taxa de juros e a desvalorização da taxa de câmbio.

A mediana das respostas para as próximas 16 reuniões do Copom passaram a apontar uma taxa Selic efetiva de 14,5% em 2025 e 13,1% em 2026.

A esta taxa Selic e ao nível atual da dívida pública bruta, a despesa com juros da dívida pública fica projetada em R$ 1,23 trilhão em 2025 e R$ 1,32 trilhão em 2026, isso em um cenário de taxa de câmbio estável.

Ao se somar o resultado fiscal primário deficitário consensual do momento, o cenário se torna um déficit fiscal nominal em torno de 10,2% do PIB em 2025 e de 10,4% em 2026.

A grande questão é: qual a taxa de câmbio devemos esperar para o fim de 2025? É conhecido o aforismo que a taxa de câmbio existe para deixar os economistas modestos, mas podemos combinar o histórico passado e as condições objetivas atuais para organizar probabilidades.

O argumento de quem espera que o câmbio aprecie para o entorno de R$ 6 combina o seu nível depreciado, em termos efetivos, e a resposta de política monetária que deve retornar a Selic a níveis vistos somente no início dos anos 2000. O histórico e as condições objetivas apontam para a fraqueza desse argumento.

A taxa de câmbio nominal se desvalorizou em 15 dos 25 anos do regime de câmbio flutuante, mas devemos desconsiderar o período de “dólar em baixa e commodities em alta”, vigente entre o final de 2002 até os seus estertores com o grande estímulo chinês em 2009 e 2010, na sequência da Grande Crise Financeira de 2008.

A exclusão significa retirar cerca de 100 dos 300 meses do regime de câmbio flutuante. Os 200 meses remanescentes registraram depreciação nominal em 75% das ocasiões, sem qualquer relação com o nível da taxa de câmbio real efetiva.

As condições objetivas na economia global são tão (ou mais) desfavoráveis para a taxa de câmbio brasileira.

Nota: a taxa efetiva de câmbio ajusta a taxa de câmbio nominal pelo diferencial de inflação nos dois países. A base é o último mês disponível. Fonte: Mont Capital

Fonte: Mont Capital

Fonte: Mont Capital

O presidente Donald Trump quer tornar o investimento para produzir nos Estados Unidos “irresistível” por meio de tarifas de importação, impostos baixos, uma super-desregulamentação e a rápida adoção de novas tecnologias como a inteligência artificial.

O dólar pode se valorizar porque a economia americana realmente se torna “irresistível”, ou por um possível super-aquecimento, déficit público excessivo e a possível alta da inflação elevarem a curva de juros dos Estados Unidos.

As condições objetivas brasileiras de desaceleração no crescimento e mais dois anos de déficit nominal na casa de 10% do PIB (acima de R$ 1,3 trilhão) vão exigir um ajuste no resultado fiscal primário de grandes proporções (R$ 300-400 bilhões), algo improvável no “modo reeleição” que deve vigorar daqui em diante. A parte que exige maior modéstia é na magnitude a se esperar para a depreciação.

De novo, um histórico cria âncoras para a discussão. Os 300 meses de variação anual da taxa de câmbio mostraram depreciações praticamente meio a meio acima e abaixo da taxa Selic efetiva do mesmo período (abaixo inclui as apreciações).
Caso se considere somente as 200 ocasiões fora do período “dólar em baixa e commodities em alta” passamos para 65% de depreciações acima da taxa Selic efetiva no período.

Ao acrescentarmos 14,5% a R$ 6,20 temos R$ 7,10. A variação de considerar o diferencial da Selic sobre o juro de dois anos nos Estados Unidos (14,5% – 4,5%) leva a R$ 6,80. A depreciação superou o diferencial de juros Brasil-Estados Unidos em 73% das ocasiões fora do período “dólar em baixa e commodities em alta”.

Neste cenário de fragmentos de cristal mal encaixados, e provavelmente sem conserto, somado às referências acima, devemos pensar na taxa de câmbio ao final deste ano mais para R$ 7 do que para R$ 6.

*Marcelo Petersen Cypriano é economista-chefe e estrategista da Mont Capital Gestão de Recursos. Teve passagem como economista sênior no Itaú Asset Management e no BankBoston e atuou como economista-chefe no Banco Original e como economista-consultor da KPC Gestão de Patrimônio



Fonte: Neofeed

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