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Grandes gestores “compraram” a alta do juro para dobrar a inflação esperada

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Tempo de Leitura:4 Minuto, 49 Segundo


A convicção de que o Federal Reserve (Fed) iniciará o ciclo de corte de juro em setembro; o discurso do Banco Central em defesa da meta de inflação com aumento da Selic se necessário; e o silêncio do presidente Lula quanto à condução da política monetária formaram o “combo” que patrocinou a virada dos mercados nos últimos dias de recordes renovados do Ibovespa e queda de juro e dólar. Mas a chance de uma virada para pior está no ar.

O “combo” favoreceu o governo por dar trégua às críticas disparadas contra a política fiscal. Entretanto, o BC estará com a corda no pescoço em setembro se não subir a taxa Selic, após sinalizações enfáticas do “duplo comando” da instituição – representado por Roberto Campos Neto e seu provável sucessor Gabriel Galípolo. Grandes gestores “compraram” a alta do juro como necessária para dobrar a inflação esperada.

A disposição do BC de promover a reancoragem das expectativas inflacionárias fala mais alto, inclusive, porque as revisões de cenário macroeconômico que estão sendo processadas pelas instituições cravam aumento das estimativas para o IPCA deste ano e também do próximo. E para além de 4%. Descoladas consideravelmente, portanto, da meta de 3% que o BC deve entregar.

Ancoradas em indicadores de atividade acima do esperado no segundo trimestre, as revisões destacam a expansão do PIB com predominância de viés de alta para este ano. Em contraponto, as estimativas para 2025 apontam firme desaceleração pela expectativa de mais aperto monetário.

Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, XP e BTG Pactual são algumas das instituições que acabaram de recalibrar projeções. Esperam avanço do PIB entre 2,2% e 2,7% para este ano. Para 2025, os prognósticos recuam para algo entre 1,5% e 1,8%.

Na terça-feira, 20 de agosto, em evento do BTG, Campos Neto baixou o tom quanto à alta da Selic, destacando a necessidade (nada nova) de acompanhar a evolução de dados para a tomada de decisão. A observação foi anotada.

Entretanto, sem abortar a expectativa altista lançada por Galípolo – num claro sinal de que ele conquistou credibilidade junto ao mercado para quem ele já é o futuro chefe do BC, ainda que sem indicação formal de Lula.

O risco de “rever” as revisões

Sinal de que declarações em excesso geram instabilidades, apesar da expectativa do mercado de elevação da Selic, das instituições acima citadas, com exceção da XP, todas projetam taxa estável em 10,50% neste ano. A XP vê alta a 11,75%. Para 2025, o Banco do Brasil prevê queda a 9,75%; Bradesco e Santander a 9,50%. Itaú e BTG veem manutenção em 10,50%, enquanto a XP estima Selic a 12%.

Em relatório, a XP informa que a inflação em torno de 4% no horizonte relevante do Copom justifica os ajustes. E calcula que, para trazer a inflação de volta à meta, o Comitê precisaria elevar a Selic em 2 a 2,5 pontos percentuais.

Entretanto, a instituição observa que a alta da Selic pode vir a ser menor, em torno de 1,5 ponto, se perdurar a apreciação recente da taxa de câmbio – que iniciou o mês esbarrando em R$ 5,80 e chegou a declinar a R$ 5,40, mas na quinta, 22 de agosto, voltou a esticar – e se o custo de matérias-primas seguir em queda, melhorando as perspectivas para a inflação de bens em 2025.

A XP prevê que o aumento da Selic começará com 0,25 ponto na reunião do Copom em setembro, seguido de duas altas de 0,50 ponto e um aumento final, de 0,25 ponto, em janeiro – já com o BC sob novo comando.

“Acreditamos que o Copom optará por um ciclo mais rápido, pois esta seria uma estratégia melhor por razões técnicas e políticas”, afirma a XP que considera provável um corte na Selic ao final de 2025 ou início de 2026.

O Itaú prevê Selic a 10,50% até o final de 2025, mas não descarta uma elevação, no caso de persistência do câmbio em patamar mais elevado. Circunstância em que um aumento da Selic poderá ser necessário a pelo menos 11,50%, e ainda neste ano, para que a inflação retorne à meta.

O Bradesco, por sua vez, não trabalha com a possibilidade de alta da Selic, mas reconhece que a atividade resiliente joga a favor de “cautela” na política monetária diante da depreciação cambial já observada.

O banco avalia que os dados de arrecadação e de importação confirmam o bom desempenho da atividade indicando, inclusive, uma recuperação dos investimentos. Consumo e mercado de trabalho aquecidos, além das transferências de renda ao longo do primeiro semestre explicam a expansão do PIB neste ano que poderá superar 2,3%, diz a instituição.

Entretanto, olhando adiante, o Bradesco prevê um impulso fiscal menor e efeitos defasados do aumento do juro real. Uma combinação que deve frear a atividade e justifica a desaceleração do PIB a 1,5% em 2025. Esse recuo leva o banco a considerar que a atividade, em si, não será razão suficiente para o Copom retomar o ciclo de alta da Selic.

Apesar da atenção dedicada aos juros que, se mal calibrados, podem gerar perdas consideráveis aos investidores, a política fiscal voltará aos holofotes em breve com o envio do Projeto da Lei Orçamentária Anual de 2025 ao Congresso. O prazo para o encaminhamento do texto esgota em 31 de agosto.

E a bola estará com a ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet. A grande ausência será o ministro da Fazenda Fernando Haddad que estará a milhas de distância. Haddad embarca para a África do Sul no dia 28 para uma agenda deliberativa do Conselho de Governadores do banco dos Brics. O evento ocorrerá em 30 de agosto.



Fonte: Neofeed

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“Overdose” fiscal mobiliza equipe econômica e engessa mercado

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ajuste fiscal corte de gastos
Tempo de Leitura:5 Minuto, 3 Segundo


Truncada por um feriado com a paralisação dos mercados nos EUA pelo Dia de Ação de Graças na quinta-feira, 28 de novembro, e queda na liquidez global e local, a quarta semana do mês será pautada pela política fiscal que volta a ser protagonista no Brasil após a conclusão da intensa agenda da Cúpula do G20.

As medidas que preveem corte de gastos seguem em destaque no Executivo, enquanto o Congresso, que ainda precisa votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a proposta de Orçamento para 2025, deve apressar os trabalhos para, em seguida, deflagrar a contagem regressiva para o recesso parlamentar que tem início em 23 de dezembro e termina em fevereiro.

Em breve, portanto, o clima será de fim de festa e novembro deverá desembarcar do calendário com uma “overdose” de dados fiscais a ser disparada a partir de sexta-feira, 22 de novembro, com a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas no 5º bimestre.

Ocasião em que bloqueio e/ou contingenciamento de despesas podem ser anunciados, mirando o cumprimento da meta fiscal fixada em zero neste ano, mas com a possível utilização da margem de tolerância de déficit equivalente a 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões este ano) autorizada pelo arcabouço fiscal. Na quinta-feira, 21 de novembro, o ministro Fernando Haddad antecipou que, desta vez, haverá um bloqueio de R$ 5 bilhões no Orçamento.

Se não sofrer atraso pela recorrente mobilização de servidores por reajuste salarial e estruturação de carreiras, o Tesouro divulgará na quarta, 27, o Relatório Mensal da Dívida Pública de outubro. E, no dia seguinte, 28, o resultado das contas do governo central – critério que reúne Tesouro, Banco Central e Previdência. Na sexta-feira, 29, é a vez de o BC publicar o desempenho das contas públicas consolidadas. Também de outubro.

Insumo para uma miríade de projeções de mercado, todos esses documentos são relevantes. Porém, neste momento, o pacote de medidas de corte de gastos, que deve mirar 2025 e 2026, é um concorrente de peso.

É imensa a expectativa no mercado com essas medidas que já passaram por prolongada discussão dentro do governo, capitaneadas pelo presidente Lula, mas com desfecho atropelado pela Cúpula do G20. A reunião de chefes de Estado e de Governo, além de privilegiar obviamente uma agenda global, deslocou para o Rio de Janeiro a base do governo brasileiro que tende a estar novamente alinhada para uma semana “cheia”, na segunda, 25 de novembro.

É fato que as propostas para limitar a expansão das despesas podem ser anunciadas a qualquer momento. Mas sob o risco de serem ofuscadas pela arrecadação federal – divulgada na quinta-feira, 21 de novembro – renovando recordes. Em outubro, a expansão real foi de 9,77% e, em dez meses, de 9,69%, saltando a R$ 2,182 trilhões.

Trâmite no Congresso recomenda cautela

Embora amplamente aguardadas, as medidas de corte de gastos terão longo caminho a percorrer para se tornarem efetivas porque deverão ser encaminhadas ao Congresso na forma de Proposta de Emenda à Constituição e Projeto de Lei – sinalização dada há tempos pelo ministro Fernando Haddad.

Esse trâmite congressual conhecido sugere, a priori, que as propostas dificilmente serão aprovadas a toque de caixa ou na íntegra. Porém, prevalece a expectativa de que as medidas reforçarão a âncora fiscal tendo, portanto, uma repercussão positiva, avaliam economistas de instituições financeiras. No mínimo, porque o prometido terá saído do papel.

Já o impacto nos preços dos ativos poderá ser limitado, dada a demora do governo em obter consenso entre os ministros, sobretudo da área social e militar, para amarrar as decisões. E pela necessidade de análises mais detalhadas das medidas por especialistas do mercado e da academia.

Nesse contexto, a expectativa é de que efeitos do anúncio do pacote nos preços dos ativos sejam pontuais. E as atenções deverão se concentrar no dólar que segue forte no exterior, ante a escalada do conflito Rússia-Ucrânia. Fator que leva bancos e consultorias a revisarem suas projeções sem esboçar, por ora, confiança no fortalecimento do real.

Mas as revisões também levam em conta incertezas fiscais locais e, adicionalmente, a mutação em curso nas duas maiores economias do planeta. A China tem anunciado estímulos fiscais pesados à atividade, mas sem convencer investidores de que conseguirá dar fôlego ao PIB que perde tração.

Os EUA, por sua vez, trocarão de governo, em 20 de janeiro, com Donald Trump fortalecido pela conquista da Câmara e Senado pelo Partido Republicano – uma composição de poder que reforça o perfil protecionista e expansionista em termos fiscais e inflacionário da nova gestão.

Em meio a essa somatória de eventos, as projeções para o dólar avançam e arrastam prognósticos para juro e inflação. Embora a última edição da Focus aponte estimativas medianas de, respectivamente, R$ 5,55 e R$ 5,48 para o final de 2024 e 2025, instituições não descartam R$ 5,70 para os dois períodos.

Esse patamar já foi incorporado aos cenários da XP, LCA e Itaú Unibanco que justifica o ajuste – vindo de R$ 5,40 para 2024 e R$ 5,20 em 2025 – “por incertezas fiscais locais somadas às externas, com perspectiva de um dólar mais forte globalmente e a despeito do aumento do diferencial de juros”.

Diferencial em expansão apesar da perspectiva de corte mais lento e provavelmente menor do juro americano pelo Federal Reserve a ser compensado, porém, pela alta prolongada ou mais forte da Selic pelo Banco Central do Brasil.

Nos EUA, a resiliência da economia não apressa cortes. No Brasil, a desancoragem das expectativas de inflação, que flerta com 4,8% em 2024 e até 5% em 2025, incentiva a alta da Selic ao refletir câmbio pesado e atividade robusta com aumento do PIB para até 3,3% ou mais este ano. E queda menos acentuada no próximo.

Resultado: a curva de juros indica que a Selic poderá arranhar 13% ao final do ciclo de aperto monetário, mantendo distante a “melhor” aposta para a retomada de cortes – outubro de 2025. Antessala do eleitoral 2026.



Fonte: Neofeed

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Wealth Point #30 – Cassiano Leme, da Constância Investimentos, e Valter Bianchi Filho, da Fundamenta

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Agibank chega a 1.000 pontos físicos e mira R$ 100 bilhões em concessão de crédito

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Agibank chega a 1.000 pontos físicos e mira R$ 100 bilhões em concessão de crédito
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Enquanto os grandes bancos estão reduzindo sua base de agências, o Agibank segue apostando na abertura de unidades físicas. Nesta sexta-feira, 22 de novembro, o banco especializado em crédito consignado inaugura sua milésima unidade, na cidade de São Pedro, no interior de São Paulo.

E a ideia é não parar por aí. Com plano de alcançar R$ 100 bilhões em concessão de crédito até 2030, o Agibank planeja aprofundar sua pegada física pelo País. A intenção é chegar a 2,5 mil unidades no período, mesclando atendimento presencial e serviços digitais, para atrair o público pensionista e de baixa renda.

“Quando a gente olha o Brasil de menor renda, baixa escolaridade, os pensionistas, percebemos que formatos apenas digitais ou presenciais estão muito distantes de atender a realidade dos clientes”, diz Glauber Correa, CEO do Agibank, ao NeoFeed.

Somente neste ano, o Agibank, que conta com a Vinci Partners como sócia desde 2020, inaugurou 100 dos chamados Smart Hubs pelo País. Nessas unidades, que não possuem caixa eletrônico, nem porta giratória, os clientes do Agibank recebem orientação financeira e auxílio para acessar serviços financeiros como crédito, seguros, contas e cartões no aplicativo.

O foco até então eram as cidades com mais de 100 mil habitantes. Agora, o banco pretende também ter presença em municípios com mais de 50 mil pessoas, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, onde tem planos de abrir 200 lojas somente no ano que vem.

A questão do atendimento é particularmente importante para alcançar o público pensionista, que vem crescendo fortemente e é um dos principais focos do banco nos últimos anos – quase 80% do portfólio de crédito é composto pelo consignado de INSS.

Segundo o CFO do Agibank, Marcello Dubeux, os investimentos em unidades físicas visam a acompanhar o envelhecimento da população brasileira. Dados do IBGE apontam que, de 2000 a 2023, a proporção de idosos (60 anos ou mais) quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. E, em 2070, cerca de 38% dos habitantes do País serão idosos.

A maior presença física pelo País é vista como um dos motivos pelo qual o Agibank fechou o terceiro trimestre com 3,6 milhões de clientes ativos, aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2023, e uma carteira de crédito de cerca de R$ 22 bilhões, alta de 55,2%.

Glauber Correa, CEO do Agibank

Correa diz que os Smart Hubs possuem custos 90% menores quando comparados com agências bancárias, o que torna essa rede muito mais leve em termos financeiros. “O custo de implantação é muito baixo, próximo de US$ 30 mil”, afirma.

Para financiar a expansão da base de pontos de atendimento, o Agibank vai utilizar recursos próprios. No terceiro trimestre deste ano, o banco registrou um lucro líquido de R$ 206 milhões, alta de 49,6% em base anual, com receita de R$ 1,9 bilhão, crescimento de 41,1%.

Em julho, o Agibank reforçou o caixa com a emissão de R$ 2,3 bilhões em debêntures. Três meses depois, acrescentou mais R$ 400 milhões em letras financeiras, com o objetivo de manter o ritmo de crescimento da concessão de crédito. “Estamos na franja para onde podemos avançar no segmento do INSS”, diz Correa.

Com esse plano de expansão, o tema de IPO invariavelmente volta para mesa. Sobre o assunto, Correa diz que esse movimento, tanto no mercado local quanto no exterior, “é sempre analisado”, mas que a empresa “não tem nada na mesa agora”.

Em relação à notícia publicada pelo jornal Valor Econômico, que diz que o banco contratou o Goldman Sachs para vender uma fatia minoritária, ele se limitou a dizer que “o Agibank não está em processo de venda”.





Fonte: Neofeed

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