Negócios
Terracap estreia no mercado com CRI de R$ 214 milhões com a Monte Bravo
A Monte Bravo Corretora e a Terracap, companhia imobiliária de Brasília, firmaram parceria para a emissão de um Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) de R$ 214 milhões.
Os recursos serão destinados para projetos imobiliários da empresa pública da capital federal. Entre eles está o Complexo Urbanístico Aldeias do Cerrado, composto por 15 quadras residenciais localizadas perto da Ponte JK e do Lago Sul, entre as rodovias BR-251 e DF-140, região que concentra grandes investimentos em obras de mobilidade.
A originação do deal foi feita pela BRM Asset, de Brasília, e a avaliação das garantias foi feita pela Colliers, líder global em serviços imobiliários, com classificação de risco da Fitch Ratings. A emissão saiu a CDI+1,75% ao ano, isenta de imposto de renda.
A Terracap é uma empresa pública do Distrito Federal responsável pelo desenvolvimento imobiliário na região. É a principal incorporadora de Brasília, com R$ 9 bilhões em ativos totais. Mas essa foi a primeira vez que usou o mercado de capitais para se financiar.
Com R$ 40 bilhões sob custódia, a Monte Bravo foi a responsável pela estruturação e distribuição do CRI. E por convencer a Terracap a trocar os tradicionais recebíveis ou operações bancárias pela emissão de um título de crédito.
Segundo Eduardo Levy, head da área de mercado de capitais da Monte Bravo, a Terracap foi apresentada à proposta de emitir um CRI e percebeu que poderia conseguir levantar capital mais rápido e mais barato.
A distribuição e a aceitação do produto provaram a tese da corretora. “Fizemos a distribuição de duas séries na nossa base de clientes e captamos R$ 108 milhões da primeira série em apenas 24 horas”, diz Levy.
“O restante da segunda série foi absorvida em 10 minutos, o que demonstra o apetite por produtos isentos e ativos em renda fixa”, complementa. O CRI teve demanda tanto dos clientes da casa como de institucionais, como assets e multi family offices.
Na Monte Bravo, a área de mercado de capitais foi oficialmente criada em 2023. Desde então, já foram estruturados R$ 1,2 bilhão em títulos de dívida.
A meta da área para este ano é a estruturação e distribuição de mais de R$ 1 bilhão em produtos voltados para investidores de todos os perfis, de institucionais (gestoras de FII e crédito, fundos de pensão e estrangeiros) aos multi family offices e investidores individuais.
Para os próximos 45 dias estão no pipeline R$ 750 milhões em estruturação. Já para 2025, a meta é fechar em R$ 1,6 bilhão em estruturação.
Agora como corretora, a área de mercado de capitais é estratégica para a Monte Bravo, tanto para ofertar produtos exclusivos para os seus clientes quanto para captar novos recursos. Além de complementar o seu ecossistema, que também conta com soluções patrimoniais, family office e a Kilima Asset, com fundos de créditos e imobiliário.
“Iremos buscar aqui tanto soluções de dívida, como de equity e de fusões e aquisições para atender a essa demanda dos clientes empresários”, diz Levy.
A Monte Bravo possui mais de 550 colaboradores e 11 escritórios no Brasil, nas cidades de São Paulo, Campinas, São José do Rio Preto, Porto Alegre, Santa Maria, São José do Rio Preto, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba e Brasília. O objetivo é fechar o ano com R$ 48 bilhões sob custódia, subindo a R$ 65 bilhões em 2025.
Negócios
O “show deve continuar” nas bolsas de valores globais (e o ouro será o hedge), diz UBS WM
A primeira metade da década de 2020 foi marcada por um forte desempenho do mercado de ações e das economias globais. Mesmo com a pandemia de Covid-19, guerras no Oriente Médio e na Ucrânia e alta dos juros, os mercados globais cresceram cerca de 50%, o PIB nominal dos Estados Unidos avançou mais de 30% e os lucros das companhias americanas avançaram quase 70%.
A situação fez muitos batizarem esse período de Roaring 20, traçando um paralelo com a década de 1920, quando o mundo vivia um momento de efervescência nas principais metrópoles.
Olhando para a segunda metade da década, algumas incertezas aparecem no horizonte. A principal delas é a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, que traz consigo promessas de tarifas de importação e posicionamento duro a respeito da imigração.
Apesar disso, o UBS Wealth Management (UBS WM) avalia que o “show deve continuar”, com os mercados seguindo fortes em 2025, principalmente as ações americanas – Brasil e América Latina não são contemplados no estudo.
“Com os mercados impulsionados pela queda das taxas de juros, crescimento econômico robusto e inovações [tecnológicas] transformadoras, nós esperamos que o S&P 500 alcance 6,6 mil pontos ao fim de 2025, um avanço de 10% em relação aos níveis atuais”, diz trecho do relatório da área de gestão de fortunas do banco suíço, que conta com cerca de US$ 3 trilhões em ativos sob gestão.
Ele destaca que os planos de cortes de impostos e desregulamentação ventilados pela equipe de Trump podem também oferecer um suporte para o mercado americano, ainda que a economia dos Estados Unidos registre desaceleração – o UBS WM projeta um crescimento perto de 2% no ano que vem, abaixo da alta de 2,7% esperada para 2024.
Se implementadas, as tarifas de importação devem resultar em volatilidade nos mercados europeus e da China, mas o UBS WM destaca que elas não deveriam ofuscar completamente os mercados fora dos Estados Unidos.
“Vemos valor em manter uma exposição diversificada na Ásia, excluindo o Japão”, diz trecho do relatório. “As exportações da Coreia do Sul e de Taiwan, cruciais para as cadeias globais de suprimentos, devem ser pouco afetadas pelas tarifas, considerando sua natureza de difícil substituição.”
A Índia também é vista como uma boa oportunidade de investimento, por conta das perspectivas apresentadas pela economia, com crescimento de 6,3% no ano que vem, que será puxado pelo mercado doméstico.
Mesmo sendo o principal alvo das tarifas americanas, que podem atingir até 60% no pior dos cenários, a China apresenta oportunidades, ainda que o crescimento não seja mais o mesmo de outros tempos. Para o UBS WM, a economia deve ser sustentada pelas políticas de estímulo do governo para lidar com o elevado endividamento, além das promessas do governo de implementar novos estímulos.
O UBS WM vê as ações de valor e de perfil mais defensivo se destacando, como nomes financeiros, utilities, energia e telecom. “Correções em nomes ligados à internet podem resultar em bons pontos de entrada para os investidores dispostos a segurar [as ações] por vários anos”, diz trecho do relatório.
O relatório também traz recomendações para a renda fixa. Com os bancos centrais cortando juros, a recomendação é buscar títulos com grau de investimento, que devem oferecer retornos atrativos neste cenário.
“Os fundamentos corporativos estão robustos, com a qualidade de crédito podendo ter uma deterioração limitada”, diz trecho do relatório. “E prevemos que o ciclo global de redução das taxas contribuirá para aspectos técnicos e fluxos de investidores, ajudando os spreads de crédito a permanecerem reduzidos.”
Se o tom, de maneira geral, é positivo, o UBS WM diz que o ouro deve permanecer em alta. Visto como um hedge no mercado, a commodity deve continuar em alta, considerando que os riscos permanecem, incluindo conflitos geopolíticos e a situação fiscal de muitos países avançados, incluindo os Estados Unidos.
“Nós mantemos nossa projeção de US$ 2,9 mil a onça ao final de 2025 e continuamos a recomendar uma alocação de cerca de 5% para diversificação”, diz trecho do relatório.
Negócios
Por que a JBS resolveu entrar na Nigéria? Tomazoni conta os detalhes
A JBS assinou na noite de quinta-feira, 21 de novembro, um memorando de entendimento com o governo da Nigéria que prevê investimentos de US$ 2,5 bilhões em cinco anos e a construção de seis fábricas, marcando a entrada da companhia na África, um dos maiores mercados do mundo.
A escolha da Nigéria é estratégica. O país é o mais populoso e a maior economia da África, com um PIB de US$ 363,2 bilhões, que pode chegar a US$ 1 trilhão em 2050, e conta com 250 milhões de habitantes.
“Nós não temos um pé na África hoje de produção. Mas a gente sabe que a população vai crescer, a África subsaariana é uma das grandes vertentes de crescimento da população. Em algum momento, nós estaríamos lá para porque vai ter o consumo lá”, diz Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, em entrevista ao NeoFeed.
A JBS irá desenvolver um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos.
O governo da Nigéria, por sua vez, assegurará as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias para a viabilização do projeto. O documento prevê a construção de seis fábricas — três de aves, dois de bovinos e uma de suínos — a notícia foi publicada, em primeira mão, pelo Brazil Journal.
Atualmente, a produção de proteína no país responde por 10% do PIB, mas apenas 40% é suprido pela demanda doméstico. O objetivo da JBS é também melhorar a segurança alimentar, bem como reduzir significativamente as importações, gerando empregos locais e apoiando milhões de pequenos produtores.
“O nosso objetivo é participar, colaborar, apoiar no desenvolvimento de toda a cadeia de produção, usar as nossas melhores práticas e, com isso, ajudar a promover o desenvolvimento da produção de proteína animal”, afirma Tomazoni
Nesta entrevista ao NeoFeed, que você lê a seguir, Tomazoni responde as razões pelas quais a JBS resolveu investir na Nigéria.
Você tem falado muito sobre a vantagem competitiva da JBS de ter uma plataforma global, com operações em muitos países. A entrada na Nigéria faz parte desse plano de expansão global?
Ele faz parte, mas não é a razão principal. Nós não temos um pé na África hoje de produção. Mas a gente sabe que a população vai crescer, a África subsaariana é uma das grandes vertentes de crescimento da população. Em algum momento, nós estaríamos lá para porque vai ter o consumo lá. Mas o que mais nos movimentou é que nós temos como missão a segurança alimentar no mundo. A gente tem que contribuir para reduzir a miséria e garantir a segurança alimentar. O trabalho que fizemos no B20 (braço empresarial do G20) deixou claro que 65% dos adultos que estão na pobreza vivem da agricultura. A Nigéria está se movimentando no sentido de se trabalhar a questão da segurança alimentar no país e é o momento de a gente fazer parte disso.
De que forma?
O nosso objetivo é participar, colaborar, apoiar no desenvolvimento de toda a cadeia de produção, usar as nossas melhores práticas e, com isso, ajudar a promover o desenvolvimento da produção de proteína animal. Junto, vai vir a produção de grãos, vai levar o desenvolvimento da agricultura, de uma cadeia logística inteira. Você vai construindo todo o desenvolvimento social a partir de uma forma de produzir alimentos.
Mas te coloca também em uma posição estratégica, não? Você está unindo o útil ao agradável…
O jeito que nós entendemos que a gente consegue promover o bem-estar social e o desenvolvimento social é através da geração de riqueza. A geração de riqueza exige que a gente produza mais com menos, que aumente a produtividade. Vamos promover isso através dos nossos investimentos e do nosso conhecimento.
Mas essa base que está sendo montada na Nigéria pode ser expandida para o restante da África?
Com certeza. É o primeiro movimento que estamos fazendo no continente africano e que vai se irradiar ao continente inteiro no decorrer do tempo. Quanto mais bem-sucedidos forem esses investimentos, mais rápido será a expansão.
Como foi essa aproximação com o governo da Nigéria?
Fomos procurados por empresários nigerianos junto com o governo da Nigéria, que quiseram conhecer o nosso modelo de negócio, a empresa. Estiveram em duas fábricas nossas e nós tivemos oportunidade de mostrar como é que fazemos e como promovemos o aumento de produtividade, o aumento do bem-estar social dos pequenos produtores. Isso une à estratégia do governo da Nigéria. Eles têm 250 milhões de habitantes e, segundo estimativas da ONU, em 2050, terão 400 milhões de pessoas. O governo tem que promover a produção. Eles só produzem 40% do que eles consomem.
Esse investimento de US$ 2,5 bilhões é 100% da JBS?
Vamos para lá no começo do próximo ano, o governo vai nos ajudar com as informações necessárias e faremos um business plan. O governo se mostrou propenso a participar dos investimentos, se mostrou propenso a criar mecanismos financeiros necessários, aos incentivos que forem necessários, a criar condições sanitárias regulatórias para que a gente possa operar lá gerando riqueza para todos os stakeholders envolvidos nesse processo. Tudo isso será construído. O que concordamos é que seremos agentes para ajudar na transformação dos processos e de uma cadeia de alimentos mais sustentável, mais produtiva e que promova segurança alimentar.
A produção de bovinos deles é grande?
É pequena e inclusive as informações sobre o tamanho da produção não são tão claras. A gente sabe que Lagos tem 25 milhões de habitantes e que eles têm abate de bovino lá. Eles querem construir rodovias cruzando o país. Tem um projeto de rodovias cruzando o país e essas plantas podem se colocar próximas dessa região para permitir o transporte.
Como é o consumo lá?
Tem 24,8 milhões de pessoas que passam fome. O consumo de carne de frango é menor que três quilos per capita. Aqui no Brasil eu estou falando de 45 quilo per capita. Então, a gente obviamente tem tudo para se fazer ali naquele país. O que vai acontecer é que seremos agentes promotores da segurança alimentar. E se a gente quer paz no mundo, terá de alimentar as pessoas. Com fome, não tem como dizer que vai existir paz.
É uma grande oportunidade de negócio também. Vocês vão entrar em um mercado, praticamente virgem, e moldar do jeito que imaginam, não é?
Sem dúvida. Tem uma parte social importante, mas tem uma parte econômica relevante. Ao estar lá, você consegue estabelecer sua marca, você vai levar os padrões de produtividade, os padrões sanitários. Seremos parte de uma da construção de um futuro melhor para as pessoas, para o país e para as empresas.
Negócios
“Overdose” fiscal mobiliza equipe econômica e engessa mercado
Truncada por um feriado com a paralisação dos mercados nos EUA pelo Dia de Ação de Graças na quinta-feira, 28 de novembro, e queda na liquidez global e local, a quarta semana do mês será pautada pela política fiscal que volta a ser protagonista no Brasil após a conclusão da intensa agenda da Cúpula do G20.
As medidas que preveem corte de gastos seguem em destaque no Executivo, enquanto o Congresso, que ainda precisa votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a proposta de Orçamento para 2025, deve apressar os trabalhos para, em seguida, deflagrar a contagem regressiva para o recesso parlamentar que tem início em 23 de dezembro e termina em fevereiro.
Em breve, portanto, o clima será de fim de festa e novembro deverá desembarcar do calendário com uma “overdose” de dados fiscais a ser disparada a partir de sexta-feira, 22 de novembro, com a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas no 5º bimestre.
Ocasião em que bloqueio e/ou contingenciamento de despesas podem ser anunciados, mirando o cumprimento da meta fiscal fixada em zero neste ano, mas com a possível utilização da margem de tolerância de déficit equivalente a 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões este ano) autorizada pelo arcabouço fiscal. Na quinta-feira, 21 de novembro, o ministro Fernando Haddad antecipou que, desta vez, haverá um bloqueio de R$ 5 bilhões no Orçamento.
Se não sofrer atraso pela recorrente mobilização de servidores por reajuste salarial e estruturação de carreiras, o Tesouro divulgará na quarta, 27, o Relatório Mensal da Dívida Pública de outubro. E, no dia seguinte, 28, o resultado das contas do governo central – critério que reúne Tesouro, Banco Central e Previdência. Na sexta-feira, 29, é a vez de o BC publicar o desempenho das contas públicas consolidadas. Também de outubro.
Insumo para uma miríade de projeções de mercado, todos esses documentos são relevantes. Porém, neste momento, o pacote de medidas de corte de gastos, que deve mirar 2025 e 2026, é um concorrente de peso.
É imensa a expectativa no mercado com essas medidas que já passaram por prolongada discussão dentro do governo, capitaneadas pelo presidente Lula, mas com desfecho atropelado pela Cúpula do G20. A reunião de chefes de Estado e de Governo, além de privilegiar obviamente uma agenda global, deslocou para o Rio de Janeiro a base do governo brasileiro que tende a estar novamente alinhada para uma semana “cheia”, na segunda, 25 de novembro.
É fato que as propostas para limitar a expansão das despesas podem ser anunciadas a qualquer momento. Mas sob o risco de serem ofuscadas pela arrecadação federal – divulgada na quinta-feira, 21 de novembro – renovando recordes. Em outubro, a expansão real foi de 9,77% e, em dez meses, de 9,69%, saltando a R$ 2,182 trilhões.
Trâmite no Congresso recomenda cautela
Embora amplamente aguardadas, as medidas de corte de gastos terão longo caminho a percorrer para se tornarem efetivas porque deverão ser encaminhadas ao Congresso na forma de Proposta de Emenda à Constituição e Projeto de Lei – sinalização dada há tempos pelo ministro Fernando Haddad.
Esse trâmite congressual conhecido sugere, a priori, que as propostas dificilmente serão aprovadas a toque de caixa ou na íntegra. Porém, prevalece a expectativa de que as medidas reforçarão a âncora fiscal tendo, portanto, uma repercussão positiva, avaliam economistas de instituições financeiras. No mínimo, porque o prometido terá saído do papel.
Já o impacto nos preços dos ativos poderá ser limitado, dada a demora do governo em obter consenso entre os ministros, sobretudo da área social e militar, para amarrar as decisões. E pela necessidade de análises mais detalhadas das medidas por especialistas do mercado e da academia.
Nesse contexto, a expectativa é de que efeitos do anúncio do pacote nos preços dos ativos sejam pontuais. E as atenções deverão se concentrar no dólar que segue forte no exterior, ante a escalada do conflito Rússia-Ucrânia. Fator que leva bancos e consultorias a revisarem suas projeções sem esboçar, por ora, confiança no fortalecimento do real.
Mas as revisões também levam em conta incertezas fiscais locais e, adicionalmente, a mutação em curso nas duas maiores economias do planeta. A China tem anunciado estímulos fiscais pesados à atividade, mas sem convencer investidores de que conseguirá dar fôlego ao PIB que perde tração.
Os EUA, por sua vez, trocarão de governo, em 20 de janeiro, com Donald Trump fortalecido pela conquista da Câmara e Senado pelo Partido Republicano – uma composição de poder que reforça o perfil protecionista e expansionista em termos fiscais e inflacionário da nova gestão.
Em meio a essa somatória de eventos, as projeções para o dólar avançam e arrastam prognósticos para juro e inflação. Embora a última edição da Focus aponte estimativas medianas de, respectivamente, R$ 5,55 e R$ 5,48 para o final de 2024 e 2025, instituições não descartam R$ 5,70 para os dois períodos.
Esse patamar já foi incorporado aos cenários da XP, LCA e Itaú Unibanco que justifica o ajuste – vindo de R$ 5,40 para 2024 e R$ 5,20 em 2025 – “por incertezas fiscais locais somadas às externas, com perspectiva de um dólar mais forte globalmente e a despeito do aumento do diferencial de juros”.
Diferencial em expansão apesar da perspectiva de corte mais lento e provavelmente menor do juro americano pelo Federal Reserve a ser compensado, porém, pela alta prolongada ou mais forte da Selic pelo Banco Central do Brasil.
Nos EUA, a resiliência da economia não apressa cortes. No Brasil, a desancoragem das expectativas de inflação, que flerta com 4,8% em 2024 e até 5% em 2025, incentiva a alta da Selic ao refletir câmbio pesado e atividade robusta com aumento do PIB para até 3,3% ou mais este ano. E queda menos acentuada no próximo.
Resultado: a curva de juros indica que a Selic poderá arranhar 13% ao final do ciclo de aperto monetário, mantendo distante a “melhor” aposta para a retomada de cortes – outubro de 2025. Antessala do eleitoral 2026.
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