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No Santander, nem a sustentabilidade escapa das métricas de performance

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maitê leite santander brasil
Tempo de Leitura:11 Minuto, 15 Segundo


Na história do Santander, a ligação com a sustentabilidade começou muito antes do acrônimo ESG existir. O banco espanhol herdou do ABN Real no Brasil a característica do impacto, algo que vem sendo aprimorado nos últimos anos.

Na noite de quinta-feira, 18 de julho, o Santander Brasil recebeu no Reino Unido o prêmio de “Best Bank for ESG”, da revista britânica Euromoney, como a instituição financeira que mais evidencia temas de sustentabilidade, sociais e de governança corporativa (a sigla ESG em português) em seus negócios locais.

A premiação considerou a evolução dos negócios sustentáveis em carteira – que fechou 2023 em R$ 23,1 bilhões – além da liderança local na subscrição de créditos de descarbonização do setor de transportes (CBIOs).

Além do primeiro lugar em ESG, o Santander Brasil repetiu o ano passado e foi escolhido novamente como “Best International Bank” no País – e também no Reino Unido, Portugal e Uruguai.

“Isso é um resultado de 25 anos que cristalizou um trabalho que vem da origem tanto do banco Santander como, principalmente, de Banco Real e ABN”, diz Maitê Leite, vice-presidente executiva institucional do Santander Brasil, ao NeoFeed.

Com uma sólida carreira em bancos estrangeiros no Brasil, na América Latina e na Europa, Maitê Leite se juntou ao Santander em outubro de 2021. Antes, ela era a presidente e chefe de corporate do Deutsche Bank no País.

Há 40 anos no mercado financeiro, Maitê Leite tem uma formação forte em produtos, risco, gestão de processos e tesouraria. A executiva preza a combinação de gestão de pessoas, processos e transformação. Mas como essas características se encaixam nessa função institucional?

“Não sou uma pessoa nem de marketing nem de comunicação nem de macroeconomia nem de nada do que eu gerencio”, diz a vice-presidente do Santander Brasil. “Mas trago esse elo do negócio. Sei como é que funciona dentro da operação e trago esse olhar de evolução, de transformação.”

A área liderada por Maitê Leite é ampla e complexa, mas que tem um fator comum: sempre há um ponto de contato, seja externo, como os quase 60 milhões de clientes, seja interno, com os 55 mil funcionários.

Nesta entrevista, Maitê Leite falou sobre os impactos promovidos pelas emissões zero carbono ao programa de microcrédito Prospera, além dos seus desafios como gestora de montar todas as suas caixinhas com sustentabilidade.

Acompanhe, a seguir, os principais trechos:

ESG é diferencial no setor financeiro?
Sim, porque o sistema financeiro é o agente. Discutimos muito com os reguladores, porque o regulador é inteligente e sabe que chega em todos os setores forçando a regulação através do sistema financeiro. No net zero, por exemplo, poderia ser direcionado a cada um dos setores: óleo e gás, aviação, etc. Obviamente são, mas, na medida em que também são direcionadas para os agentes financeiros, que são aqueles que financiam esses múltiplos setores, ele tem um efeito multiplicador enorme. Com isso, a gente tem uma responsabilidade ainda maior e uma atuação ainda maior.

Por que é maior?
Porque também somos regulados nesse sentido. E preciso garantir que isso alcance as minhas carteiras. O net zero eu tenho de garantir que todas as minhas carteiras do agronegócio, do imobiliário, do atacado se enquadrem dentro dos objetivos de descarbonização para cada uma das carteiras.

“Eu tenho de garantir que todas as minhas carteiras do agronegócio, do imobiliário, do atacado se enquadrem dentro dos objetivos de descarbonização”

O microcrédito continua sendo transformador?
Não podemos generalizar porque o Brasil é supercomplicado. O modelo de microcrédito funciona em determinados contextos. Temos uma atuação bem importante no Nordeste, no norte de Minas Gerais e em um pedaço do Norte. Mas precisa ter condições precedentes ali para funcionar. Justamente o conceito da responsabilidade solidária não funciona em grandes centros, por exemplo, mas ele funciona em comunidades em que as pessoas se conhecem e têm uma relação de confiança entre si. Nesse contexto, vejo uma operação muito consistente.

É relevante?
Temos uma carteira relevante, o número de clientes é crescente. Estamos obviamente com o foco muito grande de diversificação da atividade de empreendedorismo que essas pessoas fazem e um foco muito grande de educação financeira, tanto para o nosso agente como para o cliente. Tem todo um elemento de jornada digital, que também é importante, que facilita o processo de concessão e o processo de renegociação e recontratação. É uma operação que eu tenho muito orgulho. Já estive visitando três operações nossas, em diferentes lugares. Começamos lá atrás e fomos calibrando essa operação.

Por que é importante como negócio?
Porque nos dá um termômetro da ponta, dessa parcela social mais vulnerável: de como a economia se comporta neste subsegmento. É um termômetro importante para entender para que lado essas pessoas estão indo, o que é importante, o que dá certo. Quando estive lá [em uma das operações], vi empreendedores que são pessoas que fazem artesanato, que vendem produtos industrializados, tipo cosméticos, roupas, lingerie. Vi pessoas que produzem alimentos e que tinham pequenos comércios. Vi uma diversidade de atuações interessante. Em outras regiões é mais específico. Mas buscamos também fomentar novas atuações para garantir a ampliação e amplificação das atividades econômicas para que elas não fiquem muito dependentes de um segmento só.

O impacto continua sendo visível?
É claro o impacto nas famílias, no entorno, sem dúvida. E uma das métricas também é como você mensura o impacto de uma forma independente. Estou conseguindo impactar aqui a condição social, a renda dessas famílias, a melhoria da educação. Enfim, tem outros elementos para garantirmos que está sendo correta a atuação. Mas em um país como o nosso não tem como não atuarmos nisso.

“Em um país como o nosso não tem como não atuarmos nisso [no microcrédito]”

Há porta de saída financeira para esse tomador de microcrédito?
Dentro do Prospera, temos três subsegmentos, do mais vulnerável àquele que já está mais estruturado. Vimos, por exemplo, uma produção de cerâmica super madura, grande. Esse cliente é um que a gente quer que siga na nossa esteira, progredindo na escada de complexidade, de oferta de produtos e que aumente a principalidade. Claro que quero apoiar esse cliente, mas quero que ele também seja um consumidor ampliado – foi o Santander que o apoiou. Tem também um esforço grande de vinculação, como é que garanto que o recurso desse cliente fique conosco. Vamos tentando compor na medida em que o cliente vai se sofisticando. E as ferramentas de educação financeira ajudam muito, porque esses clientes conseguem entender o que é importante fazer.

Como passar confiança para o mercado de crédito de carbono?
Enxergo que é um objetivo de longo prazo, mas que temos que começar, de fato, agora. E a gente já começou há alguns anos. Estamos fazendo um trabalho muito grande na formulação da legislação e, obviamente, temos de entender a complexidade do nosso País para entender e saber respeitar também a maturidade e os momentos. Isso para nós está claro. Estamos evoluindo nessa discussão e a legislação está garantindo alguns elementos importantes de evolução do mercado, tanto voluntário quanto o não [voluntário]. Ao mesmo tempo, sempre fazendo esse paralelo, gastamos de ter o pé na operação.

De que maneira?
O fato de termos empresas que estão envolvidas diretamente em projetos florestais nos dá clareza dos desafios operacionais de execução desses projetos, tanto de restauração quanto de preservação. Toda a discussão dos processos tecnológicos e de mensuração que também estão evoluindo. Será que a metodologia de cálculo de emissões, de cálculo de resgate está correta? É um laboratório. O meu olhar é: com certeza, acredito na tese e a casa também, mas é um laboratório que estamos tendo de aprender a fazer.

Qual foi o seu olhar quando chegou ao Santander?
Um dos primeiros desafios foi organizar esse combo de sustentabilidade. Porque tínhamos de fato coisas muito relevantes, consolidadas, reconhecidas, mas que não necessariamente estavam integradas. Fizemos um trabalho de orquestração desses vários pilares de sustentabilidade, um olhar claro de direção, que buscávamos não só aqui no Brasil, mas também alinhado com o corporativo, com a globalidade. É uma direção cada vez mais associada ao impacto na sociedade, nos clientes.

“Fizemos um trabalho de orquestração desses vários pilares de sustentabilidade”

Tem um momento mais desafiador?
O principal desafio, que eu entendo que ainda é presente, é como garantir ter uma relevância cada vez maior para os negócios e para os clientes. Como é que eu elevo a nossa capacidade de influência e de valor agregado para os nossos interlocutores que estão na frente dos clientes e para os nossos clientes diretamente.

Isso em cada área de negócio que está sob o seu guarda-chuva?
Se você olhar todas as disciplinas que eu gerencio, elas, num olhar inicial, parecem não correlacionadas. Eu tenho macroeconomia, relações governamentais, sustentabilidade, inovação sustentável, marketing, cultura. Isso aqui são áreas isoladas e cada uma tem uma estratégia. Mas, na verdade, elas têm uma correlação gigante. Todas elas trazem conteúdo e pontos de contato externos. Quais são os elementos comuns e como é que eu consolido, empacoto e ofereço uma oferta combinada? Tive esse olhar e fomos refinando, mas o desafio é fazer esses pacotes.

Quais são esses pacotes?
Vou dar alguns exemplos para ilustrar. Na semana retrasada [início de julho], estive visitando a nossa operação de microcrédito no Piauí, que obviamente está dentro do meu guarda-chuva de sustentabilidade. Naquela semana houve um movimento importante no câmbio, que mexeu bastante. Eu fiquei lá pensando: ‘o que significa para o agente do Prospera o movimento do câmbio? O que significa para o cliente do Prospera o movimento do câmbio?’ Isso envolve comunicação, envolve macroeconomia, envolve a conexão do nosso time com o varejo. Como eu empaco um movimento de câmbio para cada subsegmento de clientes. Isso conecta várias coisas. E toda semana ficamos pensando como que eu empacoto as coisas que sejam mais percebidas e mais assimiladas.

É complexo?
Esse é um desafio complexo, sim, porque eu tenho que ir quebrando em pedacinhos para que a gente possa ir entregando esses tijolinhos e no resultado final a percepção da marca e a escolha do cliente pelo Santander seja feita.

Mas de que maneira isso é feito?
Conteúdo e canal é o que eu opero aqui todo dia. E esse talvez seja o desafio principal da minha vice-presidência porque a gente tem ativos físicos. Tenho o Farol Santander, tenho o teatro, tenho os meus eventos, tenho relatórios de macroeconomia, tenho acesso a autoridade pública. Como é que eu junto tudo isso para um repertório de diálogo estratégico com a sociedade, com autoridade pública, com clientes, com jornalistas, com influenciadores das redes sociais de modo que seja bem percebido e que associe ao valor da marca.

Como você mede o sucesso de todas as áreas e do ponto de contato entre todos?
Todos nós somos medidos por métricas comuns. Obviamente tem métricas de total de clientes ativos, totais de clientes gerais, tem métricas de sustentabilidade, temos métricas de vinculação, de principalidade. Essas métricas permeiam todas as áreas do banco e obviamente a nossa. Eu tenho áreas que são diretamente associadas a métricas. Então, a macroeconomia está associada a performance em rankings e como estamos evoluindo. Buscamos garantir metrificações objetivas o máximo possível e tem elementos que são mais sutis, como resultado da marca, como estão sendo percebidos os atributos da marca. Então, tem vários elementos que a gente tenta também associar às minhas caixinhas e aos conjuntos das caixinhas.

“No time de relações governamentais, por exemplo, damos acesso à autoridade pública para cliente institucional. Eu tenho métricas do feedback dos clientes”

Um exemplo?
No time de relações governamentais, por exemplo, damos acesso à autoridade pública para cliente institucional. Eu tenho métricas do feedback dos clientes com relação aos conteúdos, às autoridades que a gente apresenta e o quanto que aumenta as comissões desses clientes na minha corretora por conta do acesso que estou dando à autoridade pública. Tudo isso me ajuda também ver se estou no caminho certo. Precisa ter esse acompanhamento mais técnico para garantir como os resultados estão aparecendo.

Em que ponto o reconhecimento da Euromoney se encaixa nisso tudo?
Isso é um resultado de 25 anos de trabalho aqui. Acho que isso cristalizou um trabalho que vem da origem tanto do Banco Santander como principalmente no Banco Real e ABN. Esses bancos foram pioneiros nesse tema. E tudo que foi sendo construído ao longo desses anos se traduziu em ativos sustentáveis muito relevantes.

Quais são os próximos passos?
Temos três linhas aqui muito importantes que estão permeando a vice-presidência e a organização. Temos uma linha muito importante de como é que avançamos com tecnologia e dados. Eu tenho conteúdo, que se traduzem em milhões de dados. Estamos com um esforço grande aqui na VP de evolução de dados e inteligência artificial. Temos um esforço gigantesco como banco e como VP na experiência do cliente. Como é que eu vou garantir, dentro dos múltiplos canais que eu tenho, que a experiência seja uniforme, harmônica. Isso conecta muito com o elemento de comunicação. Tem um esforço gigantesco de como harmonizo toda a nossa comunicação interna e externa para garantir que a gente tenha uma uma narrativa percebida clara, que seja atribuída a marca.

E qual é o último?
Também estamos fazendo um esforço muito grande de evolução da nossa força de trabalho, para uma força de trabalho cada vez mais horizontalizada, com mais autonomia, com esse olhar de conexão de pontos, esse olhar de lateralidade, esse entendimento dos conteúdos, da profundidade.





Fonte: Neofeed

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Juro reprisa “era Dilma” e carrega fantasma da dominância fiscal

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Juro reprisa “era Dilma” e carrega fantasma da dominância fiscal
Tempo de Leitura:5 Minuto, 18 Segundo


Em janeiro de 2015, início do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e antessala do seu afastamento do cargo em 2016, a Selic chegou a 12,25% ao ano – exatamente onde está hoje. A taxa básica surfava a onda que atingiria o pico em julho de 2015, a 14,25%, e aí permaneceu por nove reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom).

A primeira de uma prolongada sequência de queda aconteceu em outubro de 2016, quando a Selic declinou a 14%. O juro nas alturas marcou um período de tensão fiscal e inflação ascendente que entrou para a história pela troca de governo – impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer – e uma recessão inédita. Em dois anos, a economia brasileira encolheu 7,5%.

Neste janeiro de 2025, uma década depois do biênio fatídico, a escalada da Selic e o descrédito nas intenções do governo de conter a dívida pública despertam a avaliação de que o Brasil está à beira da dominância fiscal.

Um cenário em que a política monetária perde eficácia para controlar a inflação e leva o BC a pagar juros cada vez mais altos provocando deterioração acelerada da dívida pública, gerando mais desconfiança e pressão sobre o câmbio que potencializa a inflação se o governo não endurecer a política fiscal.

A coincidência das taxas de juros praticadas pelo BC num hiato de 10 anos e a defesa de agentes financeiros e empresários por cortes de gastos reforçam a tese de que a dominância fiscal está à espreita. Mas não há consenso (ainda) quanto a esse diagnóstico, o que não quer dizer que o cenário é tranquilo à frente.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad disse, em entrevista à CNN Brasil, em 17 de janeiro, não acreditar em dominância fiscal. Acrescentou que a política monetária fará efeito sobre a inflação e deu um spoiler: “Efeito muito maior do que se imaginou.”

A declaração de Haddad não freou as projeções de inflação e grandes bancos apontam 6% para 2025, mas reforçou a percepção de que a atividade arrefecerá neste ano e no próximo por força do juro real ao redor de 9%, ao menos até o quarto trimestre – proeza que colocará à prova a declaração/compromisso do presidente Lula de que o BC de Gabriel Galípolo terá autonomia para fazer o seu trabalho.



Bancos e consultorias apontam desaceleração do PIB de cerca de 3,5% em 2024 para algo em torno de 2% neste ano. E, mantido o ritmo da carruagem a Selic de 15% ou mais, o PIB de 2026 poderá recuar a 1,5%. Crescimento pífio que, se combinado à inflação pressionada, poderá travar qualquer melhoria da popularidade do presidente e até sua disposição a concorrer à reeleição.

Bancos centrais abrem o calendário de 2025

Nos próximos meses de BC na vitrine, o binômio crescimento e inflação terá repercussão política invulgar. E esse é o pano de fundo que revestirá a primeira reunião do Copom de 2025, prevista para 28 e 29 de janeiro, coincidente com a decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed), o BC americano. No dia 30, o Banco Central Europeu (BCE) também definirá sua taxa que poderá recuar devido à fragilidade da economia na Zona do Euro.

Em meio à divulgação massiva de indicadores nos próximos dias – mercado de trabalho e reunião do conselho de administração da Petrobras no Brasil e PIB e inflação nos EUA no quarto trimestre de 2024 – o Fed deverá manter sua taxa no intervalo de 4,25% a 4,50%. E o Copom deverá elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25%.

Nos EUA, a expectativa é de um corte de juro ainda neste ano, mas há apostas em elevação, a depender das medidas a serem tomadas pelo governo Trump – por ora, com sinalização mais branda do que o esperado quanto à imposição de tarifas comerciais. No Brasil, o Comitê deve ratificar, no comunicado ou na ata, a sinalização de emplacar mais 1 ponto na Selic em março, instalando a taxa em 14,25% – o pico da “era Dilma”.

Apesar do aperto em curso, a meta de inflação, de 3%, está longe de ser atingida neste e nos próximos anos. Porém, o esforço monetário do BC – somado ao eventual resultado da força-tarefa que o governo deve lançar para reduzir os preços dos alimentos – poderá atuar sobre as expectativas que seguem desancoradas, inclusive, por refletirem a mudança de patamar do câmbio. Dólar a R$ 6,00 passou a ser visto como o “novo normal”, apesar do declínio a cerca de R$ 5,90 nos últimos dias, replicando a trajetória da moeda no exterior.

A moeda americana atravessou dezembro acima de R$ 6,00. Deslizou em consistência. Em parte, graças ao fortalecimento do dólar ante todas as divisas, sobretudo, a partir da vitória de Trump à Casa Branca. E à perspectiva – ainda a confirmar – da adoção de sua plataforma protecionista e inflacionária, a exigir suporte de juros elevados.

Porém, em parte, a valorização do dólar também refletiu a incorporação de prêmios de risco pela persistente incerteza quanto ao empenho do governo em estabilizar sua dívida. Haddad acenou com novas providências que dependem, entretanto, da aprovação do Orçamento de 2025 pelo Congresso Nacional – talvez em março.

Até lá, é improvável que o mercado financeiro promova mudança substantiva nas projeções de déficit primário que, em proporção do PIB, se mantêm em 0,60% para 2025, 0,50% para 2026 e 0,30% para 2027. Ainda sem anúncio oficial, a Fazenda aponta déficit de 0,1% em 2024 e confia em zerar a conta neste ano. Na quinta-feira, 23 de janeiro, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, confirmou o déficit nanico do ano passado.

Já o déficit nominal, que inclui despesas com juros da dívida pública só avança. No início do Lula 3, o déficit por esse critério estava em 4,6% do PIB. Em 2024 aproximou-se de 8%. Em 2026, poderá colar em 10%, se a política monetária permanecer esticada. Considerando o alerta de Lula de que “2026 já começou” – e a visão corrente de que campanha eleitoral turbina gastos – 10% será mais que um “número redondo”. Mas um risco e tanto até para destemidos investidores e, talvez, apresse o governo em suas decisões. A ver.



Fonte: Neofeed

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Musk vence disputa e faz rolar primeira cabeça (bilionária) do governo Trump

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Elon Musk, o fundador da Tesla e SpaceX e, agora, dono do Twitter
Tempo de Leitura:3 Minuto, 51 Segundo


O presidente Donald Trump mal completou uma semana no cargo e já tem uma baixa de peso em seu governo, confirmada nesta quinta-feira, 23 de janeiro, mas que era de conhecimento do círculo político republicano desde a posse.

O empresário de biotecnologia Vivek Ramaswamy, convidado por Trump para co-dirigir ao lado de outro bilionário, Elon Musk, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) – espécie de órgão consultivo externo -, abandonou o barco em meio a um processo que mudou o status do DOGE, que passou a fazer parte do governo, e apenas confirmou a crescente ascendência de Musk junto ao presidente americano.

Ramaswamy e Musk se conheceram em 2023, quando o empresário de biotecnologia ainda desafiava Trump pela indicação presidencial republicana. Após a vitória em novembro e o anúncio da criação do órgão, os dois bilionários conviviam sem maiores rusgas em público.

Nas últimas semanas, porém, quando a estruturação do DOGE passou a ser discutida de forma mais intensa, as diferenças entre ambos começaram a florescer.

Enquanto Musk insistia em defender cortes de gastos e o uso de inteligência artificial para reduzir a força de trabalho federal, Ramaswamy pretendia priorizar no DOGE ações na desregulamentação da economia e nos argumentos constitucionais para reduzir o tamanho do governo – os dois tópicos sobre os quais ele falou durante anos em artigos, entrevistas e na campanha eleitoral.

A imprensa americana afirma que o círculo íntimo de assessores de Trump também ficou incomodado com a franqueza de Ramaswamy sobre praticamente qualquer assunto, sempre demonstrando independência, uma tendência que também irritou o dono da Tesla e da SpaceX.

Durante a transição de Trump, houve especulação interna sobre se o DOGE seria criado dentro do governo, potencialmente como um comitê consultivo federal, na forma de um think-tank externo ou um grupo de advocacia criado como uma organização sem fins lucrativos. Ramaswamy há muito argumentava que o DOGE deveria atuar fora do governo.

Musk nunca se preocupou em se manifestar qual seria o status do órgão, apenas defendia que tivesse liberdade de atuação. A presença assídua do dono da Tesla ao lado de Trump reforçou a percepção de que Musk estaria influenciando o presidente americano.

A confirmação de que havia algo estranho no ar surgiu após a posse. Musk se alojou num escritório na Ala Oeste da Casa Branca, enquanto Ramaswamy se mudou para seu estado natal, Ohio, para anunciar na semana que vem uma candidatura planejada para governador em 2026.

A provável candidatura não era segredo, mas esperava-se que Ramaswamy ficasse mais tempo no governo até para faturar politicamente com os primeiros anúncios de Trump.

Mudança de status

Uma ordem executiva, entre as dezenas assinadas pelo presidente no dia da posse, acabou expondo a reviravolta no DOGE: o órgão funcionará dentro do Poder Executivo, num arranjo que indiretamente reforçaria a vitória de Musk na queda de braço com Ramaswamy.

A nova entidade será chamada de United States DOGE Service, substituindo um órgão existente – o United States Digital Service, que foi estabelecido pela administração Obama após as falhas iniciais do site Obamacare. A agência foi encarregada de impulsionar os serviços de tecnologia da informação para agências federais.

A ordem executiva exige que agências federais individuais criem equipes DOGE com um líder de equipe, um engenheiro, um especialista em recursos humanos e um advogado.

Especialistas afirmam que levar o DOGE para dentro do governo poderia evitar dores de cabeça legais – minutos depois que Trump se tornou presidente, o DOGE foi atingido por três processos abertos por entidades ligadas a funcionários federais, denunciando que suas reuniões foram realizadas em segredo e os registros não estavam disponíveis ao público.

Um aspecto da ordem executiva de Trump — em um aceno a uma prioridade fundamental de Musk — insta as agências a implementar a agenda DOGE “modernizando a tecnologia e o software federais para maximizar a eficiência e a produtividade governamentais”.

O esforço de Musk, que lhe dará uma visão adicional considerável sobre um governo com o qual ele faz negócios significativos, deve ser concluído até 4 de julho de 2026.

A incorporação do DOGE ao Poder Executivo, porém, levanta novas questões. O DOGE agora está sujeito a novas regras de transparência e ética, particularmente em torno de leis de informação pública.

Fazer parte do governo também significa que Musk não pode usar sua fortuna privada para financiar as operações do DOGE, como já havia sugerido.

Enquanto isso, o Escritório de Gestão de Pessoal de Trump está tomando medidas que lembram as metas iniciais do DOGE: pedir que agências federais elaborem listas de trabalhadores que poderiam facilmente demitir – uma ideia defendida por Musk.



Fonte: Neofeed

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Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados

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Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados
Tempo de Leitura:2 Minuto, 33 Segundo


O impacto dos preços dos alimentos na inflação tem levado o governo a buscar alternativas para reduzir o custo de vida da população. Uma das medidas em estudo seria a liberação da venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados.

A proposta, que resgata o projeto de lei nº 1774/2019 atualmente travado na Câmara, parte da premissa de que as redes de supermercados poderiam aumentar sua rentabilidade graças às margens mais altas dos medicamentos, o que supostamente permitiria controlar a alta dos preços dos alimentos.

Analistas do Itaú BBA, no entanto, avaliam a medida como insuficiente para conter a inflação dos alimentos, além de preverem impactos significativos sobre as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na venda desses medicamentos. Os MIPs representam cerca de 15% das receitas das principais redes de farmácia, segundo o banco.

Os medicamentos isentos de prescrição possuem margens brutas médias de 30% a 35%, consideravelmente maiores do que as de produtos alimentícios, que variam entre 16% e 20%. “Para os varejistas de alimentos, isso é claramente positivo”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco ressalta que esse ganho adicional não necessariamente resultaria em preços de alimentos mais baixos.

“Temos muita dificuldade em imaginar como isso ajudaria a controlar a inflação alimentar. É difícil supor que as redes de supermercados repassarão esse adicional de lucro para reduzir os preços dos alimentos – e parece bastante impossível controlar isso”, avaliam os analistas.

O Itaú BBA também destaca que é “praticamente impossível” estimar com precisão as potenciais receitas ou lucros adicionais, considerando que as redes de supermercados enfrentariam custos elevados devido aos requisitos sanitários. Gastos com farmacêuticos, manipulação e armazenamento, por exemplo, poderiam impactar negativamente a rentabilidade do negócio.

“Várias grandes redes de varejo de alimentos já operaram farmácias dentro de suas lojas, mas essas operações não foram vistas como bem-sucedidas em termos de execução e rentabilidade.”

Outro entrave significativo para a aprovação da medida, na visão do Itaú, são as preocupações com a automedicação, uma das principais causas de intoxicação no Brasil. O banco lembra que esse debate ocorre pelo menos desde 2013, sendo essa questão um dos maiores obstáculos ao avanço da proposta.

“Muitas compras de OTCs são feitas por impulso, de modo que uma eventual aprovação dessa medida provavelmente aumentaria o mercado endereçável desses produtos, em vez de apenas tirar participação das farmácias”, afirma o Itaú BBA em seu relatório. “Acreditamos que a probabilidade de a proposta se tornar lei é baixa.”

Embora considere improvável a aprovação da medida, o Itaú avalia que o aumento da demanda pelo novo canal de vendas poderia fortalecer as farmacêuticas. Nessa linha, os analistas destacam a Hypera como a principal beneficiada, dada sua sólida relação comercial com as varejistas, com as vendas de produtos como Zero-Cal e Engov After.

“A liberação de medicamentos em redes de supermercados deve ter um efeito positivo nas vendas devido ao maior consumo por impulso, mas consideramos que o impacto potencial para as empresas farmacêuticas seja menos significativo do que para as empresas de varejo alimentar.”



Fonte: Neofeed

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