Negócios
Alper Seguros faz o primeiro M&A de 2025 (e o 71º da sua história)
A corretora de seguros Alper começou, já nos primeiros dias de 2025, a colocar em prática o plano de investir R$ 400 milhões em M&As, revelado com exclusividade pelo NeoFeed. A companhia acaba de comprar a Ducais, empresa que atua no segmento de benefícios (saúde, vida, odontológico e previdência) em Belo Horizonte (MG), a 71ª transação de sua história (e a primeira deste ano).
“Minas Gerais é muito importante nesse segmento e é importante ampliar nossa presença no estado. A aquisição da Ducais reflete essa nossa estratégia de buscar corretoras bem arrumadas pelo Brasil e que podem crescer mais”, diz André de Barros Martins, sócio e VP de benefícios da Alper.
O rápido movimento da companhia, controlada pela gestora de private equity Warburg Pincus, indica que o apetite deverá ser ainda maior do que havia sido planejado inicialmente pela Alper. Se o plano inicial era comprar de cinco a oito corretoras neste ano, o executivo já fala em passar de 10 aquisições em 2025.
“O nosso número anterior era conservador. Recursos a gente tem. Então, não deixaremos de realizar bons deals. Se a gente fizer 40% dos negócios que foram avaliados no ano passado, certamente esse número será muito maior”, afirma. A estratégia é de chegar ao fim do ano com volume total de R$ 5 bilhões em prêmios.
A Ducais tem hoje 50 mil vidas administradas e 13 funcionários, além de R$ 50 milhões em prêmios. Segundo Martins, a Alper realizou pagamento inicial de cerca de R$ 15 milhões e o restante será repassado aos antigos controladores com a receita da própria operação. O executivo não informou o valor total da venda.
A compra de mais uma corretora especializada em benefícios não irá tirar o foco da Alper em aumentar a diversidade de seu portfólio. A companhia tem hoje 44,4% de sua receita ligada ao setor de benefícios. Logo depois vem seguros de cargas (20%), seguros corporativos (16,7%) e seguros individuais (9,7%). Com a Ducais, a Alper passa a ter 27 unidades no Brasil.
Do total da fatia de benefícios da empresa, que hoje tem 1,4 milhão de vidas administradas, 80% da receita da Alper está ligada ao setor de seguro de saúde e odontológico. E a aposta para o crescimento em Belo Horizonte está associada à presença de grandes grupos de saúde no município.
“O sistema Unimed é muito forte por lá. O grupo Hapvida também está bem colocado, além de Bradesco e SulAmerica. E, para crescer, será necessário contar com mais corretores”, diz. “Levamos o nosso know how para as corretoras menores, que passam a atuar sob nossa filosofia.”
O período de negociação até a efetivação da compra da Ducais pela Alper durou cerca de seis meses. Agora, a empresa mudará de nome e passará a atender com a marca da nova dona. Em dezembro, a empresa havia anunciado a compra da De Caprio, de Santos (SP), especializada em seguros de cargas.
Martins não revelou o segmento, mas já adiantou que em fevereiro a Alper fará mais uma aquisição. “Teremos anúncios de mais compras nas próximas semanas.” Outro ponto que o VP diz levar em consideração é a possibilidade de expansão em regiões que não necessariamente sejam capitais. “Há praças boas pelo Brasil e vamos olhar com atenção as oportunidades.”
Segundo o executivo da Alper, a empresa hoje tem cerca de 40 a 50 negociações para aquisições em andamento. “A gente não pensa a curto prazo. Nosso horizonte é médio e longo prazo. Nosso desejo é implementar nossa cultura e fazer bons negócios, comprar bem.”
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o número de beneficiários de planos de saúde privados chegou a 51,4 milhões em dezembro de 2024 (contra 50,8 milhões em dezembro de 2023). Em dezembro de 2020, primeiro ano da pandemia, eram 47,4 milhões de usuários.
Fundada em 2010, a companhia, que chegou a valer R$ 2 bilhões quando tinha capital aberto, perdeu 90% do valor em 2015, em um período de crise.
Em 2023, a Warburg Pincus fez uma oferta de R$ 850 milhões para fechar o capital da Alper. Hoje ela é dona de 80% da companhia. Os demais 20% estão divididos entre a gestora Axxon Group, o CEO Marcos Couto e o VP André de Barros Martins.
Negócios
Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados
O impacto dos preços dos alimentos na inflação tem levado o governo a buscar alternativas para reduzir o custo de vida da população. Uma das medidas em estudo seria a liberação da venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados.
A proposta, que resgata o projeto de lei nº 1774/2019 atualmente travado na Câmara, parte da premissa de que as redes de supermercados poderiam aumentar sua rentabilidade graças às margens mais altas dos medicamentos, o que supostamente permitiria controlar a alta dos preços dos alimentos.
Analistas do Itaú BBA, no entanto, avaliam a medida como insuficiente para conter a inflação dos alimentos, além de preverem impactos significativos sobre as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na venda desses medicamentos. Os MIPs representam cerca de 15% das receitas das principais redes de farmácia, segundo o banco.
Os medicamentos isentos de prescrição possuem margens brutas médias de 30% a 35%, consideravelmente maiores do que as de produtos alimentícios, que variam entre 16% e 20%. “Para os varejistas de alimentos, isso é claramente positivo”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco ressalta que esse ganho adicional não necessariamente resultaria em preços de alimentos mais baixos.
“Temos muita dificuldade em imaginar como isso ajudaria a controlar a inflação alimentar. É difícil supor que as redes de supermercados repassarão esse adicional de lucro para reduzir os preços dos alimentos – e parece bastante impossível controlar isso”, avaliam os analistas.
O Itaú BBA também destaca que é “praticamente impossível” estimar com precisão as potenciais receitas ou lucros adicionais, considerando que as redes de supermercados enfrentariam custos elevados devido aos requisitos sanitários. Gastos com farmacêuticos, manipulação e armazenamento, por exemplo, poderiam impactar negativamente a rentabilidade do negócio.
“Várias grandes redes de varejo de alimentos já operaram farmácias dentro de suas lojas, mas essas operações não foram vistas como bem-sucedidas em termos de execução e rentabilidade.”
Outro entrave significativo para a aprovação da medida, na visão do Itaú, são as preocupações com a automedicação, uma das principais causas de intoxicação no Brasil. O banco lembra que esse debate ocorre pelo menos desde 2013, sendo essa questão um dos maiores obstáculos ao avanço da proposta.
“Muitas compras de OTCs são feitas por impulso, de modo que uma eventual aprovação dessa medida provavelmente aumentaria o mercado endereçável desses produtos, em vez de apenas tirar participação das farmácias”, afirma o Itaú BBA em seu relatório. “Acreditamos que a probabilidade de a proposta se tornar lei é baixa.”
Embora considere improvável a aprovação da medida, o Itaú avalia que o aumento da demanda pelo novo canal de vendas poderia fortalecer as farmacêuticas. Nessa linha, os analistas destacam a Hypera como a principal beneficiada, dada sua sólida relação comercial com as varejistas, com as vendas de produtos como Zero-Cal e Engov After.
“A liberação de medicamentos em redes de supermercados deve ter um efeito positivo nas vendas devido ao maior consumo por impulso, mas consideramos que o impacto potencial para as empresas farmacêuticas seja menos significativo do que para as empresas de varejo alimentar.”
Negócios
Na JHSF, investimentos em receita recorrente estão se pagando (e vêm mais por aí)
Os investimentos da JHSF nas áreas de negócios com receita recorrente feitos nos últimos anos, intensificado ao longo de 2024, vêm dando frutos financeiros e operacionais para o grupo centrado na alta renda.
E no momento em que o cenário econômico começa a ficar negativo, em vez de ficar tímida, a companhia pretende “ir para cima”, com lançamentos e inaugurações previstas para 2025, para cumprir com o objetivo de que a receita recorrente responda por dois terços da geração de caixa no médio e longo prazo.
“Estamos bastante focados em ativos de renda recorrente, por fazerem a companhia em ciclo macroeconômicos mais complicados tomar decisões de forma segura, preservando capital, balanceando a companhia”, diz Augusto Martins, CEO da JHSF, ao NeoFeed, diretamente da Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, em Davos. “E a prévia operacional do quarto trimestre mostra que estamos no caminho certo.”
De acordo com a prévia operacional divulgada nesta quinta-feira, 23 de janeiro, a parte de shopping centers foi um dos destaques do quarto trimestre. As vendas totais apresentaram crescimento de 19,7% na comparação com o quarto trimestre de 2023, somando R$ 1,7 bilhão, e 20% ante o consolidado do ano anterior, a R$ 5,3 bilhões.
As vendas dos shoppings Cidade Jardim e Jardins e do Catarina Fashion Outlet cresceram 32%, 31,4% e 9,2% nos últimos três meses de 2024, respectivamente. Na comparação com o ano de 2023, o crescimento foi de 20,8% no Cidade Jardim, 29,3% no Shops Jardins e 26,3% no Catarina, com Martins destacando que o resultado na outlet ocorreu mesmo após a expansão, que dobrou sua área.
Os indicadores de aluguel também tiveram alta no trimestre e no ano. O chamado Aluguel Mesma Área (SAR), a variação entre o aluguel faturado em uma mesma área no período versus no ano anterior, por exemplo, subiu 16,7% nos últimos três meses e 11,3% no ano.
A JHSF também reviu o portfólio de ativos, concentrando em shoppings de alta renda. No ano passado, saiu dos shoppings Ponta Negra, em Manaus, e Bela Vista, em Salvador. A empresa vendeu fatias na expansão do Catarina e do Shops Faria Lima, previsto para ficar pronto em 2026.
No total, foram levantados R$ 733 milhões. Combinado com os R$ 1,3 bilhão captados via duas emissões de CRI, a JHSF reforçou sua estrutura de capital. Com essas captações, a duration da dívida consolidada passou de 4,5 anos para 6,2 anos.
Outro segmento que mostrou força foi a divisão de locação residencial e de clubes, que registrou um NOI anual estabilizado consolidado de R$ 110 milhões. O segmento fechou o ano com cerca de 75 mil metros quadrados de área, distribuídos entre casas, apartamentos e clubes.
Em hospitalidade e gastronomia, a JHSF registrou uma RevPar (receita por quarto disponível) de R$ 2,6 mil em seus hotéis no quarto trimestre, alta de 25,4%, com a diária média aumentando 19%, a R$ 4,4 mil. A taxa de ocupação aumentou 3,1 pontos percentuais, a 58,8%.
No ano, a diária média subiu 15,5%, para R$ 3,9 mil, com a RevPar aumentando 20,7%, a R$ 2,1 mil, e taxa de ocupação evoluindo 2,3 pontos percentuais, para 54,1%. Em meados de dezembro, houve a inauguração do Boa Vista Surf Lodge Hotel, localizado junto à piscina de surf do Boa Vista Village.
O São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional também apresentou bons resultados. O número de movimentos aumentou em 34,7% e os litros abastecidos em 41,4% na comparação com o quarto trimestre de 2023. Em relação a 2023, os crescimentos foram 41,1% e 49,6%, respectivamente.
Aumentando a receita recorrente
Para 2025, a JHSF planeja uma série de lançamentos e inaugurações nos segmentos de receita recorrente. Em shoppings, a ideia é fortalecer o mix de lojas.
No fim do ano passado, houve a abertura da flagship exclusiva da joalheria Van Cleef & Arpels no Shopping Cidade Jardim. Isso fez com que a unidade passasse a contar com as flagships das quatro principais joalherias do mundo – Van Cleef & Arpels, Tiffany&Co., Cartier e Bulgari.
Neste ano, haverá a inauguração da flagship da marca de roupas italiana Brunello Cucinelli no Shops Jardins. “Estamos há um bom tempo reforçando o mix de lojas, na curadoria das lojas, focadas em alta renda, reforçando o desempenho da parte de malls”, diz Martins.
Na divisão de locação residencial e de clubes, a parte de clubes é uma das principais apostas. No ano passado, a companhia iniciou comercialização de memberships, a operação do Boa Vista Village Surf Club e o desenvolvimento das obras do São Paulo Surf Club e do Fasano Club.
A piscina de surf do São Paulo Surf Club já está em fase final de acabamento, com abertura prevista para o primeiro semestre. Já as obras do Fasano Club foram concluídas e sua abertura está prevista para o primeiro trimestre de 2025. “É um novo negócio que começamos a operar no ano passado e está maturando, com uma evolução muito grande”, diz Martins.
A companhia também pretende pegar parte dos estoques de imóveis desenvolvidos pela parte de incorporação e vai destinar para locação, na operação chamada JHSF Residence, inaugurada em 2023. “Ela visa a atender alguns clientes que ao invés de investir para comprar querem alugar um produto pronto”, diz Martins.
O São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, por sua vez, passa por uma expansão com a construção de quatro novos hangares neste ano, elevando o total para 16 hangares, com o objetivo de atender a demanda.
Ainda que o foco seja crescer a parte de receita recorrente, a JHSF seguirá investindo em incorporação, mantendo a estratégia de preservação de margens e valorização dos estoques. As vendas contratadas subiram 2,6% no quarto trimestre, para R$ 242,7 milhões, e 5,2% no ano, a R$ 1,1 bilhão.
“A companhia não vai abrir mão de preços, porque, no médio e longo prazo, não traz a solidez que a companhia precisa”, diz Martins.
A estratégia da receita recorrente e seus resultados foram elogiados pelos analistas da XP. Para eles, os números do quarto trimestre foram positivos, especialmente os segmentos não residenciais, que continuam a apresentar desempenho superior.
“Em nossa opinião, isso reforça o sólido domínio dos shopping no portfolio da empresa, que agora está significativamente focado em clientes de alto padrão após os desinvestimentos nos shoppings Bela Vista e Ponta Negra”, dizem os analistas Ygor Altero e Ruan Argenton.
Por volta das 15h37, as ações da JHSF caíam 2,11%, a R$ 3,71. Em 12 meses, os papéis recuam 27,7%, levando o valor de mercado a R$ 2,5 bilhões.
Negócios
Wealth Point #34 – Luiz Osório, da SOMMA Investimentos, e Rodrigo Samaia, da EQI
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