Negócios
BC europeu baixa os juros (boa notícia). Risco agora é a deflação (péssima notícia)
A União Europeia não consegue se livrar dos pesadelos econômicos nem diante de boas notícias. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou na quinta-feira, 17 de outubro, mais um corte de juros – o terceiro em sequência –, levando a taxa anual para 3,25%.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, comemorou o anúncio, afirmando que o processo desinflacionário estava “no caminho certo” e que todos os dados desde a reunião anterior da autoridade monetária, no mês passado, “estavam indo na mesma direção – para baixo”.
O drama é justamente esse – não são apenas os juros que estão em queda. A inflação, também em declínio, fechou setembro com índice de 1,7% ao ano – abaixo da meta estipulada pelo BCE, de 2%.
O que seria comemorado com fogos em outros países (como o Brasil) viraram motivos de preocupação, pois a fraca inflação na zona do euro, aliada ao baixo crescimento do PIB do bloco no segundo trimestre, de 0,2%, levantaram preocupações de que o BCE possa estar diante do risco de uma deflação.
Essa possibilidade é real, uma vez que uma deflação – resultado de oferta maior que a demanda e de menos dinheiro em circulação, condições criadas por atividade econômica fraca por longo período – pode desencadear um ciclo descendente que se autoalimenta, à medida que os consumidores adiam compras, ao mesmo tempo que a diminuição do rendimento torna mais difícil o pagamento de dívidas.
As últimas previsões dos especialistas do BCE indicaram que a inflação anual atingirá o seu objetivo de 2% no quarto trimestre de 2025 e permanecerá bem acima desse nível durante os primeiros nove meses do ano.
Mas os próprios técnicos do BCE estavam preocupados com o fato de que a previsão, publicada em setembro, poder ter sido demasiado otimista. Para o BCE, superar a deflação pode ser muito mais difícil do que controlar a inflação.
A perspectiva de um período de aumentos de preços reduzidos representa uma reviravolta acentuada face aos recentes níveis históricos de inflação elevada, que forçaram o BCE a aumentar as taxas de juro para um nível recorde de 4%, em setembro de 2023.
Economistas advertem que o aumento inflacionário na zona do euro, entre 2021 e 2023, foi temporário, impulsionado por preços mais elevados da energia e estrangulamentos na cadeia de abastecimento, em vez de um aumento fundamental na procura.
Há críticas no sentido de que o BCE aumentou demasiado as taxas de juros, prejudicando uma economia que já era atingida pela baixa produtividade, pelo investimento morno e pelo envelhecimento da população.
Na semana passada, Sebastian Dullien, diretor de pesquisa do Instituto de Política Macroeconômica, com sede em Düsseldorf (Alemanha), disse que o crescimento fraco e a queda acentuada da inflação sugerem que o BCE estava “agindo muito lentamente no ajuste das taxas mais uma vez”.
Segundo ele, a análise do banco central sobre os impulsionadores da inflação foi “defeituosa”. “A política monetária excessivamente restritiva exacerbou algumas das questões estruturais”, advertiu Dullien.
Outros na mira
Não é apenas o bloco europeu que está às voltas com o risco de deflação. A inflação no Reino Unido caiu mais do que o esperado, para o mínimo de três anos, 1,7% em setembro, também abaixo da meta, o que levou a libra a cair.
Da mesma forma que no bloco europeu, investidores a aumentarem as apostas em novos cortes nas taxas por parte do Banco de Inglaterra (BoE), o BC britânico. O risco de deflação, porém, é menor no país, pois a inflação de serviços segue alta, em 4,9%.
A China, com produção econômica fraca desde a pandemia, também tem lutado para evitar a deflação. Há duas semanas, o governo chines anunciou um amplo pacote– incluindo injeções de liquidez de US$ 250 bilhões, flexibilização das taxas hipotecárias e grandes cortes nas taxas de juro e de reservas bancárias obrigatórias, esta para abrir linhas de crédito – para estimular o consumo.
Mesmo assim, Stephen Roach, economista da Universidade Yale, advertiu na ocasião que o pacote é insuficiente e que a China corre o risco de entrar num processo deflacionário devido ao crônico problema do estouro da bolha imobiliária, que desde 2021 gerou perdas de US$ 18 trilhões em riqueza das famílias chinesas, inibindo o consumo.
Roach atribuiu a hesitação do governo chinês em abrir o cofre para estimular o consumo como reflexo do impacto gerado pelo crescimento da dívida pública – hoje sob índice estratosférico de 283% em relação ao PIB, três vezes superior ao da década passada.
“O governo chinês precisa gastar com as pessoas para reanimar a procura interna; sem ela, o país caminha para a deflação, enquanto o seu enorme mercado imobiliário está sobrecarregado com habitações não vendidas e grandes pilhas de dívidas”, disse Roach.
Negócios
Hindenburg liga o “sinal vermelho” para plataforma americana de carros usados
Depois do Adani Group e da Roblox, a Hindenburg Research tem um novo alvo: a Carvana, uma plataforma americana de compra e venda de carros usados, que está sendo acusada de manipulação contábil.
Em relatório divulgado na quinta-feira, 2 de janeiro, a Hindenburg alega que o portfólio de empréstimos subprime da Carvana possui riscos substanciais e o crescimento dos resultados é insustentável. A casa de research especializada em vendas a descoberto diz que estudou a companhia ao longo de quatro meses, conversando com ex-funcionários e concorrentes.
A Hindenburg, que naturalmente está short na Carvana, diz que o portfólio de empréstimos da empresa é “tóxico”, resultado de “padrões frouxos” de controle. Um ex-diretor da companhia teria dito que a empresa “aprova 100% dos pedidos” de empréstimo, emulando o período anterior à crise financeira de 2008, quando algo parecido ocorria no setor imobiliário.
A casa de research afirma que, através de terceiros, a Carvana esconde o risco de seu portfólio de empréstimos. O objetivo seria valorizar as ações e permitir que o CEO da companhia, Ernest Garcia III, e seu pai, Ernest Garcia II, possam aproveitar a valorização das ações e lucrar com a venda de participação. A prática não seria recente, com a dupla embolsando cerca de US$ 3,6 bilhões entre agosto de 2020 e agosto de 2021.
Segundo Hindenburg, mesmo correndo risco de falência em 2022 e 2023, as ações acumularam alta de 284% no ano passado. Para a casa de research, o turnaround promovido em 2024 não passou de “uma miragem” por conta das manipulações contábeis.
O relatório da Hindenburg pesou sobre as ações da Carvana. Depois de um recuo de queda de mais de 5%, os papéis recuavam 3,94% por volta das 16h52, a R$ 195,34. A companhia está avaliada em US$ 40 bilhões. Procurada por uma série de veículos de mídia, a Carvana não se pronunciou.
A Carvana é o mais recente alvo da Hindenburg, frequentemente acusada de tentar manipular o mercado através de seus relatórios. Em outubro, a casa de research acusou a plataforma de videogames Roblox de inflar seus dados financeiros, além de priorizar crescimento em detrimento da segurança dos usuários, que em sua maioria são crianças.
A Hindenburg também foi considerada responsável por destruir o acordo entre a General Motors (GM) e a montadora de caminhões elétricos Nikola. A empresa acusou a startup e seu fundador, Trevor Milton, de fraude por declarações feitas sobre o desenvolvimento da tecnologia e dos produtos da Nikola.
Outro caso emblemático foi contra o Adani Group, do bilionário indiano Gautam Adani. No começo de 2023, a Hindenburg acusou a holding de manter companhias de fachada em paraísos fiscais para lavagem de dinheiro.
A consultoria também acusou o Adani Group de estar no centro “da maior fraude corporativa da história” e que sua operação apresenta uma “situação financeira precária”, em função de um endividamento excessivo, com alto risco de falta de liquidez no curto prazo.
Como resultado, sete operações que compõem o grupo perderam o equivalente a cerca de US$ 47 bilhões em valor de mercado na ocasião.
Negócios
Gestora prepara o lançamento do primeiro fundo em mais de 30 anos
A Millennium Management é uma gestora sui generis. Desde a sua criação, em 1989, ela possui apenas um fundo de investimento. Agora, mais de 30 anos após o seu lançamento, a ideia é lançar um novo fundo para se expor a ativos ilíquidos, como crédito privado.
O mercado financeiro em países desenvolvidos viu um boom no crédito privado nos últimos anos com o fim da taxa de juros zero e com os bancos tirando o pé do business de crédito com mais risco. Isso abriu espaço para emissões no mercado privado, que hoje já somam quase US$ 2 trilhões.
Na visão do hedge fund, apesar do grande crescimento recente, ainda há muitas oportunidades para serem exploradas nesse mercado e também em outros menos líquidos, o que justificaria um fundo de investimento específico para essa estratégia.
De acordo com jornais internacionais, a Millennium não decidiu se captaria dinheiro para um novo fundo ou se transferiria de sua base de capital existente. Recentemente, a Millennium levantou US$ 10 bilhões em ativos para investir quando surgirem oportunidades.
O possível movimento de expansão busca sustentar o crescimento que transformou a Millennium em um negócio de cerca de US$ 70 bilhões desde que foi fundada por Izzy Englander. Ele ainda é dono de 100% da gestora, que foi fundada por ele com apenas US$ 35 milhões em ativos.
A casa possui mais de 330 pessoas em seus times de investimentos ao redor do mundo para apenas um fundo, que negocia ações em estratégias fundamentalista e de arbitragem, renda fixa, commodities e estratégias quantitativas em mercados líquidos.
Em 2024, o fundo teve um retorno de 15%, e alcançou US$ 72,1 bilhão sob gestão. Desde o início, o fundo tem um retorno anual médio de 14%.
O Millennium compete com outros grandes hedge funds, como o Citadel, de Ken Griffin, e o Point72, de Steve Cohen.
A Millennium e a Citadel foram os primeiros hedge funds multigestores do mercado, que nos últimos anos têm sido o segmento de crescimento mais rápido da indústria de fundos de hedge de US$ 4,5 trilhões.
Mas o grau de liquidez da Millennium é menor que o resto do mercado. O seu fundo exige cinco anos de investimento, sendo mais perto de prazos de fundos de private equity do que de crédito privado.
Outros fundos de hedge já tentaram entrar no mercado de crédito privado. O Man Group, o maior fundo de hedge listado do mundo, por exemplo, adquiriu no ano passado a empresa de crédito privado dos EUA, Varagon.
Negócios
BYD cola na traseira da Tesla em busca do título de maior montadora de carros elétricos
Na corrida pelo título de maior montadora de carros elétricos do mundo, a Tesla vê a BYD se aproximando pelo retrovisor, com a companhia chinesa registrando vendas recordes no ano passado e a americana apresentando sua primeira queda de vendas em mais de uma década.
A companhia sediada em Shenzhen, que conta com ninguém menos que Warren Buffett como acionista, vendeu 4,3 milhões de carros elétricos e híbridos em 2024, segundo comunicado divulgado na noite de quarta-feira, 1º de janeiro.
O resultado superou o objetivo que tinha estabelecido para o ano, de 3,6 milhões de carros, de acordo com o Financial Times. Considerando apenas veículos elétricos, a BYD vendeu 1,76 milhão de unidades.
A Tesla fechou o ano com a venda de 1,79 milhão de carros, queda de 1% em relação ao registrado no ano passado, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira, 2 de janeiro. A notícia derrubou as ações da montadora de Elon Musk – por volta das 11h58, os papéis caíam 3,79%, a US$ 388,52.
A BYD já teve uma vitória simbólica em cima da Tesla. No terceiro trimestre, a montadora chinesa registrou uma receita trimestral superior a de sua rival – 201 bilhões de yuans (US$ 28,2 bilhões à época), contra US$ 25,2 bilhões da americana.
Os resultados da BYD estão sendo puxados pela forte demanda do mercado chinês por carros elétricos, graças aos bilhões de dólares em subsídios governamentais na última década e ofertas das próprias montadoras para trocar carros a gasolina por elétricos.
A situação faz os analistas projetarem que as vendas destes veículos devem superar a de automóveis a combustão em 2025. Para este ano, as estimativas apontam para um aumento de 20% nos veículos elétricos comercializados, superando 12 milhões de unidades.
A BYD não está sozinha. Outras marcas chinesas também aproveitaram o momento e bateram suas metas no ano passado. A Li Auto, primeira montadora chinesa a ser lucrativa, vendeu 500 mil unidades no ano passado. A Leapmotor, que conta com o apoio da Stellantis, comercializou 290 mil automóveis, e a Xiaomi vendeu 135 mil unidades.
O bom momento, porém, não significa que todos estão ganhando, nem que muitas das ditas vitórias sejam sustentáveis. O mercado chinês registra uma intensa competição, resultando numa forte guerra de preços, que tem arranhado os resultados.
A própria BYD sente as consequências do mercado mais concorrido. O aumento de 24% da receita veio acompanhado por uma piora da margem bruta, que recuou de 22,1% para 21,9%.
A montadora consegue contornar melhor a situação graças a sua estrutura de produção verticalizada. A BYD conta ainda com carros híbridos no portfólio e está expandindo para novos mercados, um deles sendo o Brasil, onde pretende investir R$ 3 bilhões no antigo complexo industrial da Ford em Camaçari, na Bahia, conforme mostrou o NeoFeed.
O avanço para outros países, porém, começa a enfrentar resistências. Em setembro de 2024, o governo dos Estados Unidos anunciou tarifas de 100% sobre carros elétricos chineses. A União Europeia (UE) anunciou, em outubro, a imposição de uma tarifa extra de 17% sobre a importação de veículos da BYD pelos próximos cinco anos.
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