Negócios
Como a Shein e seu “efeito blusinhas” impactaram os preços no varejo brasileiro
A vida dos varejistas de roupas no Brasil nunca foi fácil. A situação é particularmente complexa para nomes do exterior, que precisam aprender a lidar com a volatilidade do câmbio, as dificuldades logísticas e a complexidade do sistema tributário, fazendo com que o País seja um dos mais caros do mundo para comprar roupa.
No entanto, a chegada de nomes como Shein e outras empresas de fast fashion forçou uma adaptação de varejistas locais e estrangeiras, que tiveram que abrir mão do poder de repassar o “Custo Brasil” e reduzir os preços dos produtos para não perder espaço no mercado.
É o que mostra o “Índice Zara”, elaborado pelo BTG Pactual e que compara uma cesta de 12 produtos da marca espanhola em 54 mercados países para avaliar as diferenças de custos de operação e preços no segmento de moda em diferentes mercados.
Segundo o índice, os produtos da Zara estão 6% mais baratos no Brasil do que nos Estados Unidos, um indicativo de que até a companhia, por aqui voltada para clientes de média e alta renda, precisou ajustar seus preços para lidar com o aumento da competição no mercado local, segundo os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima.
O valor contrasta com o visto no começo de 2024, na última edição do estudo, quando os produtos da Zara estavam 3% mais caros no Brasil do que nos Estados Unidos.
“O segmento de varejo foi um dos que passaram pelas maiores disrupções nos últimos anos, com a competição de players cross-border, crescimento exponencial do e-commerce e, mais recentemente, pelo trade-down de produtos pelos consumidores”, diz trecho do relatório do BTG Pactual.
Os analistas apontam que a introdução de Imposto de Importação para compras de até US$ 50 afetou as companhias que operam fora do Brasil, nivelando um pouco mais o cenário competitivo, especialmente para companhias voltadas para a baixa renda.
Ainda assim, os produtos importados apresentam níveis de preços melhores do que nomes locais. Segundo o estudo, os produtos da Shein são 9% mais baratos do que os da Renner, 3% em relação à Riachuelo e 2% mais em conta que os produtos da C&A.
Mesmo com os ajustes operacionais e a pressão competitiva, o Brasil segue sendo um dos mercados mais caros do mundo para comprar roupas.
Quando o Índice Zara é ajustado pela paridade do poder de compra (PPP, na sigla em inglês), os preços dos produtos da marca espanhola são 135% superiores aos praticados nos Estados Unidos.
O resultado do mais recente levantamento mostra que apenas seis de 54 países possuem preços mais caros que os Estados Unidos, sem ajustar pelo PPP, com Israel na liderança – uma diferença de 21%, seguido pela Arábia Saudita (17%) e Suíça (10%).
Quando feito o ajuste pelo PPP, o Brasil aparece em décimo lugar entre os países com os produtos Zara mais caros. Na primeira posição aparece a Turquia, com uma diferença de 248%, seguida por Vietnã (246%) e Índia (237%).
Mesmo a Shein se mostra cara no Brasil. Apesar de sua competitividade no mercado local, uma pesquisa do BTG Pactual olhando uma cesta de oito produtos em 15 países revelou que o Brasil é 15% mais caro que os Estados Unidos.
“E de 189% quando ajustado pelo PPP, tornando o Brasil um dos mais mercados globais mais caros para a Shein”, diz trecho do relatório.
Os analistas do BTG Pactual destacam a perda de valor do real no período analisado. Desde a edição passada do estudo, a moeda local desvalorizou 21%.
Negócios
A Nvidia sofreu um baque nesta semana. Mas seu CEO já está olhando os próximos dez anos
Um furacão abalou a onda da inteligência artificial (IA) na segunda-feira, 27 de janeiro. A chinesa DeepSeek colocou em xeque a avalanche de recursos aplicados nessa tecnologia ao anunciar um modelo de IA com desempenho similar ao de empresas americanas, mas com custos bem menores.
No rastro dessa “tempestade”, quem mais acusou o golpe foi um dos nomes que, até aqui, mais surfaram esse hype. No mesmo dia, a americana Nvidia viu suas ações desabarem 17,5% na Nasdaq e perdeu US$ 600 bilhões em valor de mercado, na maior queda já registrada em um único pregão.
Curiosamente, naquela mesma data, a jornalista Cleo Abram publicou mais uma edição do programa Huge Conversations em seu canal no YouTube. O entrevistado? Jensen Huang, justamente o cofundador e CEO da Nvidia.
Gravado em 7 de janeiro, o podcast já registra quase meio milhão de visualizações. No programa, muito além da tormenta que viria a chacoalhar o mercado e sua empresa no curto prazo, Huang faz projeções para o futuro. Embaladas, claro, pela inteligência artificial.
“Os últimos 10 anos foram realmente sobre a ciência da inteligência artificial”, diz ele, em um dos trechos da entrevista. “Nos próximos 10 anos, teremos muita ciência de IA, mas os próximos 10 anos serão a ciência da aplicação da IA. A ciência fundamental versus a ciência da aplicação.”
Além de destacar a expectativa de grandes avanços no que chamou de “robótica humana” nos próximos cinco anos, Huang afirmou que a inteligência artificial se tornará onipresente, marcando presença em praticamente todos os setores da economia.
“A pesquisa aplicada, o lado da aplicação da IA agora se torna: como posso aplicar a IA à biologia digital? Como posso aplicar a IA à tecnologia climática? Como posso aplicar a IA à agricultura, à pesca, à robótica, ao transporte, otimizando a logística? Como posso aplicar a IA, você sabe, ao ensino?”.
Como parte desse contexto, o CEO da Nivia também reservou tempo para dar conselhos à nova geração. No principal deles, disse que os jovens precisam aprender a usar essa tecnologia em suas diversas aplicações.
“Se eu fosse um estudante hoje, a primeira coisa que eu faria seria aprender IA”, afirma Huang. “Como eu aprendo a interagir com o ChatGPT, com o Gemini Pro e com o Grok? Aprender a interagir com IA não é diferente de ser alguém que é realmente bom em fazer perguntas.”
Aos 61 anos, ele diz que, no caso da sua geração, a pergunta que precisou ser feita foi: “como usamos computadores para fazer melhor nosso trabalho?”. E destacou que a próxima geração deve questionar como usar a inteligência artificial para fazer melhor o seu trabalho.
Huang também ressalta que as pessoas precisam ver por si mesmas como a inteligência artificial reduziu as barreiras do conhecimento para compreender totalmente a amplitude das fronteiras dessa tecnologia.
“Se eu coloco um computador na frente de alguém que nunca usou um, não há chance de ele aprender a usar em um dia. E ainda assim com o ChatGPT, se você não sabe como usá-lo, tudo o que você precisa fazer é digitar: ‘eu não sei como usar o ChatGPT, me diga’. E ele vai retornar e lhe dar alguns exemplos”.
Negócios
Aportes em startups brasileiras voltam a crescer e chegam a US$ 2,14 bilhões. Motivo para comemorar?
Os aportes em startups brasileiras voltaram a crescer em 2024, mas não há tantos motivos assim para comemorar. Isso é o que mostra a pesquisa Inside VC do Fechamento de 2024, realizada pelo Distrito e divulgada com exclusividade pelo NeoFeed.
Em 2024, as startups brasileiras captaram US$ 2,14 bilhões, alta de 13,83% sobre o ano anterior (US$ 1,88 bilhão). Para efeito de comparação, com exceção de 2023, período que ficou conhecido como o inverno das startups, o volume só é maior do que 2018, quando as empresas inovadoras brasileiras receberam US$ 1,4 bilhão.
“Na pandemia vivemos um cenário muito excepcional, com bancos centrais reduzindo taxas de juros para tentar minimizar o impacto nas economias. Com o capital mais barato, investidores buscaram novos negócios”, diz Victor Harano, gerente de research do Distrito, ao NeoFeed.
“Mas não acredito que tenhamos novamente um cenário parecido com o que vivemos entre 2021 e 2022. A comparação precisa ser com os anos anteriores”, complementa.
No cenário da América Latina, a pesquisa do Distrito também apontou crescimento. Ao todo, foram investidos US$ 4,27 bilhões em 625 rodadas. O volume foi 23,53% superior ao de 2023, quando as startups latino-americanas receberam US$ 3,4 bilhões em aportes.
Fintechs seguem como o segmento mais representativo entre os que receberam aportes na América, com US$ 2,1 bilhões em 153 deals. Na sequência estão healthtechs, com 51 rodadas (US$ 195,4 milhões).
O Brasil representou 50% dos aportes realizados nos países da América Latina. No número de rodadas, no entanto, houve queda: 391 em 2024 contra 475 no ano anterior. No ranking dos países, o México aparece em segundo lugar, com US$ 818,1 milhões (74 rodadas), seguido por Argentina (US$ 692 milhões), Colômbia (US$ 344,6 milhões) e Chile (US$ 138,6 milhões).
“A gente sentiu essa leve retomada em 2024, com a volta de alguns megarounds [aportes acima de US$ 100 milhões], e muita gente procurando startups ligadas a inteligência artificial (IA). Mas há pontos de atenção, principalmente sobre o ritmo dos avanços”, afirma Harano. “No geral, foi um ano relativamente bom para as startups.”
O principal deal realizado no Brasil em 2024 foi da fintech Asaas, que captou US$ 150 milhões. Em seguida, aparecem Celcoin e Contabilizei, que receberam US$ 125 milhões cada um.
A principal rodada do ano, no entanto, foi de uma startup argentina. A fintech Ualá recebeu aporte de US$ 300 milhões em novembro, em uma rodada de financiamento liderada pela Allianz X, braço de venture capital da seguradora alemã.
Em termos de recursos, as fintechs seguem na liderança no Brasil, com 41,5% do total destinado a startups (US$ 889 milhões) em 84 rodadas. Depois vem foodtechs (US$ 190,8 milhões em 17 deals), healthtechs (US$ 135,8 milhões em 37 negócios realizados), deeptechs (US$ 130,3 milhões em 23 deals) e agtechs (US$ 119,5 milhões em 20 negócios).
Mais espaço para outras áreas
Ainda que na liderança folgada, o segmento de fintechs vem, segundo o executivo do Distrito, perdendo espaço para outras áreas. “Historicamente, elas representavam em torno de 20% dos deals realizados. Agora esse patamar reduziu para 16%, com o crescimento de outras teses, como healthtechs.”
Para 2025, o impacto no mercado a partir do surgimento do DeepSeek, inteligência artificial chinesa com um custo mais baixo que derrubou as ações da gigante Nvidia, pode servir de oportunidade para startups brasileiras. Os avanços na inteligência artificial devem garantir mais repasses e em mais rodadas.
“Mesmo as startups que não tenham a IA como core, utilizam esse mecanismo de alguma forma, seja no pitch, na forma como se vendem e como contam com a ferramenta no negócio”, diz Harano. “Vamos assistir consolidação de M&As em fintechs, principalmente na área de criptos, e o crescimento de edutechs, com novas tecnologias implementadas.”
Para o executivo do Distrito, em pouco tempo a simples utilização de IA já não será mais um diferencial competitivo, a exemplo do que ocorreu com o movimento de clouds (armazenamento em nuvem) durante a década de 2010. Vai ser necessário avançar para um modelo de IA 4.0.
“Ela vai deixar de ser uma vantagem significativa em curto prazo e a gente vai acompanhar as que conseguem transformar essas tecnologias em algo mais durável. Cada vez mais o custo cai e muita gente passa a entender o uso dessas ferramentas”, avalia. “Dessa forma, há espaço para que a gente chegue ao total registrado em 2019. É um volume saudável para o ecossistema de startups.”
Negócios
EXCLUSIVO: ADM Nutrição busca comprador para sua divisão de pet food no Brasil
Depois de um 2024 turbulento, principalmente por questões contábeis no exterior que mexeram com o valor de suas ações e trouxeram desconfiança do mercado, a Archer Daniels Midland (ADM) resolveu fazer uma limpeza em seu portfólio. E isso inclui parte de sua operação no Brasil.
O NeoFeed apurou que a companhia contratou o Barclay’s para buscar compradores para a sua unidade de pet food no Brasil. Foi uma decisão global da gigante americana com tentáculos em vários segmentos do agronegócio, com forte atuação na produção e exportação de grãos e alimentos.
Uma fonte a par do negócio, que já está sendo oferecido a potenciais compradores, diz que essa divisão de pet food tem uma receita anual de cerca de R$ 1,1 bilhão e um prejuízo de R$ 100 milhões. O valuation deverá ficar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
Apesar de a ADM querer sair do segmento aqui no Brasil, o mercado não é desprezível e, nos últimos anos, tem chamado a atenção de vários players.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), estima-se que o mercado pet brasileiro tenha faturado mais de R$ 77 bilhões em 2024, 12% a mais do que em 2023. Desse total, o segmento de pet food representou R$ 42 bilhões.
Segundo um estudo da Mordor Intelligence, 30% do mercado de pet food no Brasil estão nas mãos de cinco companhias: ADM, BRF Global, Mars, Nestlé Purina e PremieRPet. A gestora de private equity HIG também tem uma tese no segmento com a companhia FVO Alimentos.
A população de pets no Brasil é de cerca de 160 milhões de animais. Destes, cerca de 70 milhões são cães e outros 30 milhões são gatos. Uma pesquisa da Quaest aponta que 32% dos tutores gastam entre R$ 100,00 e R$ 300,00 por mês com os animais de estimação. Outros 20% gastam entre R$ 300,00 e R$ 500,00 por mês.
Procurada, a ADM não retornou até o fechamento desta nota.
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