Negócios
Em meio às dúvidas com a IA, startup de chips Groq atrai gigantes como Cisco, Samsung e BlackRock
A startup de Inteligência Artificial Groq passou a valer US$ 2,8 bilhões após concluir sua rodada de investimento Série D, na qual levantou US$ 640 bilhões com investidores de peso, incluindo nomes como a Cisco Investments, Samsung Catalyst Fund e BlackRock Private Equity Partners.
Com o recurso, a startup, que tem como foco o desenvolvimento de chips e softwares para otimizar o desempenho das tarefas de IA, quer expandir sua oferta de tokens como serviço (TaaS) e introduzir novos modelos e recursos no GroqCloud.
“Esse novo financiamento nos permitirá implantar mais de 100 mil LPUs adicionais na GroqCloud”, afirmou Jonathan Ross, CEO e fundador da Groq em comunicado. “Tendo garantido o dobro do financiamento buscado, agora planejamos expandir significativamente nosso número de talentos. Somos a equipe que possibilita que milhares de desenvolvedores construam sobre modelos abertos – e estamos contratando.”
A empresa batalha para abocanhar uma fatia do mercado já ocupado por gigantes como Nvidia e Advanced Micro Devices (AMD). Para seus novos investidores, a Groq tem potencial para chegar lá.
“O mercado de computação para IA é significativo e a solução integrada verticalmente da Groq está bem posicionada para atender a essa oportunidade”, diz Samir Menon, diretor-executivo da BlackRock Private Equity Partners. “Estamos ansiosos para apoiar a Groq enquanto eles ampliam sua capacidade para atender à demanda e acelerar ainda mais sua inovação.”
No ano passado, a Groq adaptou o modelo de linguagem da Meta Platforms, o LLaMA, para operar em seus próprios chips, uma tarefa anteriormente realizada pela Nvidia. Essa iniciativa abriu um leque maior de oportunidades para a companhia em razão do mercado buscar alternativas aos processadores da gigante que contam com alta demanda e baixa oferta.
O crescimento territorial também é uma questão para a Torq. De acordo com a empresa, Mohsen Moazami, presidente da Groq e ex-líder de mercados emergentes da Cisco, está liderando esforços comerciais com empresas e parceiros, incluindo Aramco Digital e Earth Wind & Power, para construir centros de computação de IA globalmente.
Esses hubs ajudarão no crescimento da companhia. “Isso garantirá que desenvolvedores tenham acesso à tecnologia Groq, independentemente de sua localização”, disse a companhia no comunicado.
A Groq foi fundada pelo ex-engenheiro da Alphabet, Jonathan Ross, no Vale do Silício. Antes da Série D, a startup estava avaliada em US$ 1,1 bilhão, após uma rodada que incluiu a Tiger Global Management e a D1 Capital em 2021.
Negócios
Na Volkswagen, o “inferno astral” não tem fim
Em meio a uma de suas piores crises, com direito à perda da liderança na China, queda das vendas na Europa e margem de lucro reduzida, a Volkswagen pode ter que lidar com uma greve na Alemanha, por conta da decisão de fechar fábricas no país, algo que nunca fez em 87 anos de história.
Funcionários da montadora na Alemanha estão se preparando para realizar paralisações pontuais nas próximas semanas, depois que os executivos da companhia rejeitaram a demanda deles por reverter o fechamento das fábricas.
“Vamos nos preparar para uma escalada a partir do início de dezembro”, disse Thorsten Gröger, negociador do IG Metall, sindicato que representa funcionários do ramo da metalurgia na Alemanha, nesta quinta-feira, 21 de novembro, segundo o jornal Financial Times.
A Volkswagen anunciou, em setembro deste ano, que poderia fechar fábricas na Alemanha por viver uma “situação grave”. O plano deve seguir adiante, segundo informou a líder do conselho de funcionários da montadora, Daniela Cavallo, em outubro, e prevê o corte de dezenas de milhares de empregos, além de promover um corte de salários.
O anúncio dos preparativos para uma greve veio após mais de seis horas de negociações entre a empresa e o sindicato. De acordo com o FT, na quarta-feira, 20 de novembro, os funcionários propuseram abrir mão de € 1,5 bilhão em aumentos salariais no futuro em troca do corte de pagamento de bônus aos executivos e dividendos aos acionistas, além da reversão do fechamento das fábricas.
A Volkswagen informou que a proposta é um “sinal positivo, com os representantes dos funcionários mostrando abertura para reduzir os custos trabalhistas”. Mas declarou que a oferta precisa ser avaliada para determinar “se resulta num alívio financeiro sustentável para a companhia e oferece perspectivas para a força de trabalho”.
Segunda maior montadora do mundo, os problemas da Volkswagen não são recentes, mas as perdas em vendas e de mercado, especialmente na China, levaram a gigante alemã a gigante alemã a prever fechar 2024 com US$ 500 milhões de prejuízo.
Além da questão competitiva, a Volkswagen possui uma estrutura inchada em comparação com seus concorrentes. A montadora alemã tinha cerca de 684 mil funcionários em 2023. Isso é cerca de 309 mil a mais do que a Toyota, que, no ano passado, vendeu cerca de 2 milhões de veículos a mais do que a Volkswagen em todo o mundo no ano passado.
Apesar do anúncio de paralisações, representantes do sindicato e da companhia devem retomar as conversas em 9 de dezembro. Cavallo disse que espera fechar um acordo antes do Natal.
As ações da Volkswagen fecharam o pregão desta quinta-feira com queda de 0,71% na Bolsa de Frankfurt, a € 81,02. No ano, elas acumulam queda de 32,3%, levando o valor de mercado a € 44,5 bilhões.
Negócios
Predomínio das “Sete Magníficas” no S&P 500 deve evaporar em 2025, prevê Goldman Sachs
O banco de investimento Goldman Sachs prevê que, após atingir grandes altas nos últimos dois anos, as ações das sete gigantes de tecnologia – Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla – deverão perder a grande vantagem em relação a outros papeis do índice S&P 500 no ano que vem.
Em nota enviada a clientes, o estrategista-chefe de ações do Goldman Sachs nos EUA, David Kostin, citou dois fatores para fundamentar sua previsão.
O primeiro, relativo à valorização das Sete Magníficas, indica que suas ações teriam atingido um teto “após uma valorização justa”. Isso significa que as empreses precisarão continuar crescendo a taxas descomunais para que as ações continuem subindo, o que Kostin considera pouco provável.
O segundo fator diz respeito às perspectivas da economia em 2025. Kostin prevê que o S&P 500 deverá manter crescimento de dois dígitos em 2025, mas num ritmo menor que o atual, uma vez que a futura gestão do presidente eleito Donald Trump tende a aumentar os riscos de choques no mercado.
“O diferencial cada vez menor nas taxas de crescimento dos lucros deve corresponder a um estreitamento nos retornos relativos das ações”, escreveu Kostin, questionando a longevidade do boom da IA — o combustível que alimentou a supervalorização das Sete Magníficas.
“Embora a história de crescimento dos lucros ‘micro’ apoie o desempenho superior contínuo das ‘Magnificent 7’, fatores mais ‘macro’, como crescimento econômico e política comercial, inclinam-se a favor do S&P 493”, escreveu Kostin.
O grupo das sete gigantes de tecnologia foi responsável por mais da metade do aumento de 57% no S&P 500 nos últimos dois anos. Mas, ano após ano, essa lacuna de desempenho superior vem diminuindo.
Em 2023, as sete ações geraram um retorno de 76,3%, contra um retorno de 13,8% das ações das outras 483 empresas do S&P 500, uma diferença de cerca de 63 pontos percentuais. Em 2024, até agora, essa diferença de “retorno do prêmio” caiu para 22 pontos percentuais.
Em sua perspectiva de ações dos EUA para 2025, Kostin espera que a diferença de prêmio entre os dois blocos possa cair para apenas 7 pontos percentuais – a menor em sete anos -, à medida que o crescimento dos lucros diminui.
Concentração de mercado
Em outubro deste ano, Kostin já havia advertido que episódios de mercados altamente concentrados não costumam durar. No comunicado aos clientes, o estrategista do Goldman Sachs alertou que uma combinação de fatores fundamentais sugere que o mercado está “mais vulnerável do que o normal” a quedas significativas se houver qualquer contratempo no crescimento das Sete Magníficas.
Mesmo assim, Kostin manteve otimismo quanto ao S&P 500. Ele estimou uma meta de 6.500 pontos para o S&P 500 no fim de 2025, representando um ganho de cerca de 11% no índice de referência em relação aos níveis atuais. A previsão está alinhada com a projeção de 6.500 pontos que o Morgan Stanley fez esta semana e um pouco abaixo da meta da BMO Capital Markets para 2025, de 6.700 pontos.
“Em nossa perspectiva macro básica, a economia e os lucros continuam a crescer e os rendimentos dos títulos permanecem em torno dos níveis atuais”, escreveu Kostin. “Mas o risco de eventos permanece alto em 2025, inclusive da ameaça potencial de uma tarifa generalizada e do risco potencial de rendimentos de títulos ainda mais elevados.”
Embora ainda seja um retorno saudável, 11% são bem inferiores em comparação com o desempenho dos últimos dois anos. Em 2023, o S&P 500 se recuperou fortemente, terminando o ano com alta de 24%. Até agora, neste ano, também subiu 24% – isso depois que os investidores começaram o ano bastante pessimistas, esperando apenas um ganho de 2%, de acordo com uma pesquisa de fevereiro da agência Reuters.
As previsões de Kostin pressupõem que Trump implementará tarifas gerais sobre todas as importações, com peso maior para as chinesas. Economistas esperam que as tarifas sejam amplamente inflacionárias, já que os custos elevados tendem a ser repassados aos consumidores.
Muitos desses efeitos negativos serão mitigados pelo que o Goldman espera ser um cenário econômico otimista no geral, com a inflação caindo, um Federal Reserve dovish (que favorece taxas de juros mais baixas e uma menor preocupação com a inflação) e atividade acelerada de fusões e aquisições, o que pode levar a maiores retornos para investidores em empresas que forem compradas.
Negócios
Vita faz novo investimento e mira R$ 30 bilhões em consultoria até 2026
A aceleradora de Multi-Family Offices (MFO) Vita Investimentos fez uma aquisição de uma fatia minoritária na Consist, MFO com atuação em São Paulo, capital e Interior do Estado.
Essa é a 14ª investida da empresa desde 2022 e o seu ecossistema de consultorias já soma R$ 3,5 bilhões. O objetivo é chegar até 2026 com cerca de 35 operações e R$ 30 bilhões sob consultoria.
Fundada em 2020 e comandada por Renato Riga e Alexandre Latuf, a Consist possui cerca de R$ 250 milhões em ativos sob consultoria (AUC), com clientes de patrimônio médio de R$ 7 milhões (sobretudo, empresários) e operações em Sorocaba e São Carlos, além de São Paulo.
“A parceria com a Consist representa mais um passo na missão da Vita de consolidar consultorias independentes em um ambiente de colaboração e inovação tecnológica”, afirma Ricardo Guimarães, sócio da Vita, em entrevista ao NeoFeed.
Para Renato Riga, sócio da Consist, a parceria traz ganhos tecnológicos, diminuindo custos e burocracias, o que amplia o foco no atendimento e coloca a empresa em um ambiente de troca de informações.
“Há uma questão de intercâmbio de melhores práticas, tanto pelo contato com a equipe da própria Vita quanto das demais investidas, o que, por sua vez, resultará em benefícios para o cliente final”, explica.
A Vita é uma aceleradora de Multi-Family Offices oferecendo suporte em tecnologia, inteligência de mercado e desenvolvimento comercial para consultorias independentes, com operações no Brasil e nos Estados Unidos, inspirada na americana Focus Financial Partners.
Na visão da empresa, menos maduro, o mercado de consultoria no Brasil tem mais dificuldade de se desenvolver do que nos Estados Unidos, por não oferecer soluções para se plugar de forma independente. A infraestrutura tecnológica ficou a cargos de bancos e corretoras, que preferem atuar no modelo de assessoria de investimento para ter uma rentabilidade maior e mais controle sobre o cliente.
No entanto, nos últimos anos do pós pandemia, muitas casas apostaram nesse modelo e surgiram diversas consultorias, que hoje percebem que precisam ser grandes e ter estrutura para sobreviver.
“Este mercado está passando por uma grande consolidação. Com os mínimos para ter acesso a produtos e serviços aumentando passa a ser muito importante ser grande em total de AuC. E muitas consultorias que abriram estão buscando se tornar mais robustas”, afirma Nathalie Girard Torque, sócia da Vita.
A Vita busca seus parceiros olhando para o valor do capital humano, o potencial das regiões em que estão e como eles se complementam com o restante do seu portfólio. A empresa está entre as principais consolidadoras do mercado de consultoria e pretende chegar a 2026 com um leque entre 35 e 40 operações, que somarão cerca de R$ 30 bilhões.
Juntamente com o suporte em infraestrutura e tecnologia, a empresa quer agora focar no apoio ao crescimento das suas investidas. Por isso, há dois meses, trouxe como sócio Guilherme Galli, que foi diretor do B2B do BTG Pactual e tem passagens anteriores pela XP e pelo Itaú BBA. Ele também vai ajudar a Vita a identificar outras potenciais investidas.
Além desse braço, a Vita conta ainda com seu Multi Family Office próprio, que hoje tem R$ 3,5 bilhões sob consultoria e pretende chegar a R$ 7 bilhões em dois anos.
Para a empresa, a CVM 179, que entrou em vigor neste mês e traz transparência nos custos de distribuição no mercado financeiro, deve, com o tempo, impulsionar o mercado de consultoria, assim como aconteceu nos EUA. Mas a velocidade disso dependerá do quão transparente realmente o mercado se tornar.
“Antes era uma competição injusta do serviço “gratuito” contra o pago. Agora há instrumentos para conversar sobre propostas diferentes. Mas é preciso ver como essa informação vai chegar ao cliente ou se será mascarada como a marcação a mercado” afirma Nathalie Torque, sócia da Vita. “Mas temos um arcabouço e isso é um avanço.”
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