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Em Veneza, uma bienal para promover e perpetuar o artesanato e o design

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Em Veneza, uma bienal para promover e perpetuar o artesanato e o design
Tempo de Leitura:4 Minuto, 41 Segundo


A cada ano, quando a Montblanc inicia o desenvolvimento de sua coleção Masters of Art Homage — a mais exclusiva e cobiçada linha de canetas-tinteiro da maison alemã — sua equipe criativa se lança a dois desafios: fazer uma pesquisa historiográfica alentada do personagem a quem prestam tributo; e mapear, não raro mundo afora, artesãos capazes de traduzir, em um instrumento de escrita, elementos da vida e obra do homenageado.

O mais recente deles foi o austríaco Gustav Klimt (1862-1918), pintor e desenhista, um dos grandes nomes da art nouveau e da Secessão de Viena, autor de obras-primas como O Beijo. Gravações à mão, incrustações de pedras preciosas e uma pena de ouro decorada com um relevo que remete à geometria de Klimt são alguns dos recursos que aludem ao trabalho do artista.

Por trás das cifras vultuosas, e dos imperativos corporativos que hoje caracterizam a indústria do luxo, são esses fazeres manuais, muitos deles mais do que centenários, que conferem o caráter de exclusividade e a excelência de produtos como joias, bolsas e calçados.

Para celebrá-los — e garantir que esses saberes se perpetuem entre as gerações por vir — a Michelangelo Foundation realiza até 30 de setembro, em Veneza, a terceira edição da bienal Homo Faber, uma extensa exposição dedicada ao design e ao artesanato.

Neste ano, a Homo Faber acontece na Fundação Giorgio Cini, tem direção de arte do arquiteto Nicolò Rosmarini e de Luca Guadagnino, cineasta italiano por trás de filmes como Me chame pelo seu nome e Queer, recentemente exibido no Festival de Veneza.

Com o título A jornada da vida, a bienal reúne mais de 800 criações de 400 artesãos, vindos de 70 países. São 105 fazeres manuais distintos em exibição, alguns deles por meio de demonstrações ao vivo e participação dos visitantes por meio de oficinas.

A Homo Faber foi concebida pela Fundação Michelangelo, uma organização privada suíça, sem fins lucrativos, criada em 2016 pelo italiano Franco Cologni, ex-executivo da Cartier, e o sul-africano Johann Rupert, presidente do grupo Richemont, dono de grandes marcas da alta joalheria (como Cartier e Van Cleef & Arpels) e da relojoaria de luxo (Panerai, IWC, Baume & Mercier, Piaget, Jaeger LeCoultre e a própria Montblanc, entre outras).

No Brasil, a Fundação Michelangelo fez uma parceria inédita com o Istituto Europeo di Design (IED), com o intuito de estimular novos talentos ligados à instituição. Após um processo de seleção, a carioca Bárbara Calomeni, estudante de moda do IED Rio, foi convidada para ser uma jovem embaixadora do país nesta terceira edição da Homo Faber. Suas criações são feitas com miçangas e técnica de upcycling.

“Minha participação consiste em intermediar as obras no espaço da exposição junto ao público, compartilhando informações sobre o trabalho dos artesãos e o significado das peças exibidas. Como a própria instituição diz, somos a nova geração do artesanato e da criatividade”, conta Bárbara, em entrevista ao NeoFeed.

Ao vivo, os visitantes podem acompanhar o trabalho dos artesãos da Cartier na criação de joias inspiradas em um tigre, felino emblemático da marca (Foto: Cartier)

Também está na Homo Faber o artesão italiano Saverio Pastor, ligado à fabricação de gôndolas (Foto: Saverio Pastor)

Em parceria com o The Backstudio, a relojoaria Panerai promove uma experiência imersiva em uma instalação de luz (Foto: Panerai)

“Somos a nova geração do artesanato e da criatividade”, diz Barbara (Foto: Arquivo Pessoal)

No diálogo entre engenharia e artesanato, a IWC faz demonstrações ao vivo da montagem de um relógio de alta complexidade (Foto: IWC Schaffhausen)

Diretor-geral do IED Brasil, Gianfranco Pisaneschi ressalta que a instituição compartilha dos mesmos objetivos da Fundação Michelangelo. “Formar uma geração de designers criativos e éticos que combinam inovação com habilidades técnicas em um ambiente transdisciplinar”. E acrescenta, ao NeoFeed, que a Homo Faber “celebra a excelência artesanal em nível global, com um foco particular nas tradições e habilidades europeias”.

Algumas das marcas do grupo Richemont participam da Homo Faber, obviamente. No estande da Montblanc, os visitantes têm a oportunidade de experimentar a arte da caligrafia por meio de duas edições limitadas de suas canetas-tinteiro, que homenageiam os 100 anos da Meisterstück, um de seus mais célebres instrumentos de escrita. Ali, um artesão também demonstra como traduzir a escrita em delicados bordados sobre peças de couro da Montblanc.

Numa réplica de ateliê, a Cartier fará demonstrações ao vivo em que os visitantes poderão acompanhar o trabalho de um escultor e um joalheiro enquanto criam joias inspiradas em um tigre, um felino emblemático da marca, ao lado da pantera. A marca também exibe uma coleção com 21 itens para ilustrar sua história centenária.

Conhecida por seus relógios, a Jaeger LeCoultre leva à Homo Faber artesãos da manufatura que farão apresentações ao vivo da arte de esmaltação, gravação, engaste de pedras preciosas e relojoaria.

A marca também lançará três novos relógios de sua linha Reverso em edição limitada e apresentará objetos que são frutos de oficinas e residências realizadas em seus estúdios com alunos de graduação, parte do programa Homo Faber Fellowship.

Já a relojoaria Panerai, em colaboração com o duo artístico The Backstudio, promove uma experiência imersiva numa instalação de luz, tendo como cenário um antigo mosteiro.

A IWC Schaffhausen, por sua vez, faz demonstrações ao vivo da montagem de um relógio de alta complexidade, num diálogo entre engenharia e artesanato.

Há também participações de marcas como a Nason Moretti, fabricante de vasos e objetos Murano desde 1923; de Saverio Pastor, um artesão da madeira ligado à fabricação de tradicionais barcos de Veneza; e de Stefania Giannici e seus objetos de papel, entre outros artistas.





Fonte: Neofeed

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O dia em que a fotógrafa Lee Miller se lavou na banheira de Hitler

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O dia em que a fotógrafa Lee Miller se lavou na banheira de Hitler
Tempo de Leitura:4 Minuto, 8 Segundo


LONDRES — A imagem do banho da fotojornalista Lee Miller (1907-1977), que teve a “audácia” de se limpar da sujeira da Segunda Guerra Mundial na banheira do próprio Adolf Hitler, foi inicialmente julgada como um ímpeto de frivolidade.

Mas esse foi o modo que ela encontrou de ridicularizar o ditador nazista, deixando a imundice trazida em seu corpo (e possivelmente em sua alma) no banheiro do apartamento dele, em Munique. É nessa ideia que a cinebiografia Lee aposta, ao recriar as circunstâncias do registro, o que resultou em uma das fotografias mais icônicas sobre o fim da guerra.

Interpretada no filme, que acaba de estrear no Reino Unido, pela atriz Kate Winslet, Lee foi uma das raras mulheres que cobriu o conflito armado da linha de frente, documentando todo o horror do genocídio para a revista Vogue.

Graças ao seu interesse por artes (ela foi amiga de Pablo Picasso e Jean Cocteau) e por moda (ela foi modelo antes de se tornar fotógrafa), Lee tinha um olhar mais criativo. Ainda que o objetivo fosse o de registrar a realidade, suas imagens eram, muitas vezes, uma representação estilizada do caos e da destruição que a guerra trouxe à Europa. Daí ela ser apontada como uma das precursoras da fotografia surrealista.

Lee foi a primeira a chegar ao apartamento do Führer, na Prinzregentenplatz de Munique, usado por ele para encontros diplomáticos — como a reunião com o italiano com Benito Mussolini.

Lee e o seu parceiro profissional, o jornalista David E. Scherman, da revista Life, chegaram à casa do ditador na noite de 30 de abril de 1945, horas depois de Hitler e Eva Braun cometerem suicídio, em um bunker, em Berlim.

Exausta, tanto física quanto emocionalmente, a correspondente de guerra tinha passado aquele dia inteiro fotografando o campo de concentração de Dachau. Não foi por acaso que Lee limpou as botas no tapete branco de Hitler, deixando-o com manchas pretas, antes de se despir e entrar na banheira.

Aqueles sapatos tinham caminhado por atrocidades, eternizadas em imagens chocantes. Algumas delas mostravam os corpos esqueléticos dos prisioneiros empilhados, enquanto outras registravam o olhar dilacerado de alguns sobreviventes, inclusive crianças.

No filme, a atriz Kate Winslet interpreta a fotógrafa (Reprodução themoviedb.org)

O ator Andy Samberg vive o jornalista David E. Scherman, o autor da foto de Lee na banheira (Reprodução themoviedb.org)

Dirigido por Ellen Kuras, o longa é baseado na biografia “The Lives of Lee Miller”, escrito por Antony Penrose, filho da fotógrafa (Reprodução themoviedb.org)

A francesa Marion Cotillard vive Solange D’Ayen, editora da “Vogue” e amiga próxima de Lee (Reprodução themoviedb.org)

No filme dirigido por Ellen Kuras, ainda sem data para estrear no Brasil, Lee entra inicialmente no banheiro com a simples intenção de tomar banho, algo que não fazia há dias. Mas ela não resiste em registrar o momento, ao ver um retrato do ditador na pia. A fotógrafa quebra o vidro do pequeno quadro (para evitar o reflexo) e o posiciona, estrategicamente, na parede da banheira.

Assim, é como se o Führer a observasse, enquanto ela faz a pose de se limpar, com o olhar distante, de quem presenciou o absurdo da guerra. De certa forma, isso representaria a derrota de Hitler e a vitória da humanidade, por mais que a barbárie nunca mais pudesse ser apagada de sua mente.

Foi Lee quem montou toda a cena, o que incluiu dobrar e colocar em uma cadeira o seu uniforme de correspondente  de guerra oficial do exército americano e posicionar uma pequena estátua de uma mulher nua na mesinha.

Ela só pediu que o parceiro apertasse o botão da máquina, dizendo: “Não deixe que os meus peitos apareçam. Senão a foto pode não ser publicada”.

“Acredite!”

Lee é uma adaptação da biografia que o filho da fotojornalista, Antony Penrose, publicou em 1985: The Lives of Lee Miller. No livro, ele conta que só descobriu o que a mãe tinha feito durante a guerra após a sua morte, já que ela nunca quis falar a respeito.

Como os arquivos dela estavam escondidos no sótão, Penrose encontrou milhares de fotografias e negativos, além de câmeras, documentos, jornais, cartas e diários, só depois do falecimento da mãe, aos 70 anos, vítima de câncer de pulmão.

Desde então, ele realiza exposições para manter o legado de Lee, que não teve o reconhecimento merecido em vida.

Uma das cenas mais dramáticas do filme traz a fotojornalista invadindo o escritório da Vogue inglesa e destruindo com tesoura negativos de suas fotos de guerra.

Lee fica furiosa quando a revista decide não publicar as imagens mais perturbadoras dos campos de concentração, com medo de ferir a sensibilidade dos leitores.

“Essas fotos não foram feitas para ficar em arquivo”, grita ela, enquanto a editora tenta impedi-la de estragar todo o material.

Felizmente, meses depois a Vogue americana foi mais corajosa e publicou as imagens mais horrendas, que eram evidências do genocídio, com o título: “Acredite!”.



Fonte: Neofeed

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Para acabar com as “ferrovias de papel”, governo quer mexer no marco legal do setor. Não será fácil

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Tempo de Leitura:5 Minuto, 38 Segundo


Menos de quatro anos depois de entrar em vigor, a Lei das Ferrovias deverá passar por uma série de mudanças até o final do ano para destravar projetos e viabilizar investimentos visando a melhora e ampliação da malha ferroviária.

Entre as medidas que estão sendo formatadas – e que vão exigir alterações regulatórias complexas pelo Congresso Nacional -, a que mais chama a atenção é a permissão aportes de recursos públicos no regime de autorizações ferroviárias, hoje exclusivo de projetos, obras e financiamento do setor privado.

O anúncio, feito esta semana pelo secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, foi bem recebido pelo setor, que vinha cobrando do Ministério dos Transportes a mesma iniciativa que a pasta dedica ao segmento rodoviário.

O cenário atual do setor ferroviário é marcado por muitos anúncios de projetos bilionários de expansão da malha, mas poucas obras em andamento. Muito por conta da dificuldade de deslanchar justamente a maior inovação do marco regulatório de 2021 – a criação do regime de autorizações ferroviárias.

No papel, a iniciativa tinha tudo para dar certo: a empresa interessada apresenta projeto no qual fica encarregada de obter licenciamentos junto aos órgãos competentes, de tocar os projetos de engenharia e de viabilidade socioambiental, além da busca de financiamento para construir e explorar novos trechos, a maioria para o transporte de cargas.

Desde 2021, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) recebeu 106 requerimentos, que geraram 45 contratos de autorizações ferroviárias. Juntos, prometem R$ 241,14 bilhões em investimentos para explorar 12.546 km de trilhos, quase metade da malha existente. Apenas dois contratos, porém, saíram da prancheta – o que rendeu às autorizações o apelido de “ferrovias de papel”.

De acordo com especialistas, é muito difícil viabilizar projetos ferroviários apenas com recursos privados, pois normalmente são de longo prazo de construção, com rentabilidade baixa. A participação do Estado é essencial não só com aportes financeiros, principalmente no início, mas também com incentivos fiscais e outros benefícios.

A solução proposta pelo governo de fazer parceria com o setor privado, na prática, se dará por meio de um contrato no formato de PPP (parceria público-privada). No caso das autorizações, o modelo ainda não está definido.

Em outros modelos, caso um determinado projeto necessite de aporte de recursos públicos para sua viabilidade via PPP, haverá um leilão onde qualquer interessado que se qualifique poderá fazer um lance. Este lance será na forma de propor o volume de recursos públicos a ser aplicado no projeto. Quem propor menor volume vence o certame.

“Até então fizemos obras públicas para depois conceder, mas o mundo nos ensina que é possível fazer diferente, fazer leilões com aporte, para elevar a taxa interna de retorno dos projetos para obter uma taxa mínima de atratividade que estimule o setor privado”, disse Ribeiro na Câmara.

Outra mudança é a regulamentação de um chamamento público para trechos com baixa utilização ou mesmo abandonados pelas atuais concessionárias.

Incentivos fiscais por meio de debêntures incentivadas, aceleração da renovação antecipada de concessões (que podem render R$ 20 bilhões ao governo) e a questão da interoperalidade – facilitar à empresa que obteve autorização ferroviária o direito de passagem por uma ferrovia sob concessão para chegar ao destino– também foram citados por Ribeiro.

Esforço político

Luiz Baldez, presidente da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (ANUT), elogia o pacote de promessas do governo, mas reconhece que vai exigir um grande esforço político para ser aprovado no Congresso.

Segundo ele, a solução de adotar a parceria com o poder público como forma de impulsionar as autorizações ferroviárias vai exigir uma mudança importante tanto na Lei das Ferrovias – que cita as autorizações ferroviárias exclusivamente como um modelo de atuação do setor privado – como na lei das PPPs, de 2004.

Isso porque a lei da PPP, por exemplo, fala que o poder público só pode injetar recursos ao longo do projeto, e precisaria fazer uma alteração legal para permitir que o governo coloque o dinheiro na assinatura do contrato.

“Sem um aporte inicial grande do governo, o setor privado não tem segurança jurídica de colocar a parte dele, pois ao longo do projeto o Orçamento público pode ter contingenciamento e outras limitações fiscais”, diz Baldez.

A boa notícia, segundo ele,  é que, em tese, bastaria acrescentar um capítulo à lei das PPPs prevendo essa modelagem. Já a alteração na lei original das autorizações ferroviárias para permitir a parceria com o poder público terá necessariamente de passar pelo Congresso Nacional.

O setor também vê com esperança a possibilidade de destravar outro gargalo, a obtenção de licenciamento ambiental. Baldez explica que um projeto ferroviário de porte (500 km) pode levar de nove a dez anos para entrar em operação.

“São dois anos para fazer projeto, mais dois anos para as licenças ambientais prévias – em caso sensíveis, como na Amazônia, pelo menos mais dois anos” – e outros cinco a seis de obras”, diz.

A esperança repousa num projeto de lei da bancada ruralista que está parado no Senado, o PL 2.159/2021, que afrouxa controles para acelerar a aprovação de licença ambiental. “Na prática, o PL libera a licença prévia ambiental para iniciar o projeto sob o compromisso de a empresa cumprir todas as exigências, sob risco de multa e outras penalizações”, diz Baldez.

Eduardo Schiefler, especialista em direito público e sócio do escritório Schiefler Advocacia, vê muitas dificuldades para aprovar as medidas sugeridas. Isso porque as modelagens de PPPs são complexas em se tratando de obras federais de grande porte – tanto que não há nenhuma em andamento no setor de infraestrutura.

Ele lembra que o marco regulatório do setor ferroviário cita as concessões como regime público de execução de projetos e as autorizações ferroviárias como regime da iniciativa privada.

“Não são alterações simples, viabilizar a utilização da lei da PPP na lei das autorizações teria de se criar uma nova figura jurídica, pois o marco faz menção às concessões”, diz. “Se houver aporte de dinheiro público nas autorizações, por que não fazer por concessão?”

Schiefler adverte que essa alteração no regime de autorização ferroviária sem que isso configure regime público de concessão abre brecha para questionamentos de constitucionalidade. Basta que algum setor que se considere prejudicado entre com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal: “Aí fica a dúvida: quem vai investir num projeto assim?”

O especialista aponta, tanto na questão da PPP quanto do licenciamento, dificuldades políticas tão graves como jurídicas para serem superadas.

“Com essa discussão sobre a crise fiscal do governo não será simples aprovar aportes públicos num regime de autorização que previa apenas investimentos privados; da mesma forma que, com essas queimadas e todo o debate ambiental, vejo dificuldade política para abrandar a liberação de licenciamento”, prevê Schiefler.



Fonte: Neofeed

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Bank of America vê bolha “se aproximando” da bolsa. E recomenda ouro e bonds como proteção

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Bank of America vê bolha
Tempo de Leitura:2 Minuto, 39 Segundo


O tão esperado corte de juros nos Estados Unidos representou tamanha injeção de ânimo no mercado de equity que o Bank of America (BofA) está sugerindo cautela aos investidores.

Diante do risco de formação de bolhas na renda variável, o estrategista Michael Hartnett optou por um call um pouco mais conservador, recomendando bonds e ouro como hedges atrativos para se proteger, segundo relatório obtido pelo site MarketWatch.

Na quarta-feira, 18 de setembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), começou o afrouxamento da política monetária dos Estados Unidos com força, decidindo por um corte de 0,50 ponto percentual, levando os juros para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Essa foi a primeira redução desde 2020.

A decisão fez com o S&P 500 fechasse o pregão seguinte com recorde, alimentando o ganho visto desde o começo do ano – o índice acumula alta de 20% em 2024. Nesta sexta-feira, 20 de setembro, o índice recuava, em movimento de ajuste após o rally de ontem. Por volta das 16h51, ele caia 0,12%, aos 5.706,84 pontos.

Diante da expectativa de que o movimento pode estimular ainda mais o mercado – isso e a perspectiva de crescimento de dois dígitos dos lucros das companhias –, Hartnett diz que é preciso ter cautela antes de embarcar no otimismo, num momento em que uma recessão ou uma retomada da inflação não estão descartados.

Para investidores que querem se posicionar em ativos mais arriscados, o estrategista do BofA recomenda posições em commodities e ações internacionais. Hartnett diz que essas duas classes devem se beneficiar se o Fed conseguir conduzir o soft landing da economia, sendo que commodities possuem a vantagem de oferecer um hedge contra pressões inflacionárias.

Segundo ele, as ações fora dos Estados Unidos estão mais baratas e estão começando a superar o desempenho dos ativos americanos.

Não é a primeira vez que o estrategista do BofA alerta para bolhas no mercado de renda variável dos Estados Unidos. Ao longo do último ano, ele tratou dos riscos trazidos pelo tema da inteligência artificial (IA), que tem elevado muito fortemente o valuation das big techs.

No caso da situação das empresas de tecnologia, Hartnett não está sozinho. No mês passado, a gestora ativista Elliott Management, que conta com cerca de US$ 70 bilhões em ativos sob gestão, afirmou que as expectativas em torno da IA são “exageradas”, com a tecnologia ainda não entregando as promessas de ganho de produtividade.

Hartnett também já demonstrou preocupação com o afrouxamento monetário. Em junho, segundo a Bloomberg, ele disse que o corte de juros nos Estados Unidos pode ser um indício de problemas na economia.

Muitos economistas destacam que, no passado, o Fed optou por cortes de juros agressivos quando entendia que a economia estava perto de uma recessão ou de uma profunda crise.

Na coletiva após a decisão de reduzir os juros em 0,50 ponto percentual, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, disse que o ritmo de desaceleração da inflação permitiu o Fed a focar no mercado de trabalho, a fim de evitar uma queda muito dura nos índices de emprego.



Fonte: Neofeed

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