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Gabriel Galípolo à espera de “upgrade” e Simone Tebet com o “mais do mesmo” no Congresso

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Tempo de Leitura:5 Minuto, 18 Segundo


Três eventos locais e dois externos com potencial não desprezível de alterar expectativas deverão catalisar a atenção do mercado nos próximos dias. Aqui, índices de inflação vão dividir holofotes com a presença de dois expoentes do Executivo no Congresso Nacional – Gabriel Galípolo e Simone Tebet.

Lá fora, serão destaques a ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) e a inflação ao consumidor norte-americano. Há duas semanas, o BC dos EUA iniciou o ciclo de corte de juro. Desta vez, portanto, a publicação da ata do Fed não será rotineira.

O documento sai na quarta, 9 de outubro, e deverá fortalecer o posicionamento do chairman Jerome Powell que indicou na segunda, 30 de setembro, que o juro não cairá tanto “se a economia evoluir como o esperado”. O primeiro corte do Fed foi de 0,50 ponto percentual. Powell sinalizou reduções de 0,25 ponto em novembro e dezembro. O mercado esperava o dobro e já reagiu.

Replicando a dissonância na tendência dos juros básicos – em alta no Brasil e em queda nos EUA – o IPCA e o IGP-DI de setembro devem acelerar aproximando-se, de novo, do teto da meta, 4,50% em 12 meses. E o IPC americano poderá recuar um pouco mais rumo a 2%, vindo de 2,5%.

As taxas de inflação deverão selar expectativas sobre as decisões dos respectivos bancos centrais em novembro: alta de 0,50 ponto aqui e queda de 0,25 ponto na Federal Fund Rate – a Selic ianque.

Mas inflação e juro deverão ultrapassar as fronteiras do mercado e permear na manhã de terça-feira, 8 de outubro, a sabatina do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em busca de upgrade para a presidência da instituição.

Galípolo, além de indicado pelo presidente Lula, comparece ao Senado com pontos a favor. Entre eles, a elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody’s Investors Service. Com a agência na retaguarda, o economista estará em situação mais confortável do que a enfrentada em julho de 2023, quando foi sabatinado pela mesma CAE e teve seu nome aprovado para a diretoria do BC.

Moody’s na retaguarda

Naquele momento, o economista apontou melhoria significativa do ambiente econômico no governo Lula. Se antes tinha convicção, desta vez tem a Moody’s para provar que acertou ao destacar medidas tomadas no 1º semestre do ano passado: o arcabouço fiscal, meta de equilíbrio das contas públicas, projeções mais positivas para o PIB e inflação. E expectativa de cortes futuros de juro que, se confirmados, disse, atrairiam investimentos e mais crescimento.

Nesse sentido, Galípolo também tem a seu favor a expansão do PIB que deve extrapolar 3% em 2024, consagrando a marca pelo terceiro ano consecutivo. Apesar do juro real espetacular e ainda ascendente.

Aprovado para compor o BC e deixando, portanto, o posto de braço direito do ministro Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, Galípolo foi questionado, naquele momento, sobre o nível da Selic. Esticada até 13,75%.

E, nesse caso, também a seu favor está o fato de, um mês depois da sabatina na CAE, o BC ter iniciado um ciclo de corte da Selic até 10,50%, nível em que estacionou até voltar a subir em setembro pela disposição do BC de perseguir a meta de inflação – compromisso que, agora, não deverá passar em branco.

Inclusive, porque a Selic já subiu 0,25 ponto, para 10,75%, mas analistas e operadores contam com aceleração do ajuste para 0,50 ponto em novembro e dezembro. E um chorinho de 0,25 ponto em janeiro – data em que Galípolo estará no timão do BC e, portanto, do Copom. E sob o escrutínio de investidores de A a Z que assistiram de camarote aos ataques de Lula à taxa de juro vigente e a Roberto Campos Neto.

Inflação, juro e dívida, não exatamente nessa ordem, dificilmente serão uma lacuna na apresentação de Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, em audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na mesma terça, 8 de outubro à tarde, quando a ex-senadora explicará o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025.

A peça já está no Congresso. Portanto, é conhecida. Mas promete render um bom debate em função da saraivada de críticas disparadas por especialistas em finanças públicas que consideram o projeto “mais do mesmo”: subordinado a receitas extraordinárias, incertas ou dependentes de aval do Congresso.

Encaminhada aos parlamentares no fim de agosto, a proposta de Orçamento depende de receita extra superior a R$ 120 bilhões. A meta fiscal prevista é zero para 2025, assim como a de 2024. Mas, na linha “mais do mesmo”, o projeto prevê déficit de R$ 40,4 bilhões ou 0,3% do PIB em 2025.

O déficit vira zero com o governo usando a prerrogativa do arcabouço fiscal e utilizando uma margem de tolerância estipulada em 0,25% do PIB para mais ou para menos da meta perseguida. Em 2025, essa margem é de R$ 44,1 bilhões. Sua aplicação levará ao déficit zero com folga de R$ 3,7 bilhões. Neste 2024, a margem de tolerância corresponde a R$ 28,8 bilhões, informa o PLOA.

Ponto relevante a observar durante a audiência de Tebet na CMO será a perspectiva de renovação de medidas compensatórias à desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia vigente integralmente neste ano. E em reoneração gradual a partir de 2025.

A necessidade de receitas com esse fim foi bem colocada por Dario Durigan, secretário-executivo da Fazenda e sucessor de Galípolo no cargo, quando da apresentação do PLOA há cerca de um mês. Ele não dourou a pílula ao afirmar que algo em torno de R$ 26 bilhões da compensação assegurada para 2024 deverá voltar ao Orçamento de 2025. O Congresso resiste, contudo, a qualquer iniciativa de aumento de impostos pelo Executivo.

Talvez sem despertar debate acalorado entre deputados e senadores merecem atenção os parâmetros que regem a proposta orçamentária de 2025, inclusive, porque estarão sujeitos a ajustes: expansão do PIB de 2,64%; IPCA de 3,30%; Selic média de 9,61%; e câmbio médio de R$ 5,19. O salário mínimo será de R$ 1.509 com política de valorização mantida – como reza o figurino Lula.



Fonte: Neofeed

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Nas empresas familiares, os herdeiros estão indo para o conselho antes de assumir a gestão

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Nas empresas familiares, os herdeiros estão indo para o conselho antes de assumir a gestão
Tempo de Leitura:4 Minuto, 42 Segundo


O que Magalu, Votorantim, Gerdau, JBS, Safra, Marfrig e Weg têm em comum? Além de serem companhias brasileiras extremamente robustas em seus segmentos, elas possuem o DNA familiar na formação de suas histórias. Ainda que com executivos de mercados em posições estratégias, a maior parte delas é dirigida por integrantes de familiares ligados aos fundadores.

Mas qual é o segredo para que essas empresas, geridas por familiares, tenham sucesso? E, mais do que isso: como garantir a perenidade dos negócios? Esses talvez sejam os principais desafios das empresas familiares brasileiras.

Fato é que, ainda que com esses grandes cases de sucessos, os números trabalham contra essa realidade. Levantamento realizado pelo Banco Mundial mostrou que apenas 30% das empresas familiares chegam à terceira geração. E apenas 15% sobrevivem a essa sucessão. E o principal motivo é a falta de planejamento sucessório.

Segundo a 11ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares da PwC, somente 24% das companhias familiares se preparam para a sucessão. O resultado são conflitos entre os integrantes da família. E, por consequência, da empesa. O problema é que, sem a clareza de uma liderança, a empresa acaba vendida ou até mesmo indo à falência.

“O grande desafio das empresas familiares é separar as três caixinhas de cada um como família, como sócio e como funcionário. Nem todo mundo tem perfil para ser funcionário, muito menos executivo. Mas todos devem saber cobrar os executivos por resultados como sócios. E isso não pode afetar a relação familiar entre eles”, diz Gilson Faust, sócio da consultoria GoNext, que atuou em mais de 200 sucessões familiares.

Uma ideia está começando a ganhar corpo no mundo corporativo: o conselho de herdeiros. Na prática, são como conselhos de administração, mas que reúnem herdeiros de todas as idades. O objetivo é ensinar sobre o papel de sócios, discutindo questões da empresa e entendendo se possuem o perfil para serem executivos ou não.

No conselho, os herdeiros têm como principal objetivo aprenderem sobre a empresa e seus valores, o mercado que está inserida e seus desafios e oportunidades, além de começarem a acompanhar os resultados da empresa para aprendem a sua futura função de sócios e seus deveres e responsabilidades.

Isso já acontece na rede de supermercados Jacomar, uma das maiores redes de supermercados de Curitiba, fundada em 1966, que já passou de forma organizada para a segunda geração composta por oito irmãos, e que tem 20 pessoas da terceira geração que compõe o conselho de herdeiros.

Priscila Fantin, 27 anos, economista e especialista em gestão empresarial, é uma delas. Primeiro trabalhou no mercado e depois foi para a empresa da família, onde está há sete anos como analista de controladoria. O seu pai é o atual CEO da empresa, mas isso não muda a trajetória que ela precisa seguir na empresa. Ela veio para a área porque havia a vaga e ela tinha a experiencia.

“Nós já não tivemos o contato com os fundadores como a segunda geração, então muito do que fazemos é ver quais são os valores da empresa e como modernizar isso para os novos tempos. E levamos essa ideia para os sócios atuais”, afirma Fantin.

As reuniões do conselho são mensais e híbridas, para contemplar tanto os herdeiros que trabalham na empresa como os que não e estão em outra cidade ou país. Os herdeiros mais atuantes também passam a partilhar das reuniões do Conselho de Administração da empresa como ouvintes para ficarem por dentro das questões atuais, e também absorverem conhecimento para o momento em que passarem a atuar de forma definitiva na empresa.

A família Nichele, dona da Nichele Materiais de Construção, em Curitiba, descobriu as dificuldades de uma sucessão não planejada na prática. O fundador da empresa preparou o filho, Cristiano, para assumir o comando da empresa. Mas, na última hora, resolver compartilhar a gestão com suas outras duas filhas.

A consultoria GoNext foi acionada para ajudar e foi entender qual seria o melhor papel de cada um na empresa. Cristiano se tornou CEO com a aprovação de todos os sócios. As irmãs assumiram as diretorias financeiras e comercial. Já no marketing, ninguém da família tinha vocação e foi contratado um profissional de mercado.

“Meu pai sempre me preparou para assumir, mas depois não sabia muito bem o que fazer com as minhas irmãs e tentou colocar nós três na liderança”, diz Cristian. “Foi muito bom passar todo esse processo mais científico porque assim a aceitação da família foi muito melhor, sem deixar brechas que um ou outro estava sendo beneficiado”.

A terceira geração da família Nichele já começou a ser preparada desde cedo e passou a integrar o conselho de herdeiros com a orientação da consultoria. Já são nove pessoas de um grupo heterogêneo com crianças, adolescente e adultos. Todos os maiores de 14 anos já podem participar das reuniões.

Para Helena Rocha, sócia da PwC Brasil, apesar da transferência do controle para a próxima geração ser um evento extremamente importante e único na vida da empresa familiar, na prática é algo sobre o qual raramente se fala. E isso gera problemas, principalmente quando a sucessão precisa ser antecipada de forma inesperada.

“Ausência de comunicação, de alinhamento e planejamento estratégico comprometem qualquer negócio, mas principalmente as empresas familiares, onde as emoções se misturam entre família e negócio. É imprescindível a comunicação entre as gerações e um contrato geracional honesto”, afirma Rocha.

A organização e sucesso das empresas familiares beneficia a economia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas brasileiras são familiares e empregam 75% dos brasileiros. Elas são responsáveis por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB).



Fonte: Neofeed

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Os “quadros de lã” de uma brasileira autodidata ganham exposição nos EUA

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É uma irônica coincidência que algumas semanas após o governo Trump começar a prender e deportar imigrantes, o American Folk Art Museum, em Nova York, dê voz para uma brasileira que viveu à margem do sistema de produção da arte. Madalena Santos Reinbolt nasceu em Vitória da Conquista, na Bahia, em 1912, trabalhou a maior parte da vida como empregada doméstica e hoje suas obras valem mais de US$ 100 mil.

Esta será a sua primeira exposição individual no exterior e a visibilidade que tem ganhado seu trabalho fez com que o preço de suas obras dobrasse nos últimos dois anos. “Madalena Santos Reinbolt: Uma cabeça cheia de planetas” é o título da exposição com 42 obras têxteis que vai de 12 de fevereiro a 25 de maio. A artista autodidata, mais conhecida por seus bordados em grande escala, feitos com centenas de fios coloridos e vibrantes, e chamados “quadros de lã”, teve reconhecimento tardio.

Durante toda a vida, ela serviu em casas da elite brasileira e uma das fazendas onde trabalhou como cozinheira foi a Samambaia, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde viviam a arquiteta Lota Macedo Soares e sua mulher, a escritora norte-americana Elisabeth Bishop. Madalena morreu em Petrópolis, em 1976.

Novas datas de nascimento e morte são apresentadas pela primeira vez nessa exposição novaiorquina em consequência das pesquisas feitas por um dos curadores, Blau Edelstein, que ficou vários meses no Brasil apurando detalhes da vida da artista.

“Achei o cemitério onde ela teria sido enterrada e esta exposição está oferecendo novas datas, diferentes das que você encontrará se pesquisar online, porque como empregada doméstica ela meio que escapa dos arquivos”, diz Edelstein, ao NeoFeed.

Blau é americano, mas começou a estudar português na faculdade, veio para o Brasil várias vezes e acabou criando uma relação com o País. Atualmente, ele prepara uma tese de doutorado na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, no departamento de espanhol e português.

O tema central é a circulação de obras produzidas em hospitais psiquiátricos brasileiros, algo pensado a partir do projeto de Nise da Silveira, psiquiatra brasileira que se tornou conhecida por revolucionar o tratamento destinado a doentes mentais internados no país.

A exposição do American Folk Art Museum é uma parceria com o Museu de Arte de São Paulo (Masp), que realizou com o mesmo título a primeira individual da artista em 2022. “Estamos atualizando a exposição de alguma forma, com novas pesquisas e contextualizando para o público norte americano, que não só desconhece a obra dela como desconhece muito a arte brasileira”.

Trabalhos realizados por Madalena hoje podem chegar a custar US$ 100 mil

Artista brasileira usava lã em suas obras e produziu muitos quadros bordados

Nascida em Vitória da Conquista, na Bahia, em 1912, Madalena morreu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1976

Atualmente, com todo o movimento decolonial da arte, várias nomenclaturas passaram a ser rejeitadas. Uma delas é arte “naif” ou “ingênua” ou “primitiva”, categorias nas quais a obra de Madalena foi enquadrada. “Rejeito essas palavras”, diz Edelstein. “Um dos motivos que me levou a fazer a pesquisa foi ajudar a criar uma imagem dela como pessoa, que ia além dessas categorias.”

O valor do bordado

O curador conta que Madalena era descrita como uma grande primitiva, em cartas de Elizabeth Bishop, nas quais a escritora dizia que seria possível ganhar uma fortuna vendendo obras dela na Quinta Avenida, em Nova York. Nessas cartas, escritas por volta de 1952, e posteriormente publicadas, ela dizia que “Madalena era uma grande artista, mas que ela, Bishop, tinha que optar entre a paz e tranquilidade na casa ou a arte. Ela optou pela tranquilidade e Madalena saiu de lá”.

Trabalhou em outras casas de veraneio, sempre como doméstica e cozinheira. O trabalho artístico era feito nas horas vagas. Madalena começou com pinturas, teve uma alergia à tinta e a partir de meados da década de 1960 passa a produzir bordados. “Ela tinha consciência do valor do bordado”, diz o curador. “Embora demorasse muito mais tempo para fazer um quadro bordado ganhava mais dinheiro com ele”.

Anos mais tarde, foi a crítica de arte, curadora, museóloga e antropóloga Lélia Coelho Frota, que descobriu Madalena e foi duas vezes a Petrópolis para entrevistá-la. A artista já tinha morrido quando, em 1978, Lélia foi curadora da seleção dos artistas brasileiros na Bienal Internacional de Veneza e incluiu Madalena.

A presidente Curatorial do American Folk Art Museum, Valerie Rousseau, ao comentar a obra da artista, afirma que só agora, quase 50 anos após sua morte, as realizações artísticas de Madalena começam a receber a atenção crítica que merecem. “O trabalho dela apresenta espaços de liberdade criativa tanto quanto expressões de resistência, ecoando sua própria existência”.

Num dos poucos depoimentos que há da artista, ela diz: “Resolvo tudo na cabeça. Posso ver tudo, mesmo com os olhos fechados… Na verdade, são as agulhas que fazem o desenho”.





Fonte: Neofeed

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O “mar agitado” para o design de interiores dos iates em águas brasileiras

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O segmento de iates de luxo no Brasil está indo de vento em popa. Neste ano, o setor deve alcançar um faturamento de R$ 4 bilhões, segundo projeções da Associação Brasileira de Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar) e do Conselho Internacional de Associação da Indústria Marinha (Icomia). Esse número representa o dobro do faturamento de 2021, que foi impulsionado pela busca por isolamento no mar durante a pandemia pelas pessoas mais abastadas.

Com o avanço do setor, um mercado altamente especializado vem ganhando força: o design de interiores náuticos. “Com o aumento da venda de barcos novos e o crescimento da procura por refit, que é a reforma de embarcações antigas, a minha área está aquecida”, diz ao NeoFeed Naiara Bogo, designer náutica que trabalha para a grife italiana Azimut Yachts. Entre os mais de 300 projetos de barcos que ela assina, estão o iate de Roberto Justus e o do jogador de futebol Thiago Silva.

Diferentemente de um projeto para apartamento ou para casa, o de design de interiores de um iate exige um planejamento minucioso e é preciso ter bastante conhecimento sobre embarcações. “Todos os projetos precisam ser pensados e estudados junto com a engenharia de cada estaleiro. E os desafios são inúmeros, desde considerar o peso dos itens que vão compor os ambientes – que interferem na estabilidade do barco – até o aproveitamento de cada canto da embarcação”, afirma Bogo.

Os móveis que serão colocados no barco têm de ser fixados ao chão ou equipados com travas de segurança para evitar deslocamentos durante a navegação. No mobiliário, as quinas arredondas e as formas orgânicas são sempre as mais utilizadas por não oferecerem riscos de acidentes.

Objetos decorativos como vasos, esculturas e bandejas também devem ser presos com uma fita apropriada para evitar quedas. Berços de acrílicos são feitos para aninhar parte das louças, dos copos e de outros utensílios do barco. Já o uso de materiais como mármores e vidros devem ser usados com muito critério porque podem trincar ou quebrar.

“A maresia, a exposição ao sol e a umidade aceleram o desgaste, então optamos por tecidos náuticos, madeiras tratadas e metais resistentes à corrosão”, afirma Fabianne Domingos, dona da Fabianne Domingos Luxury Decor.

E até os eletrodomésticos marinizados, ideais para as embarcações, podem entrar no planejamento dos projetos que, em média, levam entre 6 meses e um ano para ficarem prontos.

Com mais de 20 anos de experiência, Domingos faz projetos de interiores para embarcações de luxo e é bastante conhecida por criar enxovais de cama, mesa e banho, além de louças customizados, como os que apresentou recentemente no Rio Boat Show 2024.

Mais recentemente, ela criou uma linha pet para atender aos clientes que, cada vez mais, têm levado seus animais de estimação para navegar. “Oferecemos caminha, lençol, toalha, travesseiro, bolsa de brinquedos, além de personalização de colete salva-vidas, boné e até óculos de natação”, conta.

Tudo isso pode parecer exagero. No entanto, para uma pessoa que faz um investimento de milhões na compra de um barco de luxo não faz o menor sentido economizar na customização, até porque ela também reflete na valorização do iate. Por isso, os clientes querem ambientes harmoniosos e que imprimam seu gosto pessoal, já que um barco é seu outro lar.

“Muito desejam exclusividade. Por isso, querem, além do design de interiores, que a gente crie estampas personalizadas com suas iniciais ou com logotipo do barco em jogo de cama, toalhas e louças”, explica Domingos.

Academias, cinemas particulares e até adegas climatizadas são alguns dos pedidos que costumam ser feitos às designers de interiores náuticas, revelando que há uma grande preocupação em manter a bordo um estilo de vida bastante próximo do que costumam levar em terra firme. Mesmo que isso signifique abrir mão de algum espaço.

“Roberto Justus, por exemplo, me pediu para transformar uma das suítes em um mini cinema com telão e poltronas de couro. Fiz o projeto e o resultado ficou incrível”, conta Bogo.

Para ela, isso mostra que o design náutico está sendo elevado a um novo patamar nos últimos anos. Mesmo quando se trata de iates antigos, os proprietários têm investido em refit para que atender aos padrões de luxo e de tecnologia.

“Antes, essas embarcações seguiam um padrão mais tradicional, com madeiras nobres e elementos clássicos. Hoje, quem tem um iate deseja mais. Quer algo único e que reflita sua identidade”, diz Bogo.

Fabianne Domingos utiliza tecidos náuticos e madeiras tratadas para evitar a corrosão

Móveis instalados nos iates precisam ser fixados no chão para evitar deslocamentos durante a navegação

Projetos nos iates são pensados também para valorizar os espaços e garantir contemplação

Dormitórios das embarcações também atendem ao conforto e praticidade

Naiara Bogo trabalha para a grife italiana Azimut Yachts e já fez trabalhos para Roberto Justus e Thiago Silva

A conexão imersiva com o exterior é outro ponto que costuma marcar presença nos projetos de iates de luxo. Para isso são instaladas janelas panorâmicas, que vão do chão ao teto, com vista do mar, que ainda permitem a entrada de luz natural; além de ambiente ar livre conectado com a parte interna por meio de portas de vidros retrateis.

Universo minimalista nos mares

As tendências em design de interiores náuticos são inspiradas pelo que dita o universo da decoração e da arquitetura. Fato é que uma das mais fortes é o minimalismo, bastante comum nos projetos de casas e apartamentos de altíssimo padrão. Mas o design de interiores de iates não segue apenas tendências da arquitetura.

“As grandes marcas de moda de luxo, como Fendi, Hermès e Louis Vuitton, influenciam diretamente nos acabamentos e em materiais que utilizamos. E muitos clientes desejam tecidos e móveis assinados por designers renomados”, diz Domingos.

A crescente preocupação ambiental tem levado o design de interiores de iates a olhar com mais atenção para a sustentabilidade. Essa nova forma de pensar a decoração leva em conta o impacto ambiental.

“Hoje, utilizamos materiais ecológicos, como madeira certificada, tintas naturais e tecidos reciclados e temos priorizado a reutilização e o upcycling de objetos”, diz Domingos.

Além da sustentabilidade, a automação e o uso eficiente de energia estão ganhando importância no design de interior náutico. Sistemas de purificação de água e iluminação de LED são alguns exemplos desse interesse em causar baixo impacto.

Soluções tecnológicas também têm sido incorporadas ao universo náutico de luxo. “A automação está cada vez mais presente nos projetos. Estamos incluindo em nossos projetos sistemas de iluminação, áudio e vídeo que podem ser controlados por aplicativo para que os clientes tenham uma experiência melhor e muito mais prática enquanto estiverem navegando”, diz Domingos.

Entre as inovações aplicadas estão a iluminação e a temperatura do ambiente que podem ser ativadas antes mesmo de a pessoa embarcar. Cortinas automatizadas, fechaduras digitais e climatização inteligente também estão se tornando cada vez mais comuns em iates de luxo. Além disso, os óculos de realidade virtual já estão sendo utilizados no processo de design.

“Conseguimos simular a experiência do barco pronto para que o cliente veja já no pré-projeto como ficariam os ambientes depois de prontos”, afirma Domingos.

Para ela e outros profissionais do setor, o trabalho do designer de interiores náutico não se trata apenas de decorar embarcações, mas de criar espaços que transformam a experiência de navegação. Por isso, mais do que nunca a criatividade e a especialização são as chaves para continuar navegando nesse oceano de oportunidades.





Fonte: Neofeed

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