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Gestora leva “mentalidade olímpica” (competitiva e vencedora) para investimentos

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Tempo de Leitura:5 Minuto, 50 Segundo


Richard Cashin está no competitivo mercado financeiro desde os anos 1980. Formado em Harvard, passou por Citigroup e Bank One, onde nasceu a One Equity Partners que depois veio a fazer parte do J.P. Morgan para depois se tornar independente, que nasceu com a mesma mentalidade aprendida por ele quando foi membro do time olímpico americano de remo, onde foi medalhista pan-americano.

A gestora de private equity se especializou no middle market e Cashin entendeu que os atletas tinham o foco e a determinação que ele buscava para achar os cases de sucesso nesse mercado gigantesco. Primeiro ele foi trazendo diversos companheiros do remo para a empresa. Entre os 89 funcionários estão os 10 atletas. Além dele, os ex-remadores Jamie Koven, Ante Kusurin, Charlie Cole, Matt Hughes, Fritz Hobbs, Jack Lopas, Mike Disanto e Olivia Coffey.

Coffey é um exemplo da cultura desenvolvida nos últimos anos na OEP, como a gestora é conhecida: abraçar os desejos olímpicos de seus colaboradores juntamente com sua carreira em finanças. Ela competiu na Olimpíada de Paris e alcançou o 5º lugar pela equipe americana de remo de oito atletas. Em Tóquio 2020, ficou na quarta posição.

“A mentalidade determinada e persistente está enraizada nos atletas e é muito semelhante à abordagem de investimento da OEP”, diz Jamie Koven, sócio da OEP e ex-profissional do remo, ao NeoFeed.

“A disciplina e a resiliência que desenvolvi como atleta foram inestimáveis durante minha carreira na OEP, o que me ajudou a manter o foco nos objetivos de longo prazo e a manter a motivação necessária para alcançar o sucesso em minha vida profissional”, completa ele, que participou das Olimpíadas de Atlanta-1996 e Sidney-2000.

Se a vitória nos campeonatos mundiais de remo na modalidade individual e as duas participações olímpicas figuram no topo das conquistas esportivas, Koven coloca a aquisição da gigante de fotografia Polaroid Corp em 2002, por ter convencido o time de gestão da empresa a se juntar a até então nova gestora, no topo do pódio corporativo.

Para conseguir equilibrar as duas carreiras, ele conta que seguia um cronograma rígido que exige planejamento e disciplina. Começando o dia muito cedo remando antes do expediente no escritório e depois à noite focando na musculação.

“Manter esse equilíbrio realmente me manteve energizado e focado, o que me permitiu ter o melhor desempenho em ambas as áreas”, conta Koven.

Mas não só de remadores é formado o time da OEP. O croata Mario Ancic foi tenista profissional (chegou a ser o sétimo melhor do mundo pela ATP) e é o atual presidente da gestora, e Greg Bellinfanti jogou basquete profissional na França. O lema da gestora é ter atletas no seu time pois eles desenvolvem uma mentalidade única, focada e consistente no longo prazo para treinar para as competições – características muito importantes para trabalhar no mundo do private equity.

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Fundador da OEP Richard “Dick” Cashin (quarto da dir. à esq.) após ganhar medalha nos Jogos de Verão de 1976

A competição pelas empresas

A OEP se tornou uma especialista em operações de middle market dentro do private equity. Ao contrário do investimento em grandes empresas, as médias não dependem de saídas via abertura de capital na bolsa de valores (IPOs), pois conta principalmente com vendas para estratégicos. E sempre há diversas opções na mesa, mais baratas, mais bem avaliadas e, assim, mais rentáveis.

Um estudo do J.P. Morgan de 2023 mostrou que cerca de 96% de todas as empresas privadas americanas são de pequeno ou médio porte, um mercado 25 vezes maior do que o de grandes empresas. Soma-se a esse universo maior a menor competição entre os investidores, o que faz dos múltiplos de aquisição (EV/EBITDA) desse segmento serem mais atraentes.

Desde 2010, o múltiplo médio de aquisição de empresas avaliadas em menos de US$ 1 bilhão é 15% menor do que as avaliadas entre US$ 1 bilhão e US$ 2,5 bilhões. E 22% menor do que as avaliadas acima de US$ 2,5 bilhões.

Além disso, empresas avaliadas em menos de US$ 1 bilhão têm 20% menos alavancagem de aquisição do que as empresas maiores. Isso reduz riscos e pagamento de juros, liberando dinheiro para investir no negócio ou retornar aos acionistas.

“Com certeza que o aumento de juros impactou o ambiente de negócios, mas nosso segmento se mostra bastante resiliente. E, por isso, temos visto cada vez mais interesse dos investidores em ter o middle market como uma parte mais importante do portfólio”, afirma Carlo Padovano, sócio da One Equity Partners, em entrevista ao NeoFeed, em passagem pelo Brasil.

Os retornos desse segmento também se mostram melhores na média histórica. Segundo o estudo do J.P. Morgan, entre 2010 e 2020, entre os fundos europeus e americanos no primeiro quartil de resultados, aqueles dedicados ao middle market conseguiram retorno médio de 23,7%, enquanto os large funds ficaram com 20,3%.

Além do foco no middle market – empresas avaliadas entre US$ 100 milhões e US$ 1 bilhão -, a gestora OEP busca empresas consideradas de valor (value) nos Estados Unidos e na Europa. Essa é uma outra tese de investimentos que tem atraído mais atenção dos investidores depois de frustrações com empresas de crescimento (growth).

“Temos capturado muitas oportunidades em investimentos com perfil de value, que por um tempo, na minha opinião, ficou subalocado nos portfólios. De certa forma, o cenário mais desafiador se apresenta como uma oportunidade para nós”, afirma Padovano.

A atuação da gestora é concentrada nos setores industriais, tecnologia com foco em manufaturas e serviços, e em healthcare, também focado em manufaturas e serviços. Em abril, a gestora concluiu a venda da Walki Holding Oy, um fornecedor pan-europeu de embalagens sustentáveis, para a Oji Holdings Corporation, grupo japonês de tecnologia de produtos de papel.

Entre as suas principais transações está a venda da provedora de serviços de home care Simplura para a gigante Providence Service Corporation no valor de US$ 575 milhões em 2020. O último fundo levantado pela gestora foi em 2022, quando captou um um recorde de US$ 2,75 bilhões.

A competição no mercado brasileiro

Se nos mercados desenvolvidos a procura pelo investimento em médias empresas está grande, por aqui a gestora ainda batalha contra o desconhecimento. O trabalho, agora, é engajar e educar o brasileiro sobre os benefícios de ter na carteira o segmento de middle market.

Quem se interessa e vê oportunidade ainda são os family offices e alguns private bankings.

“O Brasil é um mercado grande e sofisticado, mas eu diria que no segmento de alternativos, especialmente em mercados internacionais, está no seu estágio inicial. Por isso mesmo, esse é um dos mercados com maior potencial de crescimento no mundo, e queremos fazer parte disso”, diz Padovano.

Ele complementa dizendo que, hoje, há restrição dos investidores institucionais em colocar no portfólio investimentos em private equity internacional. Mas isso deve mudar no longo prazo – algo que não assusta a persistência de uma empresa formada por ex-atletas profissionais.





Fonte: Neofeed

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A “trama” que levou a francesa Lesage para os braços da Chanel

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PARIS “Eu não consigo imaginar a moda sem bordados nem bordados sem Lesage”, costumava dizer Karl Lagerfeld (1933-2019), diretor artístico da Chanel por 36 anos. O comentário do “kaiser” da alta-costura está longe de ser um exagero.

Fundada em 1924, pelo casal Albert e Marie-Louise Lesage e comprada pela Chanel em 2002, a maison segue como referência na arte artesanal do bordado e da tecelagem, colaborando até hoje com os grandes nomes da moda e da decoração de luxo.

“O destino da Lesage é extraordinário”, diz Bruno Pavlovsky, CEO da Chanel moda, em entrevista ao jornal francês Le Figaro. “Poucos teriam apostado que os bordados seriam uma atividade ainda tão forte no século 21.”

Para comemorar o centenário da marca, está em cartaz a exposição Lesage — 100 anos de Moda e Decoração. Até 5 de janeiro de 2025, a mostra acontece na Galeria do 19M, sede da Paraffection. Inaugurado em 2022, no norte de Paris, o lugar reúne todas as atividades da subsidiária da Chanel, criada para preservar e promover as chamadas “manufaturas de arte”.

Em um espaço com cerca de 25 mil metros quadrados, em um prédio com design contemporâneo, o 19M abriga doze ateliês, celebrados por suas criações artesanais e sua longa atuação na alta costura. Ali, 700 artesãos e especialistas produzem desde botões, luvas e acessórios em plumas a bijuterias, sapatos e chapéus.

Em meados dos anos 1980, a Chanel começou a comprar as primeiras oficinas, com as quais a grife já trabalhava.

O objetivo é preservar e promover o know-how raro dessas empresas francesas. Os ateliês corriam o risco de desaparecer por falta de renovação da mão-de-obra.

Ironia do destino, Coco Chanel foi uma das raras no mundo da haute couture a não trabalhar com a Lesage. Como Albert e Marie-Louise forneciam bordados para sua rival Elsa Schiaparelli, a estilista francesa temia ser copiada. Tudo, no entanto, mudaria com a chegada de Lagerfeld a Chanel, em 1983.

Ele já trabalhara com a Lesage, nas outras casas de alta costura por onde havia passado. Além de trazer os bordados para a Chanel, fez questão que as bordadeiras continuassem criando para outros costureiros, como acontece até hoje.

Uma das peças mais famosas da empresa de bordados, por exemplo, é de 1988, para Yves Saint-Laurent. Em homenagem ao pintor Vincent Van Gogh, o casaco Girassóis levou mais de 600 horas para ficar pronto e, em 2019, foi vendido em um leilão da Christie’s, em 2019, por € 382 mil (cerca de R$ 2,3 milhões, em valores atuais).

A expansão do ateliê

Ao longo de todo o percurso da exposição na Galeria do 19M, fica evidente porque os bordados da Lesage são comparados a obras de arte. Como no passado, a produção, feita à mão, segue etapas precisas — sempre as mesmas, seja para a alta costura ou para o prêt-à-porter.

O trabalho é feito com agulhas ou um ganchinho tipo crochê, chamado “lunéville”, em homenagem à cidade onde a ferramenta foi inventada, em 1867. Além de inovar nas técnicas de bordados, o que inclui um sistema para fundir tonalidades, a Lesage também ganhou fama por seus seus desenhos considerados de vanguarda.

E o leque de materiais utilizados é amplo — pedrarias, fitas ou plumas, tudo pode ser bordado nos mais diferentes tecidos, inclusive couro, pela Lesage. Há peças excepcionais na mostra, como dois casacos longos da Chanel, um deles inspirado na decoração de biombos japoneses, com uma riqueza de detalhes impressionante.

Subsidiária da Chanel, a Paraffection fica no 19M, sede de doze ateliês, onde trabalham cerca de 700 artesãos (Foto: Reprodução presse.le19m.com)

Duas das peças mais famosas da Lesage são os casacos para a coleção de 1988 de Yves Saint-Laurent, em homenagem a Van Gogh. O batizado “Girassóis” (à esquerda) foi leiloado em por € 382 mil (Foto: Reprodução museeyslparis.com)

Até hoje, as bordadeiras de Lesage usam uma espécie de agulha conhecida como “lunéville” e desenvolvida em 1867 (Foto: Camille Brasselet)

Apenas em 1983, com a chegada de Largerfel, a Chanel começou a trabalhar com a Lesage (Foto: Clarisse Aïn)

Como no passado, a produção da Lesage segue sendo feita, em grande parte, à mão (Foto: Camille Brasselet)

É impressionante a riqueza de detalhes de dois casacos longos bordados para a Chanel. Um deles tem a padronagem inspirada nos biombos japonese (Foto: Clarisse Aïn)

A exposição “Lesage — 100 anos de Moda e Decoração” fica em cartaz até 5 de janeiro de 2025 (Foto: Clarisse Aïn)

Albert e Marie-Louise Lesage criaram a empresa, ao adquirir o ateliê de bordados Michonet, em operação desde meados do século 19. François Lesage, filho dos fundadores, assumiu a empresa em 1949, aos 20 anos. Rapidamente, Christian Dior, Yves Saint-Laurent, Pierre Balmain e Hubert de Givenchy se tornaram clientes. Décadas depois vieram Jean-Paul Gaultier, Thierry Mugler e Christian Lacroix, entre vários outros.

A expansão da Lesage ocorreu em um momento em que as casas de costura deixaram de ter seus próprios ateliês de bordados, quando uma nova geração de costureiros começou a surgir, no início da década de 1950.

“A Lesage é antes de tudo uma aventura humana, de uma família e de um homem, François Lesage”, defende Pavlovsky. “E também uma história de costureiros e de suas visões das atividades de bordados desde 1924.”

Também na decoração

No início dos anos 1990, François Lesage decidiu diversificar as atividades e criou um ateliê têxtil, especializado no tweed de lã, produzido inicialmente para as coleções de prêt-à-porter da Chanel e depois para outras casas de alta-costura.

Seu filho, Jean-François, expandiu os negócios de bordados para a área de decoração, fundando a Lesage Intérieurs, integrada a Paraffection, em 2014.

Além de excelência técnica, considerada única, a Lesage possui a mais importante coleção de bordados de arte do mundo. São 75 mil amostras, guardadas a sete chaves.

Algumas delas saíram dos arquivos e podem excepcionalmente ser vistas na exposição.

As peças foram escaneadas em 3D, o que permite observar em detalhes o trabalho de alguns dos períodos mais marcantes da manufatura francesa.

Funciona também no 19M a Escola Lesage, para formar bordadeiras profissionais, A prática exige anos de formação técnica e artística. Há 281 manufaturas de arte na França, segundo o Ministério da Cultura. Ou seja, ainda há muita oportunidade para a Chanel ampliar a sua Paraffection.



Fonte: Neofeed

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O chef brasileiro que conquistou duas estrelas Michelin (fora do Brasil)

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O chef brasileiro que conquistou duas estrelas Michelin (fora do Brasil)
Tempo de Leitura:5 Minuto, 17 Segundo


O paulistano Rafael Cagali é pouco conhecido no Brasil. Mas, aos 43 anos, ele é o único chef de cozinha brasileiro com duas estrelas Michelin conquistadas fora do país. Seu restaurante, o Da Terra, no Town Hall Hotel, em East London,  está entre os mais celebrados da capital inglesa.

Localizada ao norte do rio Tâmisa, antigo centro industrial e área de renovação da cidade, a casa oferece um menu degustação, com dez etapas, a £ 250 (o equivalente a quase R$ 1,8 mil), sem bebidas. De vinhos premium a drinques sem álcool, há vários tipos de harmonização, cujos preços variam de £ 150 a £ 300 (algo entre R$ 1 mil e R$ 2,1 mil). No site do restaurante, está o aviso: “Reserve uma média de 3 horas para a experiência completa”.

Vivendo no exterior desde o início da década de 2000, Rafael tem um português perfeito, mas com forte sotaque inglês. Com essa pronúncia particular, que também não é a de um estrangeiro, ele explica seu mais recente tour pelo Brasil.

De São Paulo a Salvador, de restaurantes estrelados à casa do pais em Atibaia, no interior paulista, veio acompanhado por três ingleses, da equipe do Da Terra: o marido Charlie Lee, gerente-geral e responsável pelo salão; o sous chef Marcos Tuttiett e a sommelière Maria Boumpa.

Por aqui, Rafael cozinhou no Tujú, com Ivan Ralston, na capital paulista, e no Origem, com Fabrício Lemos e Lisiane Arouca, em Salvador. Também passou uns dias em Trancoso, no litoral sul baiano, a convite de Morena Leite, sócia do Capim Santo.

“O Brasil para mim é uma redescoberta. Saí daqui com 21 anos, então, mais de metade da minha vida já foi fora. Morei na Itália, na Espanha, vivo na Inglaterra”, diz o chefe, em conversa com o NeoFeed.

E ele completa: “Agora sou outra pessoa e procuro essa conexão com o lugar de onde vim, para sentir um pouco de orgulho das raízes. Me identifico com a cultura daqui”.

Na Feira de São Joaquim

A curiosidade pelos produtos brasileiros o levou a percorrer a Feira de São Joaquim, em Salvador, a mais popular da cidade, frequentada pela população de baixa renda.

É um local representativo da cultura baiana, fora dos roteiros turísticos.

Caminhar pela feira é um desafio e uma visita antropológica. Ali há um pouco de tudo – de massa para acarajé a itens para a prática do candomblé, de ervas a animais vivos para sacrifício.

O espaço entre as  barracas é estreito e, além das pessoas, é preciso desviar o tempo todo de motocicletas e de carregadores de frutas, verduras e tudo o mais.

Em sua passagem recente pelo Brasil, o chef visitou a Feira de São Joaquim, em Salvador (Foto: Maria da Paz Trefaut)

O orgulho das duas estrelas Michelin está bordado na manga da camisa de Rafael (Reprodução Instagram)

O Da Terra fica em East London, em uma área de renovação da capital inglesa

Rafael (no centro, de branco) recebeu a segunda estrela Michelin em 2021 (Reprodução Instagram)

A cozinha de Rafael é leve e extremamente delicada (Reprodução Instagram)

Durante o percurso, Rafael parava nas bancas, conversava com os comerciantes e experimentava produtos. Comeu acarajé frito na hora e de recordação levou um cofre-porquinho feito em barro, comprado em uma loja de artesanato.

À noite, cozinhou no Origem, onde assinou dois snacks e dois pratos. Sua cozinha é leve e extremamente delicada. “Já me disseram”, afirma, com simplicidade. Ele não gosta de carimbos e se define como alguém que faz uma cozinha contemporânea com foco nos ingredientes, um reflexo das influências dos lugares por onde andou.

Um estrela em oito meses

Em sua jornada culinária, trabalhou com alguns dos nomes mais cultuados na cena gastronômica internacional. Entre eles, Helston Blumental, do londrino Fat Duck, e os espanhóis Quique Dacosta e Martin Berasategui, donos de restaurantes homônimos. Ainda circulou pela Itália, onde foi cozinheiro em Verona e no Lago de Garda — para fazer jus à origem do bisavô italiano.

Daí conseguiu um financiamento e abriu o Da Terra, em 2019, imediatamente consagrado pela crítica. Em oito meses de casa, Rafael conquistou sua primeira estrela Michelin. Em 2021, foi premiado com a segunda estrela, que conserva até agora.

Vestido com bermuda, camiseta e boné, sem qualquer estrelismo, Rafael contou um pouco de tudo que tem acontecido em sua vida, durante uma visita à praia de Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, onde foi levado por Fabrício Lemos para conhecer o trabalho do Instituto Ori — coletivo focado no desenvolvimento sustentável de produtos locais, que beneficia cerca de 200 famílias.

Foi um passeio de lancha, que durou aproximadamente 45 minutos, enriquecido por um almoço preparado por Fabrício e por uma pajelança onde todos dançaram em roda cantando Marinheiro Só, cantiga tradicional de pescadores.

Quando saiu do Brasil para estudar inglês na Inglaterra, Rafael decidiu mergulhar na cultura local, em vez de frequentar o gueto dos brasileiros.

“No começo morei num quarto debaixo da escada, assim tipo Harry Potter. Esse período da minha vida não foi nada fácil”, lembra. “Quando comecei na restauração, eu trabalhava muitas horas, demais. Hoje é até ilegal trabalhar tanto assim. Tomei muitas pancadas. Porque eu era estrangeiro, não falava a língua direito.”

As oportunidades surgiram aos poucos: um estágio aqui, outro ali: “Eu não fui realmente para uma escola de cozinha, entendeu? Aprendi na vida trabalhando e acho também bacana você ir para uma escola de cozinha, mas se você sabe só teoria…”

“A vida dá voltas”

Ele conta que, quando nasceu, os pais tinham um restaurante chamado Elis Piano Bar no centro de São Paulo.

“Mas minha mãe não era cozinheira, era uma atividade comercial, eles faziam aquilo por necessidade”, lembra. “E eu nunca me envolvi com o trabalho deles”.

No andar de cima do Da Terra, Rafael tem o Elis, um restaurante voltado para a cozinha brasileira, que rende homenagem à cantora e à primeira casa dos pais.

Hoje, depois de chegar aonde chegou, ele pensa que teria sido até interessante ter aproveitado essa experiência da família.

Mas quem diria que um dia Rafael seria um chef duas estrelas Michelin? Logo ele que foi trabalhar como ajudante de cozinha, para pagar o curso de inglês.

Começou lavando pratos e fazendo pequenas entradas: “Olha como a vida dá voltas. Eu nunca poderia imaginar”.





Fonte: Neofeed

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Governo prepara “concessões light” de rodovias, com pedágio menor (mas sem ambulância ou guincho)

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Governo prepara “concessões light” de rodovias, com pedágio menor (mas sem ambulância ou guincho)
Tempo de Leitura:5 Minuto, 2 Segundo


O governo federal tem mostrado apetite em viabilizar novas concessões de rodovias federais. Além dos três leilões feitos no primeiro semestre e outros quatro agendados até dezembro, o Ministério dos Transportes passou o ano trabalhando em uma nova modelagem para atrair a iniciativa privada: as chamadas concessões inteligentes, voltadas a rodovias com menor volume de tráfego.

Batizada de “concessão light” pelo ministro Renan Filho, dos Transportes, nesse modelo o pedágio seria no formato free flow (cobrança eletrônica) e com tarifa menor. O concessionário teria como foco a manutenção da estrada, sem a obrigação de oferecer serviços como guincho ou ambulância.

Os contratos seriam de no máximo 10 anos. Após esse período, o governo avaliará se o trecho será objeto de uma nova concessão ou se a rodovia será reassumida. Pelo menos 15 projetos de concessões inteligentes estão em estudo pela pasta.

Na mira, estão rodovias de médio porte, com relevância regional e tráfego entre 2 mil e 5 mil veículos por dia – bem menos que uma concessão de grande porte, como a Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro e por onde transitam 180 mil veículos nos dois sentidos apenas na Região Metropolitana de São Paulo.

A BR-393, cuja concessão o governo federal pretende revogar por não cumprimento do contrato por parte da concessionária KInfra, tem sido citada como um exemplo para ser oferecido ao mercado. Com 200 quilômetros de extensão, a chamada Rodovia do Aço se estende entre a divisa Minas Gerais/Rio de Janeiro e a cidade de Volta Redonda.

Em abril, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, liderou comitiva da pasta que foi aos Estados Unidos para apresentar carteira de projetos de concessões rodoviárias e buscar investimentos. Logo depois, o governo solicitou ao Banco Mundial um empréstimo de US$ 700 milhões para financiar esse novo modelo.

A intenção do Ministério dos Transportes é concluir a modelagem desse tipo de certame este ano e realizar o primeiro leilão no primeiro semestre de 2025.

Especialistas consultados pelo NeoFeed elogiaram o novo modelo em estudo, com potencial de atrair empresas e investidores que não têm fôlego para concessões tradicionais, que exigem grandes aportes em contratos de longo prazo, de 20 a 30 anos.

Roberto Guimarães, diretor de planejamento e economia da Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base), afirma que o surgimento de um modelo alternativo para gerenciamento de rodovias federais pelo setor privado reforça o amadurecimento das concessões.

“Esse avanço começou com a Lei 14.133, de 2021, a nova lei de licitações, que trouxe melhorias desde a preparação do edital até na modelagem dos contratos, com matriz de riscos adequada, tudo isso trouxe segurança jurídica e estimulou a entrada de novos participantes nos leilões, como fundos de investimentos”, diz Guimarães.

O especialista aponta algumas vantagens de se optar por uma concessão menor em vez de o próprio Dnit (órgão do ministério encarregado de fazer obras) fazer a manutenção ou contratar uma empresa terceirizada para executar o serviço.

“O setor privado tem mais agilidade para contratar equipamento e mão de obra que o setor público, além disso é mais comprometido com a gestão do ativo quando assume uma concessão, que exige padrões mínimos de qualidade se comparada a uma obra terceirizada”, afirma Guimarães.

Quanto aos potenciais interessados em participar das concessões inteligentes, Guimarães cita empreiteiras que fazem obras para o Dnit a fundos e consórcios, dependendo do certame. “O ativo concessão de rodovia é um bom investimento, mas o projeto tem de dar retorno para o plano de negócios da empresa interessada.”

Novos investidores

Lucas Hellmann, especialista em direito administrativo do escritório Schiefler Advocacia, acredita que as concessões inteligentes poderão atrair ao setor uma nova camada de interessados.

Hellmann observa que muitos dos operadores atuais de concessões estão com o caixa comprometido após assumirem diversos contratos e anos de investimentos pesados. “Isso explica por que alguns leilões recentes atraíram poucos ou nenhum participante”, afirma Hellmann.

Ele adverte, no entanto, que esse novo modelo, que não prevê grandes obras e ainda cobra por serviços adicionais, pode gerar resistência de uma parcela da população, especialmente entre aqueles que se questionam por que devem pagar pedágio se já contribuem com tantos outros tributos.

“O governo vai precisar de uma comunicação eficaz para explicar à população os benefícios e a lógica por trás desse projeto”, diz Hellmann.

Outro especialista em concessões, Fernando Gallacci, sócio do escritório Souza Okawa Advogados, lembra que a atual legislação de concessões não diferencia o porte dos projetos, trazendo direitos e deveres uniformes para o tipo de parceria, seja por concessões ou parcerias público-privadas (PPPs).

Segundo ele, as diretrizes atuais são bastante abertas, e o mercado aguarda exemplo mais concreto desse novo modelo de concessão, com a publicação de maiores detalhes de um primeiro projeto para 2025. “A redução de encargos e investimentos pode atrair apenas agentes mais focados na manutenção do asfalto, deixando de lado grandes investidores”, afirma Gallacci.

Nos primeiros anúncios de concessão inteligente, o ministro Renan Calheiros chegou a citar a possibilidade de o modelo ajudar a trazer de volta ao setor as grandes empreiteiras, que monopolizaram os 16 leilões de rodovias federais realizados entre 2007 e 2014.

A maioria acabou sofrendo com a crise econômica de 2014-2016, que causou uma queda de 50% no mercado de obras públicas e inviabilizou investimentos previstos nas concessões fechadas nos anos anteriores.

Grandes empreiteiras, como Novonor (antiga Odebrecht), Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Corrêa e UTC, também padeceram com a sangria causada pela Operação Lava-Jato e acabaram deixando o setor de concessões. O faturamento do setor caiu mais de 80%, segundo o Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura).

As empreiteiras investigadas foram reabilitadas para contratos públicos em 2023 e voltaram a participar de concorrência para obras da Petrobras, mas ainda não se arriscaram nos leiloes recentes de rodovias federais.

“Se a matriz de risco/retorno for adequada, não vejo problemas de as construtoras entrarem nos leilões de concessões inteligentes”, diz Guimarães, da Abdib.





Fonte: Neofeed

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