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Hear me now: Na playlist de Alok, menos muros e mais pontes

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Hear me now: Na playlist de Alok, menos muros e mais pontes
Tempo de Leitura:10 Minuto, 29 Segundo


Quando Alok foi convidado para ser um personagem de “Free Fire”, um game, ele precisava escolher um superpoder. Decidiu que seu avatar teria o poder da cura. A cultura ancestral deixou marcas muito fortes em sua vida nos últimos anos.

Ao conhecer indígenas e aldeias amazônicas, ele se reconectou consigo mesmo, o que lhe deu forças para enfrentar uma depressão em 2015. Surgiu, então, um novo propósito, o de fazer música para disseminar esses valores para o mundo.

Desde então, ele trabalha na tentativa de curar também o que há para além das telas dos games. No Instituto Alok, escolhe pautas que vão desde a causa antirracista até a democratização da água potável para as crianças brasileiras.

Aqui, ele fala sobre a potência da natureza em sua vida, os rumos que sua carreira tomou, como usar a tecnologia para se conectar com o meio ambiente e se emociona ao contar a história impactante do parto prematuro da filha Raika, com a médica Ramona Novais. Juntos, eles têm também Ravi.

Confira, a seguir, a entrevista feita para a revista Velvet e antecipada para o NeoFeed:

Você tem uma carreira meteórica: com 12 anos, já trabalhava com música, depois explodiu e hoje é internacionalmente famoso. Qual foi o momento em que percebeu que era um sucesso?
Eu brinco que percebi quando não consegui mais sair para jantar em 2019. Na verdade, em 2017, quando lancei o “Hear Me Now”, eu já era o 25º DJ do mundo, mas era uma coisa mais segmentada, no nicho eletrônico. Dois anos depois, as pessoas começaram a descobrir que eu era brasileiro. A virada de chave aconteceu aí: eu passei a não ser mais um artista do segmento eletrônico e fiquei mais pop.

Mas os seus pais, que eram DJs, têm a ver com isso também…
Acho que tudo isso é uma continuação da história dos meus pais. Não é uma carreira que começa aos 12 anos, ela continua. Quando eu fui morar com minha mãe na Holanda, eu e meu irmão tínhamos 5 anos, nossos pais já eram separados. Sempre tive uma vida diferente. Lá, a gente morava em uma ocupação, em um hospital abandonado. Minha vida sempre foi muito livre e eu podia fazer minhas escolhas. Em vários momentos, quis ter uma família mais normal, tradicional. Mas, hoje, entendo que talvez o maior legado dos meus pais tenha sido exatamente me deixar escolher meu caminho.

E qual era esse caminho, Alok?
A escolha do caminho foi em várias direções. Por exemplo, quando eu comecei a tocar, aos 12 anos, eu fazia o que meus pais queriam que eu fizesse. Depois, com 18 anos, estava fazendo faculdade, porque achava muito complexo trabalhar com arte. Via minha família passando muita dificuldade financeira. Queria ter mais estabilidade. Mas meu pai, diferentemente dos outros, me incentivou a trancar o curso e a continuar na música. Decidi dar mais uma chance e descobri ali como expressar o que eu queria.

“Meu pai, diferentemente dos outros, me incentivou a trancar o curso e a continuar na música. Decidi dar mais uma chance e descobri ali como expressar o que eu queria”

O que você queria?
Conectar o maior número possível de pessoas através da arte. Acho que é por isso que eu tive essa ascensão na carreira. Mas, aos 24 anos, número um do Brasil por dois anos consecutivos e entre os 25 maiores do mundo, eu passei a sentir um vazio existencial muito grande…

Você já falou publicamente de ter estado com depressão. Foi nesse momento?
Sim, parecia que nada fazia sentido na minha vida e acho que foi o ponto em que eu fui em busca de respostas mais profundas. Fui pela primeira vez para uma aldeia indígena, tentando aliviar um pouco essa aflição que eu tinha. A dor era insuportável. Foi ali que encontrei sentido. Entendi, então, que quanto maior fosse minha carreira, mais gente eu poderia impactar.

Uma virada de chave…
Foi a grande virada. Eu não encontrava mais nenhum tipo de inspiração para fazer música. Não queria mais trabalhar assim. Uma amiga mostrou um vídeo do povo da aldeia cantando e eu achei demais, senti vontade de conhecê-los. Bom, não sabia que tinha que pegar três voos, andar por 13 horas de carro e depois passei nove horas em uma canoa. No meio do caminho, me questionei sobre o que estava fazendo ali em um barco, na chuva. A estrada foi fechada por indígenas fazendo uma manifestação porque uma rodovia cruzou a aldeia deles no meio. Eles estavam largados na marginalidade, sem assistência alguma. Fui fazendo baldeações, pegando caronas com desconhecidos. E finalmente cheguei lá.

“Eu não encontrava mais nenhum tipo de inspiração para fazer música. Não queria mais trabalhar assim”

Depois dessa vivência, você decidiu fazer um disco com indígenas. Esse projeto é bem diferente dos outros que você estava acostumado a fazer, como foi esse caminho?
Na cidade, a gente acredita que tem uma cultura mais desenvolvida. Eu percebi que não existe isso. São valores e objetivos completamente diferentes. Eu fazia música para estar no top dez. Eles faziam música para curar e levar a cultura adiante. Ali, decidi que queria que meu trabalho levasse cura emocional ou algum aspecto de positividade. Foi uma grande mudança de paradigmas e aprendizados.

De que forma?
Quando fui convidado para representar um personagem do game “Free Fire”, eu escolhi o da cura, um poder inédito no game. Muita gente escolheu esse personagem para jogar. Em 2021, estava me perguntando para onde era o futuro e percebi que o futuro é ancestral. Eu não sabia como ia ser feito, mas eu simplesmente sabia que tinha de ser feito. Liguei para todo meu time para cancelar as programações e fazer esse álbum. No meio da pandemia, tivemos duas semanas de quarentena para as pessoas ficarem mais seguras. Levamos todo mundo para o estúdio e, quando chegamos lá, eu pensei: “E agora? O que faço com eles? O Mapu, por exemplo, cantava músicas que duravam 15 minutos. Ele não estava cantando para mim, estava cantando para a ancestralidade dele. Só que eu precisava de uma dinâmica e isso foi desafiador, conseguir encaixá-los dentro de uma fórmula. Aprendi muito e consegui respeitar a essência deles. Fizemos algo verdadeiro e genuíno.

Dá para dizer que seu trabalho une as pessoas. Quando você fez a live na pandemia, achei interessante porque todos na minha casa estavam muito vidrados na apresentação…
Quando você me diz isso, sinto que é um ponto de validação da carreira. Toquei pela primeira vez com 12 anos e, quando veio a batida, levantei o braço e todo mundo levantou. Eu pensei: “Quero fazer isso para sempre”. Sem abrir a boca, consegui me conectar. É meu grande vício. Não fico nervoso quando tem meio milhão de pessoas na minha frente. Fico animado e quero que tenha o dobro.

Você fala sobre construir pontes e citou essa frase novamente quando gravou com o Fagner, após ele ter dito algo que menospreza a carreira do DJ…
Eu entendo o que o Fagner quis dizer. Muita gente acha que o DJ não está fazendo nada. É uma visão reducionista achar que meu trabalho e só apertar o play. E outro ponto: um artista de música eletrônica tocando na festa de São João, que tem a essência da cultura nordestina, é como se fosse um invasor. Acho importante manter a raiz de um evento cultural como esse, mas entender que ele cresce e acolhe diferentes gêneros. Muita gente da nova geração vai lá para me ver e passa também a querer entender um pouco mais o São João. É um ciclo que rejuvenesce a festa. No fim, lancei uma música com o Fagner e toquei essa música recentemente em um show que fiz no Nordeste. Foi incrível. É um pensamento constante: ‘O que eu posso fazer para construir menos muros e mais pontes?’

“É um pensamento constante: ‘O que eu posso fazer para construir menos muros e mais pontes?'”

Quais são seus planos de carreira? Ou você vai vivendo um pouco a cada ano?
Minha carreira hoje está muito pautada no que faço no exterior, mas tenho a missão de traduzir
tudo que vivo lá fora aqui, no Brasil. Quero que entendam que é possível. Meus planos para o futuro próximo são lançar um documentário sobre o Futuro Ancestral, fazer uma parceria com o Coldplay, chamar mais artistas regionais para shows no Brasil…

É uma oportunidade muito legal de valorizar esses artistas. E você fala de ancestralidade, mas transita bem na tecnologia. Como você vê a inovação tecnológica na sua arte?
A minha música começa a ser feita através de tecnologia. Desde muito novo, troquei o videogame por um programa de produzir música. Quanto mais me aprofundo nisso, mais tenho convicção de que não há nada mais tecnológico do que a natureza. A gente tem essa concepção de que o futuro é apocalíptico, uma cidade neon com carro voador. E se o grande ponto for a tecnologia menos humanoide e mais integrada com a natureza? Usar esses avanços para despoluir os rios, por exemplo. Eu quero fazer parte desse movimento.

Quando a gente te ouve tem a impressão de que você não para nunca, vive fazendo viagens longas… Como o Alok descansa?
O maior desafio hoje é trazer esse equilíbrio da carreira com a vida. O momento de lazer que eu tenho é sempre integralmente com a família. Levo eles comigo em algumas viagens, faço exercício físico, brinco com as crianças… E fujo de festas.

“E se o grande ponto for a tecnologia menos humanoide e mais integrada com a natureza? Usar esses avanços para despoluir os rios, por exemplo. Eu quero fazer parte desse movimento”

Essa calma que você transmite não é sua realidade todos os dias? Você é uma pessoa que perde a paciência facilmente?
Sim, eu sou. Fui muito explosivo na minha vida. Acho que esse ímpeto também me trouxe a esse ponto da carreira. Antes, se houvesse uma porta trancada, eu pensava em quebrar a fechadura em vez de abrir. Isso me levou até certo lugar, mas depois começou a me prejudicar de diversas maneiras. Depois de amadurecer, você vai aprendendo. Passei a ficar mais calmo porque entendi que, quando eu me desestabilizava, a consequência era muito maior. Mas sou ansioso, sim, e isso reflete no meu jeito workaholic. Até no dia off eu quero fazer algo.

Como foi lidar com essa ansiedade durante a segunda gravidez da Ramona, no momento em que vocês lidaram com a Covid, que resultou no parto prematuro da Raika?
Foi o momento mais difícil da minha vida porque eu me senti muito impotente com a situação. Quando vi a Ramona e minha filha na UTI, aquilo era a coisa mais importante da minha vida. Entreguei tudo para Deus. Ali, eu não tinha como quebrar as portas trancadas, como falei há pouco. Tinha só que esperar. Não quero que achem que minha vida é perfeita. Está longe de ser.

E o público recebe bem essa sinceridade, não é?
Há um feedback positivo entre as pessoas. Acho que quando eu faço uma carta aberta falando sinceramente o que sinto, elas entendem que ansiedade ou depressão não é algo exclusivo delas. Até o Alok tem. Isso acaba fazendo com que eu queira, de alguma maneira, me abrir um pouco mais para as pessoas.

Para encerrar, conta para a gente como tem sido a parceria do Instituto Alok com Vini Jr.?
Lá em 2015, quando eu estava naquele momento “deprê”, percebi que não ia mudar o mundo, mas podia transformar a realidade daquelas pessoas. Foi muito inspirador. Não queria curar as coisas só no game no qual eu era personagem. Entendi, então, que o instituto nasceu para materializar a vontade de ajudar quem já faz projetos maravilhosos. Como é que eu posso contribuir com projetos já existentes? Estudo a questão financeira e a minha imagem porque há causas que não precisam de recursos, precisam de visibilidade. Com o Vini Jr., estamos montando uma escola antirracista. A grande virtude do instituto é não ser um transatlântico, mas sim um jet ski que vai em várias direções: desde microcrédito às pautas indígenas, às do movimento negro, à da alimentação. Somos livres para apoiar o que toca meu coração. Outro dia, vi que a maior taxa de mortalidade infantil é por causa do consumo de água que não foi purificada. Já instalamos postos de água potável em 20 cidades. Acho muito bom poder fazer isso.

*Christian Gebara é presidente da Vivo e diretor artístico da revista Velvet 





Fonte: Neofeed

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Itaú prepara ofensiva na disputa com as carteiras digitais

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Itaú prepara ofensiva na disputa com as carteiras digitais
Tempo de Leitura:5 Minuto, 18 Segundo


O Itaú prepara duas ações para tentar derrubar uma liminar da Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que impôs uma medida preventiva contra o banco no âmbito de um processo administrativo que apura imposição de barreiras em transações de carteiras digitais de concorrentes, apurou o NeoFeed.

A primeira das medidas é um recurso no próprio Cade para que a liminar possa ser analisada pelo tribunal do conselho, colegiado que conta com sete participantes. A liminar foi uma decisão de Alexandre Barreto, superintendente-geral do Cade.

Além de recorrer ao próprio Cade, o Itaú vai entrar na Justiça Federal do Distrito Federal para tentar anular a decisão do órgão concorrencial brasileiro, alegando que não exerceu o direito ao contraditório e que teve o seu direito de defesa cerceado.

Nos dois casos, o objetivo do Itaú é derrubar a liminar, que ordena ao banco que cesse imediatamente as condutas consideradas irregulares sob pena de uma multa diária de R$ 250 mil. A decisão é de 14 de fevereiro, mas se tornou pública na sexta-feira, 21 de fevereiro. A informação foi noticiada em primeira mão pelo jornal Valor Econômico.

A tese da defesa do Itaú, além de recorrer do mérito da questão, é que ao longo do processo administrativo, a área jurídica do banco não teve acesso a todo o processo, pois muitas das acusações feitas ao Itaú estavam tarjadas (não podiam ser vistas), segundo uma fonte próxima ao banco.

O processo foi aberto no Cade, no ano passado, a partir de uma representação do Ministério Público Federal, que recebeu denúncia da Associação Brasileira de Internet (Abranet), que tem entre seus associados PicPay, Mercado Pago, RecargaPay, entre outras carteiras digitais.

A Abranet alega que o Itaú está bloqueando transferência de recursos de cartões emitidos pelo banco na modalidade de crédito de forma discriminatória. Segundo a liminar, “foram coletadas informações, fundadas em ampla documentação, relativas à existência de recusa/negativa de transações via cartões de crédito”.

Em nota enviada ao NeoFeed (confira a íntegra no fim do texto), o Itaú diz que “teve seus direitos gravemente violados, quando lhe foi negado acesso à íntegra dos autos e, estranhamente, é o único implicado na medida preventiva, ainda que haja evidências no processo de que outros bancos e fintechs possuem práticas semelhantes de negativa de transação. Nesse contexto, o Itaú está convicto de que não violou qualquer regra de livre concorrência e recorrerá contra a medida preventiva para as instâncias competentes”.

Uma fonte próxima ao banco diz que desde 2022 o Itaú notou que titulares de cartões emitidos pelo banco usavam o cartão na modalidade crédito para transferir dinheiro para carteiras digitais. E que as taxas de inadimplência desses clientes eram altas.

Na nota enviada ao NeoFeed, o Itaú informa que “apurou que transações com cartões de crédito em carteiras digitais, realizadas para transferências de valores e pagamento de contas e boletos, apresentavam inadimplência até cinco vezes superior às transações de compra com cartão de crédito”.

A partir disso, o Itaú criou ratings para os clientes de carteiras digitais. Aqueles com boas notas, podiam transferir dinheiro para qualquer carteira, sem restrições. Os de pior, não conseguiam fazer o cash in. Nas notas intermediárias, havia também algumas restrições.

“Essas regras valem para todas as carteiras digitais, inclusive o iti, que é do próprio Itaú”, afirma essa fonte. “Tanto que o Itaú aprovou, em 2024, mais de 70% das transferências solicitadas para o PicPay. Não há nenhuma discriminação.”

Outro ponto da defesa do Itaú é que, como emissor do cartão, ele tem o direito de administrar os limites dos clientes, bem como aprovar ou negar autorizações de transferências e compras.

No texto que justifica a medida preventiva, Alexandre Barreto, superintendente-geral do Cade, escreve que as práticas “relatadas ao Ministério Público Federal pela PicPay envolvem o fato de que o Banco Itaú recusa transações com cartão de crédito embarcado em sua plataforma para pagamento de boletos, transferências Pix ou transferências entre clientes (P2P), ao passo que este banco emissor permite que os mesmos tipos de transações sejam realizadas nos seus próprios canais, como aplicativos digitais e sites.”

Uma fonte próxima ao PicPay disse ao NeoFeed que o Itaú não só começou a negar as transações, como também, após identificar que era via uma carteira digital, oferecer o seu serviço. “E você sabe o poder de mercado que o Itaú tem. Principalmente na área de cartões”, afirma.

Sobre o Mercado Pago, o superintendente-geral do Cade diz que a empresa “relatou que, além das recusas relacionadas à autorização das transações nas carteiras digitais, o Representado não estaria utilizando os códigos de respostas acerca dos motivos da recusa, o que dificulta a visibilidade e a transparência nos critérios adotados.”

E, Abranet, por sua vez, segundo o texto de Barreto, destaca que a atuação do Itaú “revela que as Associadas narram uma série de problemas por elas vivenciados em relação àquele banco emissor”.

Procurada, a Abranet não retornou aos pedidos de comentários. O PicPay disse que não iria comentar. E o Itaú enviou a nota abaixo:

“O Itaú Unibanco apurou que transações com cartões de crédito em carteiras digitais, realizadas para transferências de valores e pagamento de contas e boletos, apresentavam inadimplência até cinco vezes superior às transações de compra com cartão de crédito. Essa alta inadimplência leva ao desequilíbrio financeiro das transações com prejuízos mensais relevantes para a instituição, além de contribuir para um aumento significativo do superendividamento das famílias. Por essas razões e com base nas regras de boas práticas bancárias, aplicáveis ao produto cartão de crédito, e na lei de prevenção ao superendividamento, o Itaú iniciou a negativa de algumas transações com cartão em carteiras digitais, especialmente aquelas tentadas por pessoas economicamente vulneráveis. Desde 2022, essa decisão foi compartilhada com as carteiras digitais e com o Banco Central, que sempre ratificou a legitimidade da conduta do Itaú. Em relação à preventiva, o Itaú teve seus direitos gravemente violados, quando lhe foi negado acesso à íntegra dos autos e, estranhamente, é o único implicado na medida preventiva, ainda que haja evidências no processo de que outros bancos e fintechs possuem práticas semelhantes de negativa de transação. Nesse contexto, o Itaú está convicto de que não violou qualquer regra de livre concorrência e recorrerá contra a medida preventiva para as instâncias competentes.”





Fonte: Neofeed

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Onda verde: como o pistache se tornou uma mania global

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Onda verde: como o pistache se tornou uma mania global
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Não é preciso ser ligado em gastronomia para ver que o Brasil “pistacheou“. Originária do Oriente Médio, a noz de cor esverdeada está por todos cantos. Em petiscos, pratos salgados, doces, bolos, sorvetes. Se é comida, pode apostar, há sempre um jeito de incluir o ingrediente-fenômeno na receita.

A febre do pistache é, com o perdão do trocadilho, fruto de um dos cases de marketing mais bem-sucedidos dos últimos anos — no mundo todo. E tudo começa nos Estados Unidos. Graças a uma série de inovações agrícolas, os americanos começaram a produzir a noz em quantidades colossais. Como o mercado interno não daria conta de absorver safras cada vez maiores da oleaginosa, decidiram pintar o planeta de verde.

Até a década passada, o grande produtor de pistache era o Irã. Ainda que a noz não esteja na lista de sanções impostas ao governo dos aiatolás por boa parte do Ocidente, os agricultores iranianos têm sofrido com as restrições ao acesso a apoios financeiros internacionais.

Assim, os americanos assumiram a liderança global. Hoje, eles são responsáveis por 523,9 mil toneladas anuais, segundo dados do portal Atlas Big. Enquanto no Irã as colheitas chegam a 135 mil toneladas. Em terceiro lugar está a Turquia, com 119,3 mil toneladas.

E é aí que entra o trabalho da American Pistachio Growers (APG), uma associação sem fins lucrativos que representa mais de 800 produtores da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas, criada justamente para dar visibilidade ao produto dos Estados Unidos e ajudar na vazão do estoque do país. Foi criado até o dia mundial do pistache: 26 de fevereiro.

Uma das principais iniciativas do grupo foi promover o produto nas redes sociais, com influenciadores e chefs estrelados de todo mundo enaltecendo a versatilidade e o sabor leve, entre o doce e o salgado, do pistache. E, claro, os benefícios para a saúde de uma das proteínas vegetais mais completas, rica em antioxidantes e fibras.

Publicação recente na plataforma da associação garante: “Dois punhados diários de pistache podem ajudar a proteger os olhos dos danos causados pela luz azul [de telas de computador e celular] e podem reduzir o risco de problemas de visão relacionados à idade”. Apelar para a saúde é cartada das mais certeiras.

No Brasil, desde 2021, o escritório de São Paulo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também ajudou a impulsionar as vendas do produto, com ações publicitárias no País, incluindo depoimentos em redes muito utilizadas pela geração Z, como o TikTok. Deu certo.

Em 2003, as importações de pistache movimentavam apenas US$ 400 mil. Vinte anos depois bateram US$ 8,8 milhões, aumento de 2.200%, em duas décadas, segundo estudo da fintech de comércio exterior Vixtra, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior, do governo federal.

E, das 608 toneladas que chegam hoje ao mercado brasileiro, quase 80% vem dos Estados Unidos, movimentando US$ 6,8 milhões. A noz argentina fica com 18,2% (US$ 1,6 milhão) e a iraniana, com 4,1% (US$ 0,4 milhão).

“A estratégia dos Estados Unidos foi extremamente bem-sucedida. A geração Z é muito conectada à novidade”, diz Luciana Florêncio, professora do mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em entrevista ao NeoFeed.

Para ela, a “glamourização” do produto importado e a grande exploração nas redes sociais foram fundamentais para o sucesso de vendas da oleaginosa, em suas mais variadas formas.

“As nossas atitudes impactam o comportamento de consumo. E isso também vem de olhar o que o outro faz”, afirma Florêncio. “O pistache viralizou nas redes sociais, somado ao discurso da moda de um produto saudável e da facilidade do acesso.”

E, isso, apesar do preço do fruto ser ainda um tanto salgado: R$ 200, em média, o quilo.

O sucesso da noz gelada

Na gelateria Bacio di Latte, ainda que todo o pistache consumido nas lojas do País venha do Sul da Itália, a empresa percebeu, em volume e em faturamento, o crescimento do consumo no Brasil a partir das plantações dos Estados Unidos.

Em 2022, a empresa importava 30 toneladas da noz. No ano passado, foram 100 toneladas, exatamente para suprir o aumento da demanda.

Na Bacio di Latte, as vendas de produtos com pistache representam 50% a mais do que o segundo colocado, o chocolate belga (Foto: Divulgação)

Graças a um série de melhorias em tecnologias agrícolas e às sanções impostas ao Irã, as fazendas de pistache dos Estados Unidos lideram a produção da noz

Nas 200 lojas da rede no país e nas nove nos Estados Unidos, além dos 8 mil pontos de venda no varejo, o gelato de pistache lidera no volume de vendas em todas elas. No top 5 dos produtos mais pedidos, está a mousse… de pistache.

“Hoje as vendas de produtos com pistache representam 50% a mais do que o segundo colocado, o chocolate belga”, diz Fábio Medeiros, diretor de marketing da Bacio di Latte.

Dos R$ 850 milhões faturados pela empresa em 2024 (e que deve chegar a R$ 1,2 bilhão em 2025), 20% vêm dos produtos com sabor pistache. Hoje são mais de 15 itens oferecidos pela empresa de sabores derivados da oleaginosa.

E, para Medeiros, acreditem, ainda há espaço para crescer. “Com mais marcas e mais pistache disponível, sendo produzidos por docerias menores e grandes marcas, o produto entra mais na cabeça do consumidor. E quem oferece algo de qualidade, sai ganhando com isso”, afirma executivo.

Veio para ficar

Os analistas de mercado e especialistas em marketing concordam. Para Florêncio, da ESPM, a febre do pistache não é moda passageira, não. O produto, segundo ela, deve ser incorporado de vez ao hábito de consumo do brasileiro.

“Vai chegar o momento da análise crítica sobre as várias formas do pistache, mas acredito que o ingrediente em si passe a fazer parte da realidade do consumidor. Essa associação de que é um produto saudável está na base de consumo. E isso já foi feito”, afirma a professora da ESPM.

Ela acredita que o marketing do pistache poderia ser uma boa inspiração para o crescimento de volume das oleaginosas brasileiras no exterior, como a castanha do Pará, conhecida globalmente como “castanha do Brasil”.

Mas, para José Eduardo Camargo, presidente da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC), ainda é necessário que o setor faça a lição de casa.

“O marketing precisa estar associado à disponibilidade do produto, que é o ocorre nos Estados Unidos”, diz Camargo. “Para nós, seria importante aumentar a produção da castanha. Mas o exemplo dos americanos deve, sim, servir de inspiração.”

Ainda que haja demanda para aumento no volume da importação, é possível que o Brasil comece a dar alguns pequenos passos para sair da condição de apenas comprador para se transformar também em produtor de pistache.

A Embrapa Agroindústria Tropical, por exemplo, desenvolve projeto para o início de cultivo do pistache até 2027 no Ceará, com colheitas previstas para 2035. O momento agora é de definição do material genético, para adaptação da planta no Nordeste brasileiro. E de onde virão as amostras dos genes? Dos Estados Unidos, claro. O pistache realmente veio para ficar.





Fonte: Neofeed

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O peso de ser filha de um mito chamado Elvis Presley

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O peso de ser filha de um mito chamado Elvis Presley
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Lisa Marie Presley era filha de um rei. O do rock. Mas, em sua mente de criança, a grandiosidade de Elvis ia muito além: “Eu achava que meu pai podia mudar o clima. Para mim, ele era um Deus. Um ser humano eleito”. Para o bem e para o mal: “Se estivesse de péssimo humor, o tempo lá fora ficava terrível; se o dia estivesse tempestuoso, era porque ele estava prestes a estourar”.

As lembranças de Lisa Marie com o pai são os melhores momentos da autobiografia póstuma Rumo ao grande mistério: Memórias. Ela tinha apenas oito anos, quando o corpo do astro foi encontrado em 16 de agosto de 1977, em um dos banheiros da mansão Graceland, em Memphis, no Tennessee.

O livro estava quase pronto quando a autora morreu em 12 de janeiro, de 2023, aos 54 anos, vítima de uma obstrução intestinal, em decorrência de uma cirurgia bariátrica para perda de peso. Rumo ao grande mistério foi finalizado por sua filha mais velha, a modelo e atriz Riley Keough, de 35 anos.

Lisa vinha trabalhando na autobiografia há bastante tempo, mas não conseguia terminá-la. Em janeiro de 2022, um mês antes de morrer, pediu ajuda a Ryle para finalmente encerrá-lo. No processo, a atriz usou gravações feitas pela mãe.

E o resultado impressiona pela sinceridade — e pela riqueza de detalhes. O amor incondicional pelo pai; a vida em Graceland; a convivência com a mãe Priscilla; as frequentes mudanças de escola por causa de mau comportamento; a luta contra o vício em álcool, drogas e remédios; o relacionamento com o ator e músico Danny Keough; o casamento com Michael Jackson; o luto pela morte do filho Benjamin Keough, entre outras passagens. Da narrativa emerge uma mulher apaixonada, alegre, carinhosa e complexa. De uma solidão comovente.

A convivência entre Lisa e Elvis era restrita às férias escolares, já que ela vivia com a mãe, em Los Angeles — Elvis e Priscilla se divorciaram em 1973. Apesar do tempo restrito, pai e filha mantiveram uma relação estreita, marcada pela busca quase obsessiva da menina para agradar a Elvis.

“Fazê-lo feliz, fazê-lo rir — era este o meu mundo inteiro. Se eu descobrisse que ele achava certa coisa engraçada, faria aquilo o máximo possível para diverti-lo”, lê-se na obra, lançada no Brasil pela editora Rocco. “Nossa proximidade era muito maior do que eu jamais deixei transparecer a qualquer pessoa no passado. Ele me amava muito e era muito dedicado, mil por cento presente o tanto quanto podia, apesar de todos ao seu redor.”

Mas a vida ao lado do cantor não era fácil. “Ele era intenso e ninguém queria ser o alvo da sua raiva”, lembrou Lisa. Se ela o aborrecia, ou se ele estava zangado com a filha, parecia que era o fim do mundo: “Eu não conseguia suportar. Quando ele se chateava comigo, eu levava para o lado pessoal e ficava simplesmente destroçada. Queria a aprovação dele em tudo”.

Mesmo depois de anos, mesmo adulta, a filha nunca superou a perda do pai: “Houve noites em que eu simplesmente fiquei bêbada, ouvi sua música, sentei-me e chorei. A tristeza ainda vem. Ela ainda está lá”, contou.

Erguida em 1939 por um médico e comprada por Elvis vinte anos depois, Graceland merece uma longa, emotiva e minuciosa descrição de Lisa. Tão minuciosa que o leitor parece passear pelo lugar, em sua companhia.

Lisa morreu em 2023, aos 54 anos, vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia bariátrica (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

O livro foi terminado pela filha de Lisa, a atriz e modelo Riley Keuogh (Foto: Instagram @rileykeough)

Elvis e Priscilla apresentam Lisa Marie para a imprensa e os fãs, no nascimento da filha, em 1968 (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

Lisa descreveu Graceland com tantos detalhes que o leitor tem a impressão de que passeia pela mansão em sua companhia (Foto: Instagram @visitgraceland)

Com a separação dos pais, em 1973, Lisa foi viver com a mãe Priscilla em Los Angeles (Foto: Instagram @priscillapresley)

Lisa manteve o corpo de seu filho Benjamin (à direita) por dois meses em casa. O rapaz de 27 anos cometeu suicídio em 2020 (Foto: Instagram @lisampresley)

Com 224 páginas, o livro custa R$ 69,90 (Foto: Divulgação/Editora Rocco)

Lisa Marie tentou carreira na música e chegou a lançar três álbuns, mas nunca deslanchou. Em 1994, se casou com outro rei — o do pop, Michael Jackson. A união foi o oficializada apenas 20 dias depois do divórcio de Keough e durou apenas dois anos.

“Michael (lhe) disse: ‘Não sei se você notou, Lisa Marie, mas estou completamente apaixonado por você. Quero que nos casemos e que você tenha meus filhos’. Eu não disse nada imediatamente, mas então falei: ‘Estou realmente lisonjeada, não consigo nem falar’. Naquela época, eu sentia que estava apaixonada por ele também”, relatou a autora.

“Acho que Michael tinha beijado Tatum O’Neal e ele teve um caso com Brooke Shields, que não foi físico, exceto por um beijo. Ele também disse que Madonna tentou ficar com ele uma vez, mas nada aconteceu entre os dois. Eu estava apavorada porque não queria fazer o movimento errado.”

Em uma entrevista de 2023, Priscilla disse que o astro só se casara com Lisa por causa de sua obsessão por Elvis.

Rumo ao grande mistério traz ainda outra passagem dolorosa da vida de Lisa: a perda do filho Benjamin. Em julho de 2020, no auge da pandemia, o jovem de 27 anos cometeu suicídio e, até enterrá-lo em Graceland, ela manteve seu corpo em casa, em gelo seco, por dois meses — o que suscitou uma enorme polêmica, quando livro foi lançado nos Estados Unidos.

Por não saber como lidar com a morte de Benjamin, Lisa justificou: aquele tempo fora importante para que ela conseguisse se despedir do filho.

Uma sensação muito semelhante à vivida por ela com Elvis, cujo corpo ficou em caixão aberto por dois dias, na mansão de Memphis: “Ter meu pai em casa após sua morte me ajudou muito, porque eu podia passar tempo com ele e falar com ele.”

As memórias de Lisa são dolorosas, mas pontuadas por situações de humor. Quando era criança, por exemplo, divertia-se às custas dos fãs que se aboletavam nos portões de Graceland. Por US$ 20, prometia a menina, ela tiraria uma foto de Elvis. Em vez do cantor, no entanto, ela fotografava a mansão.

Eram tempos alegres. Mas Lisa cresceu e teve de enfrentar as dificuldades da vida adulta e o peso de ser a filha única de uma lenda.



Fonte: Neofeed

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