Negócios
Itaú Unibanco tem mais um trimestre recorde e reforça apetite para crédito
Em um roteiro já conhecido em seu histórico recente de resultados, o Itaú Unibanco voltou a superar suas marcas e a registrar indicadores robustos ao divulgar seu balanço referente ao terceiro trimestre de 2024.
O banco apurou um lucro líquido recorrente recorde de R$ 10,6 bilhões, alta de 18,1% sobre o número reportado em igual período, em 2023. Além de um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 22,7%, contra 21,1%, há um ano.
Ao fechar a temporada de balanços dos grandes bancos privados, o Itaú destoou, porém, de seus pares, ao projetar a manutenção de uma perspectiva otimista na sequência desse percurso, na contramão de Santander e Bradesco, que se mostraram mais cautelosos com o cenário macroeconômico.
“Não há qualquer mudança no apetite do banco”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, nesta terça-feira, 5 de novembro. “É evidente que precisamos estar atentos a mudanças adversas, mas com as informações que temos, prospectivamente, seguimos vendo um cenário bastante benigno.”
Ponto central desse olhar do Itaú, a carteira de crédito somou R$ 1,27 trilhão no trimestre, um salto de 9,9%. Em pessoas físicas, a expansão foi de 5,1%, para R$ 428,7 bilhões. Já em micro, pequenas e médias empresas, foi de 12,3%, para R$ 206,3 bilhões. E em grandes empresas, de 14,4%, para R$ 411,2 bilhões.
O índice de inadimplência de 90 dias ficou em 2,6%, contra 3%, um ano antes, o menor nível histórico, mesmo quando comparado ao período pré-pandemia. Enquanto a despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) registrou uma queda de 7,1%, para R$ 8,5 bilhões.
Já o custo de crédito de R$ 8,2 bilhões representou um recuo anual de 11%. De acordo com o banco, houve um impacto positivo de R$ 500 milhões por conta de uma recuperação de créditos relacionada ao caso da Americanas.
“Nós seguimos vendo uma performance favorável e bastante controlada na inadimplência, por razões estruturais – crescimento, massa salarial, comprometimento de renda e desemprego baixo”, afirmou o CEO. “E uma evolução ainda positiva nos indicadores de crédito”.
Nesse ponto, Maluhy ressaltou que, como o banco está chegando a patamares sólidos, as variações tendem a ser menores. E que, à medida que a carteira cresce e o ciclo vai se materializando, as provisões e perdas vão sendo ajustadas. “Mas esse é o colesterol bom”, frisou.
O executivo também fez a ressalva de que esse apetite do Itaú tem graus diferentes, a depender do segmento e do perfil do cliente. Mas fez questão de destacar o trabalho de depuração feito na carteira do banco nos últimos dois anos, com uma menção especial a uma das linhas desse portfólio.
“Nós vínhamos passando por um processo de redução de risco no portfólio, especialmente em pessoa física, que sofreu muito no pós-pandemia”, afirmou. “Nós terminamos de fazer essa redução e esse trimestre já trouxe um crescimento mais limpo, em todas as carteiras.”
Ainda nessa linha, o balanço foi acompanhado de um fato relevante em que o Itaú revisou o guidance para a carteira de crédito em 2024. De um crescimento anterior esperado na faixa de 6,5% a 9,5%, o banco projeta agora uma expansão entre 9,5% e 12,5%.
Segundo o Itaú, a mudança nas projeções foi motivada, em boa parte, pela desvalorização do real em relação a outras moedas estrangeiras. Maluhy ressaltou, porém, que, mesmo sem esse efeito, o banco estaria próximo do teto do guidance divulgado no início de 2024.
Ele ainda reservou espaço para ressaltar a perspectiva de distribuição de dividendos extraordinários pelo banco. “Nosso objetivo não é reter excesso de capital para além do necessário para a gestão do banco”, disse. “Mas certamente teremos essa distribuição. A discussão é qual será o tamanho.”
Outros indicadores
Em outros indicadores do terceiro trimestre do Itaú, a margem financeira gerencial foi de R$ 28,5 bilhões, alta de 8,5%, enquanto a margem financeira com clientes cresceu 7,4%, para R$ 27,4 bilhões e a margem com mercado avançou 47,7%, para R$ 1,05 bilhão.
Entre julho e setembro, a receita de prestação de serviços teve uma expansão anual de 5%, para R$ 11,2 bilhões. A receita com operações de seguros, por sua vez, evoluiu 15% na mesma base de comparação, para R$ 2,9 bilhões.
Com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 41 para o papel, o Goldman Sachs ressaltou o trimestre positivo do Itaú, destacando o ROE acima do consenso e a melhora da qualidade dos ativos em todos os segmentos e em linhas como a inadimplência, levando a provisões mais baixas no período.
“Acreditamos que o trimestre reafirma a capacidade do Itaú de atender às expectativas do guidance (incluindo empréstimos) com lucratividade bem acima dos pares do setor privado”, escreveram os analistas do banco.
Na mesma linha, o BTG Pactual apontou o trimestre forte, com lucro líquido que superou as estimativas do mercado, além do ROE reportado, em particular, o “altíssimo” retorno sobre o patrimônio de 23,8% na operação brasileira.
“Mesmo depois de entregar um 2023 muito sólido, criando uma comparação difícil para esse ano, o Itaú conseguiu crescer o lucro antes de impostos em 21% nos nove meses de 2024, algo bem impressionante para um incumbente, que acreditamos estar agora em uma posição privilegiada para se sair bem novamente em 2025”, escreveu o BTG, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 42 para a ação.
As ações do Itaú estavam sendo negociadas com alta de 2,41% por volta das 11h30 na B3, cotadas a R$ 36,13. No ano, os papéis acumulam uma valorização de 6,3%, dando ao banco um valor de mercado de R$ 328,9 bilhões.
Negócios
Reestruturação da Azul melhora liquidez, mas dilui acionistas em 27%, diz Goldman Sachs
A Azul concluiu o processo de reestruturação de dívida com credores, arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos, após captar US$ 525 milhões junto a investidores.
Com o novo dinheiro em “mãos”, a companhia aérea limpou um total de US$ 1,6 bilhões do seu balanço ao longo do último ano, o que deve representar, na visão da Azul, uma redução da alavancagem de 4,8 vezes o Ebtida para 3,4 vezes em relação ao nível do terceiro trimestre do ano passado.
Na visão do Goldman Sachs, as movimentações feitas pela companhia ao longo de 2024 efetivamente ajudarão a melhorar sua liquidez e reduzir a alavancagem, problema que se evidenciou após a pandemia do Covid-19.
O plano de reestruturação, que também contou com a emissão de 94 milhões de ações para arrendadores e fabricantes, vai significar uma diluição de 27% para os acionistas atuais da empresa.
O Goldman Sachs faz outra conta que leva em consideração o preço médio do ADR da Azul nos últimos 15 dias e inclui a conversão de 35% do principal da dívida. Isso resultaria na emissão de aproximadamente 147 milhões de novas ações.
A conversão da debêntures de 52,5%, por sua vez, adicionaria cerca de 233 milhões de ações ao mercado. Com isso, seriam emitidas cerca de 475 milhões de novas ações implicaria uma diluição de aproximadamente 136% em relação ao número atual de ações.
Com essas ressalvas, os analistas mantiveram a recomendação dos papéis da Azul no patamar neutro, com preço-alvo de R$ 5,40. Na visão deles, as ADRs podem atingir um valor justo de US$ 2,70 por papel. Esses valores representariam um potencial de valorização de 21,3% e 18,9%, respectivamente.
Para Amorim e Frizo, ainda existem alguns riscos que podem colocar a tese da Azul, que assinou recentemente um memorando de entendimento para uma possível fusão com a Gol, em risco.
Entre eles estão as variações no preço do petróleo, que podem afetar os custos operacionais da companhia; as flutuações cambiais; a variação na demanda por viagens nos próximos meses e anos; e o nível de concorrência no setor, a depender das próximas definições junto à Gol.
Em entrevista ao NeoFeed, o CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que as conversas com a Gol foram aceleradas, já que a companhia, controlada pela Abra Group, que tem a família Constantino como principal acionista, deve sair da recuperação judicial dentro de quatro meses.
Enquanto isso, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já poderiam analisar o mérito do negócio.
Se a operação for concluída, a junção das companhias dará origem a uma empresa com mais de 300 aeronaves, faturamento combinado de R$ 25,3 bilhões de janeiro a setembro de 2024 e 60,3% do mercado nacional, desbancando da liderança a Latam, que tem 39,4%.
As ações da Azul fecharam o pregão desta quarta-feira, 29 de janeiro, em alta de 0,67%. A empresa está avaliada em R$ 1,5 bilhão.
Negócios
Melnick volta a se unir com a Even e chega a São Paulo
Depois de encerrar uma parceria de 16 anos com a Even, a Melnick voltou a se unir com a incorporadora paulista, para lançar seu primeiro empreendimento em São Paulo.
A incorporadora gaúcha anunciou nesta quarta–feira, 29 de janeiro, o desenvolvimento de um condomínio de alto padrão no bairro Vila Madalena, com valor geral de vendas (VGV) de aproximadamente R$ 700 milhões.
O projeto, que conta com 80 unidades de cerca de 355 metros quadrados, além de uma completa área de lazer, representa a nova fase da Melnick, que através de parcerias com outras incorporadoras quer expandir sua área de atuação para além de Porto Alegre, sua cidade de origem.
“Temos hoje um mercado, em Porto Alegre, em que atuamos, que não está expansionista. Então, está mais difícil crescer na cidade”, diz Leandro Melnick, CEO da Melnick, ao NeoFeed. “E da mesma forma que aconteceu no passado, quando a Even entrou em Porto Alegre em parceria com a Melnick, a Melnick está entrando em São Paulo.”
Com o acordo, Leandro vai deixar o conselho de administração da Even, mas se mantém como acionista da companhia – através da gestora Melpar Invest, ele detém uma participação de 7,61%.
A parceria com a Even não será nos mesmos moldes que no passado, quando a incorporadora paulista chegou a deter aproximadamente 43% do capital da Melnick após o IPO da incorporadora gaúcha, ocorrido em 2020. Leandro chegou a ser CEO da Even, reestruturando a operação.
Nesta nova fase, a relação é pontual, baseada no projeto e intermediada pela Melnick Partners, uma companhia criada pela incorporadora para firmar acordos com outras incorporadoras para desenvolver projetos em conjunto.
No começo, os acordos foram feitos com empresas em Porto Alegre, resultando num VGV de R$ 1 bilhão. Diante dos resultados, a Melnick decidiu fechar acordos com empresas fora de Porto Alegre.
Em dezembro de 2024, a Melnick anunciou sua chegada a Santa Catarina, com uma parceria com a incorporadora Müze para desenvolver um empreendimento na Praia Brava de Itajaí. O mesmo modelo foi utilizado para chegar em Curitiba, em um empreendimento com cerca de R$ 190 milhões de VGV. E, agora em São Paulo.
“As parcerias foram muito bem-sucedidas, deram muito resultado e nós aprendemos a ser parceiros”, diz Leandro. “Agora, estamos vendo muitas oportunidades, porque tem muitas empresas com bons negócios, mas querendo dividir risco, expor menos caixa e aí tem ótimos terrenos, com ótimas empresas, em condições de fazer parcerias.”
Ele destaca que as parcerias são firmadas de acordo com as oportunidades. E não descarta desenvolver projetos em São Paulo com outras empresas. Mas Leandro diz que a companhia não possui guidance de lançamentos via parcerias. “Não temos pressão por crescimento”, afirma.
As ações da Melnick fecharam o pregão com queda de 0,82%, a R$ 3,65. Em 12 meses, acumulam recuo de 15,9%, levando o valor de mercado a R$ 753 milhões.
Negócios
Para Henrique Meirelles, governo caiu na própria armadilha
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva chegou na metade de seu mandato pagando pelo erro de ter apostado numa política fiscal expansionista desde a transição, acelerando a economia no curto prazo, que acabou estimulando a inflação e, como efeito, a elevação da taxa de juros.
Por isso, os próximos dois anos serão os mais difíceis para a atual gestão – pois terá de enfrentar os efeitos dessa expansão fiscal, entre eles a evolução da dívida pública, que começa a gerar desconfiança do mercado, tudo isso em meio a um ambiente político adverso no Congresso, por causa das emendas impositivas, que cada vez mais travam o Orçamento e reduzem o espaço de ação do governo.
Esse cenário sombrio para a economia do País no curto prazo foi traçado na quarta-feira, 29 de janeiro, por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, e pelo economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Insper, no último painel do LAIC2025, evento promovido pelo banco suíço UBS.
O painel transcorreu enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em sua primeira reunião sob comando do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, confirmava o aumento de 1 ponto percentual da taxa Selic, que agora é de 13,25% ao ano.
Em suas intervenções, Meirelles e Lisboa fizeram uma retrospectiva da economia brasileira desde o primeiro mandato de Lula, no início dos anos 2000, até os dias atuais, apontando erros e acertos da política econômica dos governos de turno e da atuação do Banco Central nesse período.
A constatação de que o governo atual caiu numa armadilha montada por ele próprio e o efeito disso até 2026 chamou a atenção pela falta de opções da equipe econômica para reverter os erros cometidos na largada.
Para Meirelles, o atual governo entra em seu período mais difícil. “Vai ter de enfrentar os efeitos dessa expansão fiscal, como a inflação em elevação, que vai obrigar o BC a subir os juros, e ainda temos outro problema, a evolução da dívida pública atrelada aos gastos previdenciários, que começa a gerar desconfiança do mercado “, diz.
Apesar do quadro difícil, com provável queda de crescimento da economia, Meirelles descarta comparação com a recessão de 2015/2016. “Mas é importante que o governo mostre que está olhando a sustentabilidade da dívida pública”, afirma.
Como ex-presidente do BC, Meirelles também comentou sobre sua expectativa da gestão Galípolo: “A vantagem é que ele foi nomeado pelo Lula, ou seja, não teria intenção de prejudicar o governo. Por outro lado, mercado fica preocupado com essa proximidade, é importante manter uma distância técnica, que influencia a expectativa de inflação.”
Ele elogiou Galípolo por já ter feito a indicação, na reunião passada do Copom, de dois aumentos futuros, de 1 ponto percentual cada, na taxa Selic.
“Ele precisa tomar decisões que caracterizam a independência do BC, é melhor subir mais e depois cortar em seguida ara colocar os juros num ponto em que a inflação converge para a meta”, acrescenta, lembrando que esse tipo de inciativa é essencial para ganhar a “guerra de expectativas”.
Lisboa, por sua vez, disse que o Brasil está pagando o preço do descuido do governo, que estimulou a economia no curto prazo com a expansão fiscal bancada pela PEC da transição.
“Agora, a inflação começa a machucar, obrigando o Banco Central a subir os juros e jogando a economia do país num velho problema, o da volatilidade”, diz.
Segundo ele, a despeito dos erros cometidos pelo governo – “a PEC da transição não conversava com o arcabouço fiscal, que por sinal não parava de pé quando foi lançado” – seria injusto atribuir todos os problemas atuais da economia ao Poder Executivo.
“Agora ainda temos emendas parlamentares siando do controle, são R$ 50 bilhões apenas este ano engessando o Orçamento, não há reforma administrativa que resolva o problema do orçamento público”, diz Lisboa.
Mas ele procurou manter o otimismo, afirmando que o governo precisa tomar algumas medidas. Entre elas, impedir o crescimento dos gatros públicos e estimular as iniciativas da economia que têm avançado.
“No período entre 1980 e 2019, tivemos no total 26 anos de bom crescimento médio – cerca de 3% ao ano, o que é muito bom – e 16 anos de crise, cuja marca é a volatilidade”, diz. O drama, prossegue, é que tivemos mais crises que outros países emergentes.
Lisboa diz que o País tem um histórico de políticas públicas bem-sucedidas em várias áreas, como na saúde (com o SUS), inovação com o agronegócio, formação de capital humano, mercado de capitais consolidado e energia renovável, entre outros.
-
Entretenimento7 meses atrás
da Redação | Jovem Pan
-
Negócios6 meses atrás
O fiasco de Bill Ackman
-
Entretenimento5 meses atrás
Jovem Pan | Jovem Pan
-
Tecnologia9 meses atrás
Linguagem back-end: veja as principais e guia completo sobre!
-
Empreendedorismo9 meses atrás
5 maneiras de garantir acolhimento às mães na empresa
-
Tecnologia8 meses atrás
Linguagem de programação Swift: como programar para IOS!
-
Entretenimento8 meses atrás
Gisele Bündchen arrecada R$ 4,5 milhões para vítimas de enchentes no RS
-
Negócios8 meses atrás
As duas vitórias da IWG, dona de Regus e Spaces, sobre o WeWork: na Justiça e em um prédio em SP