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Jogo de “estica e puxa” para fugir de taxação elevada marca última etapa da reforma tributária

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reforma tributária cabo de força
Tempo de Leitura:7 Minuto, 17 Segundo


A reforma tributária entrou na fase decisiva com a entrega do parecer final dos dois grupos de trabalho (GTs) criados em maio, na Câmara dos Deputados, com os principais pontos de regulamentação do novo modelo tributário.

Horas antes do fim do prazo previsto, na quarta-feira, 3 de julho, várias questões ainda estavam pendentes, com os principais setores da economia fazendo pressão sobre os deputados envolvidos nos grupos de trabalho para tentar garantir alíquotas mais baixas para seu segmento.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), decidiu discutir o relatório final dos dois projetos de lei complementar (PLP) com os líderes das bancadas partidárias na tarde de quarta antes de divulgar oficialmente o texto na manhã do dia seguinte, 4 de julho.

Um deles é o PLP 68/2024, o mais importante, que institui o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS). O outro é o PLP 108/2024, que trata da regulamentação da atuação do Comitê Gestor do IBS e da distribuição das receitas entre os entes federativos.

O modelo de relatoria colegiada, com dois grupos de trabalho (compostos cada um por 7 deputados, 1 por cada partido político com representação na Câmara), deu celeridade ao processo e, ao mesmo tempo, ajudou a “blindar” os GTs, pois não permitiu a inclusão de emendas.

Lira pretende iniciar a votação das propostas no plenário na próxima semana, pois trabalha com o prazo máximo de 18 de julho para aprovação da regulamentação da reforma tributária, antes do início das férias legislativas.

O que está em jogo é a essência da reforma tributária – a definição de tributação dos produtos sob o novo imposto unificado, chamado de IVA (Imposto sobre Valor Agregado), sobre o consumo de bens e serviços, com base na Emenda Constitucional 132, aprovada pelo Congresso em dezembro.

Assim, nas discussões para dar menor tributação a determinados produtos é preciso elevar a alíquota de outros – uma vez que o acordo é de não elevar a carga tributária total existente, mantendo a alíquota do IVA no máximo em 26,5%.

Com isso, dois temas concentraram a pressão de lobbies na reta final: cesta básica e imposto seletivo. O agronegócio, por exemplo, tentou incluir carnes, aves e suínos na lista da cesta básica com impostos zerados.

Na outra ponta, setores submetidos ao IS – o chamado “imposto do pecado”, com sobretaxa aos produtos que fazem mal à saúde e ao meio ambiente – lutaram para serem excluídos da relação, como a indústria de alimentos ultraprocessados.

O lobby de setores ligados à cesta básica acabou gerando discussões no grupo de trabalho para aumentar a lista de produtos passíveis de serem sobretaxados pelo imposto seletivo, como forma de compensação. Isso abriu caminho para incluir na lista do IS as apostas esportivas online, as chamadas bets, para contrabalançar a isenção de carnes.

Difícil acomodação

Para Felipe Salto, economista-chefe Warren Investimentos e um crítico à maneira como foi conduzido todo o processo de reforma tributária, o desfecho das discussões sobre a regulamentação reforçou a certeza de que é impossível acomodar tantos interesses.

“A verdade é que precisaremos ter uma alíquota do IVA gigantesca ou um imposto seletivo cada vez maior”, diz Salto ao NeoFeed. “E isso era previsível, agora, quem pariu Mateus precisa embalá-lo, mas não saberá como.”

No caso da cesta básica, chamou a atenção a discussão sobre a isenção de tributação de proteínas animais, como carne e frango. Na proposta original do governo federal, as proteínas fazem parte da chamada “Cesta Básica Estendida”, com desconto de 60% do IVA, resultando em alíquota de 10,6% – inferior à média atual, de 12,7%.

Para as famílias com renda per capita de até meio salário-mínimo, inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal e eletivas para o cashback – devolução de impostos criados pela reforma tributária -, a alíquota seria menor, de 8,6%.

O lobby para incluir a carne na lista de isenção total de impostos da cesta básica ganhou tração após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Depois de prometer durante a campanha presidencial que os pobres iam “comer picanha” no seu governo, Lula voltou a criar polêmica na terça-feira, 2 de julho, ao defender separar o imposto cobrado pela nova reforma tributária pelo tipo de carne: a de primeira, como a picanha, pagaria mais impostos para aliviar a taxação do frango, mais consumido pelas classes populares.

“Não dá para separar a picanha de outros cortes, como a carne de pescoço, os mercados geralmente compram a peça inteira, ou seja, não faz sentido colocar uma alíquota cheia na carne nem isentá-la por inteiro de imposto na cesta básica”, afirma o tributarista Bruno Checchia, do escritório Bichara Advogados.

Segundo ele, a força do agronegócio no Congresso permitiu prever até o último momento a inclusão de bovinos e talvez as aves na faixa de alíquota zero. “Aí surge a indagação: por que não incluir o pescado e os suínos? Esse é o problema, pois vão sendo criadas exceções que ferem o princípio de isonomia e podem acabar judicializando a questão no futuro”, advertiu.

A isenção total de imposto das carnes deve ter um impacto de 0,57 ponto porcentual na alíquota padrão do IVA, que iria a 27,1%.

A briga entre os setores incluídos no imposto seletivo foi semelhante. Além dos vilões de sempre, cigarro e bebidas alcoólicas, sobretaxados pelo IS em vigor na maioria dos países, houve forte pressão de lobbies para excluir os alimentos ultraprocessados.

Luísa Macário, tributarista do escritório Ballstaedt Gasparino Advogados Associados, adverte que um dos principais argumentos alinhados por setores que visam a redução de alíquota é o impacto econômico de uma eventual sobretaxação. Ela cita o exemplo dos alimentos ultraprocessados.

“Há muito apoio à sobretaxação dos ultraprocessados, mas um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas previu impactos de tributação elevada em produtos adoçados, entre eles queda de produção total, redução de empregos, Produto Interno Bruto (PIB) e de arrecadação tributária”, diz a tributarista.

Segundo ela, a questão é complexa: “Esses produtos ultraprocessados são uma das principais fontes de alimentação para segmentos pobres da população.”

Sede de arrecadação

Não bastasse o lobby de diversos segmentos, o próprio governo federal passou a defender taxação maior de alguns setores de olho num aumento de arrecadação.

A indústria automobilística, por exemplo, virou alvo: após ser enquadrada no “imposto do pecado” com os automóveis a combustão e híbridos, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, defendeu que os carros 100% elétricos, movidos exclusivamente a bateria, também sejam sobretaxados.

O Ministério da Fazenda, por sua vez, cogitou taxar os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e fundos de investimentos em cadeias industriais (Fiagros), que hoje são isentos. A proposta acabou deixada de lado, pois o setor da construção civil já terá aumento da carga tributária entre 8% e 10% pela proposta da reforma e uma nova taxação sobrecarregaria o segmento.

A inclusão de mineração, minério de ferro e petróleo na lista do imposto seletivo – iniciativa do governo federal- claramente teve  objetivo arrecadatório.

Independentemente do relatório final, os especialistas consultados pelo NeoFeed fizeram um balanço do atual processo de regulamentação da reforma tributária.

Luísa Macário, do escritório Ballstaedt Gasparino, acredita que a inclusão de muitos itens na lista de imposto seletivo deve impactar no aumento de preços dos produtos.

“O lado bom da reforma tributária é a redução do custo das empresas, que gastam muito para administrar o pagamento de tributos e agora, sob um regime mais simples, terão custos menores”, afirma.

Checchia, do escritório Bichara Advogados,  por sua vez, elogia a iniciativa do cashback, que afirma ser um instrumento moderno, com noção de justiça tributária por beneficiar a população de baixa renda. Mas tem dúvidas se poderá ser operacionalizado.

“O governo federal tem a lista de pessoas inscritas no CadÚnico e que podem ser atingidas pelo benefício, mas no dia a dia, quando uma pessoa com direito a cashback for ao mercado, ainda não está claro como ela poderá resgatar esse dinheiro”, disse o tributarista.

No entanto, para Salto, da Warren, a reforma tributária pensada anos atrás foi totalmente desfigurada. “O que se aprovou e, agora, na regulamentação,  vai ficando mais claro, é uma reforma que abandona o regime atual, que tem muitos problemas, para apostar num mergulho no escuro, sob uma gestão incerta e obscura de uma entidade que ninguém sabe como funcionará chamada Comitê Gestor do IBS”, adverte.

Salto afirma que sempre defendeu uma reforma incremental, com o ICMS migrando para o destino e uma discussão a sério sobre os critérios de creditamento. Mas o resultado foi diferente: “Viraram de cabeça para baixo o capítulo de finanças e tributação da Constituição Cidadã.”





Fonte: Neofeed

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Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago

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Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago
Tempo de Leitura:4 Minuto, 46 Segundo


Era véspera de Natal de 2024, e Cesar, após um dia intenso de reflexões e trabalho, tomou sua taça e caiu no sono. Mas não era um sono comum. Ele logo percebeu estar caindo por um túnel de palavras, como se fosse sugado por um redemoinho de livros, algoritmos e estrelas natalinas. Tudo girava ao seu redor, até que ele aterrissou suavemente em um lugar que parecia ao mesmo tempo antigo e futurista, iluminado por velas cintilantes e circuitos dourados.

Diante dele, três figuras extraordinárias emergiram da névoa — Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago. Cesar esfregou os olhos, sem acreditar no que via. Parecia ter entrado em um sonho que misturava o espírito de celebração com um encontro impossível, como se tivesse tropeçado em seu próprio País das Maravilhas.

Pessoa: Bem-vindo, Cesar. Não se assuste. Às vezes, o Natal nos concede presentes inesperados, como este encontro. Eu sou Fernando Pessoa. Dizem que sou múltiplo, mas prefiro me ver como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que distorcem, refletindo falsamente uma única realidade que não está em nenhum e está em todos.

Camões: Saudações, Cesar! Sou Luís de Camões, navegante das palavras e dos mares. Este é um tempo propício para contemplar os novos mundos que desbravamos. Por suas vestes e seu ar, vejo que vens do moderno, como quem navega as águas da inovação.

Saramago: Cesar, um prazer tê-lo conosco. Sou José Saramago, um questionador do óbvio. Parece que este seu devaneio nos reuniu para discutirmos o que significa ser humano em um tempo em que máquinas pensam e o mundo busca sentido. E, claro, neste Natal, entendido não apenas como celebração religiosa, mas como um tempo de união, reflexão e renovação, valores humanos universais que transcendem qualquer crença. Valores que até um ateu rabugento como eu consegue apreciar.

Cesar, ainda atônito, percebeu que o sonho parecia mais real do que podia imaginar. Ele, que sempre se viu como um sonhador e entusiasta da tecnologia, agora dividia espaço com três gigantes da literatura. Recuperando-se, decidiu embarcar na conversa, tratando cada pronome e conjunção como se fossem peças de porcelana fina.

Cesar: É uma honra conhecê-los. Se este é um sonho, é o mais extraordinário que já tive. Estamos em um momento em que a tecnologia avança exponencialmente, mas também nos confronta com questões profundas sobre propósito e humanidade. E é Natal, uma época que sempre nos convida à reflexão. Aqui estamos, no limiar de um novo ano…

Pessoa: Ah, Cesar, o humano, por essência, é um navegante do desconhecido. A inteligência artificial que agora molda teu mundo funciona como um espelho: reflete nossas inquietações, nossos anseios e nossos temores. Mas eu me pergunto: será que sabemos o que realmente desejamos encontrar nesse reflexo?

Camões: Diria que enfrentamos monstros e tempestades, como outrora. Mas hoje os monstros são invisíveis, feitos de dados e códigos. Dizer-se-ia que, pelo menos, esses não me custaram um olho… O Natal, porém, nos lembra de olhar para o essencial — o humano, o afeto, o desejo de construir algo que transcenda o tempo.

Saramago: E será que estamos olhando para isso, Cesar? Ou estamos cegos, como em minha história? O Natal é cheio de luzes, mas será que essas luzes não nos ofuscam? Criamos máquinas que pensam, mas ainda falta pensarmos profundamente sobre o que queremos delas — e de nós mesmos.

Cesar refletiu por um momento, sentindo o peso das palavras daqueles mestres. Ele sabia que aquelas questões eram fundamentais, tanto para a tecnologia quanto para a vida.

Cesar: Concordo, Saramago. A tecnologia deve ser um meio para criar valor humano, não um fim em si mesma. O Natal é um bom lembrete de que precisamos equilibrar o avanço com a ética, com a sabedoria que direciona nosso conhecimento. Afinal, inovação sem humanidade é como uma caravela sem destino.

Pessoa: Belo pensamento, Cesar. Então dirias que inovar é como escrever um poema? Cada palavra, cada linha deve estar carregada de significado. No final, é o espírito humano que precisa brilhar, mesmo em um mundo repleto de máquinas.

Camões: E que nunca percamos a coragem, Cesar. Navegar é preciso, como sempre digo, mas é igualmente necessário conter os ventos quando ameaçam nos levar ao abismo. O Natal nos dá uma bússola: olhar para o próximo, celebrar o que somos e planejar com sabedoria o que seremos.

Saramago: E com olhos abertos, sobretudo. A tecnologia é um mar fascinante, mas exige vigilância constante. Este rabugento apenas deseja que, neste Natal e no ano que se inicia, a humanidade encontre o equilíbrio entre o que pode criar e o que deve preservar.

Cesar sentiu o coração aquecido, inspirado por aquelas vozes que transcenderam o tempo. Ele ergueu os olhos para as três lendas e respondeu com convicção.

Cesar: Levarei essas reflexões comigo, senhores. Que a inovação seja guiada pela poesia, pela prudência e pela paixão humana. Que este Natal nos lembre que, por mais avançados que sejamos, o essencial sempre será invisível às máquinas: a empatia, a solidariedade e a esperança.

E assim, no coração de um sonho impossível, Cesar ergueu a taça de tinto e brindou com três imortais da literatura portuguesa. Juntos, em meio ao espírito do Natal de 2024, refletiram sobre o humano, o tecnológico e o eterno.

Quando Cesar despertou, trazia consigo não apenas o calor de uma noite natalina, mas também a sabedoria de um encontro extraordinário, que o inspiraria nos mares do ano novo. Ao seu lado, uma taça vazia, com borras que curiosamente formavam as letras P, C e S, como um lembrete sutil de que algumas companhias são mais que um sonho.

*Cesar Gon é fundador e CEO da CI&T



Fonte: Neofeed

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Ornare mobília novos “territórios” (no Brasil e no mundo)

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Ornare mobília novos
Tempo de Leitura:5 Minuto, 23 Segundo


Depois de “aterrissar” em Dubai, em maio do ano passado, onde inaugurou seu primeiro showroom no Oriente Médio, a Ornare está de malas prontas para reforçar suas operações na Europa e nos Estados Unidos.

A marca brasileira de mobiliário referência no mercado high-end está desembarcando em Lisboa, onde abriu seu segundo showroom no Velho Continente. E estreou, em novembro, uma loja em Nova Jersey, consolidando sua presença nos Estados Unidos, onde está presente desde 2006.

Segundo Esther Schattan, fundadora e diretora da Ornare, a expansão internacional é parte da estratégia de diversificação das receitas da companhia, movimento que conta com uma nova frente: a incorporação.

“Atendemos um mercado de alto padrão e esse mercado é mais restrito em todos os lugares”, diz Esther, ao NeoFeed. “Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares.”

O showroom lisboeta está sendo instalado no bairro Amoreiras, região de classe média alta e que abriga o Centro Comercial das Amoreiras, o primeiro shopping da capital portuguesa, além de cafés, hotéis e restaurantes.

A expectativa é de que as obras da loja sejam finalizadas até o primeiro semestre de 2025, mas a Ornare já está operando em Portugal, recebendo pedidos dos clientes.

A empresa conta com dois sócios brasileiros para entrar no mercado português: Alexandre Mangabeira, ex-co-CEO da RNI Construtora e com passagem pela Tecnisa, e Luciana Vassalo, antiga diretora de negócios da RNI, tendo trabalhado também na Melnick.

É o mesmo formato que a empresa utilizou quando foi para Dubai, em que se associou a Carina Fontes e Shalise Basso, dupla de arquitetas brasileiras residentes um dos sete emirados que integram os Emirados Árabes Unidos (EAU). As lojas da Ornare se dividem entre franquias, sociedades e unidades próprias.

Segundo Stephan Schattan, diretor de exportação da empresa, a escolha por Lisboa para abrir a segunda loja europeia ocorreu pela questão da língua, pelo fato da empresa conhecer e ter clientes em Portugal e também para aproveitar o forte contingente de brasileiros e de outras nacionalidades, atraídos pelas políticas migratórias portuguesas.

A Ornare começou a se instalar na Europa no ano passado, quando inaugurou seu primeiro showroom em Milão. A unidade está localizada no imponente Palazzo Gallarati, datado do século XVIII, localizado no famoso Quadrilatero della Moda, na Via Manzoni, região conhecida pelas diversas marcas de alto padrão.

“A ideia é que Portugal possa atender toda a região de Lisboa e Porto, e também a Espanha”, diz Stephan. “Associado a Milão, conseguimos atender melhor a Europa. Quando falamos que temos loja em Milão e em Lisboa, reforçamos a marca na Europa.”

A chegada a Portugal é mais um passo da estratégia de expansão da Ornare, iniciada em 2006, via Miami. O plano é baseado em três frentes: Estados Unidos, onde possui 11 lojas, Europa, que conta com duas, e Oriente Médio, com a unidade de Dubai.

“Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares”, diz Esther Schattan (Foto: Rodrigo Zorzi)

As operações internacionais representam cerca de 25% a 30% do faturamento da Ornare, que não foi informado. Com as expansões planejadas, a expectativa é de que possa chegar a 40% de participação.

No curto prazo, a Ornare planeja ampliar sua presença nos Estados Unidos para mais três cidades: Palm Beach, Washington e Boston. Mas isso não quer dizer que a empresa está deixando o Brasil de lado.

Com 17 lojas no País, a empresa pretende abrir unidades em Recife (PE), Balneário Camboriú (SC) e Campo Grande (MS), ainda que já opere nessas localidades.

Para conseguir atender essas novas unidades, a Ornare vai ampliar a capacidade de sua fábrica, localizada em Cotia, no interior de São Paulo. O valor do investimento na fábrica não foi revelado, nem quanto a capacidade de produção aumentará. A fábrica roda em dois turnos e os investimentos abrem caminho para adicionar mais um.

Assinatura Ornare

Junto com a expansão internacional, a Ornare está fechando uma série de parcerias com construtoras e incorporadoras para terem empreendimentos com a assinatura “by Ornare”.

A companhia fez um primeiro empreendimento em Goiânia, em parceria com a O.M. Incorporadora. Batizado de Autoria by Ornare, o prédio possui 143 apartamentos, com unidades de uma e duas suítes, de 49 a 88 metros quadrados. A Ornare ficou responsável pela mobília da área comum e armários em alguns apartamentos.

Com entrega prevista para novembro de 2027, o empreendimento apresenta um valor geral de venda (VGV) de R$ 120 milhões e teve 60% das unidades comercializadas nos seis primeiros meses de lançamento.

A companhia também assinou, no fim de novembro, um acordo com a incorporadora Next e com o escritório do arquiteto Olegário de Sá, para desenvolver um empreendimento no Itaim, em São Paulo, voltado para renda, chamado Next Itaim by Ornare.

Com VGV de R$ 70 milhões, o prédio conta com 83 unidades de 20 a 60 metros quadrados, com previsão de entrega em 2027. A Ornare ficou responsável pelos móveis.

“No começo fomos um pouco céticos, mas a gente gostou do primeiro lançamento, em Goiânia, e pretendemos continuar”, diz Pitter Schattan, diretor comercial da Ornare São Paulo e Brasil.

A companhia já tem atuação no mercado imobiliário, mas vendendo seus produtos para empreendimentos. Em Miami, a Ornare é responsável pelos closets nos apartamentos das duas torres do St. Regis Sunny Isles, que prometem se tornar ícones arquitetônicos da cidade. O apartamento mais barato é de US$ 7 milhões.

A Ornare pretende, agora, crescer essa vertical de empreendimentos assinados. Em Goiânia, o plano é repetir a parceria com a O.M. Incorporadora em um novo prédio, previsto para ser lançado em 2025.. Segundo Pitter, esse tipo de iniciativa vai ganhar espaço na Ornare, com o setor imobiliário se tornando um novo braço de negócios, capaz de representar 10% do faturamento da empresa.

A assinatura de projetos por nomes da moda e do design vem ganhando força no mundo da incorporação. A Cyrela fechou uma parceria com a Armani para construir um empreendimento residencial em São Paulo, que promete ser um dos mais altos da capital paulista, com a marca Armani/Casa, marca de móveis da grife italiana de luxo.

A Mitre Realty também lançou um empreendimento premium em São Paulo com a marca Daslu, que virou referência no mercado de luxo brasileiro e trouxe para o País grifes como Chanel, Gucci e Prada.





Fonte: Neofeed

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Chefs arregaçam as mangas e cultivam seus próprios ingredientes

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Chefs arregaçam as mangas e cultivam seus próprios ingredientes
Tempo de Leitura:6 Minuto, 36 Segundo


Chefs de alguns dos restaurantes mais celebrados do mundo estão arregaçando as mangas para produzir, eles próprios, parte dos ingredientes utilizados na criação de seus pratos.

A tendência é uma evolução do conceito farm-to-table, surgido na Califórnia dos anos 1970. À época, cozinheiros visionários, como Alice Waters, ativista e escritora americana, dona do emblemático Chez Panisse, em Berkeley, decidiram resgatar o frescor e a qualidade dos insumos ao trabalhar diretamente com produtores locais.

Expoente do movimento slow food, Alice influenciou gerações ao apregoar alimentação saudável e agricultura sustentável. E, em 2014, sua relevância foi reconhecida ao figurar entre as 100 pessoas mais influentes do ano pela revista Time.

Frente ao caos climático e à valorização de hábitos saudáveis, a filosofia farm-to-table ganha uma roupagem, digamos, ainda mais ecológica e conquista seguidores ao redor do planeta. Dentro e fora das cozinhas.

Recém-publicada, a Pesquisa Internacional de Sustentabilidade Food Barometer 2024, é reveladora do novo movimento. Globalmente, 40% das pessoas se dizem engajadas com a alimentação saudável e sustentável. A média brasileira é ainda mais alta: 51%.

Realizada pela Sodexo, em parceria com o Instituto Harris Interactive, a pesquisa foi baseada em 7,3 mil entrevistas, na Índia, Estados Unidos, França e Reino Unido, além do Brasil.

E, lá se vão, os chefs para o campo e o mar.

Exemplos não faltam. Um deles é o premiado Mugaritz, do espanhol Andoni Luis Aduriz, na pequena cidade basca de Errenteria. Frequentemente, ele conta com a ajuda até de cientistas, para tirar o máximo proveito dos produtos colhidos na horta da casa, por meio da fermentação e desidratação, entre outras técnicas.

O dinamarquês René Redzepi, do Noma, em Copenhague, por exemplo, é adepto do foraging, prática de coleta de ingredientes selvagens, como cogumelos, algas, frutas silvestres e ervas específicas, diretamente na natureza.

Em dezembro deste ano, ele encerrou as atividades o Noma como restaurante tradicional para transformá-lo em um laboratório de comida em tempo integral. Hoje, o restaurante, eleito cinco vezes o melhor do mundo, abre suas portas para eventos, oferecendo aos comensais uma experiência imersiva, com jardins, estufas e uma cozinha experimental integrada à paisagem.

A casa estará aberta uma vez ou outra, para eventos especiais, quando oferecerá aos comensais uma experiência imersiva, com jardins, estufas e uma cozinha experimental integrada à paisagem. Redzepi também começou a promover projetos de pop-ups em diferentes lugares do mundo, como o que acabou de fazer no Ace Hotel Kyoto, no Japão, servindo um menu degustação único, inspirado nos ingredientes e na história culinária da região.

No Brasil, um dos pioneiros da onda farm-to-table foi o paulistano o paulistano Amadeus, especializado em frutos do mar, recomendado pelo Michelin. No fim dos anos 1990, Tadeu Masano, sócio da casa, apostou no cultivo de ostras e mariscos em Florianópolis.

“Quem prova percebe a diferença na hora. E esse frescor é o que nos torna especiais”, conta ele, em conversa com o Neofeed. O processo começa com “sementes” minúsculas, fornecidas por laboratórios universitários. Um copo pode conter mais de 20 mil, com tamanho pouco maior que um grão de açúcar. “Tudo é realizado em habitat marítimo natural e sem qualquer tipo de ração”, diz Masano.

Inicialmente, as tais ‘sementes’ de ostras e mariscos ficam em uma caixa com paredes de pano para permitir a entrada de água. Depois, são levadas para berçários e, por fim, para gaiolas com redes que ficam penduradas no mar. Até que atinjam o tamanho ideal, vão-se nove meses. “É um trabalho artesanal. Costumo dizer que entregamos o mar empacotado”, brinca Tadeu.

O cultivo atende exclusivamente ao Amadeus. E são elas, as ostras – servidas em leito de gelo moído com limão e molho americano ou à Fiorentina, gratinadas com espinafre e parmesão –, as responsáveis por conquistar boa parte dos fiéis clientes da casa.

Autonomia financeira

Outro restaurante de São Paulo que faz questão de produzir ingredientes dos pratos do cardápio é A Casa do Porco, dos chefs Jefferson Rueda e Janaína Torres, presença há quatro anos na lista dos melhores do mundo pelo The World’s 50 Best Restaurants.

“Queria um porco criado livre, abatido com o peso certo e que tivesse uma qualidade que não existia no mercado”, explica Rueda, ao NeoFeed. Por isso, começou a se envolver com a suinocultura em um sítio em São Sebastião da Grama, no interior paulista, cinco anos antes de A Casa do Porco ser inaugurada.

Na propriedade, os porcos são criados soltos e alimentados com vegetais frescos e soro de leite, garantindo a excelência do sabor e da textura da carne. “Depois dessa experiência, foi natural que eu buscasse algo semelhante para os vegetais que servia”, lembra o chef.

Os porcos criados por Jefferson Rueda, sócio d’A Casa do Porco, crescem soltos e são alimentados com vegetais frescos e soro de leite, garantindo a excelência do sabor e da textura da carne (foto: Divulgação)

Graças à produção própria, na pandemia, o chef Rueda conseguiu segurar o preço do cardápio (Foto: Divulgação)

Os mexilhões do restaurante Amadeus são cultivados em uma fazenda da casa em Florianópolis (Foto: Divulgação)

“Costumo dizer que entregamos o mar empacotado”, brinca Tadeu Masano, sócio do Amadeus (Foto: Divulgação)

A americana Alice Waters, dona do Chez Panisse, na Califórnia, é uma das percussoras do movimento “slow food” (Foto: Instagram)

Dono do Noma, o dinamarquês René Redzepi é adepto do “foraging”, prática de coleta de ingredientes selvagens, como cogumelos, algas e frutas silvestres diretamente na natureza (Foto: Instagram)

No Mugaritz, do espanhol Andoni Luis Aduriz, os vegetais vêm de uma horta, ao lado do restaurante (Foto: Instagram)

Por isso, ele investiu em uma horta orgânica em um sítio em São José do Rio Pardo, também no interior paulista, administrada pelo Aroeira Orgânico. “Plantamos em harmonia com a natureza, intercalando PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e outros vegetais. Isso influencia diretamente no sabor”, diz Jefferson.

Hoje, a cozinha d’A Casa do Porco é sustentável, aproveitando dos cortes nobres à pele dos animais. Entre os hits do cardápio estão o Porco Sanzé, assado lentamente por até nove horas e servido com acompanhamentos sazonais da horta. Outro destaque é o Sushi de Papada, feito com tucupi negro e nori.

E a vantagem de ter produção própria não está apenas no sabor. Como Jefferson faz questão de frisar, o domínio na produção dos insumos levou o restaurante à uma autonomia financeira. “Com os orgânicos, economizo cerca de 30%, porque não tem outra empresa no meio. E consigo ajustar os preços do porco quando necessário”, afirma.

Durante a pandemia, por exemplo, quando o valor da carne suína subiu, o chef conseguiu segurar o preço do menu. “Não é fácil controlar todas essas cadeias, mas as pessoas notam o diferencial no sabor e isso nos faz seguir em frente. Ter o restaurante sempre cheio é a melhor recompensa”, diz Rueda.

Bom para o paladar e o planeta

O sonho do chef Stefan Weitbrecht, que comanda os restaurantes Cozinha 212 e Atlântico 212, na capital paulista, sempre foi ter uma casa com pratos elaborados com ingredientes frescos e sazonais, desejo que foi realizado a partir de 2017, quando foi morar no sítio da família, em Cotia.

Ali, Stefan criou o projeto Mato 212, uma horta com cerca de 10 mil metros quadrados. “Plantamos hortaliças, temperos, legumes e frutas. Também criamos galinhas e cabras, que nos fornecem ovos frescos e leite cru”, diz ao NeoFeed. “Praticamente toda a produção do hortifruti que utilizo vem de lá. Até a produção de cítricos é significativa.” Os resíduos orgânicos voltam ao campo como adubo.

Um dos sucessos da sua cozinha é o nhoque de queijo de cabra com pesto de manjericão, que contém o ciclo completo: das cabras ao leite, do leite ao queijo e do queijo à mesa. Entre as sobremesas, destaca-se o bolo de manjericão com toffee e mascarpone, preparado com o manjericão fresco da horta.





Fonte: Neofeed

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