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Maílson da Nóbrega fala sobre Gabriel Galípolo, Banco Central, Lula e a Faria Lima

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Tempo de Leitura:6 Minuto, 38 Segundo


No primeiro mandato de Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014, a gestão do então presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ficou marcada pela sua forte tendência de ceder a pressões políticas, estabelecidas à época pelo próprio governo, para que não subisse a taxa de juros, o que foi visto com maus olhos pelo mercado, e que resultou em aumento da inflação.

Essa situação de quase subserviência, como foi encarado aquele período pelo setor financeiro, deve ficar bem longe do mandato do atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, nomeado por Lula e que assumiu o cargo no dia 1º de janeiro. A avaliação é do ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, que comandou a Pasta durante boa parte do governo de José Sarney.

Em entrevista ao NeoFeed, o economista, que é sócio da Tendências Consultoria, acredita que Galípolo terá uma gestão mais blindada, do ponto de vista político, sobre a repercussão das decisões tomadas pelo BC. E não sofrerá o tiroteio público, enfrentado pelo seu antecessor, Roberto Campos Neto.

“Acredito que vá diminuir, porque existe algum tipo de inibição. Os ataques que ela fez a Campos Neto, alguns inaceitáveis, não devem acontecer agora. Mas o partido vai protestar quando a taxa Selic subir”, diz Nóbrega.

Para o ex-ministro, o teste de fogo será após na primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), que será em 28 e 29 de janeiro. “Minha aposta é de que a Selic subirá um ponto percentual e vai ser por unanimidade. E o Lula vai ficar calado.”

O ex-ministro da Fazenda também critica Lula que, segundo ele, passa a falsa ideia à sociedade de que ele próprio seria o responsável por garantir autonomia ao presidente do BC, estabelecida em legislação sancionada em 2021. “Não foi Lula quem inventou isso. Ele até deixou que essa má comunicação fosse propagada, que gerou a informação que ele deu a autonomia e, portanto, pode tirar.”

São ações como essa, segundo o economista, que mexem com a cotação do dólar e da bolsa, e resultam em críticas do mercado financeira, que Lula não consegue estabelecer uma relação mais harmoniosa com a Faria Lima.

Maílson da Nóbrega também faz coro aos especialistas que fizeram críticas ao pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que não trazia o essencial, que era encontrar caminhos para barrar o crescimento da dívida pública e a possibilidade real do descontrole dos gastos.

Para ele, o ponto-chave da repercussão negativa foi incluir no anúncio do plano de corte de gastos a intenção do governo de isentar quem recebe até cinco salários-mínimos do pagamento de imposto de renda. “Isso foi mortal. O presidente enxerga que aquilo vai dar voto. E quando o voto é usado como guia, tende a dar errado. É preciso fazer conta.”

Dono da caneta econômica em um momento em que o Brasil lutava contra hiperinflação e com constantes renegociações da dívida externa com credores internacionais, Maílson da Nóbrega, que adotou a política que ele chamava de “feijão com arroz”, sem planos econômicos mirabolantes, acredita que nem um novo conjunto de medidas que possa vir a ser anunciada Haddad recuperaria a confiança do mercado financeiro.

“Há o desafio de convencer a sociedade. A população comprou uma tese errada, de que o que faz melhorar a qualidade na educação, por exemplo, é o gasto”, diz ele.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Como enxerga a gestão de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central?
Acredito que ele vai ser um presidente técnico. Ele precisa construir como irá resistir no meio político, porque suas decisões serão técnicas. Ele deve lembrar que, no governo Dilma Rousseff, ela mandou baixar a taxa de juros e o Banco Central se curvou. Isso destruiu, naquele momento, a credibilidade da instituição. E Galípolo não aceitaria repetir essa história. A experiência mundial mostra que os presidentes de bancos centrais que lideram uma gestão competente, de assegurar uma moeda estável e a saúde do sistema financeiro, viram profissionais relevantes no mercado. E ele sabe que inflação prejudica os pobres.

Que se alinha ao discurso do governo.
Se o Galípolo quer trabalhar pelo social, precisa trabalhar pela estabilidade da moeda. Além disso, também sabe que seu cargo conta com autonomia, por lei. Não foi Lula quem inventou isso. Ele até deixou que essa má comunicação fosse propagada, que gerou a informação que ele deu a autonomia e, portanto, pode tirar. Conheço muita gente do mercado que diz que agora essa situação vai piorar, já que o presidente Lula, dando uma de rei, concede uma espécie de autorização para que o presidente do Banco Central seja autônomo.

“Minha aposta é de que a Selic subirá um ponto percentual e vai ser por unanimidade. E o Lula vai ficar calado”

Acredita que ele deva sofrer os mesmos ataques enfrentados pelo seu antecessor, Roberto Campos Neto?
Acredito que vá diminuir, porque existe algum tipo de inibição. Os ataques que a presidente do PT [Gleisi Hoffmann] fez a Campos Neto, alguns inaceitáveis, não devem acontecer agora. Mas o partido vai protestar quando a taxa Selic subir. E vamos ver isso em janeiro, quando Galípolo for submetido ao primeiro teste de fogo. Minha aposta é de que a Selic subirá um ponto percentual e vai ser por unanimidade. E o Lula vai ficar calado. Mas o PT vai reclamar. Galípolo não irá se curvar a uma ação populista de um governo que está olhando a próxima eleição e não o futuro do País.

Acha que ainda há má vontade do presidente Lula em relação à Faria Lima?
Há desinformação. Lula ainda traz resquício do anticapitalismo, da época em que ele começou sua carreira no sindicalismo. E a ideologia ignora como funciona a economia. Ele se aproveitou da criação do termo Faria Lima para identificar o mercado financeiro e passou a usar a expressão para qualificar um grupo de pessoas que torceria contra o Brasil. Isso é até cômico.

Na sua avaliação, faltou esforço do governo federal em apresentar um pacote fiscal que pudesse, de fato, gerar o efeito esperado?
Faltou vontade. As primeiras ideias do pacote não eram ruins, mas foram ficando no caminho. Haddad ficou peregrinando nos gabinetes dos ministérios por várias semanas e isso foi deteriorando o plano, pela resistência domésticas. A gente viu ministro fazendo chantagem. O da Previdência [Carlos Lupi] disse que sairia do governo se cortasse de sua Pasta. Não é assim que funciona. E o presidente Lula aceitou. Até porque, no fundo, ele não estava a favor.

Mas o partido é contra corte de gastos.
Nesse ponto, ele tem o DNA do PT, que é o que impulsiona a economia é o gasto público. Esse conjunto de circunstâncias explica o fato de o mercado ter recebido mal o pacote. Mesmo que o ministro venha com um novo conjunto de medidas, elas terão pouca capacidade de atacar o problema, que é estrutural. E os cortes são de natureza conjuntural, que podem voltar lá na frente.

Então, não teremos, por parte do atual governo, um pacote fiscal adequado nem com um segundo plano?
Um ajuste digno desse nome, que ataque estruturalmente o gasto público e que devolva ao País a capacidade de um orçamento adequado, não teremos. Mesmo que a gente tenha uma crise. Além de tudo, há o desafio de convencer a sociedade que aquilo seria bom para o Brasil. A população comprou uma tese errada, de que o que faz melhorar a qualidade na educação é o gasto. O País gasta 6,3% do PIB no setor. A China gasta 4% e essa é uma das razões para que eles sejam uma potência no mundo. Não é gasto e sim gestão. No governo, existe uma barreira de natureza cultural, de percepção, de não reconhecimento de onde está o problema, que tem sido mortal para a credibilidade. E não adianta agora colocar a responsabilidade na comunicação. Isso é uma desculpa de um governo que faz errado.





Fonte: Neofeed

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BlackRock leva tombo de US$ 600 milhões ao apostar em empresa de terceirização de seguros

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Tempo de Leitura:3 Minuto, 51 Segundo


A BlackRock, a maior gestora de private equity do mundo, com US$ 11,5 trilhões de ativos sob gestão, amargou um prejuízo de US$ 600 milhões no investimento na Alacrity, uma empresa de terceirização de seguros, que carregava uma dívida de US$ 1,5 bilhão.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, que revelou com exclusividade detalhes do tombo da gestora no negócio, o controle da Alacrity havia sido assumido inicialmente por um grupo de fundos de crédito privado liderado pela Antares Capital, Blue Owl Capital, KKR e Goldman Sachs Asset.

A BlackRock comprou uma participação controladora no negócio em fevereiro de 2023, por meio de sua estratégia Long Term Private Capital (com capital de US$ 4,3 bilhões), da empresa de private equity Kohlberg & Co.

A operação para recuperar a Alacrity mirava reestruturar duas dívidas da empresa. A principal, de US$ 1 bilhão, que estava em aberto na época do investimento da BlackRock, e a restante, US$ 500 milhões, emprestada pelo braço de gestão de ativos do Goldman.

Essas dívidas serão trocadas por um novo empréstimo a prazo de US$ 450 milhões, bem como US$ 250 milhões em ações preferenciais como parte do acordo. Os credores seniores deterão 90% da empresa quando a reestruturação for finalizada. A Goldman Sachs Asset Management ficará com 10%.

De acordo com o jornal, o investimento de capital de mais de US$ 600 milhões da BlackRock na Alacrity será eliminado como parte da reestruturação.

O caso da Alacrity é o mais recente de grande reestruturação a atingir o crescente setor de crédito privado, que tem sido marcado por um problema – as empresas apoiadas por capital privado para as quais emprestaram dinheiro lutam com taxas de juros mais altas.

No ano passado, um grupo de credores de crédito privado liderados pela Blue Owl e Ares Management sofreu perdas em empréstimos que fizeram para a problemática empresa de software Pluralsight. A reestruturação também eliminou US$ 4 bilhões que a Vista Equity Partners e outros investidores haviam investido no negócio.

A aquisição da Alacrity ocorre em um momento em que a BlackRock tem trabalhado duro para construir uma carteira de investimentos alternativa.

A gestora concordou em pagar US$ 28 bilhões no ano passado para comprar grandes players em infraestrutura, crédito privado e dados de mercados privados. Suas equipes de private equity executam uma variedade de estratégias e administram US$ 43 bilhões em ativos de clientes.

A Alacrity é o mais recente dos sete investimentos divulgados publicamente da estratégia Long Term Private Capital. Na época do investimento da BlackRock, o chefe do fundo, André Bourbonnais, chamou a empresa de “líder de mercado diferenciada” com “forte impulso” na gestão de reivindicações de seguros.

No entanto, seus negócios sofreram depois que a BlackRock investiu, e ela finalmente contratou consultores para liderá-la nas negociações de reestruturação com seus credores no ano passado.

O fundo que fez o investimento na Alacrity foi comercializado para investidores como premissa de  buscar participações controladoras de pelo menos US$ 500 milhões. Sua taxa interna de retorno foi de 33% até o início de 2024. A BlackRock estava comercializando um segundo fundo de US$ 5 bilhões no ano passado, mas optou por encerrá-lo.

Momento delicado

O momento dessa perda financeira é crítico para a BlackRock, pois ela se prepara para divulgar seus lucros do quarto trimestre em 15 de janeiro.

No terceiro trimestre, a gestora americana comandad por Larry Fink registrou a cifra recorde de ativos sob gestão, de US$ 11,5 trilhões, uma alta de 26% na comparação anual, impulsionada por uma recuperação nos mercados e um fluxo também recorde de novos investimentos.

Grande parte do novo capital dos investidores foi direcionada aos ETFs e fundos de índice, que são os preferidos da BlackRock. Apesar de apostar em seu carro-chefe, a empresa também vinha expandindo sua atuação em ativos alternativos, como os explorados pela bandeira Long Term Private Capital.

Analistas preveem que a gestora reportará no quarto trimestre lucros de US$ 11,38 por ação, um aumento significativo de US$ 9,66 por ação no ano anterior. A receita está projetada para atingir US$ 5,63 bilhões, acima dos US$ 4,63 bilhões de 2024.

O recente acordo definitivo da BlackRock para adquirir a HPS Investment Partners por aproximadamente US$ 12 bilhões ressalta seus movimentos estratégicos para expandir suas capacidades de investimento.

A reestruturação da Alacrity, no entanto, destaca os riscos inerentes a tais investimentos de larga escala e os desafios de gerenciar ativos carregados de dívidas. Essa perda de reestruturação pode impactar o sentimento do investidor e a perspectiva financeira da BlackRock.



Fonte: Neofeed

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Na Petz, o Ebitda fala mais sobre a empresa do que o lucro

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Tempo de Leitura:2 Minuto, 51 Segundo


O indicador preço sobre o lucro é uma maneira de medir se uma ação está barata ou se está cara. Na Petz, esse índice está em 359,94. Em uma leitura rápida significa que o investidor está pagando caro pela empresa.

No entanto, o caso da Petz está entre as exceções. A companhia tem alguns elementos não caixa que mexem com a última linha do balanço, ou seja, são apenas contábeis e não saem do bolso da companhia.

“O lucro, no caso da Petz, não é o número que melhor reflete a companhia. Eu iria mais pelo Ebitda, que é uma proxy muito melhor de geração de caixa do que o lucro”, diz Aline Penna, CFO da Petz, ao Números Falam, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.

Há dois fatores que explicam esse efeito contábil. O primeiro é o plano de stock option que foi emitido no auge da pandemia, quando o preço da ação estava perto de R$ 23 – em tela a PETZ3 negocia hoje a R$ 4,12.

Esse benefício aos executivos está reservado no patrimônio da companhia a R$ 23, mesmo a ação valendo cerca de 18% desse valor. Isso faz com que a empresa tenha um downside no lucro de aproximadamente R$ 25 milhões.

O segundo fator é a depreciação. Por mais que a empresa tenha crescimento no Ebitda – no terceiro trimestre, último balanço publicado, a alta foi de 14%, para R$ 74,6 milhões -, o histórico de investimento em abertura de lojas faz com que essa perda de valor com o ativo no tempo apareça nos números.

“Agora a depreciação está desacelerando e o nosso lucro vai ter uma trajetória de melhora. Mas, neste momento, ele não reflete tudo o que estamos vendo”, diz Penna.

“O filme que vemos para frente só mostra indicadores positivos”, complementa.

Desde meados de agosto do ano passado a Petz está em processo de fusão com a Cobasi. O acordo prevê a criação de uma plataforma pet nacional, com presença em mais de 140 cidades, com 494 lojas. A operação continua sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Enquanto o aval do Cade não sai, a Petz vem investindo no aumento da participação dos produtos de marca própria, que geram melhores margens para os resultados.

Do total de vendas da companhia, 40% está no segmento não alimentar. Nesse, a empresa é dominante e consegue liderar vários segmentos, como o dos tapetes higiênicos.

O Super Secão, por exemplo, marca adquirida em 2021, é a líder de vendas tanto nas lojas Petz como nas concorrentes. Somadas às demais marcas próprias, a empresa detém 80% de market share.

No entanto, 60% das vendas da companhia estão na categoria food. E nessa a Petz tem uma penetração menor, principalmente em ração seca. Por esse motivo, em dezembro a empresa lançou a ração Selections, em linha com o que os pares internacionais também fazem.

“Nesse cenário de competição, é importante ter marcas que o cliente só encontra na Petz ou, eventualmente, junto com a Cobasi, marcas que só serão encontradas nas duas redes”, diz a CFO.

“A Petz está em um mercado que cresce muito, praticamente não tem dívida, o que é bom no contexto atual, e não tem incentivo fiscal”, complementa.

Com valor de mercado de R$ 1,9 bilhão, a ação da Petz acumula alta de 7% em 12 meses.





Fonte: Neofeed

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União entre universo cripto e crédito privado gera oportunidades e atrai novos players

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Tempo de Leitura:4 Minuto, 31 Segundo


Os números são diametralmente opostos, mas dão uma noção da oportunidade que há pela frente. Enquanto o mercado global de crédito privado alcança cerca de US$ 1,7 trilhão, segundo a empresa inglesa de dados de investimentos Preqin, o de dívida tokenizada está próximo de US$ 9,5 bilhões, de acordo com a empresa de análise de dados de ativos digitais rwa.xyz.

Dentro desse mercado, a tokenização de crédito privado ocupa a segunda maior posição mundial, atrás apenas das stablecoins. Em terceiro lugar está a tokenização de Treasuries, com um valor total de US$ 4,18 bilhões.

O principal player global em tokenização de dívida é a securitizadora Figure, de São Francisco, responsável por mais de 90% das emissões. Contudo, com a crescente busca por crédito privado e os avanços na regulação de ativos digitais, o Brasil tem se destacado como um mercado relevante nesse cenário.

Pioneiro no país, o Mercado Bitcoin liderou a oferta desse tipo de ativo e atualmente ocupa a terceira posição no ranking global de tokenização de crédito privado, com cerca de US$ 90 milhões em empréstimos ativos e mais de US$ 171 milhões já emitidos, segundo a rwa.xyz.

“Temos investido em profissionais do mercado tradicional para ajudar na avaliação e estruturação das ofertas”, afirma Guilherme Pimentel, diretor de produto do Mercado Bitcoin. O volume de emissões de crédito privado pela empresa cresceu 200% no último ano, contra uma alta de 60% em 2023. “Para 2025, o plano é triplicar novamente.”

Entre as operações realizadas estão recebíveis de empresas, como Chilli Beans, Dux Nutrition e Rappi. A operação com a empresa de óculos solares aconteceu em dezembro do ano passado. Basicamente, eles fornecem os produtos para as lojas e antecipam o pagamento da venda, com um desconto. O pagamento, que iria para a Chilli Beans, vai direto pro investidor.

As emissões são feitas com base no Marco Legal de Securitização de 2022, que ampliou o leque de direitos creditórios. Os produtos são voltados a investidores de varejo, com mais de 70 mil usuários cadastrados na plataforma com exposição a esse tipo de ativo.

Outra estratégia de crescimento do Mercado Bitcoin é a emissão de tokens para financiar crédito de fintechs, tradicionalmente feita por FIDCs.

“Em vez de colocarmos esses recebíveis em FIDCs, temos empacotado o crédito por meio de certificados de recebíveis e emitido como instrumentos de renda fixa para investidores, em vez de um fundo”, explica Pimentel.

O principal risco nesse modelo está na qualidade do crédito originado pelas fintechs. Até agora, foram realizadas cerca de 200 operações desse tipo para mais de 20 fintechs.

Para as fintechs, esse modelo reduz custos em comparação à estruturação de FIDCs pois o uso de blockchain elimina despesas com custódia, liquidação, depósito e registro, além de viabilizar emissões menores. “Conseguimos operar com valores entre R$ 10 milhões e R$ 50 milhões, o que seria inviável para um FIDC devido às despesas envolvidas”, acrescenta Pimentel.

Outros players também seguem nessa direção no Brasil. É o caso da Mynt, corretora de criptoativos do BTG Pactual, que em breve planeja oferecer crédito privado tokenizado.

Segundo André Portilho, sócio e diretor de ativos digitais do BTG Pactual, esses ativos têm potencial para ganhar ainda mais tração no Brasil, especialmente em um ambiente de juros elevados.

“A tokenização do crédito privado é muito importante porque traz uma tecnologia mais eficiente para emissão, distribuição, negociação e liquidação dos produtos. O maior beneficiado é o consumidor final”, afirma Portilho.

A Bitybank também reconhece essa demanda e avalia a implementação de produtos de renda fixa digital em sua plataforma, embora ainda não tenha uma previsão de lançamento, segundo informou ao NeoFeed.

Já a Binance, maior corretora de criptoativos do mundo e líder em volume de negócios no Brasil, oferece produtos de renda fixa digital, mas sem conexão direta com “ativos do mundo real”. Entre as opções disponíveis estão o staking e as taxas de empréstimos fixos (fixed loan rates), que proporcionam rentabilidade ao permitir que criptoativos sejam usados para validações na rede, operações específicas ou emprestados a outros investidores. Até o momento, a Binance não tem planos para oferecer crédito privado tokenizado.

Para analistas da S&P, a evolução na tokenização de ativos do mundo real já levou a pequenos avanços na adoção, abrindo caminho para passos mais significativos no futuro. Entretanto, ainda há desafios a serem superados, como a qualidade do crédito, o progresso desigual nos frameworks legais e regulatórios para ativos digitais, além da capacidade de negociar tokens em diversas redes em vez de uma única plataforma.

Pimentel, do Mercado Bitcoin, acredita que é apenas uma questão de tempo para que a tokenização se popularize em outros setores da economia, como o mercado imobiliário, crédito de carbono e registro de automóveis. “Essa é uma tendência muito forte para este ano.”

Essa tecnologia, que transforma direitos financeiros em tokens digitais registrados em blockchain, está remodelando a forma como investidores e empresas acessam e estruturam financiamentos.

Menores custos de emissão, aumento de liquidez e transparência figuram entre as principais vantagens em relação à emissão tradicional de dívida — benefícios que têm impulsionado significativamente o crescimento do crédito privado tokenizado.

Dados recentes da Standard & Poor’s mostram que o segmento cresceu 66% em 18 meses, comparado a um aumento de 22% em dois anos no volume de crédito privado no mercado internacional. Os montantes, no entanto, ainda são bastante distintos.





Fonte: Neofeed

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