Negócios
Marciano Testa, do Agibank, o mais novo banqueiro bilionário do Brasil
Em meio a um mercado difícil para levantar capital para growth, o Agibank conseguiu não só fazer uma captação de R$ 400 milhões com a Lumina Capital, de Daniel Goldberg, como também quase quintuplicou o seu valuation, que agora é de R$ 9,3 bilhões (aproximadamente US$ 1,5 bilhão).
Com o aporte, a Lumina Capital, no primeiro cheque de private equity da gestora de Goldberg, ficou com uma fatia na casa 4%. A Vinci, que havia investido R$ 400 milhões em 2020, quando o Agibank foi avaliado em R$ 2 bilhões, foi ligeiramente diluída e tem pouco mais de 19%.
Por trás desse crescimento de valor do banco que atende as classes mais baixas com crédito consignado e pessoal está Marciano Testa, o controlador do Agibank com uma fatia estimada de mais de 70% – o que faz dele o mais novo banqueiro bilionário (sua participação vale aproximadamente US$ 1 bilhão).
“O Agibank não precisava desse capital, mas era constantemente assediado por fundos”, diz uma fonte próxima a Testa, ao NeoFeed. “Ele teve propostas que foram até maiores do que a da Lumina, mas optou pelo Goldberg, pois ele já chefiou um dos maiores investmet bank do Brasil (o Morgan Stanley).”
O interesse de diversos fundos pelo Agibank é fácil de ser compreendido. O banco de Testa tem um crescimento acelerado, conta com 82% de seus ativos colaterizados e é lucrativo. “É um ativo de alto crescimento, de baixo risco e com rentabilidade”, diz essa fonte.
Testa tem uma longa trajetória no mercado financeiro. Ele começou em 1999, aos 23 anos, quando fundou a Agiplan na época em que cursava faculdade. O modelo de negócio era o de um marketplace de crédito, quando esse conceito sequer existia.
Nessa época, representava bancos tradicionais e chegou a ser o maior distribuidor de crédito consignado do Bradesco. Em 2012, fundou a Agiplan Financeira. E a companhia evoluiu para se tornar o Agibank quatro anos depois, quando comprou o banco Gerador. Em 2020, ele atraiu mais de R$ 400 milhões do fundo de investimento Vinci.
Mas até chegar a esse ponto, Testa construiu uma história de muita superação. O controlador do Agibank é descendente de italianos, nascido e criado, com cinco irmãos, na pequena cidade de Fagundes Varela, interior do Rio Grande do Sul.
“Aprendi a falar italiano antes de falar português”, disse Testa, em uma entrevista ao NeoFeed, em janeiro de 2021. O pai, Antonio, era um operário da construção civil, a mãe, Edília, uma dona de casa que ganhava dinheiro costurando bolas de futebol.
Aos oito anos, vendia bolo de chocolate que a mãe fazia para os colegas de escola. Aos 14 anos, foi trabalhar como jardineiro na casa de um vizinho, que era professor do Senai, que conseguiu para ele um emprego com a programação de torno CNC na Tramontina.
De dia trabalhava e de noite ganhava um extra vendendo roupas. Aos 16 anos, já emancipado, ao perceber que estava ganhando mais com as roupas, montou uma loja. Chegou a ter duas delas, chamada Controvérsia, em Caxias do Sul. Vendeu as lojas e, em seguida, montou uma distribuidora de alimentos, a MMC Alimentos.
Sua estratégia com essa nova empresa era simples: comprava balas a granel, empacotava e vendia para lojas de R$ 1,99. Nessa época, cursava administração de empresas em Caxias do Sul, e percebendo que o mercado de crédito consignado ia crescer, pôs na cabeça que entraria nessa área.
Foi para Porto Alegre, conversou com as financeiras existentes e conseguiu a representação para vender em Caxias do Sul. O jovem empreendedor começou com a pastinha debaixo do braço e, diante do sucesso, rapidamente se mudou para Porto Alegre.
Entre 2007 e 2010, sua plataforma de distribuição desenvolvida para vender crédito, a Agiplan, movimentava R$ 550 milhões por mês. O negócio chamou a atenção do Bradesco, que pagou alguns milhões de reais, um valor não revelado por Testa, para ter exclusividade na plataforma.
Foi com esse capital que Testa comprou o Banco Gerador para transformá-lo no Agibank, que deve fechar o ano de 2024 com uma receita de R$ 8 bilhões, R$ 30 bilhões em ativos e lucro líquido na casa dos R$ 900 milhões – a carteira de crédito deve chegar a R$ 25 bilhões e a meta é atingir R$ 100 bilhões em 2030.
“Apesar dessa origem, o Testa se preparou muito. Ele, nos últimos cincos anos, morou um ano e meio nos EUA e estudou em Havard”, afirma uma fonte. “Esse curso o ajudou a trazer a visão da academia para validar a forma que pensava.”
De forma resumida, o Agibank é um banco que atende as classes mais pobres, mesclando a estratégia de pontos físicos com o digital. Tanto que, enquanto os grandes bancos estão reduzindo seus pontos físicos, o Agibank inaugurou a sua milésima unidade em São Pedro, no interior de São Paulo, em novembro deste ano.
Batizadas de Smart Hubs, essas unidades possuem custos 90% menores quando comparados com agências bancárias, o que torna essa rede muito mais leve em termos financeiros.
Nessas unidades, que não possuem caixa eletrônico, nem porta giratória, os clientes do Agibank recebem orientação financeira e auxílio para acessar serviços financeiros como crédito, seguros, contas e cartões no aplicativo.
Somente neste ano, o Agibank inaugurou 100 dos chamados Smart Hubs pelo País. A meta é chegar a 2,5 mil unidades até 2030. O foco até então dos Smart Hbus eram as cidades com mais de 100 mil habitantes.
Agora, o banco pretende também ter presença em municípios com mais de 50 mil pessoas, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, onde tem planos de abrir 200 lojas em 2025.
Dessa forma, o Agibank conseguiu conquistar um espaço só seu no mercado financeiro. De um lado, cresce com pontos físicos e fora do radar dos grandes bancos. Por outro, avança no digital em um nicho que o Nubank, que tem um público mais jovem e urbano, não está.
“O Agibank ocupou um espaço vazio entre os bancões e os bancos digitais”, diz outra fonte, que conhece o modelo de negócio do banco fundado por Testa. “E, quando a macroeconomia vai mal, eles vão bem.”
O mercado endereçável do Agibank é de aproximadamente 100 milhões de pessoas que moram no interior do País ou na periferia de grandes cidades. Em comum, elas têm pouco acesso à internet e necessitam de ajudar no ambiente digital.
O dinheiro captado com a Lumina vai ajudar na estratégia orgânica, mas também não está descartado M&As que possam acelerar os planos do Agibank. E, no futuro, novas rodadas, antes de um IPO também podem mais uma vez entrar no radar.
Negócios
Na China, carros elétricos devem superar vendas dos tradicionais em 2025
A China, o maior mercado automotivo do mundo, deve atingir novos patamares de consumo em 2025, com as vendas dos veículos elétricos ultrapassando as dos carros tradicionais. O feito coloca a China anos à frente dos concorrentes ocidentais, que têm registrado queda nas vendas desses modelos.
Em 2025, o país espera aumentar as vendas dos elétricos em cerca de 20%, chegando a mais 12 milhões de unidades em 2025, de acordo com as estimativas fornecidas ao Financial Times por quatro bancos de investimento e grupos de pesquisa.
Esse número é mais do que o dobro dos 5,9 milhões de veículos vendidos em 2022. No mesmo período, é esperado que as vendas de carros a combustão caiam mais de 10%, para menos de 11 milhões de unidades. Em relação à 2022, quando foram comercializados 14,8 milhões de veículos, os números representam uma queda de quase 30%.
Na visão de Robert Liew, diretor de pesquisa em energia renovável na Wood Mackenzie, o marco da China no setor de elétricos reflete o sucesso do país no desenvolvimento da tecnologia e na criação de cadeias globais de suprimento para recursos críticos necessários para esses veículos e suas baterias.
“A escala da indústria resultou em reduções acentuadas nos custos de fabricação e preços mais baixos para os consumidores”, afirmou Liew, ao FT.
Apesar do potencial chinês ser conhecido por todos, as novas previsões surpreenderam o governo de Pequim e também os órgãos internacionais, que vêm avaliando um mercado muito menos atrativo no restante do mundo.
Nos Estados Unidos e na Europa, que costumam liderar tecnologias no segmento automotivo, as vendas dos elétricos estão cada vez mais fracas, em meio a lenta adoção da tecnologia pela indústria tradicional, a incerteza sobre subsídios governamentais e o aumento do protecionismo contra as importações chinesas.
Em novembro, o jornal The Wall Street Journal fez um levantamento com 54 empresas, que vão desde montadoras a fabricantes de baterias, que mostra os desafios que elas estão enfrentando para “pagar” essa aposta nos elétricos.
Sete dessas empresas já entraram com pedidos de recuperação judicial. De um total de 36 companhias desse grupo, que apresentam números detalhados, três quartos delas estão perdendo dinheiro e 13 devem ficar com o caixa zerado até meados do ano que vem.
Apesar de estar nitidamente à frente das concorrentes ocidentais, o mercado chinês conta com seus próprios desafios internos. Dentro de casa, existe uma forte rivalidade entre as fabricantes e montadoras dos veículos elétricos, que querem um pedaço do mercado a qualquer custo.
Yuqian Ding, analista experiente de Pequim ligada ao HSBC, afirmou ao FT que, ao longo dos anos, o esperado é que o mercado chinês se consolide, eliminando grande parte dos participantes que existem hoje e deixando apenas os maiores – e mais fortes -, de pé.
“Embora o setor doméstico de EVs da China esteja claramente em expansão, ele também enfrenta questões como excesso de modelos, concorrência intensa e uma guerra de preços,” disse Ding. “Porém, a direção de longo prazo é clara: o avanço dos EVs na China não para.”
O HSBC estima que cada fabricante lance cerca de 90 novos modelos na China a partir do quarto trimestre de 2024, sendo quase 90% deles veículos elétricos. O número significa que o mercado terá quase um modelo de veículo novo por dia.
Negócios
No ranking dos IPOs, Índia passa, pela primeira vez, a China
A inflação elevada ao redor do mundo e a cautela com as economias americana e chinesa estão beneficiando a Índia que, com seu mercado de ações em alta, vem registrando um boom de listagem de empresas.
Segundo levantamento da Dealogic, pela primeira vez na história, a Índia será o segundo maior mercado de captação de recursos de capital do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e à frente da China.
Em 2024 (até dezembro) a National Stock Exchange of India movimentou US$ 17,3 bilhões em 310 listagens que captaram recursos primários e secundários. O valor das captações da China caiu 86%, passando de mais de US$ 48 bilhões em 2023 para apenas US$ 7,5 bilhões.
Um exemplo de captação que movimentou a bolsa indiana foi a da Hyundai Motor Índia, que levantou US$ 3,3 bilhões no maior IPO do ano por lá. Em segundo lugar, veio a empresa de entrega de alimentos Swiggy, que captou US$ 1,4 bilhão.
Um dos motivos para o boom dos IPOs na Índia é a forte demanda do mercado doméstico a partir da democratização do investimento para pessoas físicas. Ao mesmo tempo, o mercado chinês observa uma desaceleração.
Além de uma redução do ritmo de crescimento da segunda maior economia do mundo, houve um endurecimento das regulamentações para listagem no mercado de capitais da China — plano das autoridades de Pequim para restaurar o equilíbrio e evitar que o excesso de IPOs pudesse atrapalhar as negociações no mercado secundário.
Embora Hong Kong, o centro financeiro offshore da China, tenha sido uma alternativa para as empresas que pretendem captar recursos, com alta de 67% nas operações em 2024, é a Índia que tem sido o grande destaque.
Negócios
Goldman Sachs calcula o impacto das tarifas de Trump na economia dos EUA
Donald Trump retorna à Casa Branca em janeiro de 2025 sob grandes expectativas sobre a implementação das políticas prometidas durante a campanha. Uma das bandeiras que o elegeu é o endurecimento das relações comerciais com a China. Para isso, o futuro presidente dos Estados Unidos pretende dobrar a aposta feita ainda em seu primeiro mandato: aumentar as tarifas sobre importações chinesas.
A estratégia, segundo Trump, é fortalecer os produtores americanos contra os competidores chineses. No entanto, economistas temem que essa política gere efeitos negativos sobre a própria economia dos EUA.
Estimativas do Goldman Sachs indicam que as novas tarifas podem aumentar, em média, em 20 pontos percentuais as taxas sobre produtos importados da China. O impacto sobre o índice de Preços de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), principal referência de inflação do Federal Reserve, seria de 0,3%.
Os Estados Unidos são altamente dependentes da China para certos bens de consumo, como eletrônicos, que representam até 39% do valor atribuído a produtos chineses, além de roupas, calçados e eletrodomésticos.
Se as tarifas previstas forem totalmente repassadas, os preços de itens de origem chinesa podem aumentar entre 2% e 10%, segundo o Goldman Sachs. Contudo, o impacto médio nos preços ao consumidor, considerando produtos de todas as origens, seria mais modesto, variando de 1% a 2%.
No setor industrial, o aumento das tarifas sobre insumos importados poderia elevar os custos de produção entre 0,5% e 0,7%. “No entanto, algumas dessas indústrias possuem margens estreitas, e isso equivale a 10-30% do excedente operacional em setores como ferramentas de máquinas, carrocerias de automóveis, móveis e têxteis”, destaca o relatório.
A maior preocupação é em relação às potenciais retaliações da China e seus efeitos em setores-chave. No centro do debate estão as importações de grafite natural, terras raras e antimônio, matérias-primas essenciais para indústrias de automóveis, smartphones, hardware de computadores e tecnologias de defesa. Mais de 70% dessas importações americanas vêm da China, frente a cerca de 60% em 2017.
Recentemente, a China sinalizou retaliações ao anunciar que suspenderá a emissão de licenças para exportação de terras raras aos Estados Unidos.
O Brasil e o Vietnã, que poderiam servir como alternativas, possuem cerca de metade das reservas chinesas de terras raras, mas não estão explorando nem produzindo ativamente esses minerais, segundo o relatório.
A dependência dos EUA também cresceu em relação às baterias de armazenamento elétrico, com as importações da China saltando de cerca de 30% para 55% entre 2017 e 2024.
“Para muitos desses materiais, não é fácil substituí-los por alternativas nos processos industriais ou obtê-los em quantidade suficiente de outros países, já que a China continua sendo o maior produtor e exportador desses insumos”, afirma o relatório, assinado pela economista do Goldman Sachs Elsie Peng.
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