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Na JHSF, uma nova onda de investimentos e uma meta de R$ 5 bilhões

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Na JHSF, uma nova onda de investimentos e uma meta de R$ 5 bilhões
Tempo de Leitura:9 Minuto, 59 Segundo


Lançada no fim de 2022, a JHSF Capital foi o cartão de visitas de Augusto Martins na JHSF, grupo de real estate avaliado em R$ 2,9 bilhões e dono de ativos e marcas voltadas à alta renda como Shopping Cidade Jardim, Fazenda Boa Vista e Fasano.

Após mais de 20 anos no Banco Alfa, Martins foi o escolhido para liderar a gestora, um dos braços da tese da JHSF para ir além da incorporação, em direção a negócios de receita recorrente. O que estendeu seus tentáculos em espaços como shoppings, hotéis, restaurantes, um aeroporto e até mesmo clubes de surfe.

No início de 2024, Martins assumiu o comando desse leme, quando foi nomeado CEO do grupo. E, como parte da sua agenda no novo posto, a JHSF Capital é justamente um dos destinos da próxima onda de investimentos e prioridades no horizonte da holding.

“A JHSF já tem R$ 1,7 bilhão de ativos sob gestão e a expectativa é alcançar R$ 5 bilhões no curto prazo”, diz Martins, ao NeoFeed.

Ele cita um dos próximos passos para atingir essa meta: “Nós vamos trazer um fundo para investidores no nosso braço de locação, que vai ser o primeira na nossa vertical de renda”.

A JHSF também está conectada com os planos de outros elos desse ecossistema que está sendo erguido pelo grupo. A área foi, por exemplo, a porta de entrada para uma parceria firmada em março deste ano com a 1686 Partners, gestora de private equity criada por David Wertheimer, um dos herdeiros da Chanel.

Além de um fundo focado em marcas de luxo no Brasil e na América Latina, o acordo contempla a possibilidade de a JHSF desenvolver operações do portfólio da 1686 Partners com exclusividade na região. Assim como abre caminho para que marcas locais façam o caminho inverso.

A JHSF Capital também atuou como advisor nas vendas de fatias em cinco shoppings da JHSF no segundo trimestre de 2024, por cerca de R$ 552 milhões. E que, somadas a uma emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) de R$ 700 milhões, reforçaram a estrutura de capital do grupo no período.

“Essa estratégia trouxe e vai trazer recursos para seguirmos aportando nos projetos que temos pela frente”, afirma Martins. “E temos planos de expansão em todas as verticais de renda recorrente.”

Além do caixa reforçado, os números do segundo trimestre da JHSF, divulgados na última quarta-feira, 14 de agosto, fundamentam e sustentam esse apetite da companhia. Nesse intervalo, o grupo reportou um lucro líquido consolidado de R$ 168,8 milhões, alta de 59,5% sobre igual período, um ano antes.

O Ebitda ajustado entre abril e junho foi de R$ 202,7 milhões, um desempenho 26,7% superior sobre o segundo trimestre de 2023. Já a alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 1,56 vez, contra 1,63 vez, há um ano.

A receita líquida, por sua vez, cresceu 1,8%, para R$ 396,4 milhões. Na contramão desse avanço mais tímido, a receita líquida dos negócios de renda recorrente, foi de R$ 284,2 milhões, uma expansão anual de 24,8%. Enquanto o lucro líquido no segmento teve um salto de 414,5%, para R$ 78,8 milhões.

Nesses negócios, a receita de locação residencial e clubes, por exemplo, cresceu 169,1%, para R$ 18,8 milhões. A de shoppings, 33,8%, para R$ 82,8 milhões, e a de aeroporto ficou em R$ 44 milhões, alta de 64,4%.

Na quinta-feira, 15 de março, o primeiro pregão após a divulgação do balanço, as ações da JHSF fecharam o dia com alta de 1,90%, negociadas a R$ 4,30. No ano, os papéis acumulam queda de 22,8%.

Na entrevista ao NeoFeed, Martins detalha as principais entregas e investimentos no radar da JHSF, em todas as verticais de renda recorrente, além de falar das perspectivas para a incorporação, o negócio tradicional do grupo, nesse pacote. Confira:

O que o balanço do segundo trimestre diz sobre o momento e, principalmente, o futuro da JHSF?
Esse balanço mostra de forma relevante, contundente e expressiva a representatividade dos negócios de renda recorrente, com mais de 50% da nossa geração de caixa já vindo dessas verticais. E vamos imprimir cada vez mais força para chegar a dois terços. Todas essas unidades tiveram crescimento em volume e em margem, o que é incomum. Ao mesmo tempo, nós endereçamos outros pontos importantes, como a nossa estrutura de capital.

Nessa direção, o grupo captou R$ 700 milhões com CRIs no período. Há planos de novas emissões?
Essa foi a maior emissão de CRIs que já fizemos, com uma demanda de mais de duas vezes a oferta. Estamos analisando uma nova emissão e olhando não mais os vencimentos de 2024, mas já antecipando os vencimentos de 2025 para buscar um custo melhor de capital e alongar ainda mais o duration da carteira, que já é longo, acima de cinco anos.

A JHSF também foi bastante ativa em M&As na vertical de shoppings no período. Existe apetite para novos desinvestimentos?
Nós reciclamos um capital importante com a venda de participações em shoppings menos conectados ao nosso core de alta renda. E vamos observar outros movimentos nesse sentido. Nós investimos fortemente nas áreas de renda recorrente nos últimos anos e, agora, esses projetos começam a maturar. Acabamos de expandir, por exemplo, o São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, de 9 para 12 hangares, que já estão, basicamente, 100% tomados. Então, já estamos olhando uma ampliação para 17 hangares. E temos planos de expansão em todas as verticais de renda recorrente. Essa estratégia trouxe e vai trazer recursos para seguirmos aportando nos projetos que temos pela frente.

“Nós temos planos de expansão em todas as verticais de renda recorrente”

A JHSF Capital é um dos braços mais recentes nessa diversificação e tem sido uma via para financiar essas expansões. Qual é o porte e o pipeline de captação dessa unidade hoje?
Ela foi o meu cartão de visitas no grupo e nasceu com esse foco de ter uma estrutura mais dinâmica, com a participação do capital de terceiros para o desenvolvimento dos ativos. Essa unidade foi, por exemplo, o advisor dos M&As recentes que fizemos. Hoje, a JHSF Capital já tem R$ 1,7 bilhão de ativos sob gestão e a expectativa é alcançar R$ 5 bilhões no curto prazo. Estamos prestes a fechar o fundo para desenvolver o hotel Fasano London Mayfair, que é nossa primeira incursão na Europa, e acabamos de concluir a primeira tranche do fundo em parceria com a eB Capital, onde captamos cerca de R$ 160 milhões para o desenvolvimento de casas em bairros de alta renda.

Há outros fundos em captação ou planos de novos produtos?
Estamos fazendo também um fundo para o desenvolvimento do hotel Fasano Miami e vamos trazer um fundo para investidores no nosso braço de locação, que vai ser o primeiro nessa vertical de renda, além de um fundo de recebíveis.

Como a parceria recente da JHSF Capital com a 1686 Partners se encaixa nesse contexto?
O David Wertheimer, que é o principal sócio da 1686, e a sua família tem uma conexão muito forte com o setor de luxo e lifestyle global. Então, além de um fundo em conjunto, essa joint venture traz um intercâmbio de experiências e desenvolvimento de marcas, tanto do portfólio deles, que traremos com exclusividade ao Brasil, como o movimento contrário, de marcas nacionais que possam fazer essa jornada internacional. Nós entramos com essa leitura da América Latina e eles com essa visão global. Estamos bem avançados com uma marca do portfólio da 1686, que vamos anunciar em breve.

Fora do Brasil, o negócio de hotelaria e gastronomia tem sido a via de expansão internacional da JHSF. Quais são os próximos passos nessa direção?
Nosso maior foco nessa vertical é o mercado internacional. Além dos hotéis em Punta Del Este e em Nova York, já em operação, do Fasano Miami, em desenvolvimento e com inauguração prevista para 2026, e de Londres, que é nossa próxima incursão, estamos olhando as principais capitais do mundo na Europa, Oriente Médio, América do Norte e Caribe. Nosso plano é chegar a 20 operações e estamos em negociações avançadas em cinco novas localidades que devemos anunciar em breve.

E no Brasil?
Vamos inaugurar nos próximos meses o Surf Lodge Hotel, com piscina de ondas e 69 apartamentos, além do Grand Lodge Hotel, ambos no Boa Vista Village e operados pelo Fasano.

No que diz respeito aos shopping centers, quais são as próximas entregas?
Vamos inaugurar, neste segundo semestre, o Town Center no Boa Vista Village, com 15 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL), além da primeira fase da Usina São Paulo, conectada ao complexo Cidade Jardim, trazendo de volta a Casa Fasano, que sempre foi um espaço icônico de eventos em São Paulo. Esse projeto tem um paisagismo assinado pela Maria João D’Orey e vai ter o Buffet Fasano operando com exclusividade. E já começamos as obras do Shopping Faria Lima, que tem previsão de abertura em 2026.

De todos esses negócios, o mais recente é o de locação e de clubes. Como essa unidade tem evoluído?
Um dos motes do desenvolvimento desse braço é o fato de que o negócio de incorporação está com o ciclo mais alongado e com oportunidades cada vez mais difíceis de encontrar projetos únicos como os nossos. Então, decidimos guardar parte desses ativos como propriedade e crescer esse negócio de renda recorrente de propriedade dentro do nosso balanço. Nós já vemos esse braço com um NOI (Net Operating Income, na sigla em inglês) estabilizado na faixa de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões e essa é uma área que vai ter um avanço importante com a chegada de novas unidades.

Qual é esse pipeline de novas unidades para locação?
Temos unidades chegando no Fasano Residences, conectado ao complexo Cidade Jardim, e no Golf Residences e no Grand Lodge, ambos no Boa Vista Village. E uma área para construir em cima do Town Center, além de unidades que virão do Reserva Cidade Jardim, um novo empreendimento que vamos lançar de casas para locação. Hoje, são 64 unidades ao todo sendo comercializadas nessa vertical, com 27 mil metros quadrados, e 142 em desenvolvimento. Vamos adicionar 72 mil metros quadrados num horizonte de até cinco anos. Já em clubes, vamos inaugurar até o fim do ano o São Paulo Surf Club.

“Estamos trazendo mais previsibilidade pro balanço e para os nossos acionistas, além de uma melhora na composição de risco da JHSF”

Diante de tantos projetos em renda recorrente, como fica o negócio tradicional de incorporação?
Com essa diversificação, estamos trazendo mais previsibilidade para o balanço e para os nossos acionistas, além de uma melhora na composição de risco da JHSF. E estamos suavizando um cenário macro que não é tão favorável no momento para os negócios de incorporação. Nos últimos trimestres, nós tomamos a decisão conservadora e acertada de preservar o valor dos nossos estoques, vis a vis a venda desses estoques com margens menores ou por preços inferiores ao que costumamos praticar. Mas mesmo nesse contexto, já vimos um crescimento do primeiro trimestre para o segundo trimestre na incorporação.

E quanto à expansão nessa vertical?
Estamos entregando unidades no Boa Vista Village e no Fasano Residences. E um projeto novo que é inaugurar o hub de Bragança Paulista, com o Fazenda Santa Helena, que vai ser um condomínio com lotes de alto padrão. Esse é o projeto que está em fase avançada de aprovação. Não temos controle sobre esse processo, mas estamos trabalhando fortemente para que isso aconteça ainda no segundo semestre. Vamos seguir fazendo e destinando boa parte do que produzimos à incorporação. Nós gostamos de fazer e esse é o nosso DNA. Mas dentro desse ciclo de expansão, isso vai acontecer com um menor volume disponível para venda e um volume destacado para a locação.





Fonte: Neofeed

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agricultor capixaba se torna campeão de day trade

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Da lavoura à bolsa de valores: agricultor capixaba se torna campeão brasileiro de day trade
Tempo de Leitura:4 Minuto, 16 Segundo


Mais de 1.000 quilômetros separam a Faria Lima de Rio Bananal, uma cidade com menos de 20 mil habitantes localizada ao norte do Espírito Santo, próximo da fronteira com a Bahia. É lá, longe do centro financeiro de São Paulo, que mora Leonardo da Costa, vencedor do 1º Campeonato Brasileiro de Trade Nelogica.

Sem nunca ter participado de uma competição do tipo, o agricultor de 34 anos obteve o melhor resultado na fase final do campeonato, realizada entre 11 e 12 de dezembro. Em dois dias, acumulou um lucro de R$ 21 mil, respeitando os limites operacionais do campeonato: 10 contratos de mini-índice e mini-dólar.

Todas as etapas foram realizadas por meio de um simulador, sem perdas ou ganhos reais. Mas o prêmio em dinheiro foi ainda maior que o lucro obtido nas operações, totalizando R$ 65 mil.

Costa, que trabalha com a família em lavouras de café na região de Rio Bananal, conta que ficou surpreso com o próprio desempenho. Ele, que nunca cursou universidade, diz que descobriu o mercado financeiro há cinco anos por meio de seu irmão mais novo, Lucas, então com 19 anos.

“Em algumas épocas do ano, tem menos trabalho no campo. Então, estava procurando algo para ganhar um dinheiro extra”, diz ele.

Encantado com o momento promissor do mercado brasileiro na época, o irmão disse que era uma forma de “ganhar dinheiro fácil”. Costa logo desconfiou de seu irmão mais novo. “Achei estranho, porque se fosse tão fácil teria muito mais gente fazendo. Depois de um tempo ele não falou mais sobre isso, acho que porque perdeu dinheiro”, relembra.

Já havia deixado a ideia de lado quando um comprador de café o apresentou novamente ao mercado financeiro. “Ele exportava café e estava olhando um gráfico. Perguntei o que era, mas não entendi muito. Foi então que comecei a pesquisar e encontrei algumas mentorias na internet”, recorda.

Após mais de um ano de estudos e simulações no home broker, Costa decidiu começar a operar com dinheiro real. “Tinha dia que eu estudava das 19h até 4h da manhã. No começo, fiz muita coisa errada. Fui ajustando as estratégias até começar a ter algum lucro. No mercado, você nunca sabe tudo. O segredo é ter um bom plano de gestão de risco e não relaxar.”

Sem a arrogância de muitos profissionais do mercado, ele acredita que a dinâmica do campeonato favoreceu seu estilo de negociação. “Tinha muita gente boa competindo. Outros poderiam ter vencido. Mas fico feliz de ter ganhado, mostra que estou no caminho certo.”

Organizado pela Nelogica, o Campeonato Brasileiro de Trade teve mais de 500 traders inscritos. O segundo e o terceiro colocado receberam R$ 26 mil e R$ 12 mil, respectivamente. A premiação do 4º ao 50º colocado foi de R$ 2 mil. A competição foi organizada em duas fases, com os 50 primeiros se classificando para a final. Costa terminou a primeira etapa em 36º.

“Descobrimos verdadeiros talentos com muito potencial, inclusive, para seguirem carreira em instituições financeiras se desejarem”, afirma Layonel Pinheiro dos Santos, especialista em plataformas de trading da Nelogica.

Desde o início de seus estudos, Costa se dedicou ao day trade, que consiste em montar e desmontar as operações no mesmo dia — uma das regras do campeonato. “Tenho como base análise técnica e tendências, quase sempre usando gráficos. Na competição, tive que me adaptar, porque o prazo era muito curto.”

Mesmo fora do campeonato, Costa nunca dormiu com uma posição aberta, encerrando todas no mesmo dia. Isso, porém, não o impediu de ter a madrugada como um de seus horários preferidos para operar. Geralmente, acordo às 4h da manhã para negociar no mercado americano de futuros e vou até  às 7h.”

Essa rotina permite que ele concilie o trabalho na lavoura com o day trade. Na época da colheita de café, entre março e julho, a alta demanda de trabalho na roça o impede de operar no mercado de futuros local, que funciona das 9h às 18h.

No mercado brasileiro, quando tem tempo, Costa opera contratos futuros de mini-índice e mini-dólar, mas nunca ações. “Gosto mais de ficar na frente do gráfico.” Mas, mesmo quando tem a oportunidade, o trader não opera todo dia. “Tem dia em que o mercado não está favorável ao perfil de negociação. Saber quando não operar também é uma forma de operar.”

Moradores da área rural de Rio Bananal, a família de Costa fica com metade da produção de café, enquanto a outra metade vai para o “patrão”. Todo o trabalho é feito manualmente. “As máquinas chegaram há quatro anos na região, mas só os grandes produtores têm acesso a elas.”

O sucesso no mercado financeiro já faz Costa pensar em mudar de carreira. Ele planeja cursar faculdade de economia no ano que vem e se aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. “Em dois anos, pretendo fazer disso minha principal fonte de renda.”

Ele descarta, por ora, trabalhar para alguma instituição financeira. “Meu foco era encontrar uma profissão que me permitisse trabalhar de qualquer lugar, sem ficar ‘preso’, e o day trade proporciona isso.”



Fonte: Neofeed

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Negócios

Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago

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Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago
Tempo de Leitura:4 Minuto, 46 Segundo


Era véspera de Natal de 2024, e Cesar, após um dia intenso de reflexões e trabalho, tomou sua taça e caiu no sono. Mas não era um sono comum. Ele logo percebeu estar caindo por um túnel de palavras, como se fosse sugado por um redemoinho de livros, algoritmos e estrelas natalinas. Tudo girava ao seu redor, até que ele aterrissou suavemente em um lugar que parecia ao mesmo tempo antigo e futurista, iluminado por velas cintilantes e circuitos dourados.

Diante dele, três figuras extraordinárias emergiram da névoa — Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago. Cesar esfregou os olhos, sem acreditar no que via. Parecia ter entrado em um sonho que misturava o espírito de celebração com um encontro impossível, como se tivesse tropeçado em seu próprio País das Maravilhas.

Pessoa: Bem-vindo, Cesar. Não se assuste. Às vezes, o Natal nos concede presentes inesperados, como este encontro. Eu sou Fernando Pessoa. Dizem que sou múltiplo, mas prefiro me ver como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que distorcem, refletindo falsamente uma única realidade que não está em nenhum e está em todos.

Camões: Saudações, Cesar! Sou Luís de Camões, navegante das palavras e dos mares. Este é um tempo propício para contemplar os novos mundos que desbravamos. Por suas vestes e seu ar, vejo que vens do moderno, como quem navega as águas da inovação.

Saramago: Cesar, um prazer tê-lo conosco. Sou José Saramago, um questionador do óbvio. Parece que este seu devaneio nos reuniu para discutirmos o que significa ser humano em um tempo em que máquinas pensam e o mundo busca sentido. E, claro, neste Natal, entendido não apenas como celebração religiosa, mas como um tempo de união, reflexão e renovação, valores humanos universais que transcendem qualquer crença. Valores que até um ateu rabugento como eu consegue apreciar.

Cesar, ainda atônito, percebeu que o sonho parecia mais real do que podia imaginar. Ele, que sempre se viu como um sonhador e entusiasta da tecnologia, agora dividia espaço com três gigantes da literatura. Recuperando-se, decidiu embarcar na conversa, tratando cada pronome e conjunção como se fossem peças de porcelana fina.

Cesar: É uma honra conhecê-los. Se este é um sonho, é o mais extraordinário que já tive. Estamos em um momento em que a tecnologia avança exponencialmente, mas também nos confronta com questões profundas sobre propósito e humanidade. E é Natal, uma época que sempre nos convida à reflexão. Aqui estamos, no limiar de um novo ano…

Pessoa: Ah, Cesar, o humano, por essência, é um navegante do desconhecido. A inteligência artificial que agora molda teu mundo funciona como um espelho: reflete nossas inquietações, nossos anseios e nossos temores. Mas eu me pergunto: será que sabemos o que realmente desejamos encontrar nesse reflexo?

Camões: Diria que enfrentamos monstros e tempestades, como outrora. Mas hoje os monstros são invisíveis, feitos de dados e códigos. Dizer-se-ia que, pelo menos, esses não me custaram um olho… O Natal, porém, nos lembra de olhar para o essencial — o humano, o afeto, o desejo de construir algo que transcenda o tempo.

Saramago: E será que estamos olhando para isso, Cesar? Ou estamos cegos, como em minha história? O Natal é cheio de luzes, mas será que essas luzes não nos ofuscam? Criamos máquinas que pensam, mas ainda falta pensarmos profundamente sobre o que queremos delas — e de nós mesmos.

Cesar refletiu por um momento, sentindo o peso das palavras daqueles mestres. Ele sabia que aquelas questões eram fundamentais, tanto para a tecnologia quanto para a vida.

Cesar: Concordo, Saramago. A tecnologia deve ser um meio para criar valor humano, não um fim em si mesma. O Natal é um bom lembrete de que precisamos equilibrar o avanço com a ética, com a sabedoria que direciona nosso conhecimento. Afinal, inovação sem humanidade é como uma caravela sem destino.

Pessoa: Belo pensamento, Cesar. Então dirias que inovar é como escrever um poema? Cada palavra, cada linha deve estar carregada de significado. No final, é o espírito humano que precisa brilhar, mesmo em um mundo repleto de máquinas.

Camões: E que nunca percamos a coragem, Cesar. Navegar é preciso, como sempre digo, mas é igualmente necessário conter os ventos quando ameaçam nos levar ao abismo. O Natal nos dá uma bússola: olhar para o próximo, celebrar o que somos e planejar com sabedoria o que seremos.

Saramago: E com olhos abertos, sobretudo. A tecnologia é um mar fascinante, mas exige vigilância constante. Este rabugento apenas deseja que, neste Natal e no ano que se inicia, a humanidade encontre o equilíbrio entre o que pode criar e o que deve preservar.

Cesar sentiu o coração aquecido, inspirado por aquelas vozes que transcenderam o tempo. Ele ergueu os olhos para as três lendas e respondeu com convicção.

Cesar: Levarei essas reflexões comigo, senhores. Que a inovação seja guiada pela poesia, pela prudência e pela paixão humana. Que este Natal nos lembre que, por mais avançados que sejamos, o essencial sempre será invisível às máquinas: a empatia, a solidariedade e a esperança.

E assim, no coração de um sonho impossível, Cesar ergueu a taça de tinto e brindou com três imortais da literatura portuguesa. Juntos, em meio ao espírito do Natal de 2024, refletiram sobre o humano, o tecnológico e o eterno.

Quando Cesar despertou, trazia consigo não apenas o calor de uma noite natalina, mas também a sabedoria de um encontro extraordinário, que o inspiraria nos mares do ano novo. Ao seu lado, uma taça vazia, com borras que curiosamente formavam as letras P, C e S, como um lembrete sutil de que algumas companhias são mais que um sonho.

*Cesar Gon é fundador e CEO da CI&T



Fonte: Neofeed

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Ornare mobília novos “territórios” (no Brasil e no mundo)

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Ornare mobília novos
Tempo de Leitura:5 Minuto, 23 Segundo


Depois de “aterrissar” em Dubai, em maio do ano passado, onde inaugurou seu primeiro showroom no Oriente Médio, a Ornare está de malas prontas para reforçar suas operações na Europa e nos Estados Unidos.

A marca brasileira de mobiliário referência no mercado high-end está desembarcando em Lisboa, onde abriu seu segundo showroom no Velho Continente. E estreou, em novembro, uma loja em Nova Jersey, consolidando sua presença nos Estados Unidos, onde está presente desde 2006.

Segundo Esther Schattan, fundadora e diretora da Ornare, a expansão internacional é parte da estratégia de diversificação das receitas da companhia, movimento que conta com uma nova frente: a incorporação.

“Atendemos um mercado de alto padrão e esse mercado é mais restrito em todos os lugares”, diz Esther, ao NeoFeed. “Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares.”

O showroom lisboeta está sendo instalado no bairro Amoreiras, região de classe média alta e que abriga o Centro Comercial das Amoreiras, o primeiro shopping da capital portuguesa, além de cafés, hotéis e restaurantes.

A expectativa é de que as obras da loja sejam finalizadas até o primeiro semestre de 2025, mas a Ornare já está operando em Portugal, recebendo pedidos dos clientes.

A empresa conta com dois sócios brasileiros para entrar no mercado português: Alexandre Mangabeira, ex-co-CEO da RNI Construtora e com passagem pela Tecnisa, e Luciana Vassalo, antiga diretora de negócios da RNI, tendo trabalhado também na Melnick.

É o mesmo formato que a empresa utilizou quando foi para Dubai, em que se associou a Carina Fontes e Shalise Basso, dupla de arquitetas brasileiras residentes um dos sete emirados que integram os Emirados Árabes Unidos (EAU). As lojas da Ornare se dividem entre franquias, sociedades e unidades próprias.

Segundo Stephan Schattan, diretor de exportação da empresa, a escolha por Lisboa para abrir a segunda loja europeia ocorreu pela questão da língua, pelo fato da empresa conhecer e ter clientes em Portugal e também para aproveitar o forte contingente de brasileiros e de outras nacionalidades, atraídos pelas políticas migratórias portuguesas.

A Ornare começou a se instalar na Europa no ano passado, quando inaugurou seu primeiro showroom em Milão. A unidade está localizada no imponente Palazzo Gallarati, datado do século XVIII, localizado no famoso Quadrilatero della Moda, na Via Manzoni, região conhecida pelas diversas marcas de alto padrão.

“A ideia é que Portugal possa atender toda a região de Lisboa e Porto, e também a Espanha”, diz Stephan. “Associado a Milão, conseguimos atender melhor a Europa. Quando falamos que temos loja em Milão e em Lisboa, reforçamos a marca na Europa.”

A chegada a Portugal é mais um passo da estratégia de expansão da Ornare, iniciada em 2006, via Miami. O plano é baseado em três frentes: Estados Unidos, onde possui 11 lojas, Europa, que conta com duas, e Oriente Médio, com a unidade de Dubai.

“Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares”, diz Esther Schattan (Foto: Rodrigo Zorzi)

As operações internacionais representam cerca de 25% a 30% do faturamento da Ornare, que não foi informado. Com as expansões planejadas, a expectativa é de que possa chegar a 40% de participação.

No curto prazo, a Ornare planeja ampliar sua presença nos Estados Unidos para mais três cidades: Palm Beach, Washington e Boston. Mas isso não quer dizer que a empresa está deixando o Brasil de lado.

Com 17 lojas no País, a empresa pretende abrir unidades em Recife (PE), Balneário Camboriú (SC) e Campo Grande (MS), ainda que já opere nessas localidades.

Para conseguir atender essas novas unidades, a Ornare vai ampliar a capacidade de sua fábrica, localizada em Cotia, no interior de São Paulo. O valor do investimento na fábrica não foi revelado, nem quanto a capacidade de produção aumentará. A fábrica roda em dois turnos e os investimentos abrem caminho para adicionar mais um.

Assinatura Ornare

Junto com a expansão internacional, a Ornare está fechando uma série de parcerias com construtoras e incorporadoras para terem empreendimentos com a assinatura “by Ornare”.

A companhia fez um primeiro empreendimento em Goiânia, em parceria com a O.M. Incorporadora. Batizado de Autoria by Ornare, o prédio possui 143 apartamentos, com unidades de uma e duas suítes, de 49 a 88 metros quadrados. A Ornare ficou responsável pela mobília da área comum e armários em alguns apartamentos.

Com entrega prevista para novembro de 2027, o empreendimento apresenta um valor geral de venda (VGV) de R$ 120 milhões e teve 60% das unidades comercializadas nos seis primeiros meses de lançamento.

A companhia também assinou, no fim de novembro, um acordo com a incorporadora Next e com o escritório do arquiteto Olegário de Sá, para desenvolver um empreendimento no Itaim, em São Paulo, voltado para renda, chamado Next Itaim by Ornare.

Com VGV de R$ 70 milhões, o prédio conta com 83 unidades de 20 a 60 metros quadrados, com previsão de entrega em 2027. A Ornare ficou responsável pelos móveis.

“No começo fomos um pouco céticos, mas a gente gostou do primeiro lançamento, em Goiânia, e pretendemos continuar”, diz Pitter Schattan, diretor comercial da Ornare São Paulo e Brasil.

A companhia já tem atuação no mercado imobiliário, mas vendendo seus produtos para empreendimentos. Em Miami, a Ornare é responsável pelos closets nos apartamentos das duas torres do St. Regis Sunny Isles, que prometem se tornar ícones arquitetônicos da cidade. O apartamento mais barato é de US$ 7 milhões.

A Ornare pretende, agora, crescer essa vertical de empreendimentos assinados. Em Goiânia, o plano é repetir a parceria com a O.M. Incorporadora em um novo prédio, previsto para ser lançado em 2025.. Segundo Pitter, esse tipo de iniciativa vai ganhar espaço na Ornare, com o setor imobiliário se tornando um novo braço de negócios, capaz de representar 10% do faturamento da empresa.

A assinatura de projetos por nomes da moda e do design vem ganhando força no mundo da incorporação. A Cyrela fechou uma parceria com a Armani para construir um empreendimento residencial em São Paulo, que promete ser um dos mais altos da capital paulista, com a marca Armani/Casa, marca de móveis da grife italiana de luxo.

A Mitre Realty também lançou um empreendimento premium em São Paulo com a marca Daslu, que virou referência no mercado de luxo brasileiro e trouxe para o País grifes como Chanel, Gucci e Prada.





Fonte: Neofeed

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