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Natal e Ano Novo podem dar uma mãozinha ao governo na batalha do câmbio?

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Tempo de Leitura:4 Minuto, 58 Segundo


Selic a 15%, inflação a 5%, dólar acima de R$ 6, juro real a 9,5%, PIB em queda e crédito firme, mas com bancos na retranca em novas concessões e de olho na inadimplência compõem o cenário econômico do Brasil até onde a vista alcança. E o Ano Novo não dá pinta de ser tão novo assim.

Nem a desova de US$ 20 bilhões pelo Banco Central em dezembro, até a quinta-feira, 19, nem o avanço nas votações do pacote fiscal no Congresso, a regulamentação da Reforma Tributária sobre o consumo e o encaminhamento do Orçamento de 2025 neutralizaram o mau humor do mercado.

A desidratação do pacote pelos parlamentares aprofundou a desconfiança nos rumos da política fiscal e não há sinal de alívio consistente à frente porque o mercado quer mais medidas. E para já.

A visão de que o governo só vai driblar o risco fiscal se cortar gastos, que gastar menos não conta e que o momento exige melhor articulação no Congresso mantém o dólar pressionado. E o dólar arrasta os juros.

A persistir o movimento – por demanda para hedge e remessas ao exterior ou especulação – o câmbio não tardará a elevar o risco Brasil, afastando, de vez, o investidor estrangeiro do País. O financeiro e o focado na economia real.

A aprovação da Reforma Tributária sobre o consumo, que levará o Brasil à liderança global em cobrança do IVA com alíquota de 28%, em vez de ser comemorada agrava expectativas com a reforma sobre a renda. E a percepção de analistas é de que ela reservará surpresas para além da taxação de quem ganha R$ 50 mil para compensar a isenção de quem ganha até R$ 5 mil.

E prevalece o entendimento de que a tensão fiscal não será atenuada tão cedo e tampouco haverá reancoragem de expectativas de inflação. Há possibilidade de arrefecimento de preços com dólar em alta de quase 28% no ano?

Embora pontual, mas com chance de aprofundar a instabilidade dos mercados, a valorização do dólar poderá aumentar nos próximos dias com os feriados de Natal e Ano Novo que levam à redução da liquidez das operações pelo fechamento da B3 nos dias 24, 25, 31 de dezembro e 1º de janeiro.

A queda no volume de negócios poderá provocar e/ou ampliar a distorção de preços dos ativos – especialmente câmbio e juros – negociados em instrumentos derivativos na bolsa. Mas não pode ser descartada uma trégua no debate sobre a escalada desses indicadores pelo esvaziamento previsto (e sazonal) das mesas de operações, sobretudo, de tesourarias bancárias.

Ainda que mais brando após o BC bombardear o mercado com US$ 8 bilhões na quinta, 19, o câmbio produzirá estrago na inflação e sob o risco de abater a popularidade de Lula, praticamente estável em dezembro ante outubro, segundo as pesquisas Quaest e Datafolha divulgadas, respectivamente, em 11 e 18 de dezembro. Porém, a sondagem da Quaest disparou alertas relevantes.

Entre eles, a percepção dos entrevistados – 8.598 em todo o País – de forte elevação nos preços de alimentos, contas de água e luz e combustíveis. Melhora do mercado de trabalho, mas menor poder aquisitivo.

Para 43% dos pesquisados hoje está mais fácil conseguir um emprego. Entretanto, para 68%, o poder de compra é menor que um ano atrás. E, tão relevante quanto inesperado, “economia” e “violência” encabeçam o ranking de maiores problemas do Brasil, segundo a sondagem da Quaest.

Freio de arrumação sem recessão

Apesar da turbulência no mercado e de indicadores apontarem para um 2025 menos favorável, é arriscado apostar em cenário péssimo. Um “socorro” poderá vir do campo. Grandes bancos preveem fortalecimento importante do agronegócio, gerando renda e suporte ao PIB já no primeiro trimestre.

“A economia passará por um freio de arrumação devido à política monetária altamente restritiva, mas sem recessão”, avalia Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional de Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Em entrevista ao NeoFeed, Tingas observa que a desaceleração da atividade já está dada com inflação e câmbio em forte alta. Um binômio que levará a remarcações de preços e à abertura de um ano difícil, sem contar as repercussões das medidas fiscais e do próprio Orçamento do governo. Entretanto, sem recessão à frente. “Para 2025, estima-se PIB em alta de 1,8% a 2,2%. Expansão menor que 2024, mas não há sinal de retração”, reforça.

Para o economista, o País atravessa uma crise com origem sobretudo fiscal e política, com o governo entregando incerteza ao demonstrar dificuldade em sinalizar claramente sua política fiscal.

E o câmbio, diz, reflete essa deficiência local, além da incerteza decorrente da vitória de Trump à Casa Branca e quanto à política econômica futura dos EUA que coloca em xeque a política de juros executada pelo Federal Reserve. Na quarta-feira, 18, o Fed reduziu sua taxa em 0,25 ponto – para 4,25% a 4,50% – e sinalizou um freio para 2025 que sacudiu ativos no mundo inteiro.

Essas condições apontam para um ambiente mais hostil, observa Tingas, que considera provável que uma parte do sistema financeiro se afaste de um ano muito bom que foi 2024, para um 2025 pautado pela desalavancagem.

“Empresas e famílias vão tentar tomar menos crédito ao mesmo tempo em que as instituições financeiras vão tentar montar carteiras com mais qualidade e, portanto, tomar menos risco. Mas o crédito deverá ter crescimento ainda expressivo no próximo ano”, afirma Tingas.

Ele destaca que em períodos de desaceleração econômica e fluxo de caixa mais apertado muitas empresas refinanciam suas dívidas, mantendo as operações bancárias.

Quanto à demanda das famílias por crédito, o economista é positivo. Avalia que o mercado de trabalho não enfraquece de um dia para o outro e que o governo poderá dar fôlego às operações por meio de bancos públicos. A expansão geral das carteiras poderá recuar de cerca de 11% esse ano para 8% em 2025. “É uma queda, mas a taxa ainda forte”, garante.





Fonte: Neofeed

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Juro reprisa “era Dilma” e carrega fantasma da dominância fiscal

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Juro reprisa “era Dilma” e carrega fantasma da dominância fiscal
Tempo de Leitura:5 Minuto, 18 Segundo


Em janeiro de 2015, início do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e antessala do seu afastamento do cargo em 2016, a Selic chegou a 12,25% ao ano – exatamente onde está hoje. A taxa básica surfava a onda que atingiria o pico em julho de 2015, a 14,25%, e aí permaneceu por nove reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom).

A primeira de uma prolongada sequência de queda aconteceu em outubro de 2016, quando a Selic declinou a 14%. O juro nas alturas marcou um período de tensão fiscal e inflação ascendente que entrou para a história pela troca de governo – impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer – e uma recessão inédita. Em dois anos, a economia brasileira encolheu 7,5%.

Neste janeiro de 2025, uma década depois do biênio fatídico, a escalada da Selic e o descrédito nas intenções do governo de conter a dívida pública despertam a avaliação de que o Brasil está à beira da dominância fiscal.

Um cenário em que a política monetária perde eficácia para controlar a inflação e leva o BC a pagar juros cada vez mais altos provocando deterioração acelerada da dívida pública, gerando mais desconfiança e pressão sobre o câmbio que potencializa a inflação se o governo não endurecer a política fiscal.

A coincidência das taxas de juros praticadas pelo BC num hiato de 10 anos e a defesa de agentes financeiros e empresários por cortes de gastos reforçam a tese de que a dominância fiscal está à espreita. Mas não há consenso (ainda) quanto a esse diagnóstico, o que não quer dizer que o cenário é tranquilo à frente.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad disse, em entrevista à CNN Brasil, em 17 de janeiro, não acreditar em dominância fiscal. Acrescentou que a política monetária fará efeito sobre a inflação e deu um spoiler: “Efeito muito maior do que se imaginou.”

A declaração de Haddad não freou as projeções de inflação e grandes bancos apontam 6% para 2025, mas reforçou a percepção de que a atividade arrefecerá neste ano e no próximo por força do juro real ao redor de 9%, ao menos até o quarto trimestre – proeza que colocará à prova a declaração/compromisso do presidente Lula de que o BC de Gabriel Galípolo terá autonomia para fazer o seu trabalho.



Bancos e consultorias apontam desaceleração do PIB de cerca de 3,5% em 2024 para algo em torno de 2% neste ano. E, mantido o ritmo da carruagem a Selic de 15% ou mais, o PIB de 2026 poderá recuar a 1,5%. Crescimento pífio que, se combinado à inflação pressionada, poderá travar qualquer melhoria da popularidade do presidente e até sua disposição a concorrer à reeleição.

Bancos centrais abrem o calendário de 2025

Nos próximos meses de BC na vitrine, o binômio crescimento e inflação terá repercussão política invulgar. E esse é o pano de fundo que revestirá a primeira reunião do Copom de 2025, prevista para 28 e 29 de janeiro, coincidente com a decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed), o BC americano. No dia 30, o Banco Central Europeu (BCE) também definirá sua taxa que poderá recuar devido à fragilidade da economia na Zona do Euro.

Em meio à divulgação massiva de indicadores nos próximos dias – mercado de trabalho e reunião do conselho de administração da Petrobras no Brasil e PIB e inflação nos EUA no quarto trimestre de 2024 – o Fed deverá manter sua taxa no intervalo de 4,25% a 4,50%. E o Copom deverá elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25%.

Nos EUA, a expectativa é de um corte de juro ainda neste ano, mas há apostas em elevação, a depender das medidas a serem tomadas pelo governo Trump – por ora, com sinalização mais branda do que o esperado quanto à imposição de tarifas comerciais. No Brasil, o Comitê deve ratificar, no comunicado ou na ata, a sinalização de emplacar mais 1 ponto na Selic em março, instalando a taxa em 14,25% – o pico da “era Dilma”.

Apesar do aperto em curso, a meta de inflação, de 3%, está longe de ser atingida neste e nos próximos anos. Porém, o esforço monetário do BC – somado ao eventual resultado da força-tarefa que o governo deve lançar para reduzir os preços dos alimentos – poderá atuar sobre as expectativas que seguem desancoradas, inclusive, por refletirem a mudança de patamar do câmbio. Dólar a R$ 6,00 passou a ser visto como o “novo normal”, apesar do declínio a cerca de R$ 5,90 nos últimos dias, replicando a trajetória da moeda no exterior.

A moeda americana atravessou dezembro acima de R$ 6,00. Deslizou em consistência. Em parte, graças ao fortalecimento do dólar ante todas as divisas, sobretudo, a partir da vitória de Trump à Casa Branca. E à perspectiva – ainda a confirmar – da adoção de sua plataforma protecionista e inflacionária, a exigir suporte de juros elevados.

Porém, em parte, a valorização do dólar também refletiu a incorporação de prêmios de risco pela persistente incerteza quanto ao empenho do governo em estabilizar sua dívida. Haddad acenou com novas providências que dependem, entretanto, da aprovação do Orçamento de 2025 pelo Congresso Nacional – talvez em março.

Até lá, é improvável que o mercado financeiro promova mudança substantiva nas projeções de déficit primário que, em proporção do PIB, se mantêm em 0,60% para 2025, 0,50% para 2026 e 0,30% para 2027. Ainda sem anúncio oficial, a Fazenda aponta déficit de 0,1% em 2024 e confia em zerar a conta neste ano. Na quinta-feira, 23 de janeiro, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, confirmou o déficit nanico do ano passado.

Já o déficit nominal, que inclui despesas com juros da dívida pública só avança. No início do Lula 3, o déficit por esse critério estava em 4,6% do PIB. Em 2024 aproximou-se de 8%. Em 2026, poderá colar em 10%, se a política monetária permanecer esticada. Considerando o alerta de Lula de que “2026 já começou” – e a visão corrente de que campanha eleitoral turbina gastos – 10% será mais que um “número redondo”. Mas um risco e tanto até para destemidos investidores e, talvez, apresse o governo em suas decisões. A ver.



Fonte: Neofeed

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Musk vence disputa e faz rolar primeira cabeça (bilionária) do governo Trump

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Elon Musk, o fundador da Tesla e SpaceX e, agora, dono do Twitter
Tempo de Leitura:3 Minuto, 51 Segundo


O presidente Donald Trump mal completou uma semana no cargo e já tem uma baixa de peso em seu governo, confirmada nesta quinta-feira, 23 de janeiro, mas que era de conhecimento do círculo político republicano desde a posse.

O empresário de biotecnologia Vivek Ramaswamy, convidado por Trump para co-dirigir ao lado de outro bilionário, Elon Musk, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) – espécie de órgão consultivo externo -, abandonou o barco em meio a um processo que mudou o status do DOGE, que passou a fazer parte do governo, e apenas confirmou a crescente ascendência de Musk junto ao presidente americano.

Ramaswamy e Musk se conheceram em 2023, quando o empresário de biotecnologia ainda desafiava Trump pela indicação presidencial republicana. Após a vitória em novembro e o anúncio da criação do órgão, os dois bilionários conviviam sem maiores rusgas em público.

Nas últimas semanas, porém, quando a estruturação do DOGE passou a ser discutida de forma mais intensa, as diferenças entre ambos começaram a florescer.

Enquanto Musk insistia em defender cortes de gastos e o uso de inteligência artificial para reduzir a força de trabalho federal, Ramaswamy pretendia priorizar no DOGE ações na desregulamentação da economia e nos argumentos constitucionais para reduzir o tamanho do governo – os dois tópicos sobre os quais ele falou durante anos em artigos, entrevistas e na campanha eleitoral.

A imprensa americana afirma que o círculo íntimo de assessores de Trump também ficou incomodado com a franqueza de Ramaswamy sobre praticamente qualquer assunto, sempre demonstrando independência, uma tendência que também irritou o dono da Tesla e da SpaceX.

Durante a transição de Trump, houve especulação interna sobre se o DOGE seria criado dentro do governo, potencialmente como um comitê consultivo federal, na forma de um think-tank externo ou um grupo de advocacia criado como uma organização sem fins lucrativos. Ramaswamy há muito argumentava que o DOGE deveria atuar fora do governo.

Musk nunca se preocupou em se manifestar qual seria o status do órgão, apenas defendia que tivesse liberdade de atuação. A presença assídua do dono da Tesla ao lado de Trump reforçou a percepção de que Musk estaria influenciando o presidente americano.

A confirmação de que havia algo estranho no ar surgiu após a posse. Musk se alojou num escritório na Ala Oeste da Casa Branca, enquanto Ramaswamy se mudou para seu estado natal, Ohio, para anunciar na semana que vem uma candidatura planejada para governador em 2026.

A provável candidatura não era segredo, mas esperava-se que Ramaswamy ficasse mais tempo no governo até para faturar politicamente com os primeiros anúncios de Trump.

Mudança de status

Uma ordem executiva, entre as dezenas assinadas pelo presidente no dia da posse, acabou expondo a reviravolta no DOGE: o órgão funcionará dentro do Poder Executivo, num arranjo que indiretamente reforçaria a vitória de Musk na queda de braço com Ramaswamy.

A nova entidade será chamada de United States DOGE Service, substituindo um órgão existente – o United States Digital Service, que foi estabelecido pela administração Obama após as falhas iniciais do site Obamacare. A agência foi encarregada de impulsionar os serviços de tecnologia da informação para agências federais.

A ordem executiva exige que agências federais individuais criem equipes DOGE com um líder de equipe, um engenheiro, um especialista em recursos humanos e um advogado.

Especialistas afirmam que levar o DOGE para dentro do governo poderia evitar dores de cabeça legais – minutos depois que Trump se tornou presidente, o DOGE foi atingido por três processos abertos por entidades ligadas a funcionários federais, denunciando que suas reuniões foram realizadas em segredo e os registros não estavam disponíveis ao público.

Um aspecto da ordem executiva de Trump — em um aceno a uma prioridade fundamental de Musk — insta as agências a implementar a agenda DOGE “modernizando a tecnologia e o software federais para maximizar a eficiência e a produtividade governamentais”.

O esforço de Musk, que lhe dará uma visão adicional considerável sobre um governo com o qual ele faz negócios significativos, deve ser concluído até 4 de julho de 2026.

A incorporação do DOGE ao Poder Executivo, porém, levanta novas questões. O DOGE agora está sujeito a novas regras de transparência e ética, particularmente em torno de leis de informação pública.

Fazer parte do governo também significa que Musk não pode usar sua fortuna privada para financiar as operações do DOGE, como já havia sugerido.

Enquanto isso, o Escritório de Gestão de Pessoal de Trump está tomando medidas que lembram as metas iniciais do DOGE: pedir que agências federais elaborem listas de trabalhadores que poderiam facilmente demitir – uma ideia defendida por Musk.



Fonte: Neofeed

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Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados

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Ineficaz e prejudicial às farmácias: a visão do Itaú BBA sobre venda de remédio em supermercados
Tempo de Leitura:2 Minuto, 33 Segundo


O impacto dos preços dos alimentos na inflação tem levado o governo a buscar alternativas para reduzir o custo de vida da população. Uma das medidas em estudo seria a liberação da venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados.

A proposta, que resgata o projeto de lei nº 1774/2019 atualmente travado na Câmara, parte da premissa de que as redes de supermercados poderiam aumentar sua rentabilidade graças às margens mais altas dos medicamentos, o que supostamente permitiria controlar a alta dos preços dos alimentos.

Analistas do Itaú BBA, no entanto, avaliam a medida como insuficiente para conter a inflação dos alimentos, além de preverem impactos significativos sobre as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na venda desses medicamentos. Os MIPs representam cerca de 15% das receitas das principais redes de farmácia, segundo o banco.

Os medicamentos isentos de prescrição possuem margens brutas médias de 30% a 35%, consideravelmente maiores do que as de produtos alimentícios, que variam entre 16% e 20%. “Para os varejistas de alimentos, isso é claramente positivo”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco ressalta que esse ganho adicional não necessariamente resultaria em preços de alimentos mais baixos.

“Temos muita dificuldade em imaginar como isso ajudaria a controlar a inflação alimentar. É difícil supor que as redes de supermercados repassarão esse adicional de lucro para reduzir os preços dos alimentos – e parece bastante impossível controlar isso”, avaliam os analistas.

O Itaú BBA também destaca que é “praticamente impossível” estimar com precisão as potenciais receitas ou lucros adicionais, considerando que as redes de supermercados enfrentariam custos elevados devido aos requisitos sanitários. Gastos com farmacêuticos, manipulação e armazenamento, por exemplo, poderiam impactar negativamente a rentabilidade do negócio.

“Várias grandes redes de varejo de alimentos já operaram farmácias dentro de suas lojas, mas essas operações não foram vistas como bem-sucedidas em termos de execução e rentabilidade.”

Outro entrave significativo para a aprovação da medida, na visão do Itaú, são as preocupações com a automedicação, uma das principais causas de intoxicação no Brasil. O banco lembra que esse debate ocorre pelo menos desde 2013, sendo essa questão um dos maiores obstáculos ao avanço da proposta.

“Muitas compras de OTCs são feitas por impulso, de modo que uma eventual aprovação dessa medida provavelmente aumentaria o mercado endereçável desses produtos, em vez de apenas tirar participação das farmácias”, afirma o Itaú BBA em seu relatório. “Acreditamos que a probabilidade de a proposta se tornar lei é baixa.”

Embora considere improvável a aprovação da medida, o Itaú avalia que o aumento da demanda pelo novo canal de vendas poderia fortalecer as farmacêuticas. Nessa linha, os analistas destacam a Hypera como a principal beneficiada, dada sua sólida relação comercial com as varejistas, com as vendas de produtos como Zero-Cal e Engov After.

“A liberação de medicamentos em redes de supermercados deve ter um efeito positivo nas vendas devido ao maior consumo por impulso, mas consideramos que o impacto potencial para as empresas farmacêuticas seja menos significativo do que para as empresas de varejo alimentar.”



Fonte: Neofeed

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