Connect with us

Negócios

O homem que reconhece padrões e sua visão (positiva) sobre a inteligência artificial

Prublicadas

sobre

O homem que reconhece padrões e sua visão (positiva) sobre a inteligência artificial
Tempo de Leitura:11 Minuto, 2 Segundo


Amin Toufani tem diploma em Inteligência Artificial pela University of British Columbia, MBA em Stanford e MPA em Harvard. No currículo, a liderança da T Labs, que já impulsionou mais de 300 negócios na área da tecnologia e saúde.

A empresa, dirigida por sua esposa, Elena, trabalha, entre outras frentes, com startups e laboratórios que buscam detectar doenças precocemente. Também procuram fazer medições científicas do impacto das mudanças tecnológicas e da adaptabilidade do ser humano, para poder gerenciá-las melhor. Com base nesses dados e conhecimento, a iniciativa busca reconhecer padrões que ajudam as pessoas a achar novos sentidos para o mundo.

Assim surgiu a Adaptability University, que já ofereceu seus programas de mentoria para empresas como Google, Coca-Cola e Credit Suisse. Amin ainda defende ser possível fazer 50 horas de jejum, com dieta cetogênica, alimentação vegetariana e exercícios. “O corpo tem mais capacidade de se adaptar do que a gente imagina”, diz.

Para começar a conversa, sabemos que seu foco de trabalho está no reconhecimento de padrões. Como você adquiriu essa habilidade de entender o mundo dessa forma?
Primeiro, é um privilégio ser imigrante. Sou originalmente persa e tive que me mudar para o Canadá com minha família. Como imigrante, você começa a notar o que é semelhante e diferente. Então, essa obsessão pelo reconhecimento de padrões veio de ser imigrante e ter que navegar por esses dois ambientes separadamente. O mesmo ocorreu quando me mudei para os EUA para estudar. A única maneira de otimizar o trabalho é reconhecer padrões.

Você pode citar um exemplo de um padrão que reconhece?
Eu acho que um padrão global muito interessante e consistente é o fato de que a bondade muitas vezes é confundida com fraqueza. Mas, na realidade, não é. E se você liderar com gentileza, não vai parecer fraco, e ainda terá poder. Para mim, esse é um dos padrões mais universais que aprendi durante a imigração. Desde então, tive o privilégio de viajar para 53 países e fazer palestras em diferentes lugares, e notei exatamente a mesma coisa. Gentileza não é fraqueza.

“Acredito que todos podem  tornar o mundo melhor e a maneira é compartilhar o conhecimento. No processo, a gente acaba aprendendo também”

Há uma citação sua que diz: “Nada ensina tanto quanto ensinar.” Pode explicar como isso se aplica ao seu trabalho?
Ensinar é uma oportunidade de fazer pesquisa. Não sou um professor, não sou um educador, não somos uma consultoria. Mas, de vez em quando, temos a oportunidade de estar diante de equipes de liderança de alto nível ao redor do mundo. E eu percebi que quanto mais ensinamos esses profissionais, mais aprendemos. É por isso que digo que nada ensina tanto quanto ensinar. Para mim, é colocar-se em uma situação em que você precisa olhar o assunto de um ângulo diferente para garantir que ressoe. Esse processo permite que internalize os conceitos, porque precisa ter empatia e se identificar com seu público para poder entregar a mensagem. Essa jornada força a entender tudo melhor.

Você veio ao Brasil em 2020 e falou sobre a emergência de um mundo orientado por propósito. Isso se aplica quatro anos depois?
Mais do que nunca. À medida que entramos na era da automação, onde IA e robótica vão assumir muitas de nossas funções melhor do que nós, estaremos em uma realidade onde inicialmente todos vão se preocupar com a perda de empregos. Mas eu não acredito que precisamos de trabalho para definir o significado de nossas vidas. Precisamos de propósito e isso pode acontecer sem trabalhar por dinheiro. Quem está em um lugar de privilégio, pode ajudar as pessoas e a comunidade. Com a IA realizando as atividades básicas e que não precisam necessariamente de um aporte humano, os seres humanos poderão se dedicar a realizar tarefas e iniciativas que realmente tragam propósito a si e às comunidades. É como se a tecnologia “libertasse” as pessoas para pensarem e exercerem esse luxo que é ter um propósito.

Mas como você vê as projeções de que a tecnologia pode substituir até mesmo empregos de pessoas com alta formação?
Eu considero que os números são subestimados. Em breve, olharemos ao redor e não haverá nada que possamos fazer melhor do que estamos fazendo agora. A transição da realidade atual para essa nova realidade vai ser extremamente dolorosa, porque precisamos desaprender padrões que nos ajudaram a chegar até aqui. Se desaprendermos o que significa ser humano no início do século XXI e gradualmente formos desenvolvendo novos conceitos sobre quem podemos ser, em vez de quem fomos… isso, sim, pode nos elevar. Quando a IA fizer tudo o que fazemos, nossos empregos não serão mais necessários, mas seremos capazes de cobrir necessidades básicas das pessoas e permitir que elas se elevem na hierarquia de necessidades de Maslow, apontando para um mundo de abundância. Porém, a sociedade tende a transitar por um período de disrupção com muita ansiedade. As pessoas ficam ansiosas muito antes de perderem seus empregos.

“A maneira mais fácil para um humano pensar fora da caixa é não saber onde está a caixa. Para as máquinas, isso não será o caso. A máquina pode identificar a caixa e forçar-se a pensar fora dela muito confortavelmente”

Sim, porque se desesperam ao pensar em como sobreviver. Quais habilidades elas precisam desenvolver?
Talvez a IA permita que elas tenham uma educação à qual não tinham acesso antes, ou talvez a educação seja melhorada devido ao uso da IA. E isso deve criar deflação tecnológica, ou seja, as coisas ficarão mais baratas, mais rápidas e mais acessíveis. Isso é uma notícia fantástica, já está acontecendo e os bancos centrais estão muito confusos sobre o que fazer a respeito. Só que, a curto prazo, isso será extremamente doloroso. Não acho que os governos estão preparados para essa conversa ainda, que passa pela renda básica universal.

Esse assunto pode parecer distante da realidade para muita gente. Você acha que seria viável aplicá-lo?
Renda básica universal significa que cada pessoa recebe uma quantia de dinheiro para cobrir suas despesas básicas de vida. Isso de fato parece um sonho remoto no momento, mas cada vez mais há estudos mostrando que, quando você dá renda básica universal às pessoas, elas redefinem seu sentido de propósito na vida. Seu propósito não é mais não ser sem-teto ou não passar fome. É gradualmente subir na hierarquia de necessidades e encontrar sentido. Em estudos sobre o assunto, vemos que o empreendedorismo aumenta 300%. O foco em arte e na criação de algo bonito e admirável também aumenta. Desde que consigamos atravessar a transição de maneira relativamente pacífica, esperamos encontrar um mundo cheio de abundância e melhor distribuição, com as pessoas cobrindo suas despesas básicas de maneira mais eficiente e eficaz.

Recentemente foi dito que estamos à beira de ver empresas com apenas 10 pessoas valendo mais de 1 bilhão de dólares. Futuramente, acredita-se que teremos empresas formadas por uma só pessoa com valor de mercado semelhante. É razoável?
Sim. Em breve, teremos agentes de IA que vão analisar o sistema, otimizá-lo e criar 500 outros agentes para pesquisar e relatar. Não há razão para que a IA não possa gerenciar a IA e amplificar o que você acha viável. Ao mesmo tempo, é um cenário altamente disruptivo, porque esses agentes não serão necessariamente limitados pelos nossos modelos. Eles podem pensar fora da caixa para os humanos.

“Eu realmente acredito que vivemos no período mais emocionante da história humana porque, nos próximos 10 anos, vamos ver tantas coisas que eram anteriormente impossíveis de repente se tornarem possibilidades”

E como falamos sobre os limites éticos de tudo isso?
A conversa ainda é incipiente. Não sabemos os cenários sombrios para equilibrá-los com decisões políticas eficazes. Governos podem corrigir em excesso, o que pode bloquear inovações. Para mim, o maior perigo é a otimização unidimensional. Um robô pode otimizar a limpeza da casa matando o cachorro para não haver bagunça. É preciso definir limites éticos. É possível antecipar isso sem bloquear os enormes níveis de inovação que serão possíveis com a IA. Esse é o maior dilema que enfrentamos.

Então dá para ver esses avanços com positividade para o ser humano?
O pior das pessoas aparece quando elas estão preocupadas com a escassez. Então, acho que o truque é conectar essa conversa com novas formas de tecnologia e progresso. O sucesso de alguém não anula o de outra pessoa. Na T Labs colocamos todas as nossas economias de vida em projetos que nos importam, para ter inovações que beneficiem milhões de pessoas. Um deles foi a ideia de detectar câncer em estágio zero. Mas a tecnologia ainda não está disponível para a pessoa comum. O mesmo vale para o Chat GPT: grande parte da sociedade nunca ouviu falar, mas dentro de nossa equipe estamos vendo um aumento de pelo menos 30% da produtividade. Acho que mais pessoas deveriam estar abertas a mais ideias o tempo todo.

Você fala muito em se adaptar como habilidade importante para o sucesso. Como incentivar a adaptabilidade nos jovens?
Crianças já têm um comportamento adaptativo e deve ser celebrado. Quando batem em uma parede, são capazes de dar a volta. É fácil desenvolver competências básicas muito rapidamente, mas os pais devem empurrá-los para novos desafios. Aprender piano, trabalhar com metal, testar coisas novas que nunca fizeram. Isso força o desaprender. Você entende que pode fazer de maneira diferente. Construir esse músculo de desaprender é o caminho para aumentar a adaptabilidade.

“Quando todas as tarefas básicas forem cobertas pela IA, você poderá pensar maior e ir mais longe. Para mim, o maior risco hoje é não pensar grande o suficiente. Não é emocionante imaginar o que mais podemos fazer?”

 Tem se falado muito sobre economia exponencial, também chamada de Exonomia no setor acadêmico. Como você acha que isso pode impactar a forma como lideramos as empresas?
Economia exponencial é uma teoria econômica que criamos. Notamos que o ritmo exponencial de mudança vem da tecnologia. A tecnologia tende a criar deflação, e não inflação, mas a maioria dos economistas modernos acredita que há um nível saudável de inflação. Além disso, quando se pensa em curar o câncer, pode destruir o PIB global. É fantástico para a humanidade, mas é horrível para o PIB. O PIB então é a medida errada. Especialmente para um país como o Brasil, que é fortemente orientado por commodities. Carros autônomos, por exemplo, não terão tantas peças móveis. Eles não vão precisar de tantos reparos, não terão tantos acidentes. Cerca de 3% do PIB global vem da morte e destruição causado por acidentes de carro. Podemos fazer as coisas de forma muito mais eficiente e mais baratas. Então, criamos essa estrutura econômica para falar sobre alguns dos resultados inesperados e incomuns que vêm das tecnologias exponenciais e o conceito de transição para um modelo de sistema operacional.

Há 10 anos fui à Singularity e você falava sobre blockchain, robótica, computação quântica e também tecnologia solar. Algumas das tecnologias não são mais exponenciais?
Acredito que cada uma delas ainda está crescendo exponencialmente. A IA e a computação quântica, claro. O blockchain ainda está procurando aquele aplicativo matador que pode mudar o jogo para toda a sociedade. É só o começo, chegaremos lá. É importante confiar em máquinas para administrar organizações inteiras. E aí vamos perceber que o blockchain é a infraestrutura que não sabíamos que precisávamos. O metaverso hoje não parece muito promissor, mas isso mudará quando a tecnologia se miniaturizar e os headsets, por exemplo, ficarem menores.

Outro conceito que você defende muito são os “gêmeos digitais”, uma simulação de comportamentos para identificar oportunidades de melhoria. Por que você acha que são tão transformadores?
Nas últimas duas décadas, tivemos 300 negócios e cada um deles focava em inovação através de gêmeos digitais: pegar algo do mundo físico, uma pessoa, um processo ou um bem que não tenha uma representação digital e criar um gêmeo digital para isso. A partir daí, otimizar o sistema com IA e entregar valor digitalmente. Dá para fazer coisas que antes eram impossíveis, como prever se um candidato é bom para um cargo. O que o gêmeo digital faz é revelar padrões invisíveis que anteriormente não eram viáveis.

O que faz a cabeça de Amin Toufani:

Esportes
Nas horas livres, hiking e remo: “É fantástico e gostaria de fazer mais”.

Livros
Buy Back Your Time, de Dan Martell

100 Million Dollar Offers, de Alex Hormozi

Filme
Transcendence: A Revolução – “É o meu favorito do mundo e me surpreende, pois as previsões funcionam.”

Cidades inspiradoras

Las Vegas: “Não gosto da festa e do álcool, mas todo mundo que vai lá tem o propósito de ser feliz e as pessoas são muito honestas sobre isso.”

Vancouver: “Só nos verões”

Tóquio: “Admiro pela eficiência do lugar.”

Música
Apesar de estar no Google como o melhor violonista de todos os tempos, Amin diz que não sabe tocar violão. O fato se deve a um vídeo viral em que ele participa de um show de talentos em Harvard e mostra seu virtuosismo com o instrumento por longos minutos. Seu estilo musical favorito, no entanto, é uma mistura de clássico com música eletrônica moderna.

*Christian Gebara é presidente da Vivo e diretor artístico da revista Velvet





Fonte: Neofeed

Negócios

Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago

Prublicadas

sobre

Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago
Tempo de Leitura:4 Minuto, 46 Segundo


Era véspera de Natal de 2024, e Cesar, após um dia intenso de reflexões e trabalho, tomou sua taça e caiu no sono. Mas não era um sono comum. Ele logo percebeu estar caindo por um túnel de palavras, como se fosse sugado por um redemoinho de livros, algoritmos e estrelas natalinas. Tudo girava ao seu redor, até que ele aterrissou suavemente em um lugar que parecia ao mesmo tempo antigo e futurista, iluminado por velas cintilantes e circuitos dourados.

Diante dele, três figuras extraordinárias emergiram da névoa — Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago. Cesar esfregou os olhos, sem acreditar no que via. Parecia ter entrado em um sonho que misturava o espírito de celebração com um encontro impossível, como se tivesse tropeçado em seu próprio País das Maravilhas.

Pessoa: Bem-vindo, Cesar. Não se assuste. Às vezes, o Natal nos concede presentes inesperados, como este encontro. Eu sou Fernando Pessoa. Dizem que sou múltiplo, mas prefiro me ver como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que distorcem, refletindo falsamente uma única realidade que não está em nenhum e está em todos.

Camões: Saudações, Cesar! Sou Luís de Camões, navegante das palavras e dos mares. Este é um tempo propício para contemplar os novos mundos que desbravamos. Por suas vestes e seu ar, vejo que vens do moderno, como quem navega as águas da inovação.

Saramago: Cesar, um prazer tê-lo conosco. Sou José Saramago, um questionador do óbvio. Parece que este seu devaneio nos reuniu para discutirmos o que significa ser humano em um tempo em que máquinas pensam e o mundo busca sentido. E, claro, neste Natal, entendido não apenas como celebração religiosa, mas como um tempo de união, reflexão e renovação, valores humanos universais que transcendem qualquer crença. Valores que até um ateu rabugento como eu consegue apreciar.

Cesar, ainda atônito, percebeu que o sonho parecia mais real do que podia imaginar. Ele, que sempre se viu como um sonhador e entusiasta da tecnologia, agora dividia espaço com três gigantes da literatura. Recuperando-se, decidiu embarcar na conversa, tratando cada pronome e conjunção como se fossem peças de porcelana fina.

Cesar: É uma honra conhecê-los. Se este é um sonho, é o mais extraordinário que já tive. Estamos em um momento em que a tecnologia avança exponencialmente, mas também nos confronta com questões profundas sobre propósito e humanidade. E é Natal, uma época que sempre nos convida à reflexão. Aqui estamos, no limiar de um novo ano…

Pessoa: Ah, Cesar, o humano, por essência, é um navegante do desconhecido. A inteligência artificial que agora molda teu mundo funciona como um espelho: reflete nossas inquietações, nossos anseios e nossos temores. Mas eu me pergunto: será que sabemos o que realmente desejamos encontrar nesse reflexo?

Camões: Diria que enfrentamos monstros e tempestades, como outrora. Mas hoje os monstros são invisíveis, feitos de dados e códigos. Dizer-se-ia que, pelo menos, esses não me custaram um olho… O Natal, porém, nos lembra de olhar para o essencial — o humano, o afeto, o desejo de construir algo que transcenda o tempo.

Saramago: E será que estamos olhando para isso, Cesar? Ou estamos cegos, como em minha história? O Natal é cheio de luzes, mas será que essas luzes não nos ofuscam? Criamos máquinas que pensam, mas ainda falta pensarmos profundamente sobre o que queremos delas — e de nós mesmos.

Cesar refletiu por um momento, sentindo o peso das palavras daqueles mestres. Ele sabia que aquelas questões eram fundamentais, tanto para a tecnologia quanto para a vida.

Cesar: Concordo, Saramago. A tecnologia deve ser um meio para criar valor humano, não um fim em si mesma. O Natal é um bom lembrete de que precisamos equilibrar o avanço com a ética, com a sabedoria que direciona nosso conhecimento. Afinal, inovação sem humanidade é como uma caravela sem destino.

Pessoa: Belo pensamento, Cesar. Então dirias que inovar é como escrever um poema? Cada palavra, cada linha deve estar carregada de significado. No final, é o espírito humano que precisa brilhar, mesmo em um mundo repleto de máquinas.

Camões: E que nunca percamos a coragem, Cesar. Navegar é preciso, como sempre digo, mas é igualmente necessário conter os ventos quando ameaçam nos levar ao abismo. O Natal nos dá uma bússola: olhar para o próximo, celebrar o que somos e planejar com sabedoria o que seremos.

Saramago: E com olhos abertos, sobretudo. A tecnologia é um mar fascinante, mas exige vigilância constante. Este rabugento apenas deseja que, neste Natal e no ano que se inicia, a humanidade encontre o equilíbrio entre o que pode criar e o que deve preservar.

Cesar sentiu o coração aquecido, inspirado por aquelas vozes que transcenderam o tempo. Ele ergueu os olhos para as três lendas e respondeu com convicção.

Cesar: Levarei essas reflexões comigo, senhores. Que a inovação seja guiada pela poesia, pela prudência e pela paixão humana. Que este Natal nos lembre que, por mais avançados que sejamos, o essencial sempre será invisível às máquinas: a empatia, a solidariedade e a esperança.

E assim, no coração de um sonho impossível, Cesar ergueu a taça de tinto e brindou com três imortais da literatura portuguesa. Juntos, em meio ao espírito do Natal de 2024, refletiram sobre o humano, o tecnológico e o eterno.

Quando Cesar despertou, trazia consigo não apenas o calor de uma noite natalina, mas também a sabedoria de um encontro extraordinário, que o inspiraria nos mares do ano novo. Ao seu lado, uma taça vazia, com borras que curiosamente formavam as letras P, C e S, como um lembrete sutil de que algumas companhias são mais que um sonho.

*Cesar Gon é fundador e CEO da CI&T



Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Ornare mobília novos “territórios” (no Brasil e no mundo)

Prublicadas

sobre

Ornare mobília novos
Tempo de Leitura:5 Minuto, 23 Segundo


Depois de “aterrissar” em Dubai, em maio do ano passado, onde inaugurou seu primeiro showroom no Oriente Médio, a Ornare está de malas prontas para reforçar suas operações na Europa e nos Estados Unidos.

A marca brasileira de mobiliário referência no mercado high-end está desembarcando em Lisboa, onde abriu seu segundo showroom no Velho Continente. E estreou, em novembro, uma loja em Nova Jersey, consolidando sua presença nos Estados Unidos, onde está presente desde 2006.

Segundo Esther Schattan, fundadora e diretora da Ornare, a expansão internacional é parte da estratégia de diversificação das receitas da companhia, movimento que conta com uma nova frente: a incorporação.

“Atendemos um mercado de alto padrão e esse mercado é mais restrito em todos os lugares”, diz Esther, ao NeoFeed. “Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares.”

O showroom lisboeta está sendo instalado no bairro Amoreiras, região de classe média alta e que abriga o Centro Comercial das Amoreiras, o primeiro shopping da capital portuguesa, além de cafés, hotéis e restaurantes.

A expectativa é de que as obras da loja sejam finalizadas até o primeiro semestre de 2025, mas a Ornare já está operando em Portugal, recebendo pedidos dos clientes.

A empresa conta com dois sócios brasileiros para entrar no mercado português: Alexandre Mangabeira, ex-co-CEO da RNI Construtora e com passagem pela Tecnisa, e Luciana Vassalo, antiga diretora de negócios da RNI, tendo trabalhado também na Melnick.

É o mesmo formato que a empresa utilizou quando foi para Dubai, em que se associou a Carina Fontes e Shalise Basso, dupla de arquitetas brasileiras residentes um dos sete emirados que integram os Emirados Árabes Unidos (EAU). As lojas da Ornare se dividem entre franquias, sociedades e unidades próprias.

Segundo Stephan Schattan, diretor de exportação da empresa, a escolha por Lisboa para abrir a segunda loja europeia ocorreu pela questão da língua, pelo fato da empresa conhecer e ter clientes em Portugal e também para aproveitar o forte contingente de brasileiros e de outras nacionalidades, atraídos pelas políticas migratórias portuguesas.

A Ornare começou a se instalar na Europa no ano passado, quando inaugurou seu primeiro showroom em Milão. A unidade está localizada no imponente Palazzo Gallarati, datado do século XVIII, localizado no famoso Quadrilatero della Moda, na Via Manzoni, região conhecida pelas diversas marcas de alto padrão.

“A ideia é que Portugal possa atender toda a região de Lisboa e Porto, e também a Espanha”, diz Stephan. “Associado a Milão, conseguimos atender melhor a Europa. Quando falamos que temos loja em Milão e em Lisboa, reforçamos a marca na Europa.”

A chegada a Portugal é mais um passo da estratégia de expansão da Ornare, iniciada em 2006, via Miami. O plano é baseado em três frentes: Estados Unidos, onde possui 11 lojas, Europa, que conta com duas, e Oriente Médio, com a unidade de Dubai.

“Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares”, diz Esther Schattan (Foto: Rodrigo Zorzi)

As operações internacionais representam cerca de 25% a 30% do faturamento da Ornare, que não foi informado. Com as expansões planejadas, a expectativa é de que possa chegar a 40% de participação.

No curto prazo, a Ornare planeja ampliar sua presença nos Estados Unidos para mais três cidades: Palm Beach, Washington e Boston. Mas isso não quer dizer que a empresa está deixando o Brasil de lado.

Com 17 lojas no País, a empresa pretende abrir unidades em Recife (PE), Balneário Camboriú (SC) e Campo Grande (MS), ainda que já opere nessas localidades.

Para conseguir atender essas novas unidades, a Ornare vai ampliar a capacidade de sua fábrica, localizada em Cotia, no interior de São Paulo. O valor do investimento na fábrica não foi revelado, nem quanto a capacidade de produção aumentará. A fábrica roda em dois turnos e os investimentos abrem caminho para adicionar mais um.

Assinatura Ornare

Junto com a expansão internacional, a Ornare está fechando uma série de parcerias com construtoras e incorporadoras para terem empreendimentos com a assinatura “by Ornare”.

A companhia fez um primeiro empreendimento em Goiânia, em parceria com a O.M. Incorporadora. Batizado de Autoria by Ornare, o prédio possui 143 apartamentos, com unidades de uma e duas suítes, de 49 a 88 metros quadrados. A Ornare ficou responsável pela mobília da área comum e armários em alguns apartamentos.

Com entrega prevista para novembro de 2027, o empreendimento apresenta um valor geral de venda (VGV) de R$ 120 milhões e teve 60% das unidades comercializadas nos seis primeiros meses de lançamento.

A companhia também assinou, no fim de novembro, um acordo com a incorporadora Next e com o escritório do arquiteto Olegário de Sá, para desenvolver um empreendimento no Itaim, em São Paulo, voltado para renda, chamado Next Itaim by Ornare.

Com VGV de R$ 70 milhões, o prédio conta com 83 unidades de 20 a 60 metros quadrados, com previsão de entrega em 2027. A Ornare ficou responsável pelos móveis.

“No começo fomos um pouco céticos, mas a gente gostou do primeiro lançamento, em Goiânia, e pretendemos continuar”, diz Pitter Schattan, diretor comercial da Ornare São Paulo e Brasil.

A companhia já tem atuação no mercado imobiliário, mas vendendo seus produtos para empreendimentos. Em Miami, a Ornare é responsável pelos closets nos apartamentos das duas torres do St. Regis Sunny Isles, que prometem se tornar ícones arquitetônicos da cidade. O apartamento mais barato é de US$ 7 milhões.

A Ornare pretende, agora, crescer essa vertical de empreendimentos assinados. Em Goiânia, o plano é repetir a parceria com a O.M. Incorporadora em um novo prédio, previsto para ser lançado em 2025.. Segundo Pitter, esse tipo de iniciativa vai ganhar espaço na Ornare, com o setor imobiliário se tornando um novo braço de negócios, capaz de representar 10% do faturamento da empresa.

A assinatura de projetos por nomes da moda e do design vem ganhando força no mundo da incorporação. A Cyrela fechou uma parceria com a Armani para construir um empreendimento residencial em São Paulo, que promete ser um dos mais altos da capital paulista, com a marca Armani/Casa, marca de móveis da grife italiana de luxo.

A Mitre Realty também lançou um empreendimento premium em São Paulo com a marca Daslu, que virou referência no mercado de luxo brasileiro e trouxe para o País grifes como Chanel, Gucci e Prada.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Chefs arregaçam as mangas e cultivam seus próprios ingredientes

Prublicadas

sobre

Chefs arregaçam as mangas e cultivam seus próprios ingredientes
Tempo de Leitura:6 Minuto, 36 Segundo


Chefs de alguns dos restaurantes mais celebrados do mundo estão arregaçando as mangas para produzir, eles próprios, parte dos ingredientes utilizados na criação de seus pratos.

A tendência é uma evolução do conceito farm-to-table, surgido na Califórnia dos anos 1970. À época, cozinheiros visionários, como Alice Waters, ativista e escritora americana, dona do emblemático Chez Panisse, em Berkeley, decidiram resgatar o frescor e a qualidade dos insumos ao trabalhar diretamente com produtores locais.

Expoente do movimento slow food, Alice influenciou gerações ao apregoar alimentação saudável e agricultura sustentável. E, em 2014, sua relevância foi reconhecida ao figurar entre as 100 pessoas mais influentes do ano pela revista Time.

Frente ao caos climático e à valorização de hábitos saudáveis, a filosofia farm-to-table ganha uma roupagem, digamos, ainda mais ecológica e conquista seguidores ao redor do planeta. Dentro e fora das cozinhas.

Recém-publicada, a Pesquisa Internacional de Sustentabilidade Food Barometer 2024, é reveladora do novo movimento. Globalmente, 40% das pessoas se dizem engajadas com a alimentação saudável e sustentável. A média brasileira é ainda mais alta: 51%.

Realizada pela Sodexo, em parceria com o Instituto Harris Interactive, a pesquisa foi baseada em 7,3 mil entrevistas, na Índia, Estados Unidos, França e Reino Unido, além do Brasil.

E, lá se vão, os chefs para o campo e o mar.

Exemplos não faltam. Um deles é o premiado Mugaritz, do espanhol Andoni Luis Aduriz, na pequena cidade basca de Errenteria. Frequentemente, ele conta com a ajuda até de cientistas, para tirar o máximo proveito dos produtos colhidos na horta da casa, por meio da fermentação e desidratação, entre outras técnicas.

O dinamarquês René Redzepi, do Noma, em Copenhague, por exemplo, é adepto do foraging, prática de coleta de ingredientes selvagens, como cogumelos, algas, frutas silvestres e ervas específicas, diretamente na natureza.

Em dezembro deste ano, ele encerrou as atividades o Noma como restaurante tradicional para transformá-lo em um laboratório de comida em tempo integral. Hoje, o restaurante, eleito cinco vezes o melhor do mundo, abre suas portas para eventos, oferecendo aos comensais uma experiência imersiva, com jardins, estufas e uma cozinha experimental integrada à paisagem.

A casa estará aberta uma vez ou outra, para eventos especiais, quando oferecerá aos comensais uma experiência imersiva, com jardins, estufas e uma cozinha experimental integrada à paisagem. Redzepi também começou a promover projetos de pop-ups em diferentes lugares do mundo, como o que acabou de fazer no Ace Hotel Kyoto, no Japão, servindo um menu degustação único, inspirado nos ingredientes e na história culinária da região.

No Brasil, um dos pioneiros da onda farm-to-table foi o paulistano o paulistano Amadeus, especializado em frutos do mar, recomendado pelo Michelin. No fim dos anos 1990, Tadeu Masano, sócio da casa, apostou no cultivo de ostras e mariscos em Florianópolis.

“Quem prova percebe a diferença na hora. E esse frescor é o que nos torna especiais”, conta ele, em conversa com o Neofeed. O processo começa com “sementes” minúsculas, fornecidas por laboratórios universitários. Um copo pode conter mais de 20 mil, com tamanho pouco maior que um grão de açúcar. “Tudo é realizado em habitat marítimo natural e sem qualquer tipo de ração”, diz Masano.

Inicialmente, as tais ‘sementes’ de ostras e mariscos ficam em uma caixa com paredes de pano para permitir a entrada de água. Depois, são levadas para berçários e, por fim, para gaiolas com redes que ficam penduradas no mar. Até que atinjam o tamanho ideal, vão-se nove meses. “É um trabalho artesanal. Costumo dizer que entregamos o mar empacotado”, brinca Tadeu.

O cultivo atende exclusivamente ao Amadeus. E são elas, as ostras – servidas em leito de gelo moído com limão e molho americano ou à Fiorentina, gratinadas com espinafre e parmesão –, as responsáveis por conquistar boa parte dos fiéis clientes da casa.

Autonomia financeira

Outro restaurante de São Paulo que faz questão de produzir ingredientes dos pratos do cardápio é A Casa do Porco, dos chefs Jefferson Rueda e Janaína Torres, presença há quatro anos na lista dos melhores do mundo pelo The World’s 50 Best Restaurants.

“Queria um porco criado livre, abatido com o peso certo e que tivesse uma qualidade que não existia no mercado”, explica Rueda, ao NeoFeed. Por isso, começou a se envolver com a suinocultura em um sítio em São Sebastião da Grama, no interior paulista, cinco anos antes de A Casa do Porco ser inaugurada.

Na propriedade, os porcos são criados soltos e alimentados com vegetais frescos e soro de leite, garantindo a excelência do sabor e da textura da carne. “Depois dessa experiência, foi natural que eu buscasse algo semelhante para os vegetais que servia”, lembra o chef.

Os porcos criados por Jefferson Rueda, sócio d’A Casa do Porco, crescem soltos e são alimentados com vegetais frescos e soro de leite, garantindo a excelência do sabor e da textura da carne (foto: Divulgação)

Graças à produção própria, na pandemia, o chef Rueda conseguiu segurar o preço do cardápio (Foto: Divulgação)

Os mexilhões do restaurante Amadeus são cultivados em uma fazenda da casa em Florianópolis (Foto: Divulgação)

“Costumo dizer que entregamos o mar empacotado”, brinca Tadeu Masano, sócio do Amadeus (Foto: Divulgação)

A americana Alice Waters, dona do Chez Panisse, na Califórnia, é uma das percussoras do movimento “slow food” (Foto: Instagram)

Dono do Noma, o dinamarquês René Redzepi é adepto do “foraging”, prática de coleta de ingredientes selvagens, como cogumelos, algas e frutas silvestres diretamente na natureza (Foto: Instagram)

No Mugaritz, do espanhol Andoni Luis Aduriz, os vegetais vêm de uma horta, ao lado do restaurante (Foto: Instagram)

Por isso, ele investiu em uma horta orgânica em um sítio em São José do Rio Pardo, também no interior paulista, administrada pelo Aroeira Orgânico. “Plantamos em harmonia com a natureza, intercalando PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e outros vegetais. Isso influencia diretamente no sabor”, diz Jefferson.

Hoje, a cozinha d’A Casa do Porco é sustentável, aproveitando dos cortes nobres à pele dos animais. Entre os hits do cardápio estão o Porco Sanzé, assado lentamente por até nove horas e servido com acompanhamentos sazonais da horta. Outro destaque é o Sushi de Papada, feito com tucupi negro e nori.

E a vantagem de ter produção própria não está apenas no sabor. Como Jefferson faz questão de frisar, o domínio na produção dos insumos levou o restaurante à uma autonomia financeira. “Com os orgânicos, economizo cerca de 30%, porque não tem outra empresa no meio. E consigo ajustar os preços do porco quando necessário”, afirma.

Durante a pandemia, por exemplo, quando o valor da carne suína subiu, o chef conseguiu segurar o preço do menu. “Não é fácil controlar todas essas cadeias, mas as pessoas notam o diferencial no sabor e isso nos faz seguir em frente. Ter o restaurante sempre cheio é a melhor recompensa”, diz Rueda.

Bom para o paladar e o planeta

O sonho do chef Stefan Weitbrecht, que comanda os restaurantes Cozinha 212 e Atlântico 212, na capital paulista, sempre foi ter uma casa com pratos elaborados com ingredientes frescos e sazonais, desejo que foi realizado a partir de 2017, quando foi morar no sítio da família, em Cotia.

Ali, Stefan criou o projeto Mato 212, uma horta com cerca de 10 mil metros quadrados. “Plantamos hortaliças, temperos, legumes e frutas. Também criamos galinhas e cabras, que nos fornecem ovos frescos e leite cru”, diz ao NeoFeed. “Praticamente toda a produção do hortifruti que utilizo vem de lá. Até a produção de cítricos é significativa.” Os resíduos orgânicos voltam ao campo como adubo.

Um dos sucessos da sua cozinha é o nhoque de queijo de cabra com pesto de manjericão, que contém o ciclo completo: das cabras ao leite, do leite ao queijo e do queijo à mesa. Entre as sobremesas, destaca-se o bolo de manjericão com toffee e mascarpone, preparado com o manjericão fresco da horta.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Popular