Negócios
O olhar “caleidoscópio” de Cate Blanchett, que arrebata prêmios e espectadores
SAN SEBASTIÁN — O nome de Cate Blanchett nos créditos é praticamente sinônimo de grande interpretação. Isso explica o fato de diretores do mundo inteiro não darem sossego à australiana, capaz de transmitir um caleidoscópio de emoções só com o olhar. De tão disputada, a atriz já se acostumou a rodar pelo menos três produções por ano, uma das médias mais altas da indústria do entretenimento.
“Escolho meus trabalhos por instinto, como se fosse gasolina”, contou Blanchett, de 55 anos e com mais de cem títulos como atriz na bagagem. “Fui privilegiada ao transcender muitas fronteiras. Meu trabalho me levou à Australásia, à Europa, ao continente americano e à China”, completou a estrela, ganhadora de mais de 200 prêmios de interpretação ao longo de três décadas de carreira.
É raro o ano em que Blanchett não se destaca, seja concorrendo a alguma estatueta ou recebendo um troféu honorário de festivais ou instituições. O Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, por exemplo, escolheu Blanchett para receber o último prêmio Donostia, na 72ª edição, por sua contribuição artística.
“Se existe um tecido que conecta toda a minha carreira, talvez seja o desejo de saber e a busca por decifrar o que significa ser humano, com todos os medos, as alegrias e as incertezas”, disse Blanchett, na cerimônia de premiação no norte da Espanha, que teve cobertura do NeoFeed.
E, em 5 de janeiro, ela ainda disputa o Globo de Ouro de melhor atriz em minissérie, antologia ou telefilme por Disclaimer, atualmente disponível no catálogo da Apple TV+.
A minissérie concebida como um thriller psicológico é uma das melhores produções para a televisão de 2024, ao jogar inteligentemente com a subjetividade das memórias.
Mais uma vez, Blanchett consegue hipnotizar o espectador. Aqui, mais especificamente, pelo desespero que imprime na personagem, ao sentir que sua vida pode ser arruinada de um minuto para o outro. Catherine Ravenscroft é uma jornalista investigativa que acaba retratada como uma assassina em um livro misterioso, recebido anonimamente, onde um doloroso episódio do seu passado volta à tona.
“Para mim, a personagem aqui até foi secundária diante do exercício de formato proposto por Alfonso Cuarón, um dos grandes artistas do cinema. O que ele fez foi cinema para a tela pequena”, afirmou a atriz, ao comentar porque aceitou participar da série assinada pelo cineasta mexicano.
Entre as principais conquistas de Cuarón estão quatro prêmios Oscar, incluindo dois de melhor diretor, por Gravidade (2013) e Roma (2018).
“Achei irresistível a ideia de manter a grandiosidade das ideias e do tratamento visual do cinema, assim como o ritmo do cinema, sem se preocupar tanto com o sentido narrativo”, disse Blanchett, referindo-se ao fato de os narradores de Disclaimer serem pouco confiáveis. Um recurso que deixou o público ainda mais intrigado.
Em 2024, Blanchett também rodou a comédia de horror canadense Rumors, de Guy Maddin, Evan Johnson e Galen Johnson — sem data de lançamento definida no Brasil.
Na pele de Hilda Ortmann, sua personagem é a chanceler alemã de uma reunião de cúpula do G7, grupo formado pelos países mais industrializados do mundo.
“Eu quis ajudar esse filme a ser feito justamente por abordar o encontro do G7, que acontece todo ano. Por mais que os líderes tentem resolver as crises contínuas e crescentes, eles não encontram a linguagem certa para isso. Parece mais um episódio de Scooby Doo”, contou ela, rindo.
Blanchett ainda foi vista este ano na adaptação de videogame Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo, lançado em agosto no Brasil, no qual ela interpreta uma caçadora de recompensas. E, por mais que o filme de Eli Roth tenha deixado muito a desejar, sendo recebido como uma bobagem, ele não fez a atriz perder o prestígio aos olhos da crítica.
Pelo contrário, o que mais se falou de Blanchett aqui foi sobre a sua capacidade de deixar qualquer personagem convincente, por mais ridículas que sejam suas falas. Um privilégio que provavelmente só uma atriz ganhadora das honrarias mais importantes do cinema tem.
Ela já saiu premiada do Oscar, do Globo de Ouro, do BAFTA e do SAG (o sindicato de atores, dos Estados Unidos), entre outras cerimônias.
Entendendo a escalação
O primeiro Oscar veio por O Aviador, em 2005, como melhor coadjuvante, pelo registro perfeito de Katharine Hepburn sob a direção de Martin Scorsese. E o reconhecimento, com o Oscar de atriz principal, chegou em 2014, na pele da socialite decadente que tenta resgatar os bons tempos em Blue Jasmine, de Woody Allen.
“Muitos diretores me surpreenderam em minha jornada, vendo algo em mim que eu mesma não conseguia ver. Já me senti absolutamente aterrorizada com os desafios, mas, depois de tantos anos no teatro, aprendi como transformar medo em empolgação”, afirmou ela.
Blanchett atribui parte do sucesso ao fato de ter entendido cedo como a escalação de atores funciona. “Quando saí da escola de teatro, não trabalhava como muitos dos meus colegas. Como eu tinha uma aparência estranha, ninguém sabia o que fazer comigo. Eu mesma não sabia”, recordou a atriz, chamada apenas para ajudar nos testes de uma agência de elenco, na época.
“Eu participava lendo o outro papel, aquele que contracenava com o personagem do ator que fazia o teste”, contou.
Ela costumava ouvir tudo o que era falado sobre o artista. Tanto antes das audições quanto depois. “Percebi que muitas dessas decisões eram tomadas antes de o ator abrir a boca. E nada que ele fizesse poderia mudar isso.”
E foi assim que Blanchett entendeu que a melhor coisa a fazer, quando era ela a profissional testada, seria usar o espaço como se fosse seu, sem colocar o foco no resultado.
Muitas vezes, a atriz só participava das audições para descobrir se queria mesmo o papel ou se desejaria de fato trabalhar com um determinado diretor.
Como ela contou: “E comecei também a aceitar trabalhos que os outros não viam como uma oportunidade, mesmo que eu morresse na página nove. E quando me perguntavam se eu não queria o papel maior, eu recusava. Dizia: ‘Não, esse é o papel mais interessante”.
Negócios
Prio tinha a Petrobras como única cliente do seu gás natural. Agora, o mercado é “sem limite”
A ação da Prio fechou o primeiro pregão de 2025 em alta de 1,54%, ao contrário do Ibovespa, que encerrou o dia em queda de 0,13%. O que ajudou a impulsionar o papel da companhia de óleo e gás foi o anúncio do início da comercialização direta de gás natural para o mercado.
Em comunicado na quinta-feira, 2 de janeiro, a Prio informou que o produto, que antes era vendido integralmente para a Petrobras, passa a ser oferecido de forma ampla ao mercado.
A decisão de passar a ser comercializadora direta de gás acompanha a estratégia de verticalização da companhia, que inclui as etapas de produção e venda do gás natural aos distribuidores. É a mesma estratégia feita com o petróleo, que passou a ser vendido diretamente em 2023.
“Agora a gente passa a ter a oportunidade de fazer com que o nosso gás chegue ao consumidor final, por meio das distribuidoras. Assim, vamos estar mais próximos dos clientes”, diz Gustavo Hooper, head de trading e shipping da Prio, em entrevista ao NeoFeed.
A produção inicial será de 300 mil m³/dia, mas a perspectiva é de alcançar a marca de 1 milhão de m³/dia ao longo de 2025, a partir do início da produção do campo de Wahoo, em área de pré-sal, no Espírito Santo.
A empresa ainda aguarda, no entanto, o licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para dar início ao processo de perfuração dos poços.
A expectativa é de que a nova unidade de produção comece a operar oito meses após a autorização ambiental. O executivo acredita que a liberação possa ocorrer ainda no primeiro quadrimestre do ano, o que asseguraria o início das atividades ainda em 2025.
Para iniciar a venda de gás natural, a petroleira firmou acordo com a Petrobras para utilizar a infraestrutura da empresa por meio do Sistema Integrado de Escoamento da Bacia de Campos (RJ) e da Unidade de Processamento de Gás Natural de Cabiúnas, em Macaé (RJ).
Mas, a partir de agora, a gigante petrolífera não terá mais a exclusividade do produto da Prio. Segundo o executivo, a produção atual já está comercializada para outras empresas do País. Ele, no entanto, não revela os nomes das companhias. Dessa forma, a Prio pode vender de forma direta para Comgás, Eneva, entre outros players do setor.
Atualmente, a companhia produz o equivalente a 100 mil barris de petróleo/dia, dos campos de Albacora Leste e Frade, em Macaé, de onde também saem os 4 mil barris equivalentes/dia de gás natural. Com a nova configuração a partir do campo de Wahoo, a produção de petróleo vai alcançar 150 mil barris/dia, e a de gás deve ficar em 10 mil barris equivalentes/dia.
“Por mais que ainda tenha uma participação pequena no nosso portfólio, o gás tem um peso relevante para a indústria, pois a Prio é uma das maiores produtoras do País. Se hoje representa perto de 5% da nossa carteira, deve chegar a algo em torno de 10% com o campo de Wahoo”, afirma Hooper. O gás natural da Prio é o chamado associado, que vem junto com a produção de petróleo.
Do volume total produzido pela empresa, 80% são destinados à produção de gás natural, 15% para gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha) e 5% no formato condensado, usado na produção de gasolina.
Mesmo com o aumento da capacidade de produção, a porcentagem de distribuição, em massa, deve ser mantida. No caso do petróleo, 90% são destinados ao exterior e, no gás natural, 100% da produção é distribuída no Brasil.
Os investimentos da Prio, uma das principais júnior oils brasileiras, para colocar o campo de Wahoo em operação chegam a R$ 4,5 bilhões, com 80% destinado a contratações e desenvolvimento de empresas fornecedoras.
Para otimizar os recursos e garantir mais sinergia da operação, o gás produzido a partir de Wahoo vai passar pela mesma estrutura usada no campo de Frade, e, a partir daí, também entrar na tubulação da Petrobras.
O projeto terá um tieback submarino de 35 quilômetros, o maior da América Latina, entre Wahoo e Frade. O novo campo deve gerar mais de R$ 3 bilhões de royalties para o estado do Espírito Santo e União.
Com valor de mercado de R$ 36,4 bilhões, a ação PRIO3 acumula queda de 10,1% em 12 meses.
Negócios
Hindenburg liga o “sinal vermelho” para plataforma americana de carros usados
Depois do Adani Group e da Roblox, a Hindenburg Research tem um novo alvo: a Carvana, uma plataforma americana de compra e venda de carros usados, que está sendo acusada de manipulação contábil.
Em relatório divulgado na quinta-feira, 2 de janeiro, a Hindenburg alega que o portfólio de empréstimos subprime da Carvana possui riscos substanciais e o crescimento dos resultados é insustentável. A casa de research especializada em vendas a descoberto diz que estudou a companhia ao longo de quatro meses, conversando com ex-funcionários e concorrentes.
A Hindenburg, que naturalmente está short na Carvana, diz que o portfólio de empréstimos da empresa é “tóxico”, resultado de “padrões frouxos” de controle. Um ex-diretor da companhia teria dito que a empresa “aprova 100% dos pedidos” de empréstimo, emulando o período anterior à crise financeira de 2008, quando algo parecido ocorria no setor imobiliário.
A casa de research afirma que, através de terceiros, a Carvana esconde o risco de seu portfólio de empréstimos. O objetivo seria valorizar as ações e permitir que o CEO da companhia, Ernest Garcia III, e seu pai, Ernest Garcia II, possam aproveitar a valorização das ações e lucrar com a venda de participação. A prática não seria recente, com a dupla embolsando cerca de US$ 3,6 bilhões entre agosto de 2020 e agosto de 2021.
Segundo Hindenburg, mesmo correndo risco de falência em 2022 e 2023, as ações acumularam alta de 284% no ano passado. Para a casa de research, o turnaround promovido em 2024 não passou de “uma miragem” por conta das manipulações contábeis.
O relatório da Hindenburg pesou sobre as ações da Carvana. Depois de um recuo de queda de mais de 5%, os papéis recuavam 3,94% por volta das 16h52, a R$ 195,34. A companhia está avaliada em US$ 40 bilhões. Procurada por uma série de veículos de mídia, a Carvana não se pronunciou.
A Carvana é o mais recente alvo da Hindenburg, frequentemente acusada de tentar manipular o mercado através de seus relatórios. Em outubro, a casa de research acusou a plataforma de videogames Roblox de inflar seus dados financeiros, além de priorizar crescimento em detrimento da segurança dos usuários, que em sua maioria são crianças.
A Hindenburg também foi considerada responsável por destruir o acordo entre a General Motors (GM) e a montadora de caminhões elétricos Nikola. A empresa acusou a startup e seu fundador, Trevor Milton, de fraude por declarações feitas sobre o desenvolvimento da tecnologia e dos produtos da Nikola.
Outro caso emblemático foi contra o Adani Group, do bilionário indiano Gautam Adani. No começo de 2023, a Hindenburg acusou a holding de manter companhias de fachada em paraísos fiscais para lavagem de dinheiro.
A consultoria também acusou o Adani Group de estar no centro “da maior fraude corporativa da história” e que sua operação apresenta uma “situação financeira precária”, em função de um endividamento excessivo, com alto risco de falta de liquidez no curto prazo.
Como resultado, sete operações que compõem o grupo perderam o equivalente a cerca de US$ 47 bilhões em valor de mercado na ocasião.
Negócios
Gestora prepara o lançamento do primeiro fundo em mais de 30 anos
A Millennium Management é uma gestora sui generis. Desde a sua criação, em 1989, ela possui apenas um fundo de investimento. Agora, mais de 30 anos após o seu lançamento, a ideia é lançar um novo fundo para se expor a ativos ilíquidos, como crédito privado.
O mercado financeiro em países desenvolvidos viu um boom no crédito privado nos últimos anos com o fim da taxa de juros zero e com os bancos tirando o pé do business de crédito com mais risco. Isso abriu espaço para emissões no mercado privado, que hoje já somam quase US$ 2 trilhões.
Na visão do hedge fund, apesar do grande crescimento recente, ainda há muitas oportunidades para serem exploradas nesse mercado e também em outros menos líquidos, o que justificaria um fundo de investimento específico para essa estratégia.
De acordo com jornais internacionais, a Millennium não decidiu se captaria dinheiro para um novo fundo ou se transferiria de sua base de capital existente. Recentemente, a Millennium levantou US$ 10 bilhões em ativos para investir quando surgirem oportunidades.
O possível movimento de expansão busca sustentar o crescimento que transformou a Millennium em um negócio de cerca de US$ 70 bilhões desde que foi fundada por Izzy Englander. Ele ainda é dono de 100% da gestora, que foi fundada por ele com apenas US$ 35 milhões em ativos.
A casa possui mais de 330 pessoas em seus times de investimentos ao redor do mundo para apenas um fundo, que negocia ações em estratégias fundamentalista e de arbitragem, renda fixa, commodities e estratégias quantitativas em mercados líquidos.
Em 2024, o fundo teve um retorno de 15%, e alcançou US$ 72,1 bilhão sob gestão. Desde o início, o fundo tem um retorno anual médio de 14%.
O Millennium compete com outros grandes hedge funds, como o Citadel, de Ken Griffin, e o Point72, de Steve Cohen.
A Millennium e a Citadel foram os primeiros hedge funds multigestores do mercado, que nos últimos anos têm sido o segmento de crescimento mais rápido da indústria de fundos de hedge de US$ 4,5 trilhões.
Mas o grau de liquidez da Millennium é menor que o resto do mercado. O seu fundo exige cinco anos de investimento, sendo mais perto de prazos de fundos de private equity do que de crédito privado.
Outros fundos de hedge já tentaram entrar no mercado de crédito privado. O Man Group, o maior fundo de hedge listado do mundo, por exemplo, adquiriu no ano passado a empresa de crédito privado dos EUA, Varagon.
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