Negócios
Pesquisa derruba mitos de como o dólar afeta o retorno de VCs e private equity
Há quase um consenso na Faria Lima de que a flutuação do dólar afeta os retornos de fundos de venture capital e private equity. Mas a mais ampla pesquisa sobre o tema, realizada pela Spectra em conjunto com o Insper, está derrubando alguns mitos em relação a esse assunto.
A pesquisa analisou 1.184 investimentos de fundos de private equity de 1994 a 2023 – incluindo entradas (quando o cheque foi assinado) e saídas (com a venda). E a conclusão é de que apesar de a TIR (taxa interna de retorno) em dólar ser inferior a TIR em real, ela não é tão grande quanto se imaginava.
“100% da Faria Lima fala que o câmbio destruiu o retorno dos investidores em dólares”, diz Ricardo Kanitz, sócio da Spectra, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil e tem apoio da JHSF. “(O câmbio) atrapalhou, mas não foi isso que ‘estragou’ a indústria de private equity e venture capital.”
Aos números: no período analisado, a TIR média em reais foi 7,5% maior do que a em dólares. Mas a inflação média anual em reais foi 5% maior do que em dólares. Conclusão: o saldo é uma TIR média de 2,5%, em termos reais. “Na prática, o investidor não perdeu muito dinheiro com o câmbio”, afirma Kanitz.
Outra conclusão que a pesquisa da Spectra mostrou foi de que, apesar de a taxa interna de retorno em reais ser 7,5% maior do que em dólares, o mesmo não acontece quando se analisa o desempenho dos fundos (e não apenas os deals de forma isolada).
No período analisado, os fundos em reais tiveram uma taxa interna de retorno 5,8% maior do que em dólares. Se considerada a inflação, isso significa dizer que tanto em real, como em dólar, o retorno foi praticamente o mesmo.
O estudo conduzido pela Spectra também identifica que a melhor forma de mitigar o efeito do câmbio não é criar um hedge cambial, nem tentar acertar qual o melhor timing do câmbio, mas sim ter consistência de investimento ao longo de diversos anos.
“Um deal pode perder muito dinheiro com o câmbio, pois o dólar pode ir de R$ 1,5 para R$ 6. Aí, o retorno é totalmente dizimado”, afirma Kanitz. “Se você investe ao longo de vários períodos de tempo, ou seja, tem um programa contínuo, a perda será só de 2,5%.”
Importante ressaltar que aproximadamente 60% dos investimentos analisados aconteceram no ciclo de desvalorização do real, a partir de 2010, o que inevitavelmente influenciou os retornos.
Entre 1994 e 1998, o câmbio esteve na casa do 1 para 1. Depois a moeda brasileira foi pouco a pouco se desvalorizando, chegando, em momentos de stress, a quase R$ 6.
Na segunda-feira, 17 de junho, o dólar fechou cotado a R$ 5,42. Neste ano, a moeda americana sobe 11,72%, em meio a um cenário econômico pressionado por dúvidas sobre a questão fiscal.
De VC a search funds
A Spectra é uma gestora de ativos alternativos, com aproximadamente R$ 7 bilhões sob gestão. Investe em diversas classes de ativos, que vão desde venture capital, passando por distressed assets, legal claims, search funds, além de comprar cotas secundários de fundos e LPs (limited partners) e fazer coinvestimentos.
No ano passado, a Spectra fez um estudo que causou um grande burburinho no mercado. A pesquisa concluía que os múltiplos de venture capital não faziam sentido no Brasil, o que tornava a classe de ativos pouco atraente para investimentos.
Perto de concluir a captação de seu sexto fundo, que deve ficar entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2 bilhões, a gestora está reduzindo a alocação em venture capital. Ao mesmo tempo, está crescendo os investimentos em search funds, que deve representar 15% – o que faz da Spectra a maior investidora dessa classe de ativos do Brasil.
Aproximadamente dois terços dos recursos alocados da Spectra são na compra de fatias secundárias de cotas de LPs ou de fundos e em coinvestimentos que realiza com as gestoras que investe – hoje, ela é cotista de dezenas de gestoras, da Astella a Kaszek.
Neste programa do Café com Investidor (que você assiste no vídeo acima), Kanitz explica em detalhes a pesquisa sobre a flutuação do câmbio, fala da estratégia da Spectra e conta um aprendizado que aprendeu com o cofundador da Meta (antigo Facebook), Eduardo Saverin, com quem estudou em Harvard, que leva para a vida toda. Quer saber? Assista ao vídeo até o fim.
Negócios
“Overdose” fiscal mobiliza equipe econômica e engessa mercado
Truncada por um feriado com a paralisação dos mercados nos EUA pelo Dia de Ação de Graças na quinta-feira, 28 de novembro, e queda na liquidez global e local, a quarta semana do mês será pautada pela política fiscal que volta a ser protagonista no Brasil após a conclusão da intensa agenda da Cúpula do G20.
As medidas que preveem corte de gastos seguem em destaque no Executivo, enquanto o Congresso, que ainda precisa votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a proposta de Orçamento para 2025, deve apressar os trabalhos para, em seguida, deflagrar a contagem regressiva para o recesso parlamentar que tem início em 23 de dezembro e termina em fevereiro.
Em breve, portanto, o clima será de fim de festa e novembro deverá desembarcar do calendário com uma “overdose” de dados fiscais a ser disparada a partir de sexta-feira, 22 de novembro, com a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas no 5º bimestre.
Ocasião em que bloqueio e/ou contingenciamento de despesas podem ser anunciados, mirando o cumprimento da meta fiscal fixada em zero neste ano, mas com a possível utilização da margem de tolerância de déficit equivalente a 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões este ano) autorizada pelo arcabouço fiscal. Na quinta-feira, 21 de novembro, o ministro Fernando Haddad antecipou que, desta vez, haverá um bloqueio de R$ 5 bilhões no Orçamento.
Se não sofrer atraso pela recorrente mobilização de servidores por reajuste salarial e estruturação de carreiras, o Tesouro divulgará na quarta, 27, o Relatório Mensal da Dívida Pública de outubro. E, no dia seguinte, 28, o resultado das contas do governo central – critério que reúne Tesouro, Banco Central e Previdência. Na sexta-feira, 29, é a vez de o BC publicar o desempenho das contas públicas consolidadas. Também de outubro.
Insumo para uma miríade de projeções de mercado, todos esses documentos são relevantes. Porém, neste momento, o pacote de medidas de corte de gastos, que deve mirar 2025 e 2026, é um concorrente de peso.
É imensa a expectativa no mercado com essas medidas que já passaram por prolongada discussão dentro do governo, capitaneadas pelo presidente Lula, mas com desfecho atropelado pela Cúpula do G20. A reunião de chefes de Estado e de Governo, além de privilegiar obviamente uma agenda global, deslocou para o Rio de Janeiro a base do governo brasileiro que tende a estar novamente alinhada para uma semana “cheia”, na segunda, 25 de novembro.
É fato que as propostas para limitar a expansão das despesas podem ser anunciadas a qualquer momento. Mas sob o risco de serem ofuscadas pela arrecadação federal – divulgada na quinta-feira, 21 de novembro – renovando recordes. Em outubro, a expansão real foi de 9,77% e, em dez meses, de 9,69%, saltando a R$ 2,182 trilhões.
Trâmite no Congresso recomenda cautela
Embora amplamente aguardadas, as medidas de corte de gastos terão longo caminho a percorrer para se tornarem efetivas porque deverão ser encaminhadas ao Congresso na forma de Proposta de Emenda à Constituição e Projeto de Lei – sinalização dada há tempos pelo ministro Fernando Haddad.
Esse trâmite congressual conhecido sugere, a priori, que as propostas dificilmente serão aprovadas a toque de caixa ou na íntegra. Porém, prevalece a expectativa de que as medidas reforçarão a âncora fiscal tendo, portanto, uma repercussão positiva, avaliam economistas de instituições financeiras. No mínimo, porque o prometido terá saído do papel.
Já o impacto nos preços dos ativos poderá ser limitado, dada a demora do governo em obter consenso entre os ministros, sobretudo da área social e militar, para amarrar as decisões. E pela necessidade de análises mais detalhadas das medidas por especialistas do mercado e da academia.
Nesse contexto, a expectativa é de que efeitos do anúncio do pacote nos preços dos ativos sejam pontuais. E as atenções deverão se concentrar no dólar que segue forte no exterior, ante a escalada do conflito Rússia-Ucrânia. Fator que leva bancos e consultorias a revisarem suas projeções sem esboçar, por ora, confiança no fortalecimento do real.
Mas as revisões também levam em conta incertezas fiscais locais e, adicionalmente, a mutação em curso nas duas maiores economias do planeta. A China tem anunciado estímulos fiscais pesados à atividade, mas sem convencer investidores de que conseguirá dar fôlego ao PIB que perde tração.
Os EUA, por sua vez, trocarão de governo, em 20 de janeiro, com Donald Trump fortalecido pela conquista da Câmara e Senado pelo Partido Republicano – uma composição de poder que reforça o perfil protecionista e expansionista em termos fiscais e inflacionário da nova gestão.
Em meio a essa somatória de eventos, as projeções para o dólar avançam e arrastam prognósticos para juro e inflação. Embora a última edição da Focus aponte estimativas medianas de, respectivamente, R$ 5,55 e R$ 5,48 para o final de 2024 e 2025, instituições não descartam R$ 5,70 para os dois períodos.
Esse patamar já foi incorporado aos cenários da XP, LCA e Itaú Unibanco que justifica o ajuste – vindo de R$ 5,40 para 2024 e R$ 5,20 em 2025 – “por incertezas fiscais locais somadas às externas, com perspectiva de um dólar mais forte globalmente e a despeito do aumento do diferencial de juros”.
Diferencial em expansão apesar da perspectiva de corte mais lento e provavelmente menor do juro americano pelo Federal Reserve a ser compensado, porém, pela alta prolongada ou mais forte da Selic pelo Banco Central do Brasil.
Nos EUA, a resiliência da economia não apressa cortes. No Brasil, a desancoragem das expectativas de inflação, que flerta com 4,8% em 2024 e até 5% em 2025, incentiva a alta da Selic ao refletir câmbio pesado e atividade robusta com aumento do PIB para até 3,3% ou mais este ano. E queda menos acentuada no próximo.
Resultado: a curva de juros indica que a Selic poderá arranhar 13% ao final do ciclo de aperto monetário, mantendo distante a “melhor” aposta para a retomada de cortes – outubro de 2025. Antessala do eleitoral 2026.
Negócios
Wealth Point #30 – Cassiano Leme, da Constância Investimentos, e Valter Bianchi Filho, da Fundamenta
O post Wealth Point #30 – Cassiano Leme, da Constância Investimentos, e Valter Bianchi Filho, da Fundamenta apareceu primeiro em NeoFeed.
Negócios
Agibank chega a 1.000 pontos físicos e mira R$ 100 bilhões em concessão de crédito
Enquanto os grandes bancos estão reduzindo sua base de agências, o Agibank segue apostando na abertura de unidades físicas. Nesta sexta-feira, 22 de novembro, o banco especializado em crédito consignado inaugura sua milésima unidade, na cidade de São Pedro, no interior de São Paulo.
E a ideia é não parar por aí. Com plano de alcançar R$ 100 bilhões em concessão de crédito até 2030, o Agibank planeja aprofundar sua pegada física pelo País. A intenção é chegar a 2,5 mil unidades no período, mesclando atendimento presencial e serviços digitais, para atrair o público pensionista e de baixa renda.
“Quando a gente olha o Brasil de menor renda, baixa escolaridade, os pensionistas, percebemos que formatos apenas digitais ou presenciais estão muito distantes de atender a realidade dos clientes”, diz Glauber Correa, CEO do Agibank, ao NeoFeed.
Somente neste ano, o Agibank, que conta com a Vinci Partners como sócia desde 2020, inaugurou 100 dos chamados Smart Hubs pelo País. Nessas unidades, que não possuem caixa eletrônico, nem porta giratória, os clientes do Agibank recebem orientação financeira e auxílio para acessar serviços financeiros como crédito, seguros, contas e cartões no aplicativo.
O foco até então eram as cidades com mais de 100 mil habitantes. Agora, o banco pretende também ter presença em municípios com mais de 50 mil pessoas, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, onde tem planos de abrir 200 lojas somente no ano que vem.
A questão do atendimento é particularmente importante para alcançar o público pensionista, que vem crescendo fortemente e é um dos principais focos do banco nos últimos anos – quase 80% do portfólio de crédito é composto pelo consignado de INSS.
Segundo o CFO do Agibank, Marcello Dubeux, os investimentos em unidades físicas visam a acompanhar o envelhecimento da população brasileira. Dados do IBGE apontam que, de 2000 a 2023, a proporção de idosos (60 anos ou mais) quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. E, em 2070, cerca de 38% dos habitantes do País serão idosos.
A maior presença física pelo País é vista como um dos motivos pelo qual o Agibank fechou o terceiro trimestre com 3,6 milhões de clientes ativos, aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2023, e uma carteira de crédito de cerca de R$ 22 bilhões, alta de 55,2%.
Correa diz que os Smart Hubs possuem custos 90% menores quando comparados com agências bancárias, o que torna essa rede muito mais leve em termos financeiros. “O custo de implantação é muito baixo, próximo de US$ 30 mil”, afirma.
Para financiar a expansão da base de pontos de atendimento, o Agibank vai utilizar recursos próprios. No terceiro trimestre deste ano, o banco registrou um lucro líquido de R$ 206 milhões, alta de 49,6% em base anual, com receita de R$ 1,9 bilhão, crescimento de 41,1%.
Em julho, o Agibank reforçou o caixa com a emissão de R$ 2,3 bilhões em debêntures. Três meses depois, acrescentou mais R$ 400 milhões em letras financeiras, com o objetivo de manter o ritmo de crescimento da concessão de crédito. “Estamos na franja para onde podemos avançar no segmento do INSS”, diz Correa.
Com esse plano de expansão, o tema de IPO invariavelmente volta para mesa. Sobre o assunto, Correa diz que esse movimento, tanto no mercado local quanto no exterior, “é sempre analisado”, mas que a empresa “não tem nada na mesa agora”.
Em relação à notícia publicada pelo jornal Valor Econômico, que diz que o banco contratou o Goldman Sachs para vender uma fatia minoritária, ele se limitou a dizer que “o Agibank não está em processo de venda”.
-
Entretenimento5 meses atrás
da Redação | Jovem Pan
-
Negócios4 meses atrás
O fiasco de Bill Ackman
-
Entretenimento3 meses atrás
Jovem Pan | Jovem Pan
-
Tecnologia6 meses atrás
Linguagem back-end: veja as principais e guia completo sobre!
-
Empreendedorismo6 meses atrás
5 maneiras de garantir acolhimento às mães na empresa
-
Tecnologia6 meses atrás
Linguagem de programação Swift: como programar para IOS!
-
Entretenimento6 meses atrás
Gisele Bündchen arrecada R$ 4,5 milhões para vítimas de enchentes no RS
-
Negócios6 meses atrás
As duas vitórias da IWG, dona de Regus e Spaces, sobre o WeWork: na Justiça e em um prédio em SP