Negócios
Setor elétrico exige “choque” de investimentos. E HIX Capital vê um vencedor claro
O crescimento das matrizes energéticas renováveis no País ajudaram a elevar a oferta de energia no sistema e avançar a agenda de descarbonização. No entanto, elas acabaram gerando um problema estrutural no sistema elétrico, que começa a demonstrar sinais de incapacidade de atender a demanda do mercado nos momentos em que o consumo sobe.
A avaliação é da HIX Capital, que vê a intermitência da produção de energia eólica e solar, e a saturação da hídrica, como um desafio nos próximos anos – mas também como uma oportunidade para investimentos em novas matrizes, em especial as termelétricas, apontando a Eneva como uma das principais vencedoras desse movimento.
“A grande transformação da matriz energética brasileira na última década, com significante adição de fontes renováveis (principalmente eólica, solar e hidrelétricas à fio d’água), aumentou a complexidade e diminuiu a confiabilidade do sistema energético – que parece já se encontrar em um limite de estresse, onde os modelos matemáticos utilizados pelo regulador para prever a demanda de carga deixam de ser aderentes”, diz um trecho do relatório.
Segundo a gestora, que conta com R$ 1,7 bilhão em ativos sob gestão, no passado o planejamento do sistema priorizava a adição de capacidade de geração do sistema. Agora, o aumento da representatividade de matrizes renováveis torna necessário voltar a atenção para a disponibilidade de potência.
A HIX Capital aponta que o aumento da capacidade de geração de energia pelas fontes eólica e solar concentrada no meio do dia cresceu em uma velocidade superior à demanda nesse mesmo horário. Por outro lado, o sistema conta com poucas fontes com capacidade de compensar a diminuição de geração dessas matrizes no horário de pico de demanda, entre 18h e 21h.
“Essas fontes não conseguem, como as usinas hidrelétricas, armazenar energia em reservatório”, diz um trecho do estudo da HIX. “Assim, a energia é gerada apenas durante períodos de disponibilidade de suas fontes (vento e radiação luminosa) e precisa ser utilizada no momento de sua produção ou será desperdiçada.”
A HIX destaca que a demanda de energia no País cresceu acima do desempenho da economia. Segundo o estudo, entre 2014 e 2022, quando a atividade não evoluiu muito, a carga energética cresceu 15,7%, ou 2,5% ao ano. Com a aceleração do PIB desde 2019, a carga cresceu 3,5% ao ano, ou 18,6% no total.
Este cenário coloca muita pressão sobre a matriz hídrica, espinha dorsal do sistema elétrico brasileiro. As usinas apresentam uma série de limitações, desde a imprevisibilidade do regime de chuva, passando por temas que limitam a produção, como navegação e preservação da vida marinha, e questões técnicas relacionadas à vazão mínima das turbinas.
A HIX aponta ainda que entre as 16h e 21h, as hidrelétricas não têm mais a potência necessária para estabilizar o Sistema Interligado Nacional de Energia (SIN).
Para “piorar”, o sistema tem visto energia sendo “jogada fora”, considerando o fato que o excesso de produção ocorre nos momentos fora do horário de pico, e tem visto cada vez mais o acionamento de térmicas a diesel, mais caras e poluentes.
O que fazer?
Para lidar com a situação, a HIX diz que é preciso investir não apenas em capacidade, como também em construir “uma infraestrutura cada vez mais robusta no entorno da matriz atual”.
Uma das respostas apontadas pela gestora seria investir em baterias, que armazenariam a energia produzida fora do período de alta demanda. Mas a HIX destaca que a viabilidade econômica em larga escala desta solução ainda não foi plenamente testada.
Outra alternativa seria investir em termelétricas movidas a gás, que teriam o “papel de supridor de última instância em momentos de maior estresse hídrico”, além de serem movidas por um combustível mais barato e menos poluente. O estudo aponta que essa matriz seria relevante para atender à crescente demanda por energia, sem os riscos de intermitência como as fontes renováveis têm.
A HIX aponta a Eneva como uma das principais beneficiadas, caso o País de fato aumente a fatia dessa matriz, considerando os investimentos que fez ao longo dos anos em infraestrutura e aquisição de reservas. A gestora investe na companhia desde 2016 .
“A Eneva possui um posicionamento privilegiado, com capacidade de mobilizar ativos já existentes para contribuir (e liderar) como parte da solução do desafio energético brasileiro”, diz trecho do estudo.
Medidas para remunerar melhor as hidrelétricas, cuja geração é maior nos momentos de maior necessidade de energia, incentivaria investimentos na modernização das usinas, garantindo que continuem a fornecer energia de forma eficiente e segura. Para a HIX, medidas como essa teriam efeito particularmente positivo para Eletrobras e Copel.
As ações da Eneva fecharam o pregão desta segunda-feira, 23 de setembro, com queda de 1,07%, a R$ 13,85. No ano, elas acumulam alta de 4,21%, levando o valor de mercado a R$ 21,9 bilhões.
Negócios
Programa “É Negócio” é o vencedor do Prêmio Aberje na categoria Mídia do Ano – TV
Fruto de uma parceria entre o NeoFeed, referência na cobertura de negócios, finanças, economia e inovação, e a CNN Brasil, o programa É Negócio foi um dos destaques do Prêmio Aberje 2024, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Empresarial (Aberje).
A atração foi eleita a vencedora na categoria Mídia do Ano – TV na premiação, que está em sua 50ª edição. Comandado pelo jornalista Carlos Sambrana, cofundador do NeoFeed, o programa vai ao ar todos os domingos, às 20h45, pela CNN Brasil.
O É Negócio estreou na grade da CNN Brasil em 5 de novembro de 2023, trazendo como seu primeiro convidado Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan. Desde então, diversos nomes de peso do empresariado nacional passaram pelo programa.
Extensa, a lista inclui entrevistados como Gustavo Werneck (Gerdau), Marcelo Noronha (Bradesco), Stéphane Maquaire (Carrefour Brasil), Miguel Setas (CCR), José Auriemo Neto (JHSF), João Vitor Menin (Inter), Renato Franklin (Casas Bahia), Eduardo Chedid (PicPay), Ilson Bressan (Valid), Roberto Perroni (Brookfield), John Rodgerson (Azul), Nizan Guanaes (N.Ideias), entre outros grandes nomes que fazem o PIB.
Além da presença das personalidades do mundo empresarial, a organização do Prêmio Aberje observou que “o É Negócio é reconhecido por suas entrevistas de alta qualidade técnica, ética e estética”.
A premiação também ressaltou o fato de que, além dos negócios, a atração “explora o lado humano de seus convidados, como no quadro ‘O que o erro me ensinou’, que humaniza as trajetórias dos CEOs ao revelar aprendizados valiosos ao longo de suas carreiras.”
Segundo os organizadores, em uma época em que os CEOs se tornam figuras cada vez mais públicas, é fundamental contar com espaços qualificados na mídia para que suas histórias, visões e opiniões sejam compartilhadas e avaliadas pelo mercado e pela sociedade.
“Esses espaços demandam um olhar experiente e especializado, capaz de compreender a complexidade dos negócios e das empresas, e conduzir diálogos relevantes. Esse é o caso do programa É Negócio, comandado por Carlos Sambrana, fruto de uma parceria bem-sucedida entre a CNN e NeoFeed”, ressaltou a premiação, em nota.
Negócios
Na Volkswagen, o “inferno astral” não tem fim
Em meio a uma de suas piores crises, com direito à perda da liderança na China, queda das vendas na Europa e margem de lucro reduzida, a Volkswagen pode ter que lidar com uma greve na Alemanha, por conta da decisão de fechar fábricas no país, algo que nunca fez em 87 anos de história.
Funcionários da montadora na Alemanha estão se preparando para realizar paralisações pontuais nas próximas semanas, depois que os executivos da companhia rejeitaram a demanda deles por reverter o fechamento das fábricas.
“Vamos nos preparar para uma escalada a partir do início de dezembro”, disse Thorsten Gröger, negociador do IG Metall, sindicato que representa funcionários do ramo da metalurgia na Alemanha, nesta quinta-feira, 21 de novembro, segundo o jornal Financial Times.
A Volkswagen anunciou, em setembro deste ano, que poderia fechar fábricas na Alemanha por viver uma “situação grave”. O plano deve seguir adiante, segundo informou a líder do conselho de funcionários da montadora, Daniela Cavallo, em outubro, e prevê o corte de dezenas de milhares de empregos, além de promover um corte de salários.
O anúncio dos preparativos para uma greve veio após mais de seis horas de negociações entre a empresa e o sindicato. De acordo com o FT, na quarta-feira, 20 de novembro, os funcionários propuseram abrir mão de € 1,5 bilhão em aumentos salariais no futuro em troca do corte de pagamento de bônus aos executivos e dividendos aos acionistas, além da reversão do fechamento das fábricas.
A Volkswagen informou que a proposta é um “sinal positivo, com os representantes dos funcionários mostrando abertura para reduzir os custos trabalhistas”. Mas declarou que a oferta precisa ser avaliada para determinar “se resulta num alívio financeiro sustentável para a companhia e oferece perspectivas para a força de trabalho”.
Segunda maior montadora do mundo, os problemas da Volkswagen não são recentes, mas as perdas em vendas e de mercado, especialmente na China, levaram a gigante alemã a gigante alemã a prever fechar 2024 com US$ 500 milhões de prejuízo.
Além da questão competitiva, a Volkswagen possui uma estrutura inchada em comparação com seus concorrentes. A montadora alemã tinha cerca de 684 mil funcionários em 2023. Isso é cerca de 309 mil a mais do que a Toyota, que, no ano passado, vendeu cerca de 2 milhões de veículos a mais do que a Volkswagen em todo o mundo no ano passado.
Apesar do anúncio de paralisações, representantes do sindicato e da companhia devem retomar as conversas em 9 de dezembro. Cavallo disse que espera fechar um acordo antes do Natal.
As ações da Volkswagen fecharam o pregão desta quinta-feira com queda de 0,71% na Bolsa de Frankfurt, a € 81,02. No ano, elas acumulam queda de 32,3%, levando o valor de mercado a € 44,5 bilhões.
Negócios
Predomínio das “Sete Magníficas” no S&P 500 deve evaporar em 2025, prevê Goldman Sachs
O banco de investimento Goldman Sachs prevê que, após atingir grandes altas nos últimos dois anos, as ações das sete gigantes de tecnologia – Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla – deverão perder a grande vantagem em relação a outros papeis do índice S&P 500 no ano que vem.
Em nota enviada a clientes, o estrategista-chefe de ações do Goldman Sachs nos EUA, David Kostin, citou dois fatores para fundamentar sua previsão.
O primeiro, relativo à valorização das Sete Magníficas, indica que suas ações teriam atingido um teto “após uma valorização justa”. Isso significa que as empreses precisarão continuar crescendo a taxas descomunais para que as ações continuem subindo, o que Kostin considera pouco provável.
O segundo fator diz respeito às perspectivas da economia em 2025. Kostin prevê que o S&P 500 deverá manter crescimento de dois dígitos em 2025, mas num ritmo menor que o atual, uma vez que a futura gestão do presidente eleito Donald Trump tende a aumentar os riscos de choques no mercado.
“O diferencial cada vez menor nas taxas de crescimento dos lucros deve corresponder a um estreitamento nos retornos relativos das ações”, escreveu Kostin, questionando a longevidade do boom da IA — o combustível que alimentou a supervalorização das Sete Magníficas.
“Embora a história de crescimento dos lucros ‘micro’ apoie o desempenho superior contínuo das ‘Magnificent 7’, fatores mais ‘macro’, como crescimento econômico e política comercial, inclinam-se a favor do S&P 493”, escreveu Kostin.
O grupo das sete gigantes de tecnologia foi responsável por mais da metade do aumento de 57% no S&P 500 nos últimos dois anos. Mas, ano após ano, essa lacuna de desempenho superior vem diminuindo.
Em 2023, as sete ações geraram um retorno de 76,3%, contra um retorno de 13,8% das ações das outras 483 empresas do S&P 500, uma diferença de cerca de 63 pontos percentuais. Em 2024, até agora, essa diferença de “retorno do prêmio” caiu para 22 pontos percentuais.
Em sua perspectiva de ações dos EUA para 2025, Kostin espera que a diferença de prêmio entre os dois blocos possa cair para apenas 7 pontos percentuais – a menor em sete anos -, à medida que o crescimento dos lucros diminui.
Concentração de mercado
Em outubro deste ano, Kostin já havia advertido que episódios de mercados altamente concentrados não costumam durar. No comunicado aos clientes, o estrategista do Goldman Sachs alertou que uma combinação de fatores fundamentais sugere que o mercado está “mais vulnerável do que o normal” a quedas significativas se houver qualquer contratempo no crescimento das Sete Magníficas.
Mesmo assim, Kostin manteve otimismo quanto ao S&P 500. Ele estimou uma meta de 6.500 pontos para o S&P 500 no fim de 2025, representando um ganho de cerca de 11% no índice de referência em relação aos níveis atuais. A previsão está alinhada com a projeção de 6.500 pontos que o Morgan Stanley fez esta semana e um pouco abaixo da meta da BMO Capital Markets para 2025, de 6.700 pontos.
“Em nossa perspectiva macro básica, a economia e os lucros continuam a crescer e os rendimentos dos títulos permanecem em torno dos níveis atuais”, escreveu Kostin. “Mas o risco de eventos permanece alto em 2025, inclusive da ameaça potencial de uma tarifa generalizada e do risco potencial de rendimentos de títulos ainda mais elevados.”
Embora ainda seja um retorno saudável, 11% são bem inferiores em comparação com o desempenho dos últimos dois anos. Em 2023, o S&P 500 se recuperou fortemente, terminando o ano com alta de 24%. Até agora, neste ano, também subiu 24% – isso depois que os investidores começaram o ano bastante pessimistas, esperando apenas um ganho de 2%, de acordo com uma pesquisa de fevereiro da agência Reuters.
As previsões de Kostin pressupõem que Trump implementará tarifas gerais sobre todas as importações, com peso maior para as chinesas. Economistas esperam que as tarifas sejam amplamente inflacionárias, já que os custos elevados tendem a ser repassados aos consumidores.
Muitos desses efeitos negativos serão mitigados pelo que o Goldman espera ser um cenário econômico otimista no geral, com a inflação caindo, um Federal Reserve dovish (que favorece taxas de juros mais baixas e uma menor preocupação com a inflação) e atividade acelerada de fusões e aquisições, o que pode levar a maiores retornos para investidores em empresas que forem compradas.
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