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Um mergulho na arte de Zéh Palito, o pintor que conquistou Beyoncé e Jay-Z

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Um mergulho na arte de Zéh Palito, o pintor que conquistou Beyoncé e Jay-Z
Tempo de Leitura:5 Minuto, 45 Segundo


Uma figura feminina negra, destacada por pinceladas vibrantes, está à beira de uma piscina ensolarada. Com um olhar sereno e altivo, vestida com um maiô estampado de papaias, ela posa diante de uma casa modernista, cujas paredes em tons pastel contrastam com o azul da água.

O trampolim amarelo, congelado no instante do salto, torna-se uma metáfora silenciosa para o próprio mergulho de Zéh Palito, autor da pintura, na arte contemporânea. Intitulada The Negro Splash, a obra faz parte da exposição Cars, Pools & Melanin, em cartaz na galeria Perrotin, em Nova York.

“Carros e piscinas são frequentemente associados ao transporte e ao lazer. Porém, quando esses elementos se relacionam com a figura negra, marcada pela alta concentração de melanina, também evocam episódios de segregação racial e de luta por liberdade nos Estados Unidos,” explica Zéh, em conversa com o NeoFeed.

O artista se inspira no trabalho A Bigger Splash, do britânico David Hockney, famoso por seus trabalhos retratar pessoas brancas à beira da piscina. Contudo, Zéh recontextualiza a cena, lembrando-nos que, até a assinatura da Lei dos Direitos Civis de 1964, a população negra americana frequentemente enfrentava proibições ou restrições severas quanto ao uso de piscinas públicas.

“Quero falar com meu trabalho sobre as experiências de corpos negros e de minorias étnicas em momentos de lazer, amor, felicidade, empoderamento e autoconfiança,” afirma Zéh. “Cada retrato busca fazer com que essas pessoas se tornem protagonistas de suas próprias histórias.”

Além de 16 pinturas, ele também apresenta suas primeiras esculturas nesta exposição: “Banana Cósmica”, feita em fibra com pintura automotiva rosa; “Banana Prata”, em alumínio; e a “Banana Ouro”, em bronze polido.

Para ele, a fruta é a representação de “nossa tropicalidade e nossa identidade como brasileiros, sul-americanos e latinos”.

Dos campos às telas

Ao pintar figuras negras empoderadas, Zéh, hoje com 37 anos, reflete também sobre sua própria trajetória. Nascido Danilo, nos subúrbios de Limeira, no interior paulista, onde vive até hoje, ele é filho do soldador Marcel e da empregada doméstica Leide.

Como muitos meninos negros de periferia, via no futebol a chance de uma vida melhor. Aos 15 anos, uma lesão no joelho, porém, frustrou seus planos de carreira no esporte.

Percebendo o interesse do filho pelo desenho, Leide o inscreveu em um curso de pintura a óleo oferecido pela prefeitura, onde ele era o mais novo da turma de sexagenários. Recebeu ali as primeiras aulas de história da arte e de pintura.

Influenciado por um primo grafiteiro, logo o artista começou a levar as personagens que pintava nas telas para as ruas. E, como no grafite o comum é assinar com um pseudônimo, Danilo Ricardo Silva virou  Zéh Palito.

Filho único, o artista recebeu uma educação sólida de seus pais. Embora não houvesse apoio financeiro, eles sempre ofereceram suporte emocional incondicional. Quando chegou o momento de escolher um curso para a faculdade, nunca o pressionaram a optar por áreas tradicionais, como medicina ou direito — frequentemente vistas como garantia de um futuro seguro. Diante da ausência de cursos de artes em sua cidade natal, estudou design.

Inglês na Zâmbia

Recém-formado, Zéh se inscreveu em um projeto voluntário na África, buscando uma experiência transformadora antes de se render à rotina de uma agência. A Zâmbia era o único destino com disponibilidade imediata, o que acabou se revelando uma excelente oportunidade para ele.

“No final, foi ótimo para mim, porque acabei aprendendo inglês”, conta. Durante a semana, ele ajudava a construir latrinas para combater a crise sanitária local. Aos sábados e domingos, participava de projetos artísticos, dando aulas para crianças e pintando murais em vilarejos remotos.

“The Negro Splash”, 2024 (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

“Parte do meu trabalho é retratar a figura negra em posições de empoderamento, felicidade e confiança”, diz o artista (Foto: Guillaume Ziccarelli)

“Reflections of Clouds on the Water-Lily Pond of the Nile Swim”, 2024 (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

“The Starry Night at Lake Montebello”, 2024 (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

“A Place in the Sun”, 2024 (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

“Me, you and Druid Hill Park”, 2024 (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

“Martin had a dream, Mamie Livingston have a dream”, 2024 (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

Zéh suas primeiras esculturas nesta exposição: uma delas é a “Banana Cósmica” (Perrotin [Guillaume Ziccarelli])

Ao retornar ao Brasil, decidiu deixar o design de lado e trabalhar apenas com arte. Começou a dar aulas em projetos sociais em Limeira e a criar murais. Participou de diversos festivais de arte urbana em todo o Brasil e acredita que há um mural seu em quase todos os estados do país.

Nessa época, tentou se inserir no mercado de arte e apresentou seu trabalho a vários galeristas. “Eles viam meu nome e afirmavam que, como Zéh Palito, eu não teria espaço na arte contemporânea”, lembra. “Eu deixei claro que não iria mudar e continuei. Minha entrada no mercado de arte acabou acontecendo primeiro fora do Brasil.”

Em 2016, enquanto pintava um mural em Newark, Nova Jersey, Zéh foi apresentado pessoalmente ao artista e curador Derrick Adams, com quem já mantinha contato virtual. “Ele viu meu mural, eu fui à abertura da exposição dele, e acabamos nos tornando amigos,” lembra.

Três anos depois, Adams o convidou para fazer uma exposição individual na instituição cultural Eubie Blake Cultural Center, em Baltimore.

Embora Zéh já tivesse exposto em galerias na Alemanha, França e Coreia do Sul, essa mostra foi a que o “colocou no radar do mercado de arte”, diz. “Derrick tem muita influência no meio da arte, e as pessoas ouvem o que ele diz”, descreve.

Suas obras hoje custam entre US$ 20 mil e US$ 70 mil e há fila de espera por um trabalho do artista.

O cowboy de roupa rosa

No Brasil, a entrada de Zéh no circuito das galerias também contou com um padrinho influente. Em 2020, enquanto pintava um mural no Museu Afro Brasil, ele chamou a atenção de Emanoel Araújo, figura central na promoção da arte afro-brasileira. Araújo então o recomendou ao galerista Guilherme Simões de Assis.

“Emanoel me disse que eu precisava conhecer um jovem artista incrível,” relembra o diretor da Simões de Assis, em entrevista ao NeoFeed. “Ele mencionou que sua pintura, além de vibrante, refletia a alegria e o empoderamento dos negros.”

A colaboração com a galeria culminou, em 2022, na exposição individual do artista Eu sei por que o pássaro canta na gaiola.

Nessa época, o trabalho de Zéh chamou a atenção da art-advisor de Jay-Z e Beyoncé. O casal acabou comprando a tela De Limeira a Barretos. A obra, um retrato de 160 por 125 centímetros, de um cowboy negro em traje rosa, ecoa os retratos de nobres do século 19.

“Quando estudamos retratos, vemos apenas pinturas de pessoas brancas. Parte do meu trabalho é retratar a figura negra em posições de empoderamento, felicidade e confiança”, afirma o artista. Um espaço que Zéh Palito também construiu para si mesmo.





Fonte: Neofeed

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Antigas minas se transformam em parques e centros culturais

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Antigas minas se transformam em parques e centros culturais
Tempo de Leitura:5 Minuto, 57 Segundo


No sopé da Serra do Curral, o Parque das Mangabeiras é um dos cartões-postais de Belo Horizonte. Seus 2,4 milhões de metros quadrados (m²) de mata nativa abrigam uma grande variedade de fauna e flora. Não é raro avistar micos, gambás, esquilos e quatis circulando por entre bromélias, jequitibás e gabirobas.

Quem passeia pelos jardins projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx dificilmente imagina que bem ali funcionou, entre 1961 e 1979, uma mina de minério de ferro. A única lembrança do passado minerário do lugar está exposto em uma de suas praças: um antigo britador usado pela Ferrobel, empresa de economia mista, que tinha a prefeitura da cidade como seu principal acionista.

Inaugurado em 1982, o Parque das Mangabeiras serve de modelo para o encerramento ideal de um projeto mineral. A céu aberto ou subterrâneas, ao movimentar quantidades enormes de terra, as minas alteram drasticamente as paisagens das regiões onde estão instaladas. Terminada a exploração, a recuperação e reabilitação do ecossistema é tida hoje como uma dos pilares mais essenciais da mineração sustentável.

A quase mil quilômetros da capital mineira, em Curitiba, outro parque, o das Pedreiras, também serve de exemplo para a revitalização de áreas, um dia, exploradas pela indústria da mineração. Com 103 mil m², o lugar abriga o Espaço Cultural Paulo Leminski, o maior auditório ao ar livre da América Latina, e a Ópera de Arame, um dos centros de cultura mais importantes do Brasil.

Como o britador do parque mineiro, em Curitiba, um imenso paredão de pedra não deixa esquecer que, naquele local, a prefeitura operou uma pedreira que, ao longo de três décadas, forneceu material para as empresa de construção civil da cidade.

Os parques das Mangabeiras e das Pedreiras, no entanto, são exceção. Existem hoje, no país, 800 minas desativadas, sem qualquer projeto de recomposição ambiental, conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Consideradas verdadeiras “bombas-relógios”, as minas abandonadas representam um enorme risco à saúde pública e ao meio ambiente. Em caso de rompimento de uma barragem de rejeitos, pode acontecer a contaminação de córregos, rios e lençóis freáticos. Sem tratamento, os resíduos ameaçam ainda a qualidade do solo.

Como esses lugares não contam com nenhum tipo de supervisão, com o tempo, suas estruturas ficam cada vez mais instáveis e podem colapsar de uma hora para outra.

As regras para o encerramento de um projeto minerário de forma segura e responsável estão esmiuçadas na resolução número 68, de 2021, da Agência Nacional de Mineração (ANM), ligada ao Ministério de Minas e Energia.

Por lei, todo trabalho de recuperação cabe às mineradoras, mesmo quando a área explorada foi arrendada, frisa Julio Nery, diretor de Sustentabilidade do Ibram, em entrevista ao NeoFeed.

E, entre as medidas exigidas, está a obrigatoriedade de apresentação do Plano de Fechamento de Mina (PMF) antes do início das atividades da mina — informações que devem ser revisadas e atualizadas ao longo de toda a exploração.

Devem constar do documento, além de alternativas viáveis para a desativação, as estimativas de gastos com a recuperação da área pós-mineração. Para que o plano realmente funcione, é essencial incluir as comunidades locais na discussão do que será feito da mina depois de seu fechamento.

Nem sempre as exigências são cumpridas. “Infelizmente temos maus exemplos, com casos em que as empresas quebraram e deixaram para o Estado tomar à frente”, diz Nery.

Uma solução seria cobrar uma garantia financeira das mineradoras já no momento de abertura da mina. “Uma espécie de seguro, garantindo sua recuperação, ao fim de sua vida útil. Mas ainda não adotamos essa prática no Brasil”, explica Hernani Mota de Lima, professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em conversa com o NeoFeed.

Como o governo federal não se movimentou nesse sentido, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou à ANM que regulamente o provisionamento financeiro para o fechamento de minas no Brasil.

Antes de adotar a medida, a agência abriu uma consulta pública em seu site, em 25 de novembro, para receber sugestões para a proposta de regulamentação das garantias financeiras na execução dos fechamentos de forma adequada. O prazo para envio de sugestões vai até 22 de fevereiro de 2025.

Entre os pontos, estão a cobertura total das garantias em até 15 anos e a reavaliação do valor garantido a cada cinco anos.

Em Curitiba, o Parque das Pedreiras, onde está localizada a Ópera de Arame, abrigava uma mina que, por 30 anos, forneceu material para as empresas de construção civil da cidade

Um dos grandes entraves ao fechamento adequado dos projetos minerários no país é a falta de recursos e escassez de mão-de-obra técnica para uma fiscalização mais efetiva.

Esse dinheiro deveria vir da chamada Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), uma contraprestação paga pelas companhias mineradoras pelo uso econômico dos recursos minerais. Responsável pela fiscalização, a ANM tem direito a um orçamento anual correspondente a 7% do CFEM — algo em torno de R$ 400 milhões anuais.

Atualmente, porém, os repasses chegam a, no máximo, R$ 90 milhões, por causa de contingenciamentos de recursos federais. E a agência conta hoje com 680 funcionários para atender todo o Brasil, quando deveria ter pelo menos o triplo desse número.

Para minimizar parte desse problema, a ANM lançou, em 22 de novembro, edital de concurso público para contratação de 40 analistas administrativos e 180 especialistas em recursos minerais. A ideia é melhorar a eficiência na fiscalização das mineradoras.

Os países mais avançados tanto na legislação quanto no controle das exigências para o fechamento de minas são Estados Unidos, Austrália e Canadá. As mineradoras são obrigadas garantir o dinheiro a ser usado no fechamento de uma mina, antes de abri-la.

Finalizar um projeto de exploração mineral não é fácil — como também não é iniciá-lo. Mas o trabalho deve ser encarado pelas mineradoras como uma nova fase do projeto. Um dos desafios refere-se à topografia da região onde as minas estão instaladas, em geral, muito acidentadas, explica o diretor do Ibram.

“Há casos em que as empresas fazem acordos com donos das áreas para saber como querem receber o local. E tentam pelo menos deixar a área mais uniforme, para que possam usar, por exemplo, na agricultura”, diz o executivo.

Outro ponto de atenção é em relação à drenagem ácida. Um dos impactos ambientais mais graves da mineração, trata-se de uma solução aquosa e ácida, proveniente do contato de minerais sulfetados com a água, muito comum em minas de ouro e de cobre.

As escavações mais profundas, frequentemente, atingem o lençol freático. Enquanto a área está em uso, a água é bombeada para fora da cava. Do contrário, é impossível trabalhar. Uma vez encerradas as operações, deixada a seu próprio curso, a água acumula e pode contaminar os mananciais hídricos.

“Para evitar que isso aconteça, é preciso construir estruturas de barragens, de modo a fazer o tratamento do material, incluindo a impermeabilização do espaço”, explica Nery.

Os parques das Mangabeiras e das Pedreiras estão aí para mostrar que as minas desativadas podem ter um bom destino. Um fim social e ambientalmente responsável.





Fonte: Neofeed

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Por que o Cinquecento elétrico virou o pesadelo da Stellantis

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Tempo de Leitura:3 Minuto, 18 Segundo


A crise da Stellantis causada pelas baixas vendas do modelo elétrico Fiat 500e aprofundou o dilema vivido pela montadora desde a demissão do CEO Carlos Tavares, no início do mês.

O chefe da Stellantis Europa, Jean-Philippe Impparato, reuniu-se na terça-feira, 17 de dezembro, em Roma, com o ministro da Indústria da Itália, Adolfo Urso, e líderes sindicais para discutir medidas para aumentar a produção de carros da montadora no país.

Após o encontro, a Stellantis se comprometeu a investir € 2 bilhões na Itália no próximo ano e desenvolver um novo modelo popular. O plano também incluirá um número maior de modelos híbridos a serem fabricados na Itália.

Enquanto isso, a imprensa europeia repercutia uma promoção inédita de uma concessionária da Stellantis nos Estados Unidos que causou constrangimento aos italianos.

Preocupada com o encalhe de vendas do Fiat 500e nos EUA, uma concessionária de Aurora, no estado do Colorado, está anunciando uma promoção que prevê “aluguel de graça” do Cinquecento elétrico por 27 meses. Na verdade, os interessados terão de arcar com o pagamento de impostos e taxas, que totalizam US$ 62 por mês.

A oferta revela o fiasco de venda do Fiat 500e, um modelo compacto elétrico com apenas 400 unidades comercializadas nos EUA este ano. Suas características não se encaixaram no mar de modelos EV que estão inundando o mercado americano.

O 500e tem uma bateria de 42 quilowatts-hora que oferece até 240 quilômetros de alcance com uma carga. Seu preço inicial de venda, de US$ 34.095 (incluindo a taxa de destino de US$ 1.595) tampouco é competitivo – o tamanho pequeno e o alcance limitado do modelo o tornam perfeito para a condução urbana, mas também limitam seu público.

O contrato de arrendamento termina em 31 de dezembro e está disponível apenas para residentes no Colorado. Os locatários terão a opção de comprar o EV por US$ 17.388 assim que o contrato expirar.

Fiasco na Itália

As vendas baixas do modelo não se limitam aos EUA. A Stellantis tem lutado para vender a versão EV do popular modelo da Fiat desde o seu lançamento e, em setembro, a montadora – que tem em seu portfólio marcas globais como Peugeot, Citroën, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Jeep, Lancia, Maserati e Opel, além da Fiat – decidiu paralisar a produção do Fiat 500e na planta de Marinelo, concentrando-a em Turim.

As taxas de utilização da montadora é a mais baixa da Europa, de apenas 64%. Nos EUA, é ainda menor, de 52%. O fiasco de vendas do Fiat 500e ameaçou os 40 mil funcionários da Stellantis na Itália, o que levou os sindicatos do país a exigirem mudanças na montadora.

Enquanto as montadoras de toda a Europa estão lutando com a diminuição da demanda por veículos elétricos e o aumento da concorrência de fabricantes chineses como a BYD, a situação da Itália foi agravada pela decisão de Tavares de transferir a produção de alguns modelos da Stellantis para países de baixo custo, como a Polônia.

Na semana passada, a Stellantis anunciou uma parceria com a CATL, maior fabricante de baterias do mundo, para abrir uma fábrica à base de lítio avaliada em € 4,1 bilhões (pouco mais de R$ 26 bilhões) em Zaragoza, no nordeste da Espanha. O objetivo é acelerar a transição de montadora para veículos elétricos.

“Após a renúncia de Tavares, a atmosfera mudou, e o plano de hoje prova isso”, disse o ministro Urso, na coletiva de imprensa. De acordo com o plano anunciado, a Stellantis prevê uma produção italiana de 500.000 veículos em 2025 e um aumento de 50% em 2026, para cerca de 750.000 unidades.

A Stellantis anunciou ainda que começará a fabricar veículos em uma nova plataforma em suas instalações no sul da Itália, em Pomigliano. Por sua vez, o governo liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni disse que está pronto para gastar mais de € 1 bilhão para o setor em 2025.



Fonte: Neofeed

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Aposta arriscada? Tenda faz trade de recompra de ações com as próprias ações

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Tempo de Leitura:2 Minuto, 49 Segundo


Programas de recompra de ações costumam ser adotados por companhias que enxergam seus papéis como subavaliados pelo mercado. Já são mais de 100 em aberto atualmente, segundo levantamento do NeoFeed. Na Tenda, porém, a confiança no próprio desempenho vai além: diretores têm recorrido a empréstimos para financiar a aquisição de ações, em um movimento raro no mercado brasileiro.

As operações são realizadas por meio de derivativos, que o management da empresa descreve como “os mais simples possíveis”. Luiz Mauricio Garcia, CFO da Tenda, explicou durante o Tenda Day que os bancos compram as ações da empresa na bolsa e as carregam até uma data específica.

Tudo isso a um custo: o preço do empréstimo. O saldo final é a diferença entre o preço de compra e o de venda, subtraída a taxa do empréstimo. Se as ações subirem, mas o ganho for menor que a taxa, ou se caírem, a empresa registra prejuízo.

“A operação parte do princípio de que a direção da empresa avalia as ações como extremamente desvalorizadas, apesar do contexto macroeconômico desafiador”, afirma Garcia.

Na terça-feira, 17 de dezembro, a companhia anunciou em fato relevante que o Conselho de Administração autorizou a celebração de contratos de derivativos referenciados em 2,2 milhões de ações, com prazo máximo de liquidação em 12 meses.

“Nosso objetivo de longo prazo é trazer essas ações de volta para a companhia, conforme tenhamos lucro e uma reserva de capital robusta. Estou comprado na ação, mas, em vez de ter utilizado o caixa próprio, comprei usando um empréstimo do banco”, explicou o CFO.

Esta, no entanto, não foi a primeira vez que a Tenda adotou essa prática. Em abril do ano passado, a companhia autorizou uma operação semelhante, referenciada em até 4,5 milhões de ações, com prazo máximo de liquidação para outubro deste ano. Pouco depois, no mesmo mês, realizou outra operação com derivativos referenciados em até 3,05 milhões de ações, com liquidação até novembro de 2024.

“Entre colocar [a ação] para dentro e deixar fora, a diferença é só o spread do financiamento pago ao banco. Eu usaria a reserva de lucros da companhia, se fosse maior”, afirmou o CFO.

Desde então, as ações da Tenda mais que dobraram de preço, acumulando alta de 160% próximo aos prazos máximos de liquidação. Ainda assim, a companhia optou pela rolagem dos contratos de derivativos, feitos com XP e Santander, estendendo os prazos de liquidação para abril de 2026.

Com as três operações de derivativos em aberto, o volume pode chegar a 10,75 milhões de ações, cotadas hoje a R$ 13,61. Além disso, a Tenda tem um programa tradicional de recompra em aberto, que pode alcançar até 4,5 milhões de ações. No total, essas operações representam cerca de 12,4% de todo o volume de ações emitido pela companhia.

A expectativa da diretoria é que as ações em posse dos bancos comecem a ser internalizadas a partir do próximo ano, quando a Tenda projeta um lucro líquido entre R$ 360 milhões e R$ 380 milhões — bem acima do esperado para 2023.

De acordo com projeções do Santander, a companhia deve encerrar o ano com um lucro líquido de R$ 118 milhões, após acumular um resultado positivo de R$ 85,1 milhões nos três primeiros trimestres. No ano passado, a empresa registrou prejuízo de R$ 95,8 milhões.





Fonte: Neofeed

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