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BRF vê indício de fraude e pede investigação criminal contra a Copastur

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BRF vê indício de fraude e pede investigação criminal contra a Copastur
Tempo de Leitura:6 Minuto, 9 Segundo


A BRF está pedindo a instauração de um inquérito criminal contra a Copastur depois de receber denúncias anônimas de fraudes que teriam sido realizadas pela agência de viagens, uma das maiores do mercado brasileiro de turismo, com faturamento de R$ 2,5 bilhões em 2023.

De acordo com uma petição assinada pelos advogados Renato Reis Aragão e Bruno Ikaez, da banca Reis Aragão & Ikaez, a qual o NeoFeed teve acesso, a BRF diz que, após receber duas denúncias anônimas no ano passado, “iniciou apuração interna para verificar a veracidade das afirmações lançadas pelo denunciante”. E acrescenta “que, ao longo da investigação interna, a requerente (BRF) se deparou com indícios no sentido de que pessoas vinculadas à Copastur, de fato, podem ter praticado algumas condutas vinculadas na denúncia anônima”.

A primeira denúncia anônima recebida pela BRF é de 5 de outubro de 2023 e dizia que a Copastur utilizou “indevidamente o cartão de crédito da BRF S.A., disponibilizado à referida agência de turismo para compra de passagens aéreas”.

Uma segunda denúncia anônima, recebida em 17 de outubro de 2023, trazia detalhes de como funcionaria a suposta fraude que desviaria “dezenas de milhões de reais de clientes” da Copastur.

Segundo esse relato, que a BRF detalha em sua petição enviada ao delegado titular do 4º Distrito Policial da Capital/SP e diz ter encontrado indícios de ser verdadeiro, a “Copastur desligou o processo online de tarifação com código de desconto para a emissão dos bilhetes aéreos, transformando em processos manuais”. Com isso, segundo a denúncia, era possível praticar diversas fraudes.

“Para os clientes que possuem descontos com as cias aéreas, quando o cliente busca um voo no sistema, mandamos a tarifa sem acordo do cliente negociado com a cia aérea e esse valor segue para aprovação do cliente. Sendo aprovado, aplicamos o desconto e ficamos com o saldo”, diz um trecho que cita o depoimento do denunciante anônimo, segundo a petição.

A outra modalidade de fraude “que praticamos é feita através do recebimento de pedidos que recebemos de clientes sem códigos de desconto negociados ou com descontos pequenos. Nesse caso, recebemos o pedido de pesquisa, vemos qual o grande cliente que temos com o maior percentual de desconto negociado e usamos o código dele para emitirmos o bilhete, assim economizamos e embolsamos a diferença entre o valor integral sendo pago pelo cliente que não possui código de desconto ou desconto pequeno e o valor que conseguimos reduzir com o código de desconto do nosso grande cliente”.

De acordo com a petição a qual o NeoFeed teve acesso, a “BRF analisou os extratos do cartão de crédito, que foi emitido em seu nome para a utilização da Copastur durante a prestação de serviços, referentes aos meses de janeiro a setembro de 2023”.

“E, no histórico de pagamentos, por meio da aludida tarjeta a companhias aéreas, referentes a aquisições de passagens realizadas pela Copastur, a pedido da requerente (BRF), foram identificadas inconsistências preocupantes. No caso, a BRF verificou que, possivelmente, o cartão de crédito foi utilizado para pagamentos destinados a empresas, que podem contar, fraudulentamente, com nomes de companhias aéreas.”

E conclui: “Logo, é possível que as denúncias anônimas endereçadas a requerente (BRF), realmente, contem com fundamentos concretos. Afinal, se à BRF foram repassados valores de passagens aéreas superiores aos efetivamente pagos pela Copastur, com a utilização de cartão pertencente à primeira, é possível que representantes da segunda (Copastur) tenham incorrido na prática de delito patrimonial”.

E acrescenta: “Diante do exposto, é possível que pessoas vinculadas à Copastur tenham praticado o delito previsto no artigo 171, do Código Penal, de forma continuada, contra a requerente. Já que a suposta fraude descrita acima foi empregada para desviar recursos do cartão de crédito emitido, pela BRF, junto ao Banco Bradesco”.

O artigo 171, do Código Penal, é o que trata de estelionato. Sua redação é a seguinte: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheiro, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.  A pena é de reclusão de um a cinco anos e multa.

Em nota assinado por Edmar Mendoza, CEO da Copastur, a empresa diz que “a direção da Copastur está conduzindo uma investigação rigorosa para apurar os fatos e identificar o autor das acusações, que criou um site com informações que visam prejudicar a reputação da organização. Estamos colaborando ativamente com as autoridades e à disposição para fornecer todas as informações necessárias para acelerar a investigação. No entanto, devido ao inquérito estar em sigilo, não podemos fornecer mais detalhes sobre o andamento das investigações neste momento.” (Confira a íntegra da nota abaixo.)

Os advogados da BRF escreveram, na petição que o NeoFeed teve acesso, que esses fatos foram objeto de três notificações extrajudiciais encaminhadas à Copastur. “No entanto, as respostas apresentadas pela última foram absolutamente evasivas, o que culminou na rescisão do contrato firmado entre a BRF e aquela empresa”.

O contrato entre BRF e Copastur foi assinado em 2019 e tevê cinco aditamentos. Ele previa uma economia de R$ 1,7 milhão nos 12 primeiros meses de vigência do contrato.

A Copastur é a quinta maior agência de turismo do Brasil, segundo um ranking organizado pela Panrotas, uma publicação especializada no setor. E atende grandes clientes, segundo a petição. Entre eles, estão empresas como Carrefour, Vale, Minerva Foods, Arcelor Mittal, Aché, Algar Telecom, TIM, CCR, Intelbras, Grupo Positivo, EMS, 99, Mafra, NTT, Usiminas, entre muitos outros.

Procurada, a BRF informou, por meio de sua área de comunicação, que não iria comentar. A Copastur enviou a seguinte nota abaixo, que o NeoFeed publica na íntegra:

A Copastur, empresa líder em viagens corporativas, vem a público esclarecer as recentes acusações feitas por um suposto ex-funcionário da companhia. Reiteramos nosso compromisso com a ética, a transparência e a legalidade em todas as nossas operações ao longo dos 51 anos de existência, mantendo sempre uma relação de cordialidade, respeito e honestidade com nossos clientes e parceiros.

A direção da Copastur está conduzindo uma investigação rigorosa para apurar os fatos e identificar o autor das acusações, que criou um site com informações que visam prejudicar a reputação da organização. Estamos colaborando ativamente com as autoridades e à disposição para fornecer todas as informações necessárias para acelerar a investigação.

No entanto, devido ao inquérito estar em sigilo, não podemos fornecer mais detalhes sobre o andamento das investigações neste momento. O link mencionado nas acusações foi desativado.

Gostaríamos de ressaltar que a Copastur possui um histórico sólido de conformidade com todas as regulamentações trabalhistas e empresariais. Nossas práticas são constantemente auditadas por órgãos independentes para garantir que nossos padrões de operação estejam alinhados com as melhores práticas do mercado e para assegurar nosso compromisso com a sustentabilidade, incluindo a compensação de nossas emissões de carbono.

Reafirmamos nosso compromisso em oferecer serviços de alta qualidade, com total responsabilidade e cuidado. Este compromisso nos levou a conquistar importantes certificações, como Sistema B, ISO 9001, ISO 14001, Humanizadas, GPTW, Capitalismo Consciente, entre outros.

A Copastur continua empenhada em manter a transparência e a integridade que sempre nortearam suas atividades, buscando esclarecer todas as questões e garantir a confiança de todos os nossos stakeholders. Estamos à disposição para fornecer mais informações sobre este assunto à imprensa e ao público em geral. Para mais detalhes, por favor, acesse nosso site oficial: www.copastur.com.br.

Edmar Mendoza





Fonte: Neofeed

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Após aquisição da Algar Tech, Positivo cria nova marca e mira mercado endereçável de R$ 40 bilhões

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Após aquisição da Algar Tech, Positivo cria nova marca e mira mercado endereçável de R$ 40 bilhões
Tempo de Leitura:4 Minuto, 34 Segundo


Seis meses depois de concluir a aquisição da Algar Tech MSP, por R$ 235 milhões, a Positivo Tecnologia está avançando para começar a capturar as sinergias do acordo, o maior realizado em seus 35 anos de história. E esse movimento vem embalado por uma nova marca.

A companhia anunciou nesta quinta-feira, 19 de dezembro, o lançamento da Positivo S+, unidade de que vai reunir os serviços gerenciados de TI da Algar Tech com as operações e serviços de tecnologia da Positivo Tech Services.

Carlos Mauricio Ferreira, que liderava a Algar Tech antes da aquisição pela Positivo Tecnologia, foi o nome escolhido para comandar a nova divisão, que nasce de olho em um mercado bilionário e com uma meta ambiciosa.

“Nosso mercado endereçável, levando-se em conta o Brasil e a América Latina, é de R$ 40 bilhões”, diz Ferreira, em entrevista ao NeoFeed. “Hoje, estamos entre as dez principais empresas do setor na região e nossa ambição é ser uma das três maiores.”

Atualmente, o pódio do mercado de infraestrutura e serviços de tecnologia na América Latina é ocupado pela brasileira Stefanini, a chilena Sonda e pela Kyndryl, empresa fruto de um spin-off da americana IBM.

Para alcançar o top 3 do setor, a Positivo S+ parte de uma estrutura que, ao reunir as forças da Algar Tech e da Positivo, tem presença em 16 países da América Latina, com operações próprias no Brasil, México, Colômbia e Argentina. E um batalhão de mais de 6 mil funcionários.

Uma das vias em direção a esse mercado bilionário é a complementaridade dos portfólios. Enquanto a Algar Tech traz uma bagagem em serviços complexos, como gerenciamento de nuvem e infraestrutura de TI, a Positivo Tech Services tem experiência na oferta de hardware e serviços como suporte técnico.

Na visão de Ferreira, os benefícios da associação não se esgotam nesse conceito de one stop shop. Além das ofertas complementares, outra peça que se encaixa nesse quebra-cabeça é a pouca sobreposição na carteira de clientes, que soma cerca de 170 empresas.

“A Positivo tem um ataque muito grande no B2B, mas a Algar está muito mais no topo da pirâmide”, afirma Ferreira. “E o nosso foco serão as mil maiores empresas do Brasil e da América Latina.”

Nesse contexto, uma das prioridades da Positivo S+ será ganhar mais presença em sua carteira atual a partir do investimento em vendas cruzadas nas duas carteiras que deram origem à operação. Em paralelo, a divisão também vai reservar tempo e recursos para adicionar novos CNPJs a essa base.

“Esse foi um ano bastante atípico para o mercado, com os clientes, por precaução ou desconfiança, segurando muitos deals”, diz Ferreira. “Agora, as empresas começaram a liberar esses projetos e temos participado de muitas propostas.”

A preparação para esse cenário e para o lançamento da Positivo S+ foi marcada por uma primeira etapa de integração das operações da Algar Tech e da Positivo Tech Services. Esse trajeto foi cumprido justamente desde o sinal verde para a transação, obtido em junho.

“Nessa fase inicial, nosso desafio foi muito mais garantir um desacoplamento suave do Grupo Algar, que é uma empresa com uma cultura muito forte”, diz Ferreira. “E conseguimos fazer isso sem ruídos e sem perder nenhum talento-chave ou cliente.”

Um dos próximos passos nesse processo envolverá, a partir de janeiro de 2025, as integrações dos times comerciais e do ponto de vista operacional. A expectativa é de que essas etapas – que não preveem a redução da equipe – sejam concluídas até o terceiro trimestre de 2025.

Carlos Mauricio Ferreira, CEO da Positivo S+

“E a última etapa será lançar novidades já em um portfólio conjunto, no quarto trimestre de 2025”, observa. “Um ponto que estamos estudando é levar todo o portfólio da Positivo Tecnologia para a América Latina. A Positivo S+ pode ser o braço para que isso seja feito.”

Há outras metas nesse horizonte. Com a Positivo S+ e em linha com tese de diversificação que tem sido o mantra da Positivo Tecnologia nos últimos anos, a fatia dos serviços e soluções de TI na receita do grupo salta de 8% para cerca de 18%. E a projeção é de que esse índice chegue a 20% entre 2028 e 2030.

Para se ter uma dimensão desses números, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, a Positivo apurou uma receita bruta de R$ 3,07 bilhões, o que representou um crescimento de 10,7% sobre igual período de 2023.

Em um relatório recente, o Itaú BBA iniciou a cobertura do papel ressaltando que a estratégia da Positivo de ir além dos computadores que fizeram inicialmente sua fama, iniciada em 2017, expõe a empresa a mercados endereçáveis que, somados, totalizam R$ 117 bilhões.

Na visão do banco, a companhia tem um horizonte de curto prazo mais desafiador. Mas, ao dividir seus ovos em outras cestas, está bem posicionada para aproveitar o crescimento em mercados com altas margens e assegurar o acesso a receitas recorrentes.

Ao lado de segmentos como máquinas de cartão, a área de serviços foi justamente um dos pontos destacados dentro dessa perspectiva pelos analistas, que iniciaram a cobertura do papel com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 6,70.

As ações da Positivo Tecnologia fecharam o pregão da quarta-feira, 18 de dezembro, em queda de 6,17%, cotadas a R$ 4,87. Em 2024, os papéis registram uma desvalorização de 30%. A empresa está avaliada em R$ 679,5 milhões.





Fonte: Neofeed

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Nas concessões rodoviárias, a estrada está livre para chegar a R$ 100 bilhões em 2025

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rodovias leilão
Tempo de Leitura:6 Minuto, 53 Segundo


Pela décima vez no ano, o martelo que põe fim a um leilão de concessão rodoviária no País deverá bater nesta quinta-feira, 19 de dezembro, na B3, em São Paulo, com a disputa do Lote 6 de rodovias integradas do Paraná, fechando uma temporada com recorde de novos contratos, de investimentos e até de novos entrantes – consolidando as concessões rodoviárias como um dos ativos mais disputados na área de infraestrutura.

Antes do certame de hoje, foram seis leilões de rodovias federais e três de rodovias estaduais, essas em São Paulo, assegurando cerca de R$ 62,5 bilhões em investimentos, incluindo os R$ 12,6 bilhões a serem aportados pelo vencedor do Lote 6 do Paraná – por sinal, o maior em volume do ano.

A boa notícia é que os leilões de concessões devem seguir ainda mais disputados em 2025, com ampliação de oferta superior a 50% de rodovias, a maioria federais, além de novas opções de contratos – o que deve atrair uma nova leva de investidores, com apetite de aportar recursos de diferentes perfis para o setor.

A julgar pela quantidade de certames previstos em 2025, os investimentos devem chegar próximo aos R$ 100 bilhões. Só o Ministério dos Transportes prevê 15 leilões de concessão de rodovias federais em 2025,  sendo seis apenas no primeiro semestre, somando R$ 32,5 bilhões em investimentos.

“É o maior pipeline do mundo”, assegurou na semana passada o ministro dos Transportes, Renan Filho, para quem nem países europeus têm esse número de leilões.

O governo federal também pretende atacar em outras duas frentes, o que deve ampliar a oferta de ativos. A maior novidade diz respeito às chamadas “concessões light” de rodovias federais, um novo modelo de licitação voltada para rodovias de menor tráfego, com contratos mais curtos, de 10 anos, e foco na manutenção das estradas.

Esse formato de concessão prevê tarifa de pedágio menor, sem a obrigação de o concessionário oferecer serviços como guincho ou ambulância. Por essa razão, deve atrair uma nova camada de investidores, diferente dos que costumam participar de licitações de longo prazo, que exigem aportes mais parrudos.

Pelo menos sete das 15 concessões rodoviárias previstas pelo governo federal em 2025 devem entrar nesse lote, incluindo a BR-393, no Rio de Janeiro (conhecida como “Rodovia do Aço”), a BR-040, em Goiás, e a BR-262, em Minas Gerais e Espírito Santo, além de rodovias na Bahia e em Santa Catarina.

O modelo pode ajudar a trazer de volta ao setor as grandes empreiteiras, que monopolizaram os 16 leilões de rodovias federais realizados entre 2007 e 2014, e acabaram sucumbindo ao escândalo da Lava-Jato, como Novonor (antiga Odebrecht), Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Corrêa e UTC.

Outra prioridade listada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, é a renegociação de contratos de concessões em curso. Instituída no ano passado, visa a garantir a modernização de contratos para corrigir defasagens técnicas e financeiras.

A iniciativa vale para contratos “estressados”, aqueles com obras paralisadas e obrigações suspensas, que seriam alvo de nova licitação. O objetivo do governo é repactuar 14 contratos até 2026, com supervisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Consolidação do setor

O otimismo não se restringe ao governo federal. Ewerton Henriques, sócio-diretor da SH Consultoria, que atua no mercado financeiro assessorando projetos de infraestrutura, acredita que o pipeline de investimentos privados nas concessões rodoviárias deverá seguir aquecido até o fim do mandato do atual governo federal.

Segundo ele, o ano de 2024 marcou uma consolidação, em especial na área de regulação, com o poder público entendendo a lógica das concessões, que mistura qualidade no serviço prestado a um balizamento de retorno – tanto por meio de tarifas de pedágios mais baixas, modelo usado nas concessões federais, como nas outorgas, preferidas pelas licitações paulistas.

“A gestão de risco está alinhada, o licitante percebeu que o mercado está consolidando práticas unânimes de todos os poderes concedentes, fruto também do respaldo do TCU e da ANTT”, diz Henriques, citando a agência do governo responsável pelas concessões rodoviárias.

Essa convergência, de acordo com o consultor, deu segurança jurídica para o mercado de capitais apostar nas concessões, com contratos de longo prazo e grande aporte de investimentos.

Isso ajuda a entender os números recordes de 2024, do número de concessões, da quantidade de investimentos e, principalmente, de novos entrantes. Dos nove leilões realizados este ano, oito tiveram diferentes ganhadores, com perfis distintos – além de operadores tradicionais, companhias estrangeiras, construtoras locais e gestoras de investimentos se juntaram ao grupo.

Henriques observa que o sucesso obtido por alguns fundos que já vinham atuando no setor de concessões fomentou a entrada de novos fundos, por meio de parcerias com operadores. “Recebi consultas informais de pelo menos seis fundos de equity, daqui e de fora, demonstrando interesse em investir no setor de concessões em 2025”, afirma.

O leque de fundos de olho no mercado é amplo. O consultor cita fundos de participação, interessados em comprar parte das ações de empresas que atuam em concessões, e os fundos de dívida, que atuam com debêntures incentivadas e de infraestrutura.

“O ambiente econômico, favorável para dívida prefixada, aumenta o apetite de gestoras que estão lançando fundos focados em investimentos na área de infraestrutura, não só em concessões de rodovias como em saneamento”, diz Henriques.

O Ministério dos Transportes confirma essa tendência. Estudo divulgado em outubro mostra que concessionárias de rodovias e ferrovias captaram R$ 21,9 bilhões por meio da emissão de debêntures incentivadas entre janeiro e setembro de 2024, quatro vezes o volume registrado em igual período do ano passado (R$ 5,4 bilhões).

Taxação de debêntures

O temor de que a proposta do pacote fiscal do governo de taxar os super-ricos, retirando isenção de impostos para pessoa física das debêntures de infraestrutura, possa afetar o setor divide os especialistas.

“Não acredito que essa ameaça do governo, que afetaria investidores pessoa física, tenha interferido no apetite para entrar nesses projetos, na mesma leva dessa discussão já houve licitação com investimentos elevados”, assegura Henriques.

Para Leonardo Moreira, sócio do escritório Ciari Moreira Advogados e especialista em contratos de infraestrutura, as debêntures de infraestrutura são fundamentais para financiar projetos de longo prazo. Por isso, na avaliação dele, mexer nesses papeis seria uma contradição para a proposta do governo de investir em infraestrutura.

“Será essencial que o governo encontre um equilíbrio entre a necessidade de ampliar a arrecadação e a manutenção de instrumentos que incentivem o investimento em infraestrutura, preservando a competitividade e a confiança do mercado”, afirma Moreira.

A julgar pelo interesse dos players nas licitações, esse temor por enquanto está afastado. O leilão desta quinta-feira, 19 de dezembro, do Lote 6 do Paraná, inclui um lote de rodovias que vai da região oeste do Estado, na fronteira com Paraguai e Argentina, até o porto de Paranaguá.

Apesar de exigir R$ 12,6 bilhões de investimentos, o leilão atraiu competidores de peso, entre eles o Grupo EPR (joint venture entre a Equipav e a Perfin, com outros ativos arrematados este ano, como a BR-040 em Minas Gerais), o fundo Pátria e o consórcio da 4UM com o Opportunity – que mais uma vez tenta obter sua primeira aquisição de concessão rodoviária.

O calendário de leilões para concessões de rodovias estaduais em 2025 também contribui para o otimismo no setor. Governos de Mato Grosso do Sul e São Paulo já estão modelando licitações.

A primeira da lista é a da Rota da Celulose, um conjunto de duas rodovias federais e duas estaduais, no Mato Grosso do Sul. O leilão, realizado em novembro, terminou sem interessados – foi o único certame do setor fracassado em 2024, problema atribuído ao modelo de contrato, pouco atraente. Uma nova versão está sendo concluída e a previsão é de que o leilão seja marcado para o primeiro trimestre.

O governo paulista também pretende dar continuidade ao seu agressivo programa de concessões rodoviárias, com três leilões em vista: Lote Paranapanema, Rota Mogiana e Circuito das Águas.

Os três projetos preveem parcerias público-privadas utilizando trechos atualmente operados pelo DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo).

“Juntando todas as opções, incluindo concessões federais, estaduais, repactuações e concessões light, há oportunidades para investidores de todos os perfis”, diz Henriques, da SH Consultoria.



Fonte: Neofeed

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NotCo traz vertical B2B para o Brasil e leva sua IA, o Giuseppe, para além de produtos à base de planta

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NotCo traz vertical B2B para o Brasil e leva sua IA, o Giuseppe, para além de produtos à base de planta
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A NotCo, foodtech chilena conhecida pelo desenvolvimento de produtos à base de plantas avaliada em US$ 1,5 bilhão, está lançando sua vertical B2B no Brasil, em busca de expandir a utilização de sua inteligência artificial proprietária, o Giuseppe.

Com oito anos de experiência e mais de 400 produtos desenvolvidos por meio desta tecnologia, a empresa já opera em países como Estados Unidos, Canadá, México, Argentina, além de sua terra natal, o Chile. Nessa vertical B2C, a companhia tem 20% de participação do mercado à base de plantas no mundo.

A companhia, que já captou US$ 430 milhões em rodadas de investimentos lideradas por fundos como Kaszek e L Catterton, tem mais de 8 mil ingredientes cadastrados na plataforma de IA. Com essa base, a NotCo decidiu utilizar seu “poder de fogo” para auxiliar grandes empresas do segmento de alimentos a inovar no desenvolvimento dos produtos, mesmo os que não são plant-based.

“Ao longo do tempo, as empresas começaram a nos procurar para utilizar a tecnologia do Giuseppe para solucionar problemas que encontravam em produtos já existentes, como a presença de gordura ou mesmo de itens de origem animal”, afirma Giulia Braghieri, diretora sênior de desenvolvimento de negócios B2B Global da NotCo.

Segundo a executiva, essas companhias estão em busca de eficiência e redução de custos, o que pode ser resolvido pela tecnologia.

Giulia Braghieri, diretora sênior de desenvolvimento de negócios B2B Global da NotCo, e André Weinmann, CEO da NotCo no Brasil

Na prática, o Giuseppe mapeia a estrutura molecular de alimentos de origem animal e cria receitas 100% plant-based que tem o objetivo de preservar o mesmo sabor, cor e textura dos produtos originais.

Com ele, a startup afirma que é possível desenvolver e reformular produtos de maneira rápida, eficiente e econômica, reduzindo o tempo de teste e estudo que é destinado a esses produtos e, consequentemente, seus custos.

“Na indústria de alimentos tradicional, as empresas levam cerca de 18 meses, no mínimo, para lançar um produto, já que esse processo exige testes, erros e acertos e questões burocráticas que mudam a todo tempo”, afirma André Weinmann, CEO da NotCo no Brasil. “Com o Giuseppe, esse tempo se reduz para semanas”.

Um dos exemplos mais recentes do uso da tecnologia ocorreu no Reino Unido. Por lá, existe uma regulamentação do HFSS (Healthier Food Score System) utilizada para medir a qualidade dos produtos oferecidos aos clientes – o que define onde eles ficam apresentados nas gôndolas.

Para se enquadrar nessas regras, uma grande marca inglesa solicitou os serviços da NotCo, que desenvolveu um chocolate exatamente da forma esperada pelas regras, com o mesmo sabor do original.

Fora do Brasil, a NotCo já atende empresas como Kraft Heinz, Starbucks, Burger King e Mars nesse segmento B2B.

Com a tecnologia, a empresa espera expandir seus serviços além do segmento de alimentos, podendo atingir mercados como o de fragrâncias, pet e farmacêutico.

“Toda empresa de consumo precisa inovar na sua produção e isso não é uma questão do Brasil e sim do mundo”, afirma Weinmann. “As opções e variáveis são praticamente infinitas e, quanto mais o tempo passa, mais o mercado evolui e abre novas oportunidades de negócios”.

Com a vertical B2B, a empresa espera superar o desempenho do B2C em poucos anos. “Se nós conseguirmos ajudar pelo menos uma inovação dentro das grandes empresas nesse primeiro momento, já é um mega feito para a NotCo”, diz Braghieri.



Fonte: Neofeed

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