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As bombas-relógios que estão “implodindo” os efeitos da reforma da Previdência

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As bombas-relógios que estão “implodindo” os efeitos da reforma da Previdência
Tempo de Leitura:6 Minuto, 48 Segundo


Uma das boas notícias com a aprovação da reforma da Previdência Social em 2019, após quase três anos de discussões, foi a certeza de que o novo sistema permitiria um alívio nas contas públicas por pelo menos mais uma década. O lançamento de um livro e de um documentário sobre o tema nos próximos dias, no entanto, trouxe de volta o debate sobre a necessidade de uma nova reforma da Previdência.

Desta vez, uma reforma mais ampla e com ajustes duríssimos, que tenham como objetivo transformá-la “num regime único menos desigual, menos ambicioso e mais realista”, nas palavras de Hélio Zylberstajn, livre-docente da Faculdade de Economia da USP e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Para se ter uma ideia do senso de urgência de uma nova reforma entre os especialistas, já se fala até de um prazo-limite de 2027 para evitar o colapso de pagamento de benefícios da Previdência. O modelo de Previdência Social adotado no Brasil sempre foi alvo de críticas, pois paga benefícios muito baixos para quem mais precisa, as camadas pobres da população, e altíssimos para as elites do funcionalismo público, entre outras distorções.

A reforma de 2019 da Previdência Social foi importante por reduzir o ritmo de crescimento dos gastos previdenciários que estavam inviabilizando o equilíbrio fiscal do governo, empurrando para frente outros ajustes.

Dois fatores principais, no entanto, estão encurtando o prazo de validade do atual modelo. Um deles decorre de uma constatação dupla, revelada com a divulgação gradual do Censo 2022 pelo IBGE: o envelhecimento da população brasileira e as transformações do mercado de trabalho.

Isso significa crescimento de aposentados potenciais simultaneamente à redução da quantidade de jovens como contribuintes, uma vez que estes estão cada vez em menor número em empregos com carteira assinada, fonte de contribuição para o regime geral da Previdência.

Outro fator recente é o efeito nas contas da Previdência depois da aprovação no Congresso Nacional, no ano passado, do projeto de lei do governo de Luiz Inácio Lula da Silva que definiu a nova política de valorização do salário-mínimo, com reajustes acima da inflação.

O tamanho da conta começou a ganhar forma em abril deste ano, quando saiu o primeiro aumento do mínimo (de 6,7%) seguindo a fórmula, que prevê reajuste pela inflação de 12 meses até novembro do ano anterior mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.

O impacto imediato nas contas públicas foi de R$ 35,3 bilhões, afetando mais 60% dos benefícios previdenciários. Isso porque dois terços dos benefícios variam de acordo com o salário-mínimo – e o aumento de R$ 1 acarreta gasto adicional previdenciário de R$ 392 milhões.

Despesas em alta

O economista Fabio Giambiagi, pesquisador do FGV Ibre e especialista no tema, adverte que boa parte do ganho obtido com a redução de gastos públicos com a reforma de 2019 está ameaçado com a política de valorização do salário-mínimo.

Segundo ele, o que se pretendia com a reforma de 2019 era que a despesa dos benefícios previdenciários não crescesse tanto e o piso da Previdência Social em relação ao PIB pudesse cair num processo de crescimento da economia, compensando um pouco o que tinha acontecido nos anos anteriores.

A despesa previdenciária, porém, tende agora a crescer pela pressão demográfica na mesma velocidade que tinha até 2019. Isso, somado ao efeito da regra de aumento do salário-mínimo com base na inflação, começou a pesar no caixa da Previdência.

“Precisamos ao menos acabar com essa “superindexação” das aposentadorias vinculadas ao salário-mínimo e idealmente fazer uma reforma em 2027”, diz Giambiagi, que lança na próxima segunda-feira, 3 de junho, no Rio de Janeiro, o livro A Reforma Inacabada – O Futuro da Previdência Social no Brasil (Alta Books).

Escrito em parceria com o economista e cientista político Paulo Tafner, pesquisador associado da Fipe, o livro propõe uma série de reformas necessárias nos setores público e privado para tirar o sistema da insolvência.

Giambiagi admite que, politicamente, é difícil avançar na discussão de uma eventual desvinculação de benefícios previdenciários e sociais dos reajustes do salário-mínimo. Mas adverte que a médio prazo será necessária uma reforma da Previdência ou um relaxamento da regra fiscal, com consequências para o próprio governo.

“Se o presidente Lula for reeleito e não tocar nisso, seu segundo mandato terá uma cara parecida com o Dilma 2 em matéria fiscal”, afirma Giambiagi.

No livro, os autores sugerem, entre outras mudanças, uma reforma que contemple elevação de aposentadoria por idade dos homens, de 65 anos para 67 anos, redução de 3 anos para 1 ano na diferença de idade de aposentadoria de homens e mulheres (hoje, 62) e também entre trabalhadores urbanos e rurais (que se aposentam com 55 anos).

Gasto insustentável

Para Zylberstajn, da Fipe, a desvinculação do aumento do salário-mínimo à inflação é um dos problemas da Previdência, mas não o único.

Ele afirma que os gastos atuais tendem a ficar insustentáveis, uma vez que todos os benefícios da Previdência – INSS, funcionários públicos, benefícios rurais e de pobreza – consomem anualmente 12% do PIB.

“O nível de gasto é igual ao da Alemanha e países nórdicos, países que envelheceram depois que se tornaram ricos. E esse gasto do PIB vai aumentar ainda mais com a vinculação do salário-mínimo à inflação”, diz.

Zylberstajn argumenta que o atual modelo condena o sistema de repartição e amplia as desigualdades, como os privilégios para os servidores públicos e militares. Boa parte dessas duas categorias se aposenta recebendo o teto do benefício, R$ 7.507, que corresponde a mais do dobro da renda média do trabalhador brasileiro.

“Por isso, precisamos de reformas estruturais e não paramétricas, ou seja, seria necessário mudar o sistema como um todo, com prazo de transição para não prejudicar os atuais contribuintes”, adverte Zylberstajn.

No longo prazo, há outra bomba-relógio a caminho, o chamado “fator MEI”, numa referência aos microempreendedores individuais, que somam 15,7 milhões e pagam contribuição previdenciária de apenas R$ 70,60 por mês.

A categoria vai agravar ainda mais o caixa da Previdência quando se aposentar, pois não terá contribuído na mesma proporção do benefício que vai receber como aposentado.

O desenho de uma nova Previdência defendido pela Fipe prevê a adoção de um sistema não contributivo, com uma renda básica (na faixa de R$ 800) para todo idoso que atingir a idade de aposentadoria, tendo ou não contribuído para o INSS.

A complementação de renda viria pelo sistema de repartição para todos os trabalhadores com carteira, funcionários públicos e militares, mas com benefício máximo igual à renda média dos brasileiros (R$ 3 mil), além do FGTS como existe hoje, mas com uma taxa de juros de mercado, e estímulo à previdência privada.

Sobre esse último item, uma constatação: o relatório Raio X do Investidor, divulgado, em 2023, pela Anbima, apontou que quase 82% da população não tem qualquer tipo de reserva financeira para aposentadoria.

Esse, por sinal, é o mote do documentário “INSS – a Bomba relógio do Brasil”, produzido pela plataforma Ações Garantem o Futuro (AGF) – criada há cinco anos para disseminar a estratégia de investimentos de Luiz Barsi Filho, o maior investidor individual da bolsa de valores no Brasil.

O documentário, que será disponibilizado no próximo dia 10 de junho no canal do Youtube da AGF, discute os principais gargalos da Previdência, com participação dos economistas Eduardo Giannetti, Mansueto Almeida e Ana Carla Abrão, chefe de Novos Negócios da B3, além de intervenções de Giambiagi, Tafner e Zylberstajn. Um dos objetivos é discutir a segurança da renda no futuro dos brasileiros.

“Queremos conscientizar sobre a importância da educação financeira e da necessidade de uma cultura de investimentos, via mercado de ações, capaz de proporcionar liberdade financeira e tranquilidade no momento da aposentadoria”, afirma Felipe Ruiz, CEO do AGF.

Apesar do senso de urgência, os especialistas admitem que uma nova reforma da Previdência depende mais de condições políticas do que de evidências econômicas.

“Nossa modesta pretensão é dar o pontapé inicial para o segundo tempo da reforma”, afirma Giambiagi, pesquisador do FGV Ibre. “O debate está começando, para que seja discutido nos próximos anos.”



Fonte: Neofeed

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o “milagre da expansão” acontece no vinho que sai da torneira

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o
Tempo de Leitura:5 Minuto, 9 Segundo


Fundador, em 2014, do primeiro wine truck do Brasil, o Los Mendozitos, voltado à venda em taça de vinhos de baixa intervenção importados da Argentina, o engenheiro industrial com especialização em sustentabilidade, Ariel Kogan, se rendeu aos vinhos nacionais. “A alta do dólar me obrigou a olhar com mais atenção para o mercado nacional e acompanhar a evolução da qualidade na última década”, conta ao NeoFeed.

Sem perder o foco nos pequenos produtores éticos e no desafio de tornar o consumo da bebida mais descontraído, Kogan vem investindo desde 2021 no projeto Tão Longe, Tão Perto (TLTP), ao lado da sommelière Gabriela Monteleone. Voltada à comercialização de vinhos leves, descomplicados e de fácil entendimento em growlers (garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros) e kegs (barris de 20 litros), engatados a torneiras como as de chopp, a plataforma tem visto sua frente de negócio mais recente, a Casa Tão Longe, Tão Perto, ganhar asas.

Inaugurado em meados de 2023, no bairro paulistano da Barra Funda, o espaço com 12 torneiras, poucas mesas e uma pequena seleção de comidinhas de fácil serviço (principalmente queijos e embutidos), foi pensado para ser uma espécie de showroom da marca. O objetivo era atrair para lá clientes potenciais de restaurantes e hotéis interessados na compra a granel dos vinhos brasileiros de pequenos produtores artesanais selecionados por Gabriela. Além de promover o sistema de torneiras (taps), que permite otimizar a venda em taça.

Para se ter uma ideia das vantagens, enquanto uma garrafa mantém as propriedades sensoriais de um vinho, no máximo, por três a quatro dias depois de aberta, um barril engatado em torneira consegue preservar a qualidade da bebida por até um mês. Além disso, o CMV (custo da mercadoria vendida) por taça pode cair em pelo menos 50%, segundo Kogan, devido ao menor custo da embalagem e transporte.

Assim, não demorou para a Casa chamar a atenção do público final pela oferta de brancos, rosés, tintos e laranjas a preços atrativos. Além de investidores, que viram no modelo inovador, simplificado e de baixo custo do bar uma oportunidade de negócio, puxando organicamente a expansão para outras praças.

Como resultado, em apenas um ano, mais duas unidades foram abertas: uma na cidade do Porto, em Portugal, e outra no Rio de Janeiro, cujo faturamento inicial está superando em 50% o da unidade paulista antes mesmo de fechar o mês.

Não por acaso, uma terceira unidade já está prevista para breve, em Lisboa. “Estamos procurando ponto”, diz Kogan.

Com tíquete médio de R$ 90, as Casas TLTP representam hoje 25% do faturamento da marca, mas a expectativa é que a fatia ultrapasse os 50% nos próximos anos com a ampliação do número de pontos.

“Ainda estamos analisando os dados e os vetores de crescimento com cuidado, mas há um grande potencial de expansão nos pontos de venda, que exigem menor investimento de capital do que a operação de distribuição de vinhos”, avalia o empresário, que não descarta a possibilidade de adotar o modelo de franquias a longo prazo.

Por enquanto, a expansão ocorre com parceiros locais, como, no Rio de Janeiro, com os empresários Nelson Soares e Juan Manoel Prada, do restaurante Sult, e Ricardo Rebello, do gastrobar Sebastian. O investimento em cada loja gira em torno de R$ 400 mil a R$ 500 mil.

A visibilidade trazida pelas Casas deve ainda ajudar a impulsionar as demais operações da plataforma, que atualmente conta com 20 clientes com torneiras instaladas em todo o Brasil. Entre eles estão os restaurantes Shuk, Futuro Refeitório, Cuia, Bráz Trattoria e Le Bulô, em São Paulo; Manga, em Salvador, e Casa Vivá, em Porto Alegre.

Segundo Kogan, a Tão Longe, Tão Perto se guia pela A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade (Foto: Divulgação/Tão Longe,, Tão Perto)

Além de barris, os vinhos são comercializados em growlers, garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

Hoje, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos representa 50% (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

O projeto Tão Longe, Tão Perto foi lançado em 2020, pela a sommelière Gabriela Monteleone (Reprodução Instagram @gabrielamonteleone)

Atualmente, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos curados por Gabriela e envasados em diferentes recipientes representa 50%. “Essa é uma operação que deve crescer junto com as Casas”, acredita Kogan.

Uma nova frente de negócios ainda começa a ser desenhada, retomando a experiência do wine truck, para levar os vinhos da marca a eventos, em carrinhos móveis com torneiras.

Um efeito colateral da expansão, entretanto, já afetou a fidelidade ao produto brasileiro. Com a ida para a Europa, decidiu-se que a oferta de vinhos seguirá priorizando vinhos leves e de fácil entendimento feitos por pequenos produtores voltados à vinicultura de baixa intervenção, mas os rótulos serão selecionados localmente em prol da sustentabilidade. “Este sempre foi nosso principal drive”, enfatiza Kogan, que é um dos idealizadores do Programa Cidades Sustentáveis, da Rede Nossa São Paulo.

“Não estamos fechados a levar uma bebida de um país para o outro, mas terá de ser algo muito diferente, que faça sentido pelo diferencial”, diz Kogan, citando um fermentado de açaí feito no Acre que o surpreendeu recentemente.

Assim, uma nova curadoria começa a tomar corpo em Portugal, onde o número de vinhos naturais selecionados em regiões como Dão e Douro já supera o de torneiras instaladas na Casa TLTP do Porto.

“Já poderíamos colocar mais quatro torneiras, totalizando dez”, conta ele, que não descarta abraçar também a distribuição a granel de seus achados. “Não somos um movimento de exclusão de nada. Nem de garrafas, nem de importados. A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade é que vão nos guiar.”

Então, já que existe a brecha, há chance de vermos vinhos de pequenos produtores argentinos no portfólio da TLTP, voltando para o início do ciclo? “Se tivermos uma Casa em Buenos Aires ou Mendoza, sim. Mas aqui vamos priorizar o Brasil, até porque, pela legislação, não é possível importar vinhos a granel de lá para cá.”





Fonte: Neofeed

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki
Tempo de Leitura:4 Minuto, 22 Segundo


VENEZA – Documentário exibido no 81º Festival de Veneza ajuda a explicar a genialidade do ícone da animação japonesa Hayao Miyazaki e de seu Studio Ghibli, que há quatro décadas dá profundidade e sofisticação ao gênero.

O foco de Miyazaki, l’Esprit de la Nature (Miyazaki, o Espírito da Natureza) é sobre a preocupação do cineasta de 83 anos com o meio ambiente, refletida em obras-primas como Nausicaä do Vale do Vento (1984), Meu Amigo Totoro (1988), Princesa Mononoke (1997) e A Viagem de Chihiro  (2001), entre outras.

Seja com florestas povoadas por criaturas mágicas ou com uma natureza furiosa por causa dos abusos sofridos, Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas.

Ao longo de sua trajetória, o diretor, acostumado a encantar a plateia com paisagens silvestres de tirar o fôlego, nunca conseguiu ignorar a capacidade destrutiva da humanidade — embora algumas vezes ele prefira apostar na regeneração da natureza, por ser algo sagrado.

“Para apreciar profundamente a obra de Miyazaki, um dos artistas vivos mais reverenciados no mundo, é preciso analisá-lo em um contexto ambiental”, contou ao NeoFeed o diretor do filme, o francês Léo Favier.

Ele desembarcou no Lido de Veneza, estância balneária onde é realizado o festival italiano, às margens do Mar Adriático, para a première mundial do título que foi selecionado para a mostra Venice Classics, dedicada à memória do cinema.

A natureza é, muitas vezes, impactada nas histórias de Miyazaki por essas refletirem uma sociedade obcecada por conquistas, guerras e consumismo.

“Por mais que o cineasta tenha mudado e evoluído ao longo das décadas, seus filmes foram sempre carregados de guerra e destruição, o que também espelha o que ele enfrentou ainda na infância, moldando a sua visão de mundo”, afirmou Favier.

O documentarista se refere ao fato de Miyazaki ter sobrevivido a bombardeios, quando tinha entre três e quatro anos, ocasiões em que a sua família foi forçada a trocar de cidade. E o pai de Miyazaki ainda foi diretor de fábrica que confeccionava lemes para aviões de combate durante a Segunda Guerra.

Isso explica sua fascinação por aviação e, ao mesmo tempo, a culpa que o diretor já admitiu sentir por sua família ter feito dinheiro com a guerra.

“Nada é preto no branco nos seus filmes de Miyazaki, que sempre abraçou as contradições. Ele deixa que as situações sejam bagunçadas e complicadas, exatamente como é a vida, sem se limitar pensando em uma faixa etária específica para cada história”, comentou Favier.

O fato de suas obras serem concebidas para entreter todas as idades (e não apenas crianças) é o que garantiu mais profundidade, levantando questões filosóficas, sociais e políticas.

Um dos filmes mais ecológicos de Miyazaki foi Princesa Mononoke, onde mais de 144 mil desenhos feitos à mão dão vida a todo um ecossistema, com árvores, plantas, animais e espíritos dividindo uma paisagem estonteante, à beira da extinção. Mas o tom de alarme, pelo conflito aparentemente irremediável entre a natureza e a industrialização, não o impediu de acrescentar lirismo à trama, já que a floresta tem alma própria.

Os filmes do cineasta japonês refletem a grandiosidade da natureza, como Meu Amigo Totoro, de 1988 (Studio Ghibli)

Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas (Foto: ©M6 MediaBank / Métropole Télévision)

Graças ao sucesso de “Nausicaä do Vale do Vento”, de 1984, Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli (Reprodução themoviedb.org)

“A Viagem de Chihiro”, de 2001, é considerada uma das obras-primas da animação (Reprodução themoviedb.org)

Segundo o biólogo Shin-Ichi Fukuoka, entrevistado no documentário, Princesa Mononoke se baseia em duas grandes questões: o que é a vida e o que é ser um humano. “No final, Miyazaki nos faz entender que nós somos parte da natureza, não muito diferente dos outros organismos em termos de mecanismo celular e DNA”, comentou o especialista.

Foi graças ao sucesso de Nausicaä do Vale do Vento, ambientado em futuro distópico onde a humanidade está ameaçado por um ar tóxico e insetos gigantes, que Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli.

A cena de abertura, com a princesa Nausicaä pousando em floresta estranha, porém majestosa, dá uma ideia da reconciliação almejada pelo cineasta. E muito antes de a questão ambiental se tornar um tema recorrente na produção audiovisual.

“O que Miyazaki sugere aqui é a interação entre natureza e seres humanos. Em vez de o homem insistir em dominar a natureza, ele deveria se engajar com ela, de modo respeitoso. O que sentimos é uma inteligência amorosa e uma consciência de que todos estamos conectados no universo”, comentou a escritora Susan Napier, autora do livro Miyazakiworld: a Life in Art, também em depoimento no filme.

O documentário examina outros filmes que refletem a grandiosidade da natureza, pelas lentes de Miyazaki, como Meu Amigo Totoro. Aqui o que ajuda duas irmãs a enfrentarem uma fase difícil, com a mãe hospitalizada, são as aventuras que vivenciam com os espíritos da floresta, conhecido como “totoros”.

É com esses seres fantásticos, em especial com o líder deles, que a dupla aprende a encarar a dura realidade, mas sem se esquecer da beleza, da poesia e da magia da vida, em tudo o que nos cerca.





Fonte: Neofeed

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Os planos “íntimos” da Hope: 10,5 milhões de peças e R$ 500 milhões de receita

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sandra chayo hope
Tempo de Leitura:3 Minuto, 42 Segundo


A fábrica do Grupo Hope em Maranguape, localizada na região metropolitana de Fortaleza, vai passar por um “banho de loja”. A marca de moda íntima, praia e fitness prevê um investimento robusto em novas tecnologias de fabricação, que devem dar suporte aos planos ambiciosos da companhia.

O grupo liderado por Sandra Chayo, filha do fundador Nissim Hara, projeta produzir 10,5 milhões de peças em 2024, uma expansão de 50% sobre o ano passado. Esse crescimento vai estar calcado em produtos básicos e acessíveis, uma revisão da estratégia da companhia que contou com a ajuda da consultoria Bain & Company.

“Chegamos à conclusão de que, se conseguíssemos atingir as classes B2 e C [renda estimada entre R$ 2 mil e R$ 6 mil], que ainda não consumiam os nossos produtos, poderíamos aumentar de forma significativa o nosso público endereçável”, afirma Chayo, diretora do Grupo Hope, ao NeoFeed.

A Hope marca está investindo R$ 20 milhões para voltar as suas origens – afinal a empresa, criada em 1966, começou com esse tipo de produto. Nesse orçamento está tanto as peças de marketing, como o desenvolvimento da linha Light, que traz produtos a preço de entrada, partindo de R$ 29,90 (cerca de R$ 10 abaixo das demais coleções).

A coleção, que chegou às mais de 3 mil lojas que atuam com a marca no primeiro semestre, já é a terceira mais expressiva em número de peças vendidas, atrás da Touch e Nude, que partem de R$ 39,90 e R$ 79,90 e estão entre as mais vendidas há anos.

“Quando entrei na empresa, em 1999, o movimento era justamente o contrário, de transformar uma marca popular, que só era vendida em lojas multimarcas, em algo mais sofisticado. E deu certo. Agora, entendemos que precisamos descer esse degrau novamente”, afirma Chayo.

Em 25 anos como diretora da empresa familiar, Chayo foi a responsável por todos os movimentos da operação: desde a expansão via franquias até a criação das outras duas marcas que estão no portfólio: a Bonjour Lingerie e a Hope Resort, de moda praia e fitness.

O próximo passo é dobrar o número de lojas em cinco anos. Hoje, a Hope detém 280 franquias e 9 lojas próprias. Em 2023, o grupo faturou R$ 350 milhões apenas na rede franqueada.

Segundo a Hope, a companhia teve um crescimento de 35% no faturamento no primeiro semestre e projeta acelerar nesta segunda metade do ano, podendo atingir a casa dos 40% no ano contra ano – o que faria a companhia se aproximar dos R$ 500 milhões em receita. Na visão de Chayo, essa receita só deve ser atingida em 2025.

Na visão do sócio da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, a iniciativa do Grupo Hope é acertada. “O momento da companhia é muito bom. Ao mesmo tempo que eles conseguem conversar com o público premium nas lojas monomarcas, o grupo também tem desempenhado um bom trabalho ao atingir a camada mais baixa de consumidores”, afirma.

Para ele, a recuperação de mercado pode beneficiar ainda mais a companhia nessa nova fase. “A renda está crescendo, o desemprego caindo e o mercado de trabalho se aquecendo, o que ajuda o setor de consumo de semiduráveis, como é o caso da Hope”, diz Serrentino.

Falando em concorrentes, Serrentino acredita que há espaço para todo mundo. Ele afirma que existem diversos players no mercado com posicionamento, perfil de produto e canais distintos, como é o caso de marcas como Valisere, Intimissimi e Loungerie.

O homem na mira

Lançada há dois anos, as peças voltadas ao público masculino da Hope, ainda não decolaram. Isso não impediu o grupo de investir ainda mais no segmento, incluindo peças voltadas para os homens tanto na linha Light, com cuecas, como na Hope Resort, com vestuário fitness, que será lançado em outubro.

“A linha masculina na Hope está crescendo e a cueca da Light está vendendo como água. O consumo por parte dos homens é muito diferente do das mulheres. Eles compram em quantidade, normalmente uma dúzia de cuecas por vez, o que é ótimo para nós”, diz Chayo.

Pensando no público unissex, a marca também está entrando na disputa pelo mercado de meias, que hoje conta com concorrentes como Lupo e gigantes esportivas como Nike e Adidas. Ainda em fase de testes em algumas lojas, a coleção completa o portfólio do grupo e busca atingir todos os públicos que agora consomem os produtos Hope.





Fonte: Neofeed

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