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EXCLUSIVO: Uma disputa entre Davi e Golias no mundo fitness pode parar no Cade (de novo)

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Tempo de Leitura:10 Minuto, 13 Segundo


O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recebeu um pedido para instaurar uma nova apuração sobre condutas do Wellhub. Na quarta-feira, 26 de junho, duas academias de ginástica protocolaram documentos no órgão por prática de anti concorrência da nova marca da Gympass.

A questão da exclusividade é um tema recorrente para a plataforma de benefícios fitness, que em abril deste ano rebatizou a sua marca de Gympass para Wellhub. Em 2020, uma primeira denúncia foi feita ao Cade pela TotalPass. Na época, a empresa criada nos corredores da Smart Fit acusou a rival de prejudicar a concorrência ao firmar acordos dessa natureza com as academias.

Na sequência, uma decisão preliminar proibiu a então Gympass (agora Wellhub) de fechar novos contratos nesses moldes a partir do fim de 2021. Já em 2022, o Wellhub assinou um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o Cade, que, entre outras questões, limitava a exclusividade a 20% da sua base em cada região.

Agora, a Tecfit, conhecida como a academia sem peso, com quase 50 unidades em todo o País, e a Power Life Gym, academia localizada em Bauru, no interior de São Paulo, acusam o Wellhub de descumprimento do TCC com o Cade.

“Eu fui coagido a ter de assinar um novo contrato de exclusividade com o Wellhub”, diz Felipe Castro, fundador e CEO da Tecfit, ao NeoFeed, sobre a principal alegação da rede. “Ou eu assinava nesses termos ou eles me ‘ejetavam’ da plataforma. Essa foi a ameaça.”

Com presença em 11 países, o Wellhub não divulga dados do mercado local, tampouco seu volume de parceiros e usuários. No mundo, a companhia diz atender mais de 15 mil empresas clientes.

Mas, após o compromisso assinado com o Cade, o Wellhub viu a TotalPass avançar várias casas e abocanhar boa parte desse mercado – um segmento com uma base estimada de 29 mil academias no Brasil.

Há pouco mais de um ano, a plataforma tinha 8 mil academias em sua rede e cerca de 3 mil empresas clientes. Nesse período, a TotalPass chegou a acordos com aproximadamente 20 mil academias no Brasil e, assim como a rival, aposta num modelo B2B, com uma carteira de 10 mil empresas e 5 milhões de usuários.

“Eles me disseram que não tinha como coexistir com a TotalPass na minha rede”, conta Castro, da Tecfit. “A sensação é que perderam a mão. Até pouco tempo, eles tinham praticamente todo o mercado e, agora, olham um rival que começou a ganhar terreno. E decidiram que precisam frear esse cara.”

Em resposta por escrito encaminhada ao NeoFeed, o Wellhub diz que “nós não forçamos nenhum parceiro a ser exclusivo em nossa plataforma. Muitas das academias e estúdios em nossa rede veem o grande valor de ter uma parceria exclusiva com o Wellhub, dada a nossa ampla rede de clientes corporativos e seus milhões de colaboradores. Especialmente quando não há conflito de interesse em relação a outras plataformas, nossos parceiros decidem voluntariamente trabalhar apenas conosco. Reservamo-nos o direito de manter parcerias ou não, de acordo com as condições comerciais acordadas entre ambas as partes”.

“Estamos investindo nesse mercado há 12 anos e estamos orgulhosos do que construímos junto com nossos parceiros, investindo em seus estabelecimentos e vendo-os expandir e crescer seus negócios junto conosco. Seguimos rigorosamente as orientações do compromisso que assinamos com o Cade e estamos comprometidos a continuar agindo dessa forma. Continuaremos a investir em nossos parceiros – pois essa é a nossa estratégia central – especialmente os menores que por vezes têm dificuldades para enfrentar a concorrência com grandes players”, complementa o Wellhub.

Convivência tempestuosa

A rede de estúdios de eletroestimulação Tecfit, distribuída em 22 cidades, é parceira exclusiva do Wellhub praticamente desde que foi fundada, em 2017.

Mas, segundo Castro, a plataforma não vinha demonstrando pressa para renovar o último contrato, que vigorou até agosto de 2023 e que, devido ao impasse na negociação, ainda não foi atualizado.

Essa postura mudou, porém, em fevereiro deste ano, a partir de um primeiro piloto com a TotalPass, em uma unidade próxima à avenida Paulista, em São Paulo. Um mês depois, a Tecfit iniciou a expansão da plataforma para toda a sua rede, o que coincidiu com o início da pressão do Wellhub pela renovação.

Em sua denúncia apresentada ao Cade, cujo trâmite, assim como o da Power Life, pode gerar uma investigação e eventuais sanções, a Tecfit ressalta um segundo elemento além das ameaças visando a exclusividade.

De acordo com a empresa, seu faturamento com o Wellhub começou a registrar uma queda acentuada, “sem qualquer explicação racional”, a partir de fevereiro deste ano, o que coincidiu exatamente com o início da parceria com a TotalPass.

“Essa coincidência temporal sugere que a Gympass, ao tomar ciência da nova parceria da denunciante com a concorrência, deliberadamente reduziu o direcionamento de seus novos usuários para as academias da rede Tecfit”, destaca um trecho do documento, ao qual o NeoFeed teve acesso.

A companhia pontuou, por exemplo, que em março de 2024, já sem o contrato de exclusividade em vigor, a redução de novos usuários foi de 35% sobre igual período de 2023. Em abril e maio deste ano, as quedas foram de 27% e 28%, respectivamente.

“É um impacto grande de fluxo, mas eu tenho várias unidades. Eu não morro e tenho como pagar um advogado para me defender”, diz Castro. “Mas isso mata a academia menor. O Cade precisa se mobilizar e criar um canal para escutar essas pessoas que não querem se expor como eu estou me expondo.”

Das entrelinhas aos descontos

Em condição de anonimato, um desses pequenos empresários falou ao NeoFeed. Proprietário de uma academia no interior de São Paulo, ele também tem uma relação duradoura com o Wellhub, que data de 2017. Mas em 2022, após a decisão do Cade, incluiu a TotalPass nesse pacote.

Há cerca de um mês, ele foi contatado pela antiga parceira. O e-mail informava que, em função da mudança de nome de Gympass para Wellhub, era preciso assinar um novo contrato, que estava anexado à mensagem.

“Nós sempre tivemos uma boa relação e eu assinei normalmente, como eu sempre fiz”, afirma ele. “Cerca de 15 dias depois, eu recebi uma nova mensagem me cobrando o comprovante de que eu havia cancelado o meu contrato com o concorrente.”

Foi quando ele descobriu que havia assinado um contrato que, em suas 14 páginas, incluía uma cláusula de exclusividade. Entre outros termos, o documento estabelecia uma multa no valor do faturamento da academia com o Wellhub nos últimos seis meses, caso mantivesse sua parceria com a rival.

“Eu sou leigo nesses assuntos. Minha inocência foi assinar como se fosse a renovação pela mudança da marca [Gympass para Wellhub]”, diz ele. “Agora, o prejuízo é 100% meu. O Wellhub representa 25% do meu faturamento, mas a TotalPass já respondia por 10% e vinha crescendo. Para mim, o ideal é ter os dois.”

Em resposta enviada ao NeoFeed, o Wellhub diz que “nenhum de nossos parceiros foi obrigado a assinar novos contratos ou contratos de exclusividade como parte do nosso rebranding, pois apenas mudamos nosso nome fantasia, não nossa razão social. Desde a nossa mudança de marca, as empresas continuam a ver a oportunidade de trabalhar com o Wellhub para promover o bem-estar dos colaboradores, e esse efeito continua a beneficiar o nosso ecossistema de parceiros com novos clientes e novas fontes de receita”.

O NeoFeed teve acesso ao “formulário de serviços para parceiros”. A cláusula 3 trata de responsabilidades do parceiro, que traz no item 3.9: “Durante o Período de Garantia, o Parceiro não poderá celebrar ou continuar qualquer parceria, direta ou indiretamente, com qualquer empresa que preste serviços de intermediação de atividade física e/ou quaisquer fornecedores de serviços que forneçam serviços semelhantes ao Gympass”.

Nos subitens 3.9.1 e 3.9.1.1, há um reforço sobre as penalidades: “O Parceiro reconhece que esta cláusula 3.9 é importante para este Contrato devido ao investimento feito pelo Gympass em forma de Garantia. Se o Parceiro violar a obrigação de exclusividade, tal violação será considerada uma violação de uma obrigação essencial nos termos deste Contrato e, sem prejuízo de quaisquer outros direitos do Gympass, será aplicado o seguinte: o Preço por validação e o Pagamento total máximo por usuário por mês serão reduzidos em 50%”.

Conforme apurou o NeoFeed, há mais casos de parceiros que estão recebendo essas mensagens com a mesma alegação. E que, sem conhecimento jurídico ou recursos para submeter o documento a um advogado, acabam por assinar o acordo sem ler todas as cláusulas.

“Infelizmente, no nosso mercado, a grande maioria das pessoas não entende do próprio negócio”, afirma o proprietário de uma outra rede de academias de São Paulo. “Boa parte se formou em Educação Física e não tem conhecimento de gestão.”

Ele ressalta, porém, que essa não é a única tática que vem sendo adotada pelo Wellhub para convencer ou mesmo pressionar os parceiros. Uma das condutas que têm sido recorrentes é o chamado desconto por volume, que também foi alvo do TCC assinado com o Cade.

Essa prática envolve a cobrança de taxas progressivas de até 20% sobre os valores totais a serem repassados pela Wellness aos parceiros. O índice varia de acordo com o faturamento alcançado pelas academias com usuários da plataforma.

A inclusão dessa cláusula é um dos pontos citados na denúncia da Power Life Gym ao Cade. O Wellhub teria feito essa sugestão em 2023, como uma condição para reajustar os valores repassados à parceira, depois de a academia questionar o fato deles estarem defasados.

“Em vez de ser recompensada pelo aumento do volume de clientes, a academia parceira é, a bem da verdade, penalizada, recebendo menos dinheiro por cliente adicional atendido”, observou a Power Life, ao recorrer ao Cade.

Já no início de 2024, o Wellhub passou a propor a celebração de um contrato de exclusividade e, em uma de suas interações, via e-mail, informou “explicitamente” que a academia não teria descontos adicionais na receita se concordasse com esse modelo.

“Eles têm feito essa ameaça a muitos parceiros”, diz o dono de outra academia. “O fato é que a plataforma não traz só malefícios. Eu teria perdido muitos clientes para as grandes redes sem eles. Mas o Gympass virou um monstro e se você não toma cuidado, ele te estrangula e engole teu negócio.”

O que dizem as plataformas

Nesse contexto, na ponta da concorrência, a TotalPass ressaltou em nota ao NeoFeed que foi surpreendida no último mês com 150 pedidos de rescisão de academias que alegaram a imposição de cláusula de exclusividade feita por “um concorrente”.

A plataforma destacou que, ainda que esse volume represente menos de 1% de sua rede de mais de 20 mil academias parceiras, o número é dez vezes maior que a sua média mensal de cancelamentos.

“Ao mesmo tempo, passamos a receber centenas de contatos de pequenos empresários assustados e desnorteados com a inclusão de uma cláusula de exclusividade imposta por este concorrente que tenta obrigá-los a romper a parceria com a TotalPass”, observa a empresa.

“A TotalPass estuda as medidas judiciais cabíveis e também representações junto ao Cade para resguardar seus direitos e preservar a livre concorrência no mercado fitness do país”, complementa a nota da empresa.

Rebatizada como Wellhub em abril de 2024, a nova marca da Gympass busca representar a mudança do modelo da empresa brasileira. Da “Netflix das academias”, quando foi fundada em 2012, para uma plataforma de bem-estar, com acesso à nutrição, mindfullness, além do fitness. Com seu nome de batismo, a startup atraiu fundos como Softbank, captou US$ 605 milhões e foi avaliada em US$ 2,4 bilhões.

“O Wellhub tem colaborado com o Cade e sempre agiu eticamente, cumprindo toda a legislação antitruste. Seguimos dedicados a apoiar o crescimento de nossos parceiros e estamos exclusivamente posicionados para fazer isso através de nossa base global de clientes corporativos e milhões de assinantes. O Wellhub desenvolveu um modelo de parceria único que permite um crescimento escalável e o sucesso a longo prazo desse próspero ecossistema. Mais de 80% dos membros do Wellhub não tinham uma assinatura de academia antes de ingressar na nossa plataforma e 90% são novos clientes para os nossos parceiros.”





Fonte: Neofeed

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NotCo traz vertical B2B para o Brasil e leva sua IA, o Giuseppe, para além de produtos à base de planta

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NotCo traz vertical B2B para o Brasil e leva sua IA, o Giuseppe, para além de produtos à base de planta
Tempo de Leitura:2 Minuto, 52 Segundo


A NotCo, foodtech chilena conhecida pelo desenvolvimento de produtos à base de plantas avaliada em US$ 1,5 bilhão, está lançando sua vertical B2B no Brasil, em busca de expandir a utilização de sua inteligência artificial proprietária, o Giuseppe.

Com oito anos de experiência e mais de 400 produtos desenvolvidos por meio desta tecnologia, a empresa já opera em países como Estados Unidos, Canadá, México, Argentina, além de sua terra natal, o Chile. Nessa vertical B2C, a companhia tem 20% de participação do mercado à base de plantas no mundo.

A companhia, que já captou US$ 430 milhões em rodadas de investimentos lideradas por fundos como Kaszek e L Catterton, tem mais de 8 mil ingredientes cadastrados na plataforma de IA. Com essa base, a NotCo decidiu utilizar seu “poder de fogo” para auxiliar grandes empresas do segmento de alimentos a inovar no desenvolvimento dos produtos, mesmo os que não são plant-based.

“Ao longo do tempo, as empresas começaram a nos procurar para utilizar a tecnologia do Giuseppe para solucionar problemas que encontravam em produtos já existentes, como a presença de gordura ou mesmo de itens de origem animal”, afirma Giulia Braghieri, diretora sênior de desenvolvimento de negócios B2B Global da NotCo.

Segundo a executiva, essas companhias estão em busca de eficiência e redução de custos, o que pode ser resolvido pela tecnologia.

Giulia Braghieri, diretora sênior de desenvolvimento de negócios B2B Global da NotCo, e André Weinmann, CEO da NotCo no Brasil

Na prática, o Giuseppe mapeia a estrutura molecular de alimentos de origem animal e cria receitas 100% plant-based que tem o objetivo de preservar o mesmo sabor, cor e textura dos produtos originais.

Com ele, a startup afirma que é possível desenvolver e reformular produtos de maneira rápida, eficiente e econômica, reduzindo o tempo de teste e estudo que é destinado a esses produtos e, consequentemente, seus custos.

“Na indústria de alimentos tradicional, as empresas levam cerca de 18 meses, no mínimo, para lançar um produto, já que esse processo exige testes, erros e acertos e questões burocráticas que mudam a todo tempo”, afirma André Weinmann, CEO da NotCo no Brasil. “Com o Giuseppe, esse tempo se reduz para semanas”.

Um dos exemplos mais recentes do uso da tecnologia ocorreu no Reino Unido. Por lá, existe uma regulamentação do HFSS (Healthier Food Score System) utilizada para medir a qualidade dos produtos oferecidos aos clientes – o que define onde eles ficam apresentados nas gôndolas.

Para se enquadrar nessas regras, uma grande marca inglesa solicitou os serviços da NotCo, que desenvolveu um chocolate exatamente da forma esperada pelas regras, com o mesmo sabor do original.

Fora do Brasil, a NotCo já atende empresas como Kraft Heinz, Starbucks, Burger King e Mars nesse segmento B2B.

Com a tecnologia, a empresa espera expandir seus serviços além do segmento de alimentos, podendo atingir mercados como o de fragrâncias, pet e farmacêutico.

“Toda empresa de consumo precisa inovar na sua produção e isso não é uma questão do Brasil e sim do mundo”, afirma Weinmann. “As opções e variáveis são praticamente infinitas e, quanto mais o tempo passa, mais o mercado evolui e abre novas oportunidades de negócios”.

Com a vertical B2B, a empresa espera superar o desempenho do B2C em poucos anos. “Se nós conseguirmos ajudar pelo menos uma inovação dentro das grandes empresas nesse primeiro momento, já é um mega feito para a NotCo”, diz Braghieri.



Fonte: Neofeed

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Com mercado de ações em baixa, (até) a B3 se rende à renda fixa

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Na B3, balcão mais diversificado leva à elevação de recomendação para a ação
Tempo de Leitura:3 Minuto, 20 Segundo


Saída de estrangeiros, seca de IPOs e desinteresse de fundos e pessoas físicas pelo mercado de ações brasileiro. Esses são alguns dos desafios enfrentados pela B3, a dona da bolsa de valores de São Paulo, nos últimos anos. Sem o vento a favor que impulsionou seu principal negócio no início da década, a companhia tem buscado se reinventar. Investiu na aquisição de concorrentes, ampliou sua atuação em dados e tecnologia e, para 2025, coloca a renda fixa no centro de suas prioridades.

Com a taxa Selic a 12,25% e perspectivas de atingir 15% no próximo ano, a B3 tem se preparado para atender o aquecido mercado de crédito privado, que teve um desempenho fora da curva em 2024. Até o terceiro trimestre, o número e o volume de emissões de debêntures já haviam superado o recorde de 2023, movimentando R$ 326 bilhões no mercado primário.

“É um mercado que cresceu muito em 2024 e tem uma perspectiva [de crescimento] ainda maior para 2025, impulsionado por mais maturidade, vencimentos mais longos e novos emissores”, afirmou Gilson Finkelsztain, CEO da B3, durante o evento B3 Day, realizado na quarta-feira, 18 de dezembro.

A B3 já colhe frutos desse cenário, com a receita da divisão de Balcão crescendo 15% no terceiro trimestre, alcançando R$ 288 milhões — a maior parte proveniente de instrumentos de captação bancária. A distribuição de debêntures no período gerou R$ 19,6 milhões em receita.

“A renda fixa é a maior oportunidade de diversificação que temos agora. O momento desse mercado é excepcional, além de ser contracíclico em relação ao mercado de ações. Quando os juros sobem, a renda fixa vai bem, e quando caem, as ações ganham tração. Isso ajuda a suavizar os resultados da companhia”, destacou Luiz Masagão, vice-presidente de produtos e clientes da B3.

Além de prover infraestrutura para a distribuição de debêntures, a B3 atua na análise documental das ofertas, custódia e depósito. “Já estamos consolidados no mercado primário, mas o secundário ainda é muito analógico, com negociações feitas via chat da Bloomberg ou por telefone, com gritaria nas mesas de tesouraria. Há uma enorme oportunidade de digitalizar e automatizar esses processos”, pontuou Masagão.

Hoje, o mercado de renda fixa é altamente concentrado em bancos e corretoras, que negociam papéis com clientes e, posteriormente, entre si. A estratégia da B3 é conectar esses diferentes pools de liquidez por meio de uma plataforma digital, aumentando a eficiência e a liquidez. “Não queremos transformar o mercado de renda fixa em um mercado de livro central, como o de ações”, explicou André Milanez, CFO da B3.

A peça-chave para isso é a plataforma de negociação digital TradeMate, que já conecta de 200 a 300 players. “Já estamos registrando títulos nessa plataforma e, em breve, iniciaremos negociações no modelo de book privado, onde cada player poderá oferecer ativos a bases específicas de clientes”, disse Masagão.

Com a digitalização desse mercado, a B3 planeja desenvolver uma série de produtos, incluindo uma plataforma de dados em tempo real e índices de renda fixa, previstos para o primeiro semestre de 2025, viabilizando a criação de ETFs atrelados a esses índices.

Paralelamente, a companhia trabalha com a Anbima no desenvolvimento do mercado de derivativos de crédito, abrindo caminho para futuros ligados a índices de crédito.

Gestores de crédito estão especialmente ansiosos pela possibilidade de operar vendidos em debêntures, algo que aumentaria a liquidez do mercado, melhoraria a precificação e ofereceria proteção em momentos de spreads comprimidos, como ocorreu no segundo semestre de 2024. Embora ainda não regulamentada, a B3 já monitora essa demanda e, segundo Milanez, está tecnicamente preparada para viabilizar tais operações.

“Essa é uma demanda que está na nossa agenda. Essa mudança aumentaria os volumes e retroalimentaria o sistema. Hoje, temos muitos títulos indexados à inflação e a taxas pré-fixadas, o que exige negociações mais frequentes. O potencial de crescimento é enorme, e estamos animados com as transformações que estamos presenciando no mercado de renda fixa”, afirmou Milanez.



Fonte: Neofeed

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Brava Energia vende parte de campo de gás natural para a PetroReconcavo por US$ 65 milhões

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Brava Energia vende parte de campo de gás natural para a PetroReconcavo por US$ 65 milhões
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A Brava Energia, empresa de óleo e gás resultado da fusão entre 3R e Enauta, concluiu a venda de metade de sua operação de gás natural na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, para a PetroReconcavo.

De acordo com o fato relevante divulgado na noite de 18 de dezembro, a Brava receberá US$ 65 milhões, “sendo 35% na data da assinatura dos acordos definitivos da transação e o remanescente na data de fechamento, após o cumprimento das condições precedentes”. Pessoas próximas disseram ao NeoFeed que a expectativa da companhia era levantar cerca de US$ 40 milhões com esse ativo.

“A assinatura deste acordo reforça a parceria estratégica com a Brava no Rio Grande do Norte, conferindo mais um passo da implementação do nosso plano de resiliência e eficiência operacional”, trouxe o comunicado assinado por Rafael Cunha, CFO da PetroReconcavo.

A conclusão do deal com a PetroReconcavo acontece um dia após a Brava ter anunciado, também em fato relevante, a contratação do Itaú BBA como assessor financeiro para ajudar na avaliação de potenciais transações de parceria ou venda de ativos.

Após a fusão entre 3R e Enauta, a Brava passou a acumular pesadas despesas financeiras e ter uma alavancagem de 3,7 vezes a relação dívida líquida sobre Ebitda.

A necessidade da companhia, neste momento, é fazer caixa para reduzir a sua alavancagem. Na mesa de negociação estão os ativos onshore da empresa de óleo e gás.

Nas condições atuais da companhia, esses campos são rentáveis para a companhia se o preço do petróleo Brent permanecer acima de US$ 60 o barril. Embora nos últimos três anos o preço tenha ficado mais perto de US$ 70, qualquer crise que derrube a cotação vai impactar diretamente nos negócios da Brava.

Mas pessoas próximas à Brava avaliam que a venda total desses ativos é uma possibilidade remota neste momento. A percepção é que não existe nenhuma empresa independente do setor de óleo e gás com dinheiro para fazer uma proposta nas condições que a vendedora quer.

E, internamente, as conversas para a venda de qualquer campo da Brava começam com “se chegar no nosso preço”.

A companhia tem consciência de que será difícil recuperar o investimento próximo a US$ 2 bilhões para montar seu portfólio onshore. Pelos cálculos do Santander, a Brava deve conseguir algo entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,5 bilhão. Esse montante já será suficiente para reduzir a alavancagem para 0,8 vez.

“Gostamos de ver a Brava avançar com sua revisão de portfólio e estratégias de parceria e desinvestimento, pois acreditamos que elas são essenciais para o processo de desalavancagem da empresa”, escreveram os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, do Santander.

Como prosseguimento deste plano, a Brava assinou um contrato de exclusividade com a Azevedo e Travassos e a Petro-Victory Energy para a potencial venda de 11 concessões de óleo e gás localizadas na Bacia Potiguar, no estado do Rio Grande Norte, que registraram uma produção média diária de aproximadamente 250 barris de óleo equivalente no período entre janeiro e novembro de 2024.

Na B3, a ação RECV3, da PetroReconcavo, está em queda de 25,1% no ano. O valor de mercado da companhia é de R$ 4,6 bilhões. Já o papel BRAV3, da Brava, acumula perda de 23,9% em 2024. E o valor de mercado da empresa é de R$ 9,3 bilhões.





Fonte: Neofeed

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