Negócios
Atrasada, Apple aposta em IA para expandir vendas de iPhone. Vai funcionar?
Atrasada na corrida da inteligência artificial (IA) entre as big techs, a Apple anunciou nesta segunda-feira, 9 de setembro, sua nova linha de iPhones, apostando que a tecnologia da vez possa retomar as vendas do principal produto da companhia fundada por Steve Jobs (1955-2011).
A companhia revelou o iPhone 16 no evento que realiza todos os anos em sua sede, em Cupertino, na Califórnia, para apresentar ao mundo sua nova linha de produtos. Diferentemente de outros anos, em que novidades como câmera mais potente eram os destaques, o que todos queriam saber era sobre o software. No caso, como a Apple iria embutir a IA.
O iPhone 16 vai trazer o sistema chamado Apple Intelligence, cujos primeiros detalhes foram apresentados em junho deste ano pelo CEO Tim Cook, quando a companhia anunciou a parceria com a OpenAI. O aparelho inclui uma versão atualizada da assistente pessoal Siri e programas de texto e edição de fotos turbinados pelos modelos de IA criados pela companhia, além de acesso gratuito ao ChatGPT aos usuários.
Na apresentação, Cook afirmou que os aparelhos foram projetados “desde o início para a Apple Intelligence e seus recursos inovadores”. As vendas do novo modelo estão previstas para começar em 20 de setembro, com os recursos de IA começando a ser disponibilizados em outubro, primeiro nos Estados Unidos.
A IA se tornou uma aposta para a companhia oxigenar sua linha de smartphones. O último grande sucesso da companhia com o iPhone foi em 2021, quando as vendas subiram 39% em comparação com o ano anterior.
Desde então, a companhia vem sentindo um arrefecimento da demanda, depois que a concorrência conseguiu lançar alternativas que agradaram o público. No terceiro trimestre do ano fiscal de 2024, encerrado em 29 de junho, as vendas de iPhone somaram US$ 39,3 bilhões, recuo de 1%, enquanto no segundo trimestre, a receita recuou 10,4%.
A grande questão é se um iPhone com IA será capaz de conquistar um mercado maior, não apenas os fãs da marca, considerando que o modelo não apresenta grandes evoluções em termos de hardware. Olhando para os concorrentes da Apple, os consumidores não se mostraram tão empolgados com a tecnologia até o momento.
A Samsung tem promovido fortemente as capacidades de IA de seus novos smartphones, mas a tecnologia foi um argumento de vendas secundário nas lojas das operadoras americanas, de acordo com pesquisa feita pela consultoria BayStreet Research, citada em reportagem do jornal The Wall Street Journal.
Outra pesquisa citada pelo WSJ, conduzida pela consultoria Canalys, revelou que apenas 7% dos consumidores americanos disseram que a IA era um motivo-chave para comprar um smartphone.
Na média, os analistas que acompanham a Apple esperam que a receita com iPhone no ano fiscal de 2025, que começa em outubro deste ano e termina em setembro do ano que vem, cresça 5%, de acordo com a consultoria FactSet.
Um fator que deve impulsionar as vendas é o ciclo de substituição dos smartphones da Apple. Em relatório divulgado após o anúncio da parceria com a OpenAI, os analistas do Itaú BBA disseram que o prazo de troca de iPhones se estendeu significativamente, devido a vendas lentas nos últimos 18 a 24 meses.
A chegada de aparelhos com IA pode mudar isso. “Parecem existir incentivos suficientes para os usuários comprarem novos iPhones”, diz trecho do relatório.
Um ponto que também pode ajudar nas vendas é o fato de a Apple ter decidido não elevar os preços do novo modelo, em um momento de desaceleração da economia americana. A empresa informou que o preço-base do modelo mais básico do iPhone 16 será de US$ 799, com o mais sofisticado, o iPhone 16 Pro Max, custando US$ 1.199.
Em um primeiro momento, a notícia fez com que as ações da Apple caíssem mais de 1%. No fim, os papéis fecharam o dia estáveis, com alta de 0,04%, a US$ 220,91. No ano, as ações acumulam alta de 19%, levando o valor de mercado a US$ 3,3 trilhões.
Negócios
Wealth Point #32 – Joaquim Azevedo, da Sequóia Properties, e Felipe Nobre, da Jera Capital
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Negócios
Madero persegue dois números a partir de 2025: 800 restaurantes e 30% da receita em delivery
Os restaurantes Madero Burguer, Madero Grill e Jeronimo estão preparados para atender cinco milhões de clientes em dezembro. O mês é o de maior movimento para o grupo criado por Junior Durski. Mas enquanto contabiliza os pratos que saem das cozinhas de cada uma dessas marcas, o empresário e chef finaliza o preparo dos números para 2025.
O grupo está voltando a ter apetite por crescimento. Com 275 lojas em operação, os últimos dois anos foram de redução do investimento. O motivo desse aperto era a necessidade de voltar a ter um equilíbrio entre a geração de caixa e o endividamento.
A dívida líquida da companhia era de R$ 594,9 milhões em setembro de 2024, uma alavancagem de 1,07 vez para um prazo médio de 2,9 anos. Em 2020, a alavancagem do Madero chegou a 15,03 vezes a geração de caixa.
“Temos um número na empresa de dívida líquida sobre o Ebitda de uma vez. É o ponto para voltar a crescer. Chegaremos até o começo de 2025 e aí, sim, mantendo esse número, com geração de caixa, a gente volta a crescer”, diz Durski em entrevista ao Números Falam, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.
“Esse custo vai para CDI+2,75% a partir de abril de 2025. A situação financeira da companhia, que é muito boa e com expectativas excelentes, foi revista”, complementa Ariel Szwarc, CFO do Madero.
Com Ebitda Ajustado dos últimos 12 meses de R$ 576 milhões, encerrados em setembro deste ano, para uma margem Ebitda de 32%, o plano de abertura de lojas vai começar a ganhar tração.
Embora o exterior seja atrativo para uma expansão, Durski ainda vê potencial para crescer no País. A marca, por exemplo, chegou recentemente no Nordeste.
“Podemos chegar a 600, 700, 800 restaurantes tranquilamente no Brasil. O Jerônimo é uma marca que pode fazer uma expansão grande. E o Madero também tem muito potencial”, diz Durski.
Um modelo que começa a ser experimentado pela companhia é a loja híbrida, com totens do Madero e do Jeronimo. O cliente escolhe qual cardápio prefere e retira no balcão. No primeiro mês de experiência em uma unidade da rua Oscar Freire, em São Paulo, as vendas aumentaram mais de 70%.
Em paralelo à expansão orgânica, o Madero quer elevar a participação do delivery nas receitas da companhia. Um negócio que começou na pandemia “meio a contra gosto” do chef Junior vem ganhando espaço no faturamento.
Até o começo de 2024, o delivery vinha representando em torno de 15% da receita líquida do grupo. Ao longo do ano, essa representatividade foi aumentando e atingiu 20,2% no terceiro trimestre. O plano é chegar a 30% no curto prazo.
Com o ajuste no balanço da companhia, Junior Durski continua sonhando com o IPO da empresa. Ele diz que é uma maneira de perenizar a companhia e acelerar o plano de crescimento. Mas ele não tem pressa. “Se tiver uma janela, vamos para o IPO. Se não tiver, estamos felizes também”, diz ele.
Negócios
Após aquisição da Algar Tech, Positivo cria nova marca e mira mercado endereçável de R$ 40 bilhões
Seis meses depois de concluir a aquisição da Algar Tech MSP, por R$ 235 milhões, a Positivo Tecnologia está avançando para começar a capturar as sinergias do acordo, o maior realizado em seus 35 anos de história. E esse movimento vem embalado por uma nova marca.
A companhia anunciou nesta quinta-feira, 19 de dezembro, o lançamento da Positivo S+, unidade de que vai reunir os serviços gerenciados de TI da Algar Tech com as operações e serviços de tecnologia da Positivo Tech Services.
Carlos Mauricio Ferreira, que liderava a Algar Tech antes da aquisição pela Positivo Tecnologia, foi o nome escolhido para comandar a nova divisão, que nasce de olho em um mercado bilionário e com uma meta ambiciosa.
“Nosso mercado endereçável, levando-se em conta o Brasil e a América Latina, é de R$ 40 bilhões”, diz Ferreira, em entrevista ao NeoFeed. “Hoje, estamos entre as dez principais empresas do setor na região e nossa ambição é ser uma das três maiores.”
Atualmente, o pódio do mercado de infraestrutura e serviços de tecnologia na América Latina é ocupado pela brasileira Stefanini, a chilena Sonda e pela Kyndryl, empresa fruto de um spin-off da americana IBM.
Para alcançar o top 3 do setor, a Positivo S+ parte de uma estrutura que, ao reunir as forças da Algar Tech e da Positivo, tem presença em 16 países da América Latina, com operações próprias no Brasil, México, Colômbia e Argentina. E um batalhão de mais de 6 mil funcionários.
Uma das vias em direção a esse mercado bilionário é a complementaridade dos portfólios. Enquanto a Algar Tech traz uma bagagem em serviços complexos, como gerenciamento de nuvem e infraestrutura de TI, a Positivo Tech Services tem experiência na oferta de hardware e serviços como suporte técnico.
Na visão de Ferreira, os benefícios da associação não se esgotam nesse conceito de one stop shop. Além das ofertas complementares, outra peça que se encaixa nesse quebra-cabeça é a pouca sobreposição na carteira de clientes, que soma cerca de 170 empresas.
“A Positivo tem um ataque muito grande no B2B, mas a Algar está muito mais no topo da pirâmide”, afirma Ferreira. “E o nosso foco serão as mil maiores empresas do Brasil e da América Latina.”
Nesse contexto, uma das prioridades da Positivo S+ será ganhar mais presença em sua carteira atual a partir do investimento em vendas cruzadas nas duas carteiras que deram origem à operação. Em paralelo, a divisão também vai reservar tempo e recursos para adicionar novos CNPJs a essa base.
“Esse foi um ano bastante atípico para o mercado, com os clientes, por precaução ou desconfiança, segurando muitos deals”, diz Ferreira. “Agora, as empresas começaram a liberar esses projetos e temos participado de muitas propostas.”
A preparação para esse cenário e para o lançamento da Positivo S+ foi marcada por uma primeira etapa de integração das operações da Algar Tech e da Positivo Tech Services. Esse trajeto foi cumprido justamente desde o sinal verde para a transação, obtido em junho.
“Nessa fase inicial, nosso desafio foi muito mais garantir um desacoplamento suave do Grupo Algar, que é uma empresa com uma cultura muito forte”, diz Ferreira. “E conseguimos fazer isso sem ruídos e sem perder nenhum talento-chave ou cliente.”
Um dos próximos passos nesse processo envolverá, a partir de janeiro de 2025, as integrações dos times comerciais e do ponto de vista operacional. A expectativa é de que essas etapas – que não preveem a redução da equipe – sejam concluídas até o terceiro trimestre de 2025.
“E a última etapa será lançar novidades já em um portfólio conjunto, no quarto trimestre de 2025”, observa. “Um ponto que estamos estudando é levar todo o portfólio da Positivo Tecnologia para a América Latina. A Positivo S+ pode ser o braço para que isso seja feito.”
Há outras metas nesse horizonte. Com a Positivo S+ e em linha com tese de diversificação que tem sido o mantra da Positivo Tecnologia nos últimos anos, a fatia dos serviços e soluções de TI na receita do grupo salta de 8% para cerca de 18%. E a projeção é de que esse índice chegue a 20% entre 2028 e 2030.
Para se ter uma dimensão desses números, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, a Positivo apurou uma receita bruta de R$ 3,07 bilhões, o que representou um crescimento de 10,7% sobre igual período de 2023.
Em um relatório recente, o Itaú BBA iniciou a cobertura do papel ressaltando que a estratégia da Positivo de ir além dos computadores que fizeram inicialmente sua fama, iniciada em 2017, expõe a empresa a mercados endereçáveis que, somados, totalizam R$ 117 bilhões.
Na visão do banco, a companhia tem um horizonte de curto prazo mais desafiador. Mas, ao dividir seus ovos em outras cestas, está bem posicionada para aproveitar o crescimento em mercados com altas margens e assegurar o acesso a receitas recorrentes.
Ao lado de segmentos como máquinas de cartão, a área de serviços foi justamente um dos pontos destacados dentro dessa perspectiva pelos analistas, que iniciaram a cobertura do papel com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 6,70.
As ações da Positivo Tecnologia fecharam o pregão da quarta-feira, 18 de dezembro, em queda de 6,17%, cotadas a R$ 4,87. Em 2024, os papéis registram uma desvalorização de 30%. A empresa está avaliada em R$ 679,5 milhões.
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