Connect with us

Negócios

Bill Ackman, o gestor ativista que pretende levar a Pershing Square à bolsa

Prublicadas

sobre

Bill Ackman, o gestor ativista que pretende levar a Pershing Square à bolsa
Tempo de Leitura:2 Minuto, 31 Segundo


Em meio às críticas a respeito dos atuais rumos da economia dos Estados Unidos e a defesa em relação à Israel, em guerra contra o Hamas, o investidor ativista Bill Ackman começa a traçar os próximos passos para a Pershing Square Capital Management.

O principal movimento passa por realizar o IPO da gestora de fundos de hedge, que fechou 2023 com US$ 18,3 bilhões em ativos sob gestão, segundo apurou o jornal The Wall Street Journal. As fontes ouvidas pela reportagem apontam que a operação deve ser realizada entre o final de 2025 e início de 2026.

Antes, porém, Ackman pretende vender uma parcela na gestora. De acordo com a reportagem do WSJ, o investidor negocia a participação com investidores, em uma rodada de investimento que deve avaliar a companhia em cerca de US$ 10,5 bilhões. A expectativa é de que a operação seja finalizada nos próximos dias.

O valuation é considerado elevado para uma gestora de fundo de hedge. Mas em conversas com potenciais interessados, a equipe da Pershing diz que o valor é justificável porque planeja entregar retornos elevados com ativos considerados complexos. Atualmente, as principais posições da gestora são a rede de restaurantes de comida mexicana Chipotle e a gravadora Universal Music.

Outro argumento é que a Pershing espera administrar mais ativos e consiga mais receita com fees, com o lançamento de novos fundos. Em fevereiro, a gestora anunciou que lançaria um fundo fechado listado na Bolsa de Nova York (NYSE), voltado para investidores menores.

Segundo o WSJ, a gestora tem dito a potenciais investidores que a comparem com nomes como Brookfield Asset Management e Blue Owl Capital do que com gestoras de fundos de hedge. A Pershing tem se vendido nos últimos tempos como uma gestora com capital de longo prazo e pouco ruído.

A Brookfield conta com mais de US$ 925 bilhões e valor de mercado de US$ 15 bilhões, enquanto a Blue Owl é avaliada em US$ 28 bilhões e administra mais de US$ 174 bilhões em ativos.

Caso o IPO ocorra, ele romperá um longo período sem operações do tipo envolvendo gestoras de fundos de hedge. Depois de algumas listagens antes da crise financeira de 2008, os investidores passaram a ter cautela com ações dessas gestoras.

A imprevisibilidade das receitas oriundas com taxas de administração e performance, a possibilidade de saques dos investidores e a volatilidade dos retornos fazem muitos pensarem duas vezes antes de investirem em gestoras.

Ackman fundou a Pershing em 2004 como gestora de fundo de hedge com perfil ativista. Ele fez fama em Wall Street realizando campanhas contundentes contra empresas como a rede de fast food Wendy’s e a administradora de shopping centers General Growth Properties, que atualmente pertence à Brookfield Properties.

Entre 2015 e 2017, a gestora sofreu com as apostas feitas na farmacêutica Valeant Pharmaceuticals e contra a fabricante de suplementos alimentares Herbalife. Na pandemia, a Pershing teve um ganho de US$ 5 bilhões com hedges para proteger seus ativos.



Fonte: Neofeed

Negócios

Martín Escobari, da General Atlantic: “Esta é a melhor janela para investir em 15 anos”

Prublicadas

sobre

Martín Escobari, da General Atlantic: “Esta é a melhor janela para investir em 15 anos”
Tempo de Leitura:12 Minuto, 51 Segundo


Nova York – A indústria de private equity vive uma crise com os retornos nos seus menores patamares em anos e com os fundos alongando investimentos devido a um mercado de IPO praticamente inexistente. Mas um dos maiores líderes mundiais desse business está otimista.

“Esta é a melhor janela para investir em 15 anos”, diz Martin Escobari, co-presidente da General Atlantic, que recebeu jornalistas de quatro veículos na sede da empresa em Nova York, entre eles o NeoFeed.

Escobari, que comanda uma gestora com US$ 87 bilhões sob gestão, deve investir entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões neste ano, o dobro do que investiu em 2022 e só inferior ao 2020/2021, anos da pandemia, em que o excesso de liquidez fez todo mundo bater recordes.

O motivo? Os valuations das empresas estão uma “pechincha” com falta de capital no mercado ao mesmo tempo em que uma das piores secas já vistas de IPO está passando, indicando que investimentos feitos agora podem gerar múltiplos gordos.

O investidor está otimista também com a Índia, que ganhou o status de a “bola da vez”. Mas não com o Brasil. “Tem muita alegria no Brasil. Mas saiu do radar dos investidores, do mundo do capital. Ninguém quer saber. Hoje a preocupação é a saúde fiscal. Juro alto, dívida alta e imposto alto não é uma boa combinação. A solução é cortar custos. Mas isso não é fácil politicamente”, disse ele.

Mesmo assim, Escobari diz que a General Atlantic está olhando para potenciais investimentos no Brasil. E seus segmentos favoritos são educação, saúde e energia renovável.

Nesta entrevista, que você confere abaixo, Escobari fala ainda do impacto da vitória de Donald Trump, do boom da inteligência artificial e das Sete Magníficas. Confira os principais trechos da entrevista:

Como o mercado americano está vendo a eleição de Donald Trump?
Há dois lados, mas a visão do mercado geral é positiva ao Trump. Há otimismo no empresariado e no investidor. Primeiro por desregular, ele deve liberar muitas amarras de muitas indústrias. Segundo, espera-se maior abertura para fusões e aquisições. Estava tudo travado e teve uma queda de M&A por muitos anos pela postura muito anticonsolidação do governo Biden. E a expectativa de queda de juros mais acentuada ajuda. E isso justifica o otimismo.

Os mais precavidos estão assustados com a agenda protecionista. É agressivo você querer taxar todo mundo e também é provável que terá uma contrataxação. E isso deve gerar incerteza e retração da globalização, que, em geral, não é bom para o mundo nem para os EUA. O que será? Não sei.

E o que isso significa para a indústria de private equity?
Para o mundo de private equity espera-se que se abra o mercado de IPO nos EUA que esteve fechado três anos e meio. A última vez que fechou tanto tempo foi em 2000 e ficou 18 meses, muito menos. Teve algumas aberturas pontuais e insignificantes por agora. Mas não é uma “rota IPO market”. Estamos há muito tempo sem um mercado pujante. Tem 3 mil companhias na fila, US$ 800 bilhões de estoque querendo sair. Vai abrir no ano que vem, sem dúvida. Aí vai começar a ter saída para private equity, vai ter mais estratégico querendo comprar e vai ter mais liquidez voltando para os fundos. E isso facilita o fundraising. Espera-se um reaquecimento do private equity catalisado pela volta do mercado de IPO.

“Para o mundo de private equity espera-se que se abra o mercado de IPO nos EUA que esteve fechado três anos e meio”

Por que o mercado de IPO fechou?
Ressaca. Saiu muita empresa mal preparada e um dia todo mundo acorda e vê que não faz sentido e vem a sangria. Aí demora a ter um corajoso ou que não lembra dos prejuízos para arriscar de novo.

Quantas empresas do portfólio da General Atlantic devem fazer IPO na abertura da janela?
Com o mercado abrindo voltaremos a média de 10 a 15 IPOs por ano. Quais são, eu não sei.

Você está otimista com os investimentos? Por quê?
Achamos um bom momento para investir. Estamos investindo entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões este ano. É duas vezes o que gastamos em 2022. Só teve um ano que gastamos mais, foi em 2020/2021, não sei exatamente, foi na pandemia. E estamos otimistas porque o preço está muito bom. Estamos pagando pouco por ótimas empresas, que crescem 40%, 50% ao ano a preços razoáveis.

Essa é a melhor janela para se investir dos últimos 15 anos. Isso eu acredito de coração. O grau de ressaca do mercado fechado por tanto tempo leva a isso. Para empresas que a gente gosta, que são as tech, high growth e profitable, estamos vendo oportunidades bem interessantes. E estamos bem otimistas de como vai performar essa carteira que estamos montando.

Tem sido difícil captar no mercado. Como conseguiram esse dinheiro, é antigo?
Sim, tem sido mais difícil, mas nós sempre captamos alguma coisa, e sempre tem um caixa guardado para boas oportunidades. Não somos muito dependentes disso, temos investidores com fluxos recorrentes pelo mundo.

Onde estão investindo?
Metade nos EUA, 25% empresas globais baseada na Europa e 25% em emergentes. Não mudou muito do que sempre fizemos, mas o que tem caído é China. Índia é o que estamos mais animados. Estamos lá há 23 anos, eu vou todo ano lá e finalmente as coisas começaram a acontecer. São muitas coisas positivas. Tem a consolidação do mercado de telecom, com 70% dos indianos usando wireless, eles têm um Pix deles e 70% deles já usam. Dá para comprar em qualquer barraquinha com o Pix deles. O governo tem feito mudanças estruturais, tirou moeda do mercado e simplificou impostos. E o mercado está muito saudável com muito IPO, fundraising. Está sendo um momento muito legal. É a bola da vez mesmo. Tem lá um capitalismo pujante para inovação.

E qual a perspectiva para a China?
Tem os problemas dela com ela. E o governo ainda tem muita ferramenta para lidar com deflação e isso não é um problema grave, porque eles podem estimular a economia como o Ocidente fez. O que é difícil de visualizar é a incerteza da relação China com Estados Unidos. Esperamos que se estabilize e que fique clara. Mas agora não está. Na incerteza, preferimos esperar.

E o Brasil? Está na mira da General Atlantic?
O que é Brasil? (Risos). Brincadeiras à parte. Eu sou o maior propagandista do Brasil no mundo. Eu falo com os investidores que o nosso melhor retorno tem vindo de Brasil há uns 15 anos. Graças a XP, Hotmart, Gympass. Tem muita alegria no Brasil. Mas saiu do radar dos investidores, do mundo do capital. Ninguém quer saber. Hoje a preocupação é a saúde fiscal. Juro alto, dívida alta e imposto alto não é uma boa combinação. A solução é cortar custos. Mas isso não é fácil politicamente.

Acho que a tendencia é melhorar. Mas nos últimos três anos não se fala do Brasil. Se fala da Índia, do México, mas não do Brasil. E dá para ver no fluxo do capital estrangeiro na bolsa. Não tem nada, e não tem em private equity também.

“Tem muita alegria no Brasil. Mas saiu do radar dos investidores, do mundo do capital. Ninguém quer saber”

Acha que dá para mudar?
A microeconomia está espetacular. A gente investiu na QI Tech, Livemode, e está indo superbem. A XP vai bem. O problema é de fluxo de capital para a região. Dá para virar o jogo. Mas tem que fazer alguns movimentos mostrando disciplina fiscal.

O problema é que o lucro das empresas cresce, mas vale muito pouco. O lucro das empresas americanas vale 25x, os das brasileiras 8x. Ai perguntam? O Brasil está caro ou barato? Não sei. Resolve aí a sua casa. O seu bairro está estranho, está perigoso… Enquanto isso, o mercado americano está indo muito bem. O mercado vê muito risco em perder tempo em analisar se o Brasil vai sair do buraco.

Então, vocês estão descrentes com o Brasil?
Nós temos residência permanente lá, diferente de muitos gringos. Então, até gostamos. Compramos tudo baratinho. Mas não pode demorar tanto tempo o período de vacas magras que aí cansa. Mas eu acho que vai melhorar um pouco ano que vem. Mas depende dos gastos no governo.

Então, para uma empresa que está indo bem no Brasil pode ser uma solução tentar um IPO nos EUA e sair desse risco país e tentar pegar fluxo de capital?
Com certeza. Mas eu acho que quando se abre capital tem que ter no mínimo um free float de US$ 1 bilhão. Fazer IPO de empresa pequena só deu na minha carreira nos anos 2000 e em 2021. Não é natural. Tem que ter uma musculatura. Tem que ter previsibilidade para ter sucesso. Mas eu diria que tem uma coisa importante. Quando o mercado de IPO americano abre forte, o mercado redescobre o Brasil. Vocês vão ver que 18 meses depois do mercado abrir vai ter um monte de gringo “descobrindo” que tem 700 milhões de consumidores na América Latina e ficando entusiasmado. É sempre assim cíclico, o mesmo roteiro. Pode demorar um pouco mais, mas vai ser isso.

“Quando o mercado de IPO americano abre forte, o mercado redescobre o Brasil. Vocês vão ver que 18 meses depois do mercado abrir vai ter um monte de gringo “descobrindo” que tem 700 milhões de consumidores na América Latina”

Mas você está olhando coisas no Brasil agora? Qual é o seu foco de investimento?
Sim, estamos olhando. Nunca paramos. Eu acho que teve muita fintech. E agora começa a ter algum edtech. Educação é um grande tema. Somos muito felizes em ser sócios da Arco, um case maravilhoso. Saúde também é uma área que precisa de mais atenção. O sistema de saúde precisa de inovação.

O agronegócio, potência local, te interessa? E você vê o Brasil como futura potência da economia verde?
O Brasil é uma potência global de agricultura e tem sido um setor que se sofisticou muito. Mas a gente não olha essa área porque uma grande dificuldade é a ciclicidade. Já fiz o erro de achar que o fornecedor para a indústria agro é menos cíclico, mas não é. O retorno é difícil.

Agora tecnologias para redução de carbono, greentech, é uma tendência gigantesca. Lançamos um fundo específico para isso e temos investido em muita coisa. 90% do PIB do mundo assinou o compromisso net zero. E a quantia de dinheiro necessária para chegar a isso é na ordem de US$ 6 trilhões ao ano em investimento. Tem muita coisa para fazer e o Brasil tem muito potencial para ser referência. Já é líder em PCAH, energia hidro, solar de vento. Ainda é subdesenvolvido no crédito de carbono, pode virar um mercado mais sólido. Temos olhado coisas em climate tech Brasil. Gosto bastante do setor.

Um dos investimentos mais importantes da GA no Brasil foi a XP. Como você vê esse investimento neste momento?
A história com a XP tem 12 anos. Hoje é uma empresa financeira diversificada e que ajudou a criar cultura de investimentos no Brasil muito positiva. Os bancos atendiam muito mal o cliente. Nos EUA, quando investimos na E-trade, os bancos tinham 90% do mercado e 10 anos depois passaram a ter 10%. No Brasil, quando a gente investiu os bancos tinham 99% do mercado e hoje tem 80%. A XP multiplicou por 100 o seu tamanho e acredito que ainda há muito espaço para as plataformas abertas crescerem.

O momento da XP agora é melhorar a qualidade no atendimento, a inteligência na alocação de carteiras e ganhar a centralidade do cliente, tendo uma conta bancária melhor que os bancões. Tem que ter mais que uma boa plataforma de investimento, tem que ter uma plataforma bancária e ser mais importante na vida dos seus clientes. E isso está acontecendo. Ela fez investimentos grandes para ser mais completa. Mas está agora apanhando com o mundo do juro alto. Mas quando começar a melhorar, a XP nada de braçada. Quando o mercado for mais benigno e as pessoas quiserem tomar mais risco, a XP tem muita vantagem. Estou aguardando esse momento.

No Brasil também estamos sem IPO e muito se diz que não se consegue desenvolver o mercado de ações. Temos aproximadamente só 450 empresas listadas. Qual seria o motivo?
Não é tão pouco, mas precisa de liquidez. Faltam os gringos, que geralmente agitam o mercado e não têm agora. A gente errou fazendo muito IPO de empresa pequena, EUA também errou. Mas isso se autocorrige. A bolsa funciona bem, a CVM funciona bem, o Novo Mercado funciona muito bem. Tem um ecossistema de venture capital/private equity. As bases para um mercado saudável estão lá. Antes não tinha nada, agora tem tudo. Mas está em um momento ruim. O problema não é quantidade. Eu prefiro 100 empresas boas e líquidas. Na verdade com 20 dessas se faz um carnaval. Aqui nos EUA, 80% do mercado estão em sete empresas.

Qual é a sua opinião sobre as sete magníficas? Faz sentido elas concentrarem todo o mercado americano?
Essas listas se renovam. Nos anos 1980 era Cisco, IBM, Compaq… Só uma era das sete e ainda é: Microsoft. O Bill Gates, esse é o cara. Está sempre lá. Agora ainda acertou na OpenAI. Mas, então, o Google era inderrubável. E agora o governo quer separar eles. Além disso, o ChatGPT está mudando a dinâmica de research. Hoje, eu faço busca no ChatGPT, não no Google. É tudo muito dinâmico. A história mostra que essa lista se renova a cada 10/15 anos.

Você acha que os IPOs voltam com o tema de inteligência artificial?
Não. Está tendo uma minibolha em inteligência artificial. Em 30 anos de investimento em tech, essa é a 3º grande onda: teve a internet, a cloud e agora a IA. Essa deve ser a tecnologia mais transformadora que irá afetar a maior parte do PIB. É realmente uma ferramenta muito potente. A gente tem mais de 200 empresas no portfólio e todas usam IA. E, como fundo, é nossa responsabilidade ajudar a implementar as melhores práticas. E está se começando a ser usado na tomada de decisões. Se dá ou não crédito, se faz ou não algum investimento. O potencial é realmente grande.

Mas a quantia de investimento de private equity nisso foi enorme. A maior parte dos investimentos foi em infraestrutura, mas também teve em software e outras coisas. O mercado estava muito aquecido, mas com valuations esticados demais. Empresas de venture capital com valuations de private equity. Desconectado da realidade, mas já começou a corrigir um pouco. Nesse semestre, fizemos os três primeiros investimentos em empresas de software que usam IA para fazer softwares inteligentes. Essas empresas vão demorar a fazer IPO, são coisas embrionárias.

Vocês investiram em algo de IA que deu certo?
Nada significativo, pois achamos que estava tudo caro. Investimos em uma empresa turca, uma americana fundada por um chileno e em uma americana fundada por um israelense. Eu não quero dizer que não dá para ganhar dinheiro com IA. Tem gente que vai perder dinheiro e tem gente que ganha muito dinheiro. Tem de tudo. Quem investiu cedo na OpenAI está muito bem, mas quem investiu com valuation de US$ 150 bilhões, vamos ver…





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Bemobi compra instituição de pagamento de olho em novos recursos do PIX

Prublicadas

sobre

Bemobi compra instituição de pagamento de olho em novos recursos do PIX
Tempo de Leitura:3 Minuto, 47 Segundo


O negócio de soluções de pagamento da Bemobi vem ganhando espaço no mix de receita da companhia. A empresa de tecnologia está de olho nas evoluções do PIX programadas para 2025 e, para isso, anuncia nesta quinta-feira, 21 de novembro, a aquisição de uma licença para atuar como Iniciador de Transações de Pagamento (ITP).

A transação não é muito usual no mercado. Em vez de adquirir o controle total de uma empresa, a Bemobi está comprando a parte de uma fintech com a licença de instituição de pagamento junto ao Banco Central (BC). O motivo? Ganhar tempo.

“É uma decisão tática para o nosso negócio. Comprar alguém com licença nos dá a vantagem do tempo, mesmo com a necessidade de o BC aprovar”, diz Pedro Ripper, CEO da Bemobi, ao NeoFeed, que estima um ganho de oito meses com a aquisição.

Ripper explica que entre 2020 e 2021 várias fintechs pegaram todas as licenças possíveis no BC projetando o open finance. Não havia clareza sobre o que seria essa abertura de dados financeiros. Mas o excesso de capital de fundos de venture capital permitia a muitas dessas fintechs fazer esse movimento.

Agora, com a racionalização do capital, há um ônus para as fintechs que obtiveram muitas licenças. O primeiro é a necessidade de prestar contas à autoridade monetária. E a segunda é a obrigação de capital que fica depositada, um “dinheiro parado” que faz diferença no momento atual.

Para “tirar esse peso” da fintech, Ripper está pagando um prêmio (não revelado, mas pequeno, segundo ele) para assumir essa licença e depositando entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões para ter as licenças ITP e de emissão de moeda eletrônica.

No fim do terceiro trimestre deste ano, a Bemobi tinha R$ 571 milhões em caixa. E, além do retorno ao acionista, a companhia informou que estaria de olho em M&As.

“Esse é um negócio para a nossa jornada de pagamentos recorrentes com o PIX. Se for bem feita, é uma nova dinâmica na jornada de cobranças recorrentes de concessionárias, escolas, saúde entre outros”, diz o CEO da Bemobi, que atende nove das 15 maiores empresas de serviços recorrentes essenciais do País.

A empresa de tecnologia está de olho, particularmente, em duas novas funções do PIX que estão programadas para entrar em operação em fevereiro e junho de 2025.

pedro ripper bemobi
Pedro Ripper, CEO da Bemobi

Em meados do primeiro trimestre, o Banco Central quer colocar para funcionar o PIX por biometria, que é primo-irmão do pagamento por aproximação, feito com cartões de crédito e débito.

A ideia é associar uma conta PIX na wallet do celular e permitir que o pagamento, até certo valor autorizado pelo usuário, possa ser feito sem a necessidade de leitura de um QR Code ou de copiar e colar uma chave-PIX.

“Há muita perda de conversão no PIX. E esse PIX por biometria tende a ser uma experiência tão boa como o cartão, sem fricção”, diz Ripper.

Como o usuário vai definir o limite desse PIX na sua wallet, não será necessário abrir o app do banco para finalizar a transação. E é aí que a Bemobi entra com a licença ITP: ela presta o serviço de iniciação de transação de pagamento sem gerenciar a conta de pagamento e nem deter o dinheiro transferido.

No meio do ano de 2025, o PIX Automático vem como uma solução mais barata que a emissão de um boleto ou de um débito em conta corrente. Porém, contas recorrentes não têm um valor fixo que permita esse “saque” da conta corrente do cliente.

Contas de telecom e de energia elétrica, por exemplo, que têm variações mensais e precisarão de um limite máximo que o cliente aceita pagar. Por exemplo, se a conta de luz fica entre R$ 100 e R$ 150 no mês, o consumidor pode aceitar um valor de até R$ 200.

Caso essas novas funcionalidades do PIX sejam bem-sucedidas, é provável que as novas jornadas de pagamentos pulem etapas. E provoquem uma mudança grande de comportamento: o cliente não terá de acessar o app do banco para fazer a autorizações.

“É um negócio que acelera a morte do boleto, com ganho para o cliente final. Além de ser mais inclusivo porque uma concessionária não precisa fazer convênio com cada banco para aceitar o débito automático”, diz Ripper.

A ação BMOB3 está em alta de 5,6% na B3 em 2024. O valor de mercado da companhia é de R$ 1,2 bilhão.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Novo porto no Peru encurta rota do Brasil para China. O problema é chegar até ele

Prublicadas

sobre

Novo porto no Peru encurta rota do Brasil para China. O problema é chegar até ele
Tempo de Leitura:6 Minuto, 52 Segundo


A recente inauguração do Porto de Chancay, no Peru – um investimento de US$ 3,5 bilhões com participação majoritária da chinesa Cosco, proprietária de uma das maiores frotas de navios cargueiros do mundo -, chamou a atenção não só por abrir novos mercados para as exportações chinesas na América do Sul ou por consolidar o país asiático como maior parceiro comercial da região.

Localizado a 70 km ao norte de Lima, a capital peruana, Chancay vai oferecer vantagens que, em tese, interessam – e muito – ao exportadores brasileiros. A redução de 10 dias a 15 dias no trajeto entre China e Brasil (a maioria em navegação marítima), em relação às rotas tradicionais pelo Oceano Atlântico, via Canal do Panamá ou pelo Cabo da Boa Esperança, na África, é uma delas.

Outra, de causar inveja aos operadores de navegação que atuam no Brasil, é a possibilidade de o novo porto peruano receber os novos e modernos meganavios porta-contêineres por causa dos quase 20 metros de calado de Chancay – profundidade que nem o Porto de Santos, o maior do País, com 15 metros, sonha em ter.

A euforia com a abertura de uma rota alternativa mais rápida para ligar o Brasil à Ásia, porém, esbarra numa dificuldade logística colossal: como levar e trazer as cargas de Chancay para o País. Serão necessários vencer 800 km pelos trechos sinuosos da parte andina da Rodovia Interoceânica até Tabatinga (AM), primeira cidade brasileira após cruzar a fronteira com o Peru, e de lá por via fluvial até Manaus.

O desafio para as cargas destinadas ao País – que, em resumo, representa cruzar os Andes peruano e a floresta amazônica antes de seguir as rotas tradicionais – é apontado por especialistas ouvidos pelo NeoFeed como o maior entrave para o Brasil se beneficiar da gigantesca obra chinesa, que será o maior porto da América do Sul quando for inteiramente concluída.

A primeira fase, inaugurada na semana passada pelo presidente chinês Xi Jinping, ocupa uma área de 148 hectares, dos 280 hectares previstos. No total, o porto deverá contar com 15 embarcadouros, escritórios, serviços logísticos e um túnel com 2 km de comprimento para o transporte de cargas.

“Para saber se vale a pena, é preciso fazer a conta na ponta do lápis dos custos logísticos para levar ou trazer cargas de Chancay”, diz Jackson Campos, diretor da AGL Cargo e especialista em comércio exterior.

Vários ingredientes entram nessa equação. O tipo de mercadoria é uma delas: as que exigem grande espaço para transporte, como grãos, vão exigir mais custo de frete, porque terão de ser redistribuídas em vários caminhões pequenos para serem transportadas pelas estreitas rodovias andinas.

“Até mesmo o encurtamento da distância de navegação marítima pode não compensar, pois uma carga que vem da China, por exemplo, deve passar pela alfândega do Peru antes de seguir viagem rumo ao Brasil, e o despacho aduaneiro pode levar de cinco a sete dias, uma demora que, somado ao custo do frete total entre Peru e Brasil, pode tornar pouco interessante a rota”, afirma Campos.

O especialista também aponta a questão de segurança: são 800 km de viagem pelas rodovias peruanas, com risco maior de roubo do que pelo trajeto normalmente feito no Brasil, por cabotagem. “Mas para as empresas situadas na Zona Franca de Manaus, a nova rota certamente vai trazer menores custos e benefícios pela relativa proximidade com Chancay para importação de insumos ou exportação de produtos”, diz Campos.

Estratégia chinesa

O porto de Chanmcay se insere na estratégia chinesa de estimular empresas nacionais para controlar ou operar terminais em cerca de 100 portos marítimos estrangeiros. Entre 2000 e 2021, companhias chinesas financiaram quase US$ 30 bilhões em portos de 46 países.

Chancay é visto como a versão sul-americana da Cosco na Grécia, que inaugurou em 2016 um porto que deu à China uma posição relevante no sul da Europa. O novo porto no Peru também deve impulsionar a estratégia do governo chinês de incluir países sul-americanos na chamada Iniciativa Cinturão e Rota, programa de infraestrutura para aumentar a participação comercial do país asiático em várias regiões do mundo.

Embora o governo brasileiro não esteja interessado em aderir ao programa chinês, os dois páises firmaram nesta quarta-feira, 20 de novembro, mais de 37 atos de cooperação bilateral, durante encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o líder chinês Xi Jinping, em Brasília.

Além de acordos sobre abertura de mercado para produtos agrícolas, os dois países acertaram programas de cooperação em várias áreas, como indústria, energia, mineração, finanças, comunicações e desenvolvimento sustentável.

Mesmo sem a participação do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, o novo porto peruano será muito útil para as empresas chinesas que atuam no polo industrial de Manaus, a maioria no setor eletroeletrônico, com foco quase exclusivo no mercado consumidor nacional.

A Livoltek é a mais nova a desembarcar na região. A empresa do setor fotovoltaico teve o projeto aprovado pela Suframa e pelo governo estadual e deverá gerar 400 empregos diretos após a implantação da unidade.

Ele vai se juntar a outras empresas chinesas instaladas na Zona Franca, como Gree, TPV, Wasion, Todaytec, Nansen, I-Sheng, Hikvision, Futura, TCL e BYD, que juntas empregam mais de 5 mil pessoas.

Entre 2007 e 2023, os investimentos chineses no País somaram US$ 73,4 bilhões, com 264 projetos. Só em 2023, foram anunciados 29 projetos, com investimentos de US$ 1,73 bilhões, 33% a mais que o ano anterior.

Por outro lado, as exportações brasileiras para a China – disparado, o maior parceiro comercial do País – somaram este ano, até outubro, US$ 83,4 bilhões, incluindo soja, petróleo, minério de ferro, carne e celulose. No ano passado, o Brasil teve superávit de US$ 51,1 bilhões no comércio bilateral, que somou US$ 157,5 bilhões.

Nova rota

Gustavo Valente, CEO da Sinergy Advisors, consultoria de desenvolvimento de negócios, admite os problemas logísticos para as empresas brasileiras aproveitarem as vantagens de Chancay. Mas afirma que cabe ao Brasil aproveitar a oportunidade aberta pela inauguração de uma rota mais curta para a Ásia.

“Temos uma rota para explorar que traz uma redução de 25% do tempo de transporte marítimo em comparação com o trajeto do Atlântico ou via Canal do Panamá, precisamos investir em infraestrutura para que produtos como do agronegócio e de mineração obtenham custos logísticos mais baixos”, diz.

Valente vê potencial de avanços nesse sentido, em especial na Região Norte. “Além da Zona Franca de Manaus, que não paga imposto de importação e pode diminuir o custo do frete do insumo, vejo o Acre como outro grande beneficiário do novo porto no Pacífico”, afirma Valente, lembrando que o estado tem um fluxo comercial relevante com o Peru, de US$ 75 milhões em carne bovina, soja e madeira.

“Toda nova rota logística gera investimento em infraestrutura e isso pode impulsionar a competitividade regional, abrindo novas opções para o agronegócio do Centro-Oeste escoar sua produção por Chancay”, afirma.

Para isso, seria essencial investir na malha logística nem que for no longo prazo. “Seria essencial a construção da Ferrogrão, uma ferrovia de 900 km com capex de R$ 25 bilhões que desde 2016 tenta obter autorização para sair do papel”, diz Valente, para quem a obra, quando pronta, tornará viável o custo do frete de exportação da soja pela rota peruana.

Jackson Campos, da AGL Cargo, afirma que o Brasil não se preparou para tirar benefício da obra de Chancay, iniciada em 2016. Na verdade, um antigo projeto, a construção de uma nova rodovia entre Cruzeiro do Sul (AC) e Pucallpa, no Peru, sempre enfrentou resistência.

Em 2023, o projeto foi paralisado por preocupações ambientais e pelo impacto sobre comunidades indígenas. O governo brasileiro até expressou interesse em melhorar as estradas próximas à fronteira, mas uma nova obra controversa na Região Norte – como a Ferrogrão e o asfaltamento da BR 319, a única estrada que conecta Manaus a Porto Velho e ao resto do país, ambas paradas por causa dos mesmos problemas – dificilmente avançaria.

“O problema é que a nova rodovia ligando o Acre ao Peru não é a solução adequada para cargas pesadas, como de soja. O ideal seria mesmo uma ferrovia”, diz Campos. “A possível solução já teve um planejamento errado.”





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Popular