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Elo muda marca e renova tecnologias para fazer frente às rivais Visa e Mastercard

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Elo muda marca e renova tecnologias para fazer frente às rivais Visa e Mastercard
Tempo de Leitura:6 Minuto, 12 Segundo


O pontapé foi dado em junho de 2023, com a nova assinatura “Elo, o cartão do brasileiro” e o anúncio do patrocínio ao menino Miguelzinho, músico autodidata de 12 anos da periferia de Itaperuna (RJ), cujos vídeos no Instagram viralizaram e atraíram 1,2 milhão de seguidores.

Depois dessa introdução, a Elo, bandeira brasileira de cartões que tem o Bradesco, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal como acionistas, está entregando o resultado final de um projeto orquestrado nos últimos 20 meses: o primeiro grande rebranding desde a fundação da empresa, em 2011.

Antecipada ao NeoFeed, a ação inclui uma campanha institucional e é parte de um investimento de R$ 150 milhões, que envolve ainda a migração de 100% da infraestrutura de transações da companhia para a nuvem.

“É um passo importante em uma transformação que estamos passando, tanto pela ótica da comunicação com os clientes, quanto de negócios”, afirma Giancarlo Greco, CEO da Elo, ao NeoFeed. “De certa forma, a marca antiga não traduzia a essência do que é a Elo.”

O mote central é realçar o fato de a Elo ser uma companhia 100% brasileira, o que, em tese, permite que a empresa entenda melhor o mercado local e seja menos engessada que suas principais rivais – as americanas Visa e Mastercard.

“Temos a vantagem de criar soluções para o Brasil sem depender de um desenvolvimento global”, diz Greco. Ele ressalta ainda que essa virada busca fortalecer a percepção da Elo como uma companhia de tecnologia, algo que ganhou força a partir de maio de 2021, com a chegada do executivo à operação.

Na tradução desse briefing, a nova identidade visual adicionou o verde às cores vermelho, azul e amarelo. Em outra mudança, uma linha multicolorida substituiu o antigo círculo no entorno da marca.

“Faltava um pouco de alma e diferenciação para a marca”, diz Mel Pedroso, chief marketing officer (CMO) da Elo. “Queríamos dar mais visibilidade ao nome Elo e ao conceito de conexão que não eram bem explorados.”

Protagonizada por Zeca Pagodinho, Fábio Jr., Alcione, Glória Pires, Bela Gil e Caio Castro, a campanha estreia hoje na TV aberta e inclui inserções em tevê a cabo, rádio, mídia out of home e canais digitais.

A “brasilidade” também dará o tom em patrocínios e ativações, em especial, na música. A Elo já vem cumprindo uma agenda que inclui eventos como o Festival de Verão de Salvador e o Coala Festival, além de turnês e shows de artistas como Thiaguinho, Gilberto Gil e Emicida.

Alguns números dão a dimensão do rebranding. O projeto incluiu pesquisas quantitativas com 1,5 mil clientes e potenciais clientes das classes A, B, C, D e E, além de entrevistas em profundidade com consumidores, executivos, acionistas e parceiros da Elo.

A iniciativa foi desenvolvida pelas agências Ana Couto e AlmapBBDO em parceria com uma agência in house, criada em janeiro de 2023. “A Elo quer ser mais ágil no lançamento de produtos. E, dentro dessa dinâmica, esse time interno vai responder pelos jobs menores e que exigem mais rapidez”, diz a CMO.

Hub na nuvem

Com essa mesma visão, a Elo vem tocando outro projeto em paralelo. Em parceria com a Microsoft e a Avanade, a bandeira está migrando 100% da sua infraestrutura de transações para a nuvem. O projeto teve início em maio de 2023 e a previsão é concluir a transição até meados de 2025.

“Essa plataforma vai nos permitir dar saltos mais significativos em termos de inovação, escalabilidade, redução de custos e flexibilidade na conexão com parceiros”, diz Eduardo Merighi, chief technology office (CTO) da Elo. “Não é algo trivial, mas vai ser um diferencial para acelerarmos a expansão no core e além dos cartões.”

Essa mudança dialoga com o plano da Elo de se consolidar como um hub de transações e tem como pano de fundo um cenário em que os cartões seguem sendo o carro-chefe da indústria. Ao mesmo tempo, o setor vê surgir novas modalidades – e possíveis ameaças – como o Pix e as criptomoedas.

“Nós vemos sim o Pix tomando uma fatia do débito”, diz Greco. “Mas, por outro lado, o bolo aumentou. Quem está perdendo participação, de fato, é o papel moeda. O que nós queremos é estar presentes em qualquer tipo de transação, seja ela feita por cartões ou outros meios de pagamento.”

A nova marca da Elo

Enquanto persegue essa meta, a Elo já prepara novidades para encorpar seu portfólio e diversificar suas receitas. A primeira é um cartão multifuncionalidades, que permite embarcar desde as funções tradicionais de débito e de crédito até outros recursos.

“É possível ativar desde benefícios até os ingressos de um show e um volume financeiro que só pode ser gasto naquele evento, naquela data e em determinados estabelecimentos”, diz Merighi. “E o parceiro consegue gerenciar os saldos de cada um desses recursos como se fossem caixas dentro do cartão.”

O cartão começou a ser testado em dezembro, ainda no âmbito de family & friends. Em maior escala, a próxima etapa terá início em junho e se estenderá por todo o segundo semestre, incluindo, possivelmente, dois acionistas da Elo, cujos nomes não foram revelados.

Batizado internamente de Bandeira as a Service, outro projeto é a oferta da infraestrutura de processamento e de aceitação da Elo para terceiros. O foco são players regionais e internacionais e, em fase de negociações, o plano é anunciar os primeiros clientes na segunda metade do ano.

Já em tendências como a tokenização de pagamentos e as moedas digitais, parte das fichas está depositada no Drex, projeto-piloto do Real Digital. A Elo participa da iniciativa em um consórcio com a Caixa e a Microsoft. Aqui, porém, as iniciativas ainda são guardadas a sete chaves.

A empresa revela, no entanto, a evolução da sua estratégia de diversificação. Quando Greco assumiu a operação, em 2021, cerca de 3% das receitas vinham de produtos e serviços além do negócio tradicional. Hoje, essa fatia está em 8% e, até 2026, a projeção é chegar a 12%.

A Elo fechou 2023 com 42 milhões de cartões ativos e uma receita operacional líquida de R$ 1,57 bilhão, contra R$ 1,45 bilhão em 2022. O volume total de pagamentos (TPV) evoluiu de R$ 344 bilhões para R$ 357 bilhões.

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que, no período, o setor movimentou R$ 3,73 trilhões, alta anual de 10,1%. Desse total, R$ 2,4 trilhões vieram dos cartões de crédito, R$ 1 trilhão dos cartões de débito e R$ 321,2 bilhões dos plásticos pré-pagos.

No saldo desses números, a busca por novas receitas e por ir além dos cartões é compartilhada pela Visa e a Mastercard. E, nessa disputa, há quem veja pontos favoráveis e desvantagens para a bandeira brasileira.

“Boa parte do mercado tem mesmo a percepção de que a Elo consegue ser mais ágil que essas rivais de fora”, afirma Fabricio Winter, fundador da consultoria Fábrica de Fintechs. “Mas a empresa é mais tímida em termos de diversificação de receitas. Esse ainda é um grande gargalo.”

Para Winter, muito desse gap se explica pelo fato de que, diferentemente da Elo, as duas rivais têm mostrado bastante apetite em M&As de players com escala global. Um exemplo foi a brasileira Prismo, de serviços bancários e pagamentos em nuvem, comprada pela Visa em 2023, por US$ 1 bilhão.





Fonte: Neofeed

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O fiasco de Bill Ackman

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O fiasco de Bill Ackman
Tempo de Leitura:1 Minuto, 49 Segundo


Nem todo o sucesso do bilionário Bill Ackman nas redes sociais, nem um pedido inusitado de ajuda aos investidores foi capaz de levar adiante o IPO do fundo Pershing Square USA (PSUS). Pelo menos por enquanto.

Segundo comunicado divulgado na sexta-feira, 26 de julho, no site da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a operação, prevista para ocorrer na semana que vem, foi adiada. A nova data não foi informada, nem os motivos que levaram a esta decisão.

A notícia veio após o fechamento do mercado e depois que Ackman enviou nesta semana uma carta aos investidores de sua holding, formado por instituições financeiras e indivíduos com patrimônios elevados, para que participassem do IPO.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, Ackman escreveu que “quanto mais cedo [participassem] melhor”, para “fortalecer” a operação.

A expectativa inicial de Ackman é que fossem levantados cerca de US$ 25 bilhões, no que seria o maior IPO desde que a Saudi Aramco, a petrolífera da Arábia Saudita, conseguiu arrecadar US$ 29,4 bilhões em janeiro de 2020, quando vendeu uma fatia de seu capital social. A gestora, fundada em 2003, conta atualmente com cerca de US$ 18 bilhões sob gestão.

No entanto, diante das dificuldades, a Pershing teve que reduzir significativamente as expectativas recentemente, para entre US$ 2,5 bilhões e US$ 4 bilhões.

O gestor ativista, conhecido pelas campanhas contundentes contra empresas como a rede de fast food Wendy’s e a fabricante de suplementos alimentares Herbalife, também apostou na sua fama no X (antigo Twitter) para alavancar a operação.

Com cerca de 1,3 milhão de seguidores na rede social, em que teceu críticas a respeito dos rumos da economia dos Estados Unidos e defendeu Israel na guerra contra o Hamas, Ackman chegou a dizer em reunião com potenciais investidores que sua presença no X deve ajudar a conseguir um valuation elevado para o IPO.

A operação contava com 30 coordenadores, entre eles Citi, UBS, Bank of America (BofA). O BTG Pactual também estava atuando como um dos bookrunners no IPO do fundo, que estava em busca de investidores institucionais, sobretudo na América Latina, conforme apurou o NeoFeed.





Fonte: Neofeed

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Gigantes europeias de luxo “pagam” um preço bilionário com nova coleção de balanços

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Gigantes europeias de luxo
Tempo de Leitura:3 Minuto, 37 Segundo


Antes comparadas às big techs por sua capacidade de entregar crescimento rápido e atravessar, sem grandes sustos, as variações econômicas, as grandes empresas de luxo da Europa parecem estar deixando esse rótulo para trás.

A mudança de cenário ocorre após o setor passar dias caóticos com companhias de referência nesse espaço entregando resultados trimestrais muito inferiores aos esperados pelo mercado. Com isso, apenas em 2024, as gigantes do segmento já perderam mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado.

O baque começou a ser sentido no setor na segunda-feira, 15 de julho, quando a Burberry registrou uma queda de 16% em apenas um dia, após reportar um recuo de 21% nas vendas do segundo trimestre. Em 2023, a companhia já havia registrado uma queda de 40% em seu lucro.

O resultado afetou boa parte das companhias de luxo no dia, derrubando ações da Kering, dona da Gucci, Yves Saint Laurent e Bottega Veneta, e também do grupo francês LVMH. Esse foi, porém, apenas o início de uma série de resultados ruins nesse clube seleto.

Já na quarta-feira, 24 de julho, a Kering registrou queda de 11% em sua receita no trimestre em comparação ao mesmo período de 2023. No semestre, o lucro líquido da companhia teve uma retração de 51%.

Um dia antes, a LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton, Dior, Tiffany, Moet & Chandon, Guerlain e Sephora, divulgou que seu lucro recuou 14% no trimestre, para € 7,2 bilhões. Apesar das vendas do grupo terem registrado uma leve alta no período, os papéis da companhia perderam 6,6% de seu valor no pregão após o anúncio.

Os números da LVMH foram os que efetivamente abalaram o mercado. Antes deles, havia o argumento de que a desaceleração do setor de luxo estaria relacionada aos problemas de gestão das marcas. Porém, com a gigante do setor seguindo a mesma tendência, não há como não acender um sinal de alerta.

De acordo com um levantamento divulgado pela Kinea Investimentos, braço de investimentos alternativos do Itaú, a expectativa é de que, no curto prazo, o setor passe por um processo de ajuste, com uma revisão negativa dos lucros diante da tendência de normalização no ritmo de crescimento e nas margens das companhias.

Assim, para a Kinea, o mercado deve continuar revisando para baixo as perspectivas das companhias de luxo, o que pode impactar diretamente o preço das ações.

Queda no consumo na China

O poder de compra dos consumidores chineses deixou de ser a força vital do setor e agora se transformou em uma fonte de preocupação.

Durante o período da pandemia da Covid-19, os clientes asiáticos, que costumam lotar as lojas físicas das gigantes do setor, optaram por guardar seu dinheiro, já que não havia possibilidade de comprar ou mesmo sair de casa. Porém, com o término do isolamento social, toda essa renda represada foi destinada às empresas de luxo, que experimentaram um forte aumento de demanda até o começo de 2023.

Agora, com a normalização do consumo, essas companhias estão passando por uma correção e vendo seus clientes chineses se afastarem. A LVMH registrou queda de 14% nas vendas na Ásia.

A situação é ainda mais difícil para as empresas de menor porte que tentam reverter sua sorte nesse cenário. O risco é que o mercado de luxo mais fraco deixe todos, exceto os nomes mais poderosos, expostos a uma desaceleração prolongada.

“A implementação de mudanças internas nas marcas parece ter se tornado mais complexa em um mercado de luxo cada vez mais competitivo, onde escala, talento de design e poder de marketing são importantes,” disse Thomas Chauvet, analista do Citigroup, em relatório.

Apesar do cenário negativo, algumas empresas como Brunello Cucinelli e Hermès mostram que há luz no fim do túnel. As vendas da Hermès aumentaram no trimestre e a fabricante italiana de roupas de cashmere de alto padrão também mostrou uma capacidade de suportar as condições difíceis.

Os dados não têm grande efeito no geral. “Na nossa visão, temos uma assimetria aqui: poderemos observar uma maior correção nesses valores com a desaceleração de crescimento e compressão de margens no curto prazo”, diz um trecho do relatório da Kinea. “Com isso, apesar de toda a força das empresas de luxo, temos uma visão menos construtiva para o curto prazo do setor.”



Fonte: Neofeed

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Na ruína da estatal de petróleo PDVSA, um retrato da Venezuela às vésperas da eleição

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Na ruína da estatal de petróleo PDVSA, um retrato da Venezuela às vésperas da eleição
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A eleição presidencial da Venezuela, no domingo, 28 de julho, se assemelha a um roteiro de filme com final imprevisível.

De um lado, o atual presidente, Nicolás Maduro, no poder desde 2013, busca outra reeleição. De outro, está Edmundo González – um diplomata sem experiência política, cuja candidatura surgiu como solução tapa-buraco depois que a líder da oposição, María Corina Machado, teve sua candidatura barrada pela Justiça eleitoral, controlada pelo regime chavista.

Às vésperas da votação, a possibilidade de fraude para beneficiar Maduro cresceu na mesma proporção do favoritismo de Gonzalez. As pesquisas eleitorais nunca foram confiáveis no país, mas sondagens independentes apontam de 30 até 40 pontos percentuais de vantagem para o candidato oposicionista.

Seja qual for o vencedor, a Venezuela tão cedo não deve se livrar do estigma da “maldição do petróleo”, espécie de sina que persegue os grandes produtores do chamado ouro negro.

Nesses países, a entrada fácil de petrodólares costuma alimentar um ciclo que inclui desestímulo à indústria nacional – é mais barato importar produtos estrangeiros do que produzir internamente – e falta de diversificação na economia local. Por isso, não chega a surpreender que a maioria dos países exportadores é formada por ditaduras marcadas pela corrupção.

Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez – líder populista que governou o país de 1999 até a morte, em 2013 -, ajudou a reforçar esse estigma da maldição do petróleo, colocando a Venezuela entre os párias da comunidade internacional, alvo de sanções por violações de direitos humanos.

Mesmo com o país ostentando as maiores reservas mundiais de petróleo (cerca de 303 bilhões de barris, à frente da Arábia Saudita, com reservas de 267 bilhões de barris), a Venezuela mantém uma exploração irrisória, cerca de 800 mil barris diários, muito abaixo dos 3 milhões de barris diários dos áureos tempos da PDVSA, a estatal de petróleo que foi sendo dilapidada pelo chavismo.

Apenas durante o período de Maduro no poder, a economia do país encolheu 80%, cerca de um quarto da população emigrou e, quem ficou, luta para sobreviver, com mais de 85% dos venezuelanos na linha de pobreza. Em 2019, o país enfrentou uma hiperinflação de 65.000% anuais (hoje está em cerca de 35%).

A decadência da PDVSA acompanhou essa descida literal ao fundo do poço, mas ela teve início muito antes, em 2003. O ano, na prática, selou o destino da empresa. Foi quando Chávez fez um expurgo na estatal de petróleo, demitindo boa parte do corpo técnico e desviando bilhões de dólares em  investimentos na modernização da empresa para programas sociais e ajuda a países simpáticos à sua revolução bolivariana, como Cuba e Bolívia.

Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e especialista no setor de óleo e gás, conta que a maioria dos ex-altos funcionários da PDVSA foram para o exterior. “No Canadá há muitas empresas menores de petróleo, grande parte criada por esses venezuelanos que faziam parte dos quadros da PDVSA”, diz.

Nos bons tempos, a estatal venezuelana tinha refinarias na Alemanha e uma rede de postos de gasolina nos Estados Unidos, a Citgo. Em maio, a Citgo – mergulhada em dívidas com 18 empresas internacionais que cobram US$ 21,3 bilhões por “apropriações e calotes” – foi vendida por decisão da Justiça dos EUA.

Já sob Maduro, a crise da PDVSA foi agravada com a imposição de sanções pelos EUA ao setor de óleo e gás que duraram pouco mais de seis anos, até outubro do ano passado, por causa de perseguição à oposição. As sanções foram retomadas em abril, mas as gigantes estrangeiras de petróleo puderam permanecer explorando petróleo, o que ajudou a aumentar a produção venezuelana.

Segundo Pires, sem quadros e investimento estatal, a PDVSA não tem salvação à vista. “Não adianta o candidato que ganhar investir na PDVSA no curto prazo”, diz o especialista. “A saída é atrair petroleiras estrangeiras para aumentar a produção.”

Isolamento

O regime chavista está cada vez mais isolado, perdendo apoio até de tradicionais aliados, como o governo petista do Brasil. Em 2018, Maduro foi reeleito numa votação marcada pelas denúncias de fraude e perseguição à oposição.

Na atual campanha, o presidente venezuelano repetiu o roteiro. Impediu a candidatura de María Corina – o governo controla o Poder Judiciário, a Justiça eleitoral e o Congresso -, perseguiu opositores, censurou jornais e sites de notícias, dificultou o direito de votos dos venezuelanos que vivem no exterior e barrou a presença de observadores internacionais para fiscalizar a lisura da votação.

Com as pesquisas mostrando um amplo favoritismo de González, Maduro passou a se expor. Gravou jingles no TikTok e radicalizou o discurso, advertindo sobre um “banho de sangue” caso a oposição vença a eleição.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ameaça e Maduro retrucou, afirmando que quem o critica – sem citar Lula – deveria tomar chá de camomila. E ainda repetiu o bordão bolsonarista de que as urnas eletrônicas do Brasil “não são auditáveis” – as urnas venezuelanas também são eletrônicas, mas os eleitores saem da cabine com um comprovante em papel que mostra em quem votou, uma forma de vigilância do regime nada auditável.

Nos comícios, Maduro assumiu compromissos irrealizáveis, como construir 3 milhões de casas e oferecer financiamento estatal para abertura de empresas, além de retomar a região de Esequibo, rica em petróleo, em disputa com a Guiana.

O rígido controle do governo torna difícil prever se o candidato opositor, caso vença, irá de fato assumir – muitos analistas acreditam que Maduro só aceitou ser desafiado nas urnas porque tem certeza que pode fraudar o resultado.

Pires, no entanto, diz que a Venezuela com Maduro continua desestimulando os investimentos no país. “Com o atual governo há muito risco regulatório e jurídico, as empresas precisam sempre negociar com integrantes do regime”, afirma o especialista, numa referência indireta às denúncias de corrupção.

O problema, diz o especialista do CBIE, é que o país corre contra o tempo. Com a transição energética, o petróleo venezuelano – mais pesado e de baixa qualidade, sendo ambientalmente mais agressivo – tende a perder relevância.

“Se não explorar logo essas reservas, o petróleo da Venezuela corre o risco de ficar ali mesmo, no subsolo”, adverte Pires. Seria, a rigor, o retrato acabado da maldição que ronda os países exportadores de petróleo.



Fonte: Neofeed

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