Negócios
Mais um naufrágio é descoberto. E a nova era da exploração do fundo do mar está apenas começando
Era final de tarde de 11 de julho, quando, a 37 quilômetros da ilha sueca de Öland, no Mar Báltico, o sonar do barco polonês Space soou. Na tela do equipamento, o registro de destroços, a 60 metros de profundidade — como se veria em seguida, um veleiro antigo, carregado de peças de porcelana, água mineral e champanhe. Mais um naufrágio fora descoberto.
A nova era da exploração das profundezas dos mares e oceanos está apenas começando. Os avanços das tecnologias e as mudanças climáticas revelam sítios arqueológicos subaquáticos, espalhados por todos os cantos do planeta. A Unesco calcula em três milhões o número de barcos sob as águas — ainda não encontrados.
Naufrágios são como cápsulas do tempo. Peças de um fascinante quebra-cabeça, que ajudam a contar a história de como chegamos aonde chegamos. Afinal, as civilizações também evoluíram pelo mar. São milênios de comércio, descobrimentos, traslados, pilhagens, guerras e expedições científicas.
Depois de quase duas horas, quando os mergulhadores poloneses Marek Cacaj e Pawet Truszy voltaram a bordo do Space, havia poucas informações sobre a origem do navio afundado na costa da Suécia. “Foi a água mineral que nos levou a mais pistas”, conta, em comunicado, Tomasz Stachura, líder da equipe e cofundador da Baltictech, uma das organizações mais ativas em mergulho de naufrágio no Báltico.
Feitas de cerâmica, as cerca de cem garrafas traziam o selo da fabricante alemã Selters. E a inscrição, segundo um porta-voz da empresa, indicava: aquele lote no fundo do mar fora produzido entre 1850 e 1867.
Vinda da região da cordilheira de Taunus, ao norte de Frankfurt, a água é naturalmente carbonatada. Famosa por seus “poderes medicinais”, no século 19, era artigo de luxo, restrito à nobreza.
Já o “R” marcado em uma centena de garrafas de champagne levou o mergulhador Stachura à vinícola francesa Louis Roederer — fundada em 1776, em Reims, a nordeste de Paris, a maison é até hoje uma das mais respeitadas do mundo.
Pelas características do rótulo e da garrafa, a bebida em águas suecas é o “melhor cuvée” da Louis Roederer. Produzido a partir de 1876, a pedido do czar Alexandre II (1818-1861), está no catálogo até hoje — no Brasil, a R$ 4 mil, aproximadamente.
Com base nessas informações, é dado como certo: o veleiro afundou no século 19, rumo à corte imperial russa. Parte do mistério está resolvida, mas a história do naufrágio só será fechada quando o governo sueco autorizar a investigação minuciosa dos destroços.
Dois tiros de canhão
Os mares e oceanos cobrem 70% da superfície do planeta. Mas, 80% de seu fundo não está mapeado. Nos últimos dez anos, graças ao aperfeiçoamento das tecnologias, hoje, é possível chegar a lugares até então inatingíveis.
Robôs subaquáticos, submersíveis de alta pressão, câmeras equipadas com visão computacional, GPS de última geração, sonares de varredura a laser e imagens de satélite ultradetalhadas, entre outras inovações, registram, em tempo real, o que acontece nos pontos mais recônditos dos oceanos e revolucionam o mergulho de naufrágio.
Não fosse a parafernália tecnológica e cerca de US$ 50 milhões em investimentos, o financista e explorador texano Victor Vesovo, de 57 anos, não teria localizado, em junho de 2022, os restos do contratorpedeiro americano USS Samuel B. Roberts, o naufrágio mais profundo do mundo — pelo menos, por enquanto.
O navio de escolta serviu na Segunda Guerra Mundial e participou da maior batalha naval da história, a de Samar, no Mar das Filipinas. Pouco depois do amanhecer de 25 de outubro de 1944, 23 embarcações japonesas abriram fogo contra os americanos. Atingido por dois tiros de canhão, o USS Samuel B. Roberts submergiu em meia hora, matando 89 de seus 224 tripulantes.
O contratorpedeiro seria encontrado 78 anos depois, a 6.895 metros de profundidade — pouco mais de 3 mil metros mais fundo do ponto onde se encontra o Titanic.
“Titanic brasileiro”
Como as embarcações tendem a seguir rotas comerciais em direção a portos, a maioria afunda em águas costeiras. Em junho de 2023, por exemplo, a Unesco anunciou a descoberta de três embarcações no Banco de Skerki, de domínio tunisiano, no Estreito da Sicília. Ao fazer a ligação entre o leste e o oeste do Mediterrâneo, a região foi usada, durante muito tempo, por embarcações mercantes e bélicas.
Um dos barcos encontrados pela equipe de 20 cientistas, de oito países, era um navio, provavelmente do século 1 ou 2 antes de Cristo, carregado com ânforas, usadas pelas civilizações grega e romana, para armazenar vinho. Caiu por terra a crença de que os antigos não se arriscavam em alto mar.
No Brasil, estima-se a existência de cerca de 500 naufrágios. Um dos mais famosos é o do espanhol Príncipe de Astúrias, o “Titanic brasileiro”. Vindo de Barcelona com destino a Buenos Aires, nas primeiras horas da manhã de 5 de março de 1916, domingo de Carnaval, na passagem por Ilhabela, no litoral paulista, o navio foi engolido por uma forte tempestade, conta o historiador e arqueólogo Placido Cali, no livro Naufrágios de Ilhabela.
Às 4:02, as sirenes dispararam. Treze minutos depois, o barco bateu nas rochas da Ponta de Pirabura. No choque, as caldeiras explodiram. “Diferente do Titanic, que demorou duas horas para afundar, o Príncipe de Astúrias naufragou em cinco minutos”, relata Cali, em conversa com o NeoFeed.
Com a geografia muito irregular; a Ilhabela é toda recortada, com pedras no fundo. Tem mais. Os afloramentos rochosos estão repletos de magnetita, interferindo no funcionamento das bússolas utilizadas até a década de 1990, explica o arqueólogo.
Ou seja, os comandantes ficavam completamente desorientados, sobretudo em dias de tempo ruim e visibilidade precária. No naufrágio do Príncipe de Astúrias, entre tripulantes e passageiros (oficiais e clandestinos), morreram 558 pessoas.
Tesouro de US$ 17 bi
Ao revolver o fundo dos oceanos, os eventos climáticos cada vez mais extremos impactam também a descoberta de embarcações que há muito jazem sob as águas. Com as tempestades mais fortes e frequentes, a elevação do nível do mar e a erosão das linhas costeiras, a história emerge.
No final de janeiro, por exemplo, vários meses depois da passagem do furacão Fiona pelo Canadá, um navio do século 19 apareceu em Newfoundland, a província mais ao leste do litoral canadense, relata artigo do The New York Times, publicado no início de 2024.
Quanto mais naufrágios são descobertos, mais acirrado fica o debate sobre a quem pertence o que está escondido nos oceanos. Um número cada vez maior de países está seguindo as recomendações da Unesco, sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático, elaboradas em 2001 e retificadas em 2009. O Brasil é um deles.
Pela convenção, cabe às nações preservarem suas relíquias submarinas, para “o bem da humanidade” — contra, inclusive, os “piratas modernos”, saqueadores dos sítios arqueológicos.
A disputa em torno do naufrágio mais valioso do mundo é emblemático do imbróglio que pode surgir quando o fundo do mar é (aparentemente) terra de ninguém.
Em 1708, o galeão espanhol San José ia do Caribe à Espanha, com 200 toneladas de prata e esmeraldas e 11 milhões de moedas de ouro, além de um serviço de jantar em porcelana chinesa — carga avaliada em US$ 17 bilhões. Perto da cidade de Cartagena, na Colômbia, o britânico Wager atacou e afundou o San José.
A embarcação só seria encontrada em 2015, em águas colombianas, pelo REMUS 6000, veículo subaquático autônomo, operado pela Marinha daquele país.
Imediatamente, a Espanha, a Colômbia, grupos indígenas e até uma empresa americana, alegando ter localizado os destroços do San José, em 1981, reivindicaram a posse do tesouro.
Depois de muitas idas e vindas na Justiça, ficou determinado: o naufrágio era da Colômbia.
E, assim, em março passado, o Instituto Colombiano de Antropologia e História lançou os primeiros robôs ao mar.
Neste momento, as máquinas estão fazendo o levantamento das riquezas que, no século 18, afundaram com o San José.
Negócios
Nordstrom fecha acordo de US$ 6,2 bilhões e vai deixar a Bolsa
A Nordstrom, uma das redes de lojas de departamentos mais antiga dos Estados Unidos, decidiu fechar seu capital na Bolsa de Valores e vender 49,9% da sua operação para o grupo mexicano El Puerto de Liverpool, em um negócio avaliado em US$ 6,25 bilhões, incluindo dívidas.
No acordo, os herdeiros da Nordstrom, que detinham cerca de 33% do capital da companhia negociada em Wall Street, agora ficarão com 50,1% da empresa, retomando o seu controle.
O acordo, que está previsto para ser concluído no primeiro semestre de 2025, está sujeito à aprovação dos reguladores e de dois terços dos acionistas da Nordstrom. A empresa propõe que esses acionistas recebam US$ 24,25 por ação em dinheiro, caso concordem com o negócio.
O grupo mexicano, que já havia adquirido 10% da Nordstrom em 2022, é proprietária das lojas de departamento Liverpool e Suburbia e opera franquias de marcas como Gap, Banana Republic, Williams Sonoma e Pottery Barn no México.
“Este anúncio marca um momento importante e estamos entusiasmados com as oportunidades potenciais que ele traz”, informou o CEO Erik Nordstrom em comunicado ao mercado.
Com a negociação, os herdeiros buscam reviver os anos de glória da rede de departamentos, que vêm perdendo clientes há décadas para varejistas de fast-fashion e e-commerces concorrentes, principalmente os internacionais.
Por outro lado, as concorrentes diretas da Nordstrom, incluindo Macy’s e Kohl’s, atraíram investidores ativistas nos últimos anos na tentativa de dar apoio ao negócio e foram pressionadas a vender imóveis e cortar custos.
Essa não foi a primeira tentativa da Nordstrom de vender parte de seu negócio, mas todas as outras propostas não atenderam aos requisitos da família. Em 2017, a empresa recebeu uma proposta da firma de private equity Leonard Green & Partners, que foi considerada muito baixa pela liderança da companhia.
Os altos e baixos foram sentidos nas ações da companhia ao longo dos anos. Em seu auge, há cerca de uma década, a Nordstrom era avaliada em US$ 15 bilhões. No fechamento de sexta-feira, 20 de dezembro, a empresa atingiu um valuation de pouco mais de US$ 4 bilhões.
Os resultados financeiros foram grandes motivadores para essa queda de valor de mercado. Antes da pandemia do Covid-19, em 2019, quando a empresa começou a mostrar dificuldades, as vendas totais da empresa atingiram US$ 15,9 bilhões. Neste ano, a companhia projeta encerrar a um faturamento de US$ 14,9 bilhões.
Uma movimentação semelhante ocorreu em julho deste ano. Após anos de idas e vindas, a Sacks adquiriu as operações da Neiman Marcus, num acordo de US$ 2,65 bilhões que contou com a “benção” da Amazon. A operação resultou na criação de um dos maiores nomes de lojas de departamento de alto padrão, com vendas anuais na casa dos US$ 10 bilhões e mais de 150 unidades.
Negócios
A “corrida do ouro” da transição energética passa, agora, pelo hidrogênio branco (lá no fundo da Terra)
Enquanto o mundo celebra o hidrogênio verde (H2V) como o Santo Graal da descarbonização, um outro hidrogênio desponta como uma fonte de energia renovável ainda mais sustentável. Trata-se do hidrogênio geológico.
Chamado também de branco, a sua principal vantagem em relação ao verde é que não necessita ser produzido. Já disponível na natureza, o gás é encontrado no fundo da Terra, sobretudo em falhas tectônicas.
Ainda há um longo caminho até que esse hidrogênio se confirme como combustível do futuro, mas os especialistas estão entusiasmados. Alguns, como a professora Mengli Zhang, da Escola de Minas do Colorado, já preveem inclusive uma nova “corrida do ouro”, como se viu na conferência anual da Associação Americana para Avanço da Ciência, realizada no início do ano.
A agência de geologia dos Estados Unidos, a US Geological Survey (USGCS), estima que existam 5 trilhões de toneladas de hidrogênio branco em reservatórios subterrâneos, espalhados mundo afora. A maior parte seria de difícil acesso, “mas a recuperação uma pequena porcentagem supriria toda a procura projetada — 500 milhões de toneladas por ano — durante centenas de anos”, diz Geoffery Ellis, o pesquisador da USGS, em reportagem do Financial Times, de 18 de fevereiro de 2024.
Com a promessa de movimentar US$ 1 trilhão por ano, nos cálculos dos analistas da USGCS, o gás começa a atrair o interesse dos capitalistas de risco. Fundada em 2021, em Denver, no Colorado, a Koloma vem se destacando como uma das líderes na exploração do composto.
Com operações no Centro-Oeste americano e 16 patentes registradas, a startup já arrecadou mais de US$ 300 milhões. E tem Bill Gates como investidor estratégico. Por intermédio de seu Breakthrough Energy Ventures, focado em patrocinar novas tecnologias capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), em fevereiro passado, o cofundador da Microsoft aportou US$ 91 milhões na empresa de Denver.
A Koloma também atraiu investimentos de outras grandes gestoras climáticas, como a Climate Pledge Fund, da Amazon, e a United Airlines Ventures. Mais recentemente, há dois meses, recebeu US$ 50 milhões da Osaka Gas e da Mitsubishi Heavy Industries (MHI) — o anúncio marcou a entrada das duas gigantes japonesas de energia na corrida pelo hidrogênio geológico.
E a mineração pode ter um papel fundamental na obtenção do composto, já que ele é encontrado em áreas ricas em minerais e minérios — o que, somado à infraestrutura já existente e experiência das grandes companhias, poderia reduzir o custo de exploração.
“Ainda há dificuldade tecnológica para isso, mas é um caminho mais fácil para as mineradoras. É necessário, claro, ter ideia do tamanho da possível reserva”, diz Jaques Paes, professor do MBA de ESG da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em entrevista ao NeoFeed.“É algo promissor, mas ainda com algumas incertezas.”
Ao que tudo indica, a exploração não precisa ser necessariamente muito profunda. No Mali, único país com produção industrial de hidrogênio geológico, o gás usado para iluminar parte do vilarejo rural de Bourakebougou, perto da capital Bamako, vem de poços, cujas perfurações variam de 100 a 1,8 mil metros da superfície.
Lá, o campo de hidrogênio foi descoberto sem querer, durante escavações para encontrar água, nos anos 1980. E, desde 2012, é explorado por uma empresa local, a Hydroma.
Na pauta brasileira
Apesar do entusiasmo em torno das promessas oferecidas pela possível nova fonte de energia, ainda há grandes desafios globais até sua adoção de fato. Um dos principais é mapear as reservas disponíveis no planeta e realizar o trabalho de extração.
Vários países, como os Estados Unidos, já começaram a se mexer. “Isso ainda é novo para todo mundo. A grande diferença é que tem países colocando mais dinheiro nessa exploração”, diz Paes.
Uma pesquisa, realizada pela Engie Brasil em parceria com a Geo4u, detectou a presença de hidrogênio geológico em poços profundos na Bacia de São Francisco, em Minas Gerais. “Ceará, Roraima, Tocantins e a própria costa brasileira, nas formações rochosas, são locais bem promissores”, elenca Paes.
Mas não há sequer dados se os depósitos estariam acima ou bem abaixo da camada de pré-sal, a uma profundidade de mais de 7 mil metros. “Não conhecemos ainda o tamanho de nossas reservas”, diz o professor da FGV. Que elas existem, isso é certo.
De qualquer forma, o hidrogênio branco já está na pauta da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. “Quanto ao hidrogênio natural, anteriormente considerado marginal, senão inexistente, aparece cada vez mais como uma opção importante a ser explorada pelas empresas de energia no futuro próximo”, lê-se no Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, elaborado pela EPE.
Vira e mexe, uma mina
Globalmente, o gás começou a chamar a atenção por seu potencial mais sustentável do que o hidrogênio verde no início de 2023, quando cientistas franceses, em busca de metano, descobriram por acaso uma grande quantidade de hidrogênio branco a 3 mil metros de profundidade.
Desde então, vira e mexe, é anunciada a descoberta de uma nova reserva no mundo. Em fevereiro, geólogos relataram que, de uma mina de cromita na Albânia, fluem 200 toneladas de hidrogênio branco por ano, conforme a reportagem do Financial Times
Outro ponto de atenção quanto à adoção em larga escala do gás, é se ele é potencialmente renovável, já que não há 100% de clareza de que o processo para sua extração pode ser sustentável o bastante para compensar sua exploração.
Se, com as tecnologias disponíveis, a pegada de carbono for alta, os custos ambientais inviabilizam o propósito da produção. Além de encontrar formas sustentáveis de produção do gás em grande escala, ele precisa ter preços competitivos.
Vencidos todos os obstáculos, a levar em conta a empolgação de grande parte dos especialistas, o próximo Santo Graal da transição energética pode ser o hidrogênio branco. Como diz Paes, da FGV: “Ele já está lá. É uma questão de captura. A redução do impacto ambiental será enorme.”
Negócios
Pedágio eletrônico começa a reverter inadimplência e avança em rodovias
Novidade em um número cada vez maior de rodovias brasileiras, a adoção do pedágio eletrônico (free flow) está chamando a atenção. Primeiro, porque permite pagar as tarifas sem passar por cabines de pedágios. E, segundo, pelo difícil processo inicial de adaptação para os motoristas, que acabam multados por não pagar a tarifa, após os 30 dias de carência.
A falta de conhecimento como opera o sistema é o grande responsável pelo elevado número de multas registrado nas estradas que passaram a adotar o free flow – em especial para os motoristas que não utilizam tag de pagamento (adesivo com código de barras instalado no veículo), que debita automaticamente a tarifa na fatura da concessionária.
Por isso, a funcionalidade, que seria um trunfo do novo modelo, virou um pesadelo aos donos das concessões e aos motoristas desatentos, sujeitos à multa por evasão de pedágio, uma infração grave que implica cinco pontos na CNH e uma penalidade de R$ 195,23.
O free flow funciona sem cabines nem cancelas. O motorista passa por um pórtico instalado na rodovia sem precisar reduzir a velocidade. Um sistema eletrônico de alta tecnologia – que inclui scanners 3D, radares, câmeras, leitores de placa e dados processados por inteligência artificial – identifica as características do veículo, registrando automaticamente o valor a ser pago. Quem não possui a tag, precisa baixar um app para o pagamento.
Desde março de 2023, com a instalação dos primeiros pórticos que registram a passagem dos carros em três trechos da BR-101 (Rio-Santos), entre Paraty e Angra dos Reis, sob concessão da CCR, o free flow passou a ser utilizado em outras rodovias.
Este ano, substituiu as cabines de pedágio em três rodovias estaduais do Rio Grande do Sul (operadas pela concessionária CSG), e foi adotado em outras duas rodovias paulistas: na SP-333, em Itápolis e Jaboticabal, e no Contorno Sul da Rodovia dos Tamoios, recém-aberto no Litoral Norte.
Para 2025, porém, motorista deverá ficar atento porque o pedágio eletrônico vai passar a ser utilizado em rodovias movimentadas, incluindo a de maior tráfego do País. A Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, vai instalar, até março, 21 pórticos entre os km 205, em Arujá, até o km 230, na chegada da capital paulista.
Já no 2º semestre, outros sete pórticos devem operar em rodovias de acesso ao litoral paulista, e mais dois no trecho norte do Rodoanel Mario Covas.
Um relatório divulgado em novembro, com o balanço de 20 meses de operação do free flow no trecho fluminense sob concessão da CCR, revela que o tempo para pagamento da tarifa nas passagens pelos pórticos caiu drasticamente ao longo do tempo, passando de 54 dias em média em março de 2023 (quando foi instalado na Rio-Santos), para 6 dias entre agosto e outubro deste ano.
“Este é um número relevante, considerando a região em que o free flow está inserido, local em que as tags são utilizadas, na maioria dos casos, apenas para o pagamento de pedágio”, afirma Cleber Antonio Chinelato, gerente-executivo de recnologia da CCR, no relatório, feito em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Segundo a ANTT, o sistema foi capaz de detectar 100% dos veículos que passaram pelos pórticos. Destes, 99,53% tiveram a tag corretamente lida e 99,64% das placas foram lidas sem erros.
Inadimplência
O elevado número de multas nos primeiros meses de implementação no trecho fluminense da BR-101, porém, levou as autoridades a buscarem alternativas.
Em outubro, o Ministério dos Transportes publicou no Diário Oficial da União (DOU) uma portaria ampliando de 15 para 30 dias o prazo de pagamento da tarifa.
Enquanto isso, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ) apresentou um projeto de lei que prevê a suspensão por 12 meses das multas aplicadas em rodovias que operam com o sistema free flow. O PL prevê ainda que o não pagamento do free flow durante os 12 meses não resultará mais em pontuação na CNH do infrator.
De acordo com Leal, o novo modelo de livre passagem é uma importante ferramenta para dar maior fluidez e justiça tarifária ao sistema de pedágio, especialmente para o usuário frequente, mas é preciso cuidado.
“Por um lado, as concessionárias de rodovia têm a preocupação de que esse novo modelo não implique em uma elevada inadimplência que comprometa a gestão do sistema. E, por outro, o cidadão não pode ser penalizado de forma injusta e desproporcional como temos observado”, diz Leal, ao NeoFeed. “O projeto de lei propõe o equilíbrio nessa relação.”
Aprovado pela Câmara, o PL ainda precisa passar pelo Senado – sem data prevista de votação – e ser sancionado pelo presidente da República para entrar em vigor. Mas a julgar por um relatório mais recente, divulgado pela concessionária gaúcha CSG, o baixo índice de inadimplência com maior divulgação do serviço pode sepultar o PL.
O levantamento da CSG – que opera seis pórticos localizados nas rodovias estaduais ERS-122, ERS-240 e ERS-446, no Vale do Caí e na Serra Gaúcha – mostraram redução de 7,5% para 4,1% de motoristas não pagantes em seis meses. Mais de 60% dos clientes realizam o pagamento por tag.
“A diminuição do porcentual de multas reflete a curva de aprendizado do usuário”, afirma ao NeoFeed Ricardo Peres, presidente da CSG. Segundo ele, a concessionária conseguiu reverter rapidamente a inadimplência mantendo atendimento presencial – por meio de nove postos informações nas estradas – e oferecendo benefícios aos usuários.
Entre eles, de 5% a 20% de desconto na tarifa aos usuários frequentes, estimulados a se cadastrarem no site da concessionária. Nas três rodovias, por onde circulam 55 mil veículos por dia, a promoção foi um sucesso – a CSG já cadastrou 494 mil veículos de mais de 300 mil CPFs/CNPJs diferentes (muitos são de frotas de caminhão).
“Quem se cadastra deixa de ser usuário para se tornar cliente”, diz Peres, um entusiasta do novo modelo, que enumera os benefícios do free flow, a maioria ignorado pelos motoristas.
De acordo com ele, o free flow gera um impacto ambiental menor, com menos consumo de combustível, pois os veículos não reduzem velocidade para pagar a tarifa, como numa cabine. “Sem falar no tempo menor de viagem e no custo de operação da concessionária, que não precisa mais gastar com a estrutura fixa, funcionários e segurança com transporte de valores”, afirma Peres.
O executivo da CSG prevê também o próximo passo da evolução do free flow: a massificação. “A tendência é a redução de tarifa, além da implementação cada vez maior de tarifas fracionadas, com os usuários pagando apenas pelo trecho rodado”, diz Peres.
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