Connect with us

Negócios

MEMÓRIA: Silvio Santos é coisa nossa

Prublicadas

sobre

MEMÓRIA: Silvio Santos é coisa nossa
Tempo de Leitura:11 Minuto, 36 Segundo


A intimidade que Sílvio Santos estabeleceu com todo o Brasil (gente de todas as idades e classes sociais) fará do País, nos próximos dias, um imenso velório, até o sepultamento do apresentador e empresário —em uma cerimônia privada, em local e dia, ainda, não revelados. Os brasileiros lamentarão sua partida como a de um ente querido, um parente próximo.

Sílvio é coisa nossa, diria ele mesmo, em um de seus famosos bordões, usado para apresentar convidados que levava para dentro dos lares brasileiros, nas tardes e noites de domingos, ao longo das últimas seis décadas. Com o incansável Programa Silvio Santos, com 12 horas de duração , que consagrou sua capacidade de se comunicar — e de fazer bons negócios.

Como hábil vendedor que era, em suas atrações no SBT, Sílvio não fazia pregação religiosa para se alcançar riqueza e a felicidade. Esses dois desejos pareciam mais fáceis e próximos de uma outra forma: bastava pagar em dia o talão do Baú da Felicidade. Ter uma casa repleta eletrodomésticos e brinquedos, uma reserva na poupança e um carro na garagem nunca pareceu tão fácil.

E o Brasil amava comprar as coisas do Baú de Sílvio Santos. Sem contar que os clientes poderiam ter a chance de uma alegria ainda maior: ir para a televisão, chegar perto dele.

Por tudo isso, a morte de Silvio, aos 93 anos, na madrugada deste sábado, dia 17, vítima de uma broncopneumonia, para muitos, é um choque. Apesar de seu afastamento da televisão e das notícias sobre sua saúde fragilizada, ele parecia imortal. Foram mais de 60 anos, como um integrante da família brasileira,

O grande trunfo de Sílvio foi se voltar totalmente às mulheres. Das adolescentes às idosas. Estas, tão alijadas da vida social, enchiam seu auditório, por convite seu.

Ele foi o primeiro comunicador de massa brasileiro a focar quase que exclusivamente nelas, a perceber que nas mulheres, com seu largo sorriso e charme de comunicador e homem bonito, estava o segredo do sucesso de seus programas.

Quantas não se apaixonaram por ele? Quantas mães e avós não viram nele o genro dos sonhos?

As “colegas de trabalho”

As donas de casa eram senhoras absolutas de seus lares, elas manteriam a sintonia da televisão no apresentador. Sílvio, ao que parece, teve essa percepção. “Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar, do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar”, dizia a música que colocava seu programa no ar. Seus famosos auditórios eram 100% femininos. Ele as chamava de “minhas queridas colegas de trabalho” e, quando dizia isso, recebia longos e sonoros abraços.

Sílvio fazia uma simples dona de casa se sentir importante, valorizada, respeitada e amada. Era amado pelas mulheres. Elas existiam para ele. Criou até um programa para namoros, de enorme sucesso durante décadas. Todas queriam vê-lo, organizavam caravanas, compravam seu Baú da Felicidade como passaporte para receber sua atenção. Dois minutos bastavam para juras de amor eterno — ou seja, audiência para sempre.

Instintivo, sem ter tido oportunidade de estudar, Silvio foi, certamente, o maior comunicador do Brasil. E ninguém lhe tirará este panteão. Viveu de se comunicar. Comunicou para viver como fazem os melhores vendedores de sonhos. Construiu um império de comunicação pela capacidade de driblar os desafios e as diversidades. E nunca mais os domingos serão os mesmos sem ele, mesmo para aqueles que nunca sintonizavam em seu programa.

Embora tivesse um nome artístico tão simples e popular, o nome verdadeiro de Silvio Santos era Senor Abravanel. Carioca do bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro, ele nasceu em 12 de dezembro de 1930 e foi o primeiro de seis filhos de um casal de imigrantes judeus turcos Alberto Abravanel (1897-1976) e Rebeca Caro (1907-1989), que se mudou para o Brasil em 1924.

Em casa, sua mãe o chamava de “Silvio”, mas o sobrenome artístico surgiu quando o adolescente se inscreveu no programa de calouros comandado pelo apresentador Jorge Curi — que ficaria famoso como locutor esportivo. Escolheu Silvio Santos por ser mais fácil de memorizar.

Enquanto isso, começou a ajudar nas despesas de casa ao vender na rua capas de plástico para título de eleitor, quando foram convocadas as eleições em 1945, após a queda da ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas. Mas ele via seu futuro no rádio e conseguiu ser aprovado em um teste na Rádio Guanabara. O salário, porém, era bem inferior ao que ganhava como camelô e ele voltou às ruas.

Nas barcas para Niterói

Três anos depois, enquanto prestava serviço militar, aproveitava os domingos para trabalhar na Rádio Mauá como auxiliar no programa de Silveira Lima. A possibilidade de ter mais espaço o levou à Rádio Tupi, do conglomerado Diários e Emissoras Associados, de Assis Chateaubriand. Sua aparência de galã e bela voz permitiram que fizesse algumas figurações em programas para a TV Tupi.

Mas a possibilidade de fazer dinheiro com vendas não o abandonou. Quando usava os serviços das barcas para ir a Niterói se apresentar na Rádio Continental, botou na cabeça que podia dar certo um sistema de música para animar as viagens, comprou uma aparelhagem e criou um serviço que trazia música e propagandas.

O sucesso foi tanto que as barcas passaram a ter um bar e um bingo, onde o consumidor comprava um refrigerante e ganhava uma cartela para concorrer a prêmios como jarras e quadros. O negócio o transformou no principal cliente da Antarctica na venda de refrigerantes e cervejas e em amigo de um dos diretores da empresa.

Uma oportunidade na Rádio Nacional de São Paulo o levou a morar no estado mais industrializado do país. E onde sentia haver oportunidade de negócios ele ia atrás. Assim entrou no ramo editorial, ao criar a revista Brincadeiras para Você.

De olho na indústria do entretenimento, Sílvio montou uma caravana para se apresentar aos sábados e domingos em circos e clubes ao lado de outros artistas. O nome não era dos mais nobres, porém despertava a curiosidade do público: Caravana do Peru que Fala — conta-se que o nome surgiu do apelido dado pelo amigo Manuel de Nóbrega, que fazia brincadeiras com Silvio em seu programa no rádio, deixando-o vermelho.

Em 1958, seu lado galã foi retomado, quando participou de alguns “teledramas” na TV Paulista. Sua ligação com Nóbrega, porém, mudaria os rumos de sua vida. O amigo radialista tinha sociedade com um alemão na empresa Baú da Felicidade, que vendia brinquedos a prazo. O negócio passava por dificuldades financeiras e não conseguia entregar os produtos.

Até que o tal alemão sumiu com o dinheiro do Baú  e Nóbrega se viu sem saber como honrar os compromissos. Ele então pediu ajuda a Sílvio, que assumiu a empresa, fez parceria com a Fábrica de Brinquedos Estrela para produção de 40 mil bonecas e virou o jogo. Desde então, o Baú passou a ser base dos programas que Silvio viria a apresentar na televisão.

Ele manteve o sistema de crediário, mas criou lojas em que as pessoas poderiam trocar os carnês quitados por brinquedos ou eletrodomésticos. Era o pulo do gato, pois dava às donas de casa mais humildes a possibilidade de ter aparelhos de difícil acesso, mas que podiam ser pagos em pequenas parcelas.

O impulso veio do formato de programa de televisão que o consagraria: as brincadeiras e competições de auditório, a maioria “inspirada” em sucessos da televisão americana. Ele também adaptou o formato dos shows, espetáculos e sorteios que fazia no circo. Seu primeiro programa, Vamos Brincar de Forca, estreou em 1960, na TV Paulista, canal 5, à noite, que virou sucesso instantâneo em uma emissora de baixa audiência.

No mesmo mês em que completou 32 anos, em dezembro de 1962, Sílvio lançou Pra Ganhar É Só Rodar, com uma de suas marcas registradas, a roleta. Em 1963, na mesma Paulista, entrou no ar o Programa Silvio Santos e a televisão no Brasil nunca mais foi a mesma.

Na Globo

E se o sonho de todo brasileiro era ter sua própria residência, criou o Festival da Casa Própria, na TV Tupi, em 1965. No ano seguinte, a TV Paulista virou TV Globo São Paulo, e Silvio assinou um contrato de cinco anos com os novos proprietários. Com empurrão das novelas, derrubou do primeiro lugar aos domingos o programa Jovem Guarda, de Roberto Carlos, na Record.

Com o sucesso na televisão, cresciam seus negócios e ele acumulava riqueza. A TV impulsionava tudo com sorteios de carros, móveis e eletrodomésticos, o que motivou a expansão dos negócios através da loja de móveis Tamakavy e a concessionária de veículos Vimave.

A Globo viu nele a joia para ganhar audiência também no Rio de Janeiro. Mas seu estilo era bastante criticado por fazer de shows e brincadeiras apenas um meio de faturar sem que o público se desse conta.

Tanto que, no começo dos anos de 1970, a emissora de Roberto Marinho concluiu que o programa de Silvio destoava da grade de programação, que fugia ao “padrão Globo”, depois que a rede passou por uma reformulação e passou a investir em filmes, esporte, jornalismo e novelas.

Mesmo assim, em meio ao impasse de sua saída, o próprio Marinho interveio e o convenceu a ficar, ao renovar seu contrato por mais quatro anos. Em 1974, ele deu um novo passo, ao inaugurar a Studios Silvio Santos Cinema e Televisão Ltda, que passou a ser a base da produção de seus programas, além da produção de comerciais de TV e coberturas jornalísticas.

Seu propósito maior nesse momento, era ter seu próprio canal e ele o conseguiu em 1976, quando o presidente Ernesto Geisel assinou a concessão para ele do canal 11, do Rio de Janeiro. O que ele fez para colocar a TVS no ar, em tão pouco tempo, daria um livro de centenas de páginas. No ano seguinte, produziu sua primeira telenovela, O Espantalho, exibida na TVS e na Record.

A sorte bateu em sua porta mais uma vez com o fechamento total da TV Tupi, em 16 de julho de 1980. As emissoras independentes de outros estados que até então exibiam a Tupi – e seu programa dominical –, migraram para a TVS. Enquanto isso, o governo federal abriu licitação para os canais cassados da Tupi e as emissoras que estavam desativadas,  como o canal 9 de São Paulo, da Excelsior, e o canal 9 do Rio, da Continental.

Além de Sílvio, os grupos Manchete, da famosa revista semanal, e Abril, da revista Veja, entraram na briga pelas concessões. A rede de rádios do empresário Paulo Abreu correu em paralelo. Teria de ser um embate político, junto ao governo militar. Uma pesquisa do Ibope a pedido da apresentador sobre quais grupos o governo deveria entregar as concessões apontou seu nome como o favorito do público.

Com a ajuda da primeira-dama Dulce Figueiredo, com quem tinha longas conversas por telefone, Silvio foi um dos vencedores da concorrência pública do governo federal. A outra vencedora, o Grupo Bloch, formou a Rede Manchete. Silvio levou o canal 4 de São Paulo, a antiga Tupi.

Ele tinha pouco tempo para lançar o Sistema Brasileiro de Televisão, SBT. Na correria, reaproveitou ex-funcionários do antigo canal paulistano e fez a transmissão a partir da torre da Record com transmissores importados da RCA norte-americana. Não alugou os equipamentos da Tupi porque foi alertado por advogados que poderia ser considerado o sucessor e herdeiro das dívidas da emissora cassada.

No dia 19 de agosto de 1981, às 9h30, entrava no ar a TVS São Paulo que, junto com a TVS Rio de Janeiro, formavam as duas primeiras emissoras do SBT. A primeira transmissão foi a assinatura do contrato de concessão. Depois, foram exibidos os programas O Povo na TV, Bozo e desenhos de Tom & Jerry, Pica-Pau e Pernalonga.

Amigo do poder

Seu sonhado canal de TV foi conseguido porque Silvio sabia ser amigo do poder, vendia simpatia sem promessa de nada em troca. Desde sempre, arrumou a casa e estendeu o tapete para conseguir o que queria, com o quadro A semana do presidente. Todo domingo, dedicava de cinco a dez minutos para fazer propaganda do governante do momento.

Não importava a popularidade de quem comandava o País. Foi assim que dobrou o presidente João Figueiredo, de rejeição altíssima, que lhe deu a concessão do SBT com a falência da TV Tupi. Não foi diferente com Fernando Collor, que também tinha seu espaço, enquanto passeatas pediam seu impeachment, em 1992.

Quando o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva começou, em 2003, ele também ganhou sua semana. Silvio agradava o poder discretamente, sem bajulação e sem conceder espaço para discurso ideológico. Limitava-se a mostrar viagens, realizações de obras ou decisões importantes para o País. Até disso tinha habilidade para não ferir sensibilidades.

Além do SBT, o Grupo Silvio Santos é um conglomerado com cerca de 30 empresas — de licenciadora de marcas a hotel, de emissora de títulos de capitalização a marca de cosméticos. O apresentador deixa uma fortuna avaliada em R$ 1,6 bilhão, conforme a revista Forbes.

Sua riqueza, porém, já fora maior. Em 2013, estava avaliada R$ 2,67 bilhões. Três anos  antes, veio à tona um rombo de R$ 4 bilhões, no banco PanAmericano, um de seus maiores patrimônios. O desfalque era resultado de fraudes cometidas, desde 2006. A instituição financeira foi então vendida para o BTG Pactual em 2011.

Quatro anos depois, ao prestar depoimento à Justiça Federal sobre a fraude, Silvio disse que não entendia nada de banco: seu negócio era animar auditório

Gravado em setembro de 2022, o último programa no qual ele apareceu foi ao ar em fevereiro do ano seguinte. No comando da atração dominical, Patrícia Abravanel, sua filha número 4 e herdeira artística, quis saber o motivo do afastamento do pai. “Preguiça de gravar”, ele respondeu. O apresentador deixou a televisão sem qualquer despedida. Em vida, manifestou o desejo de não ter um velório.



Fonte: Neofeed

Negócios

Reag compra Berkana e Hieron e reforça gestão de patrimônio

Prublicadas

sobre

Reag compra Berkana e Hieron e reforça gestão de patrimônio
Tempo de Leitura:2 Minuto, 0 Segundo


Depois de algumas aquisições em asset management, como a Quasar e a Empírica, a Reag Investimentosa, de João Carlos Mansur, acaba de anunciar duas aquisições em wealth management. São elas a Berkana Investimentos e a Hieron Patrimônio Familiar passam a fazer parte da Reag.

A Berkana é um multi-family office desde 2008 e hoje atua também com venture capital e no setor do agronegócio. A empresa está em São Paulo, mas possui atuação global.

Já a Hieron, liderada por Reinaldo Lacerda e Robert van Dijk, tem uma asset e um wealth management e sua matriz é em São Paulo. A companhia mantpem escritórios em Belo Horizonte e representantes em Londres, Genebra e Dubai.

“A Reag compartilha a preocupação com a segurança dos clientes, com a cultura de serviço, e rentabilidade. Estamos diante de um momento de crescimento e expansão, e juntos entregaremos benefícios reais e substanciais para nossos clientes”, afirmou Luiz Lima, fundador da Berkana, em nota.

“Vamos ampliar nossa atuação com produtos inovadores e estratégias sólidas, criando escala e soluções personalizadas que agreguem valor aos nossos clientes”, acrescentou Lacerda, da Heiron, também em nota.

Robert van Dijk assume como CEO da área de wealth e asset management da Reag. Com mais de 45 anos de experiência no mercado financeiro e de capitais, Van Dijk traz uma trajetória como CEO da Principal Financial Group do Brasil e foi diretor executivo em instituições como Banco Votorantim e Bradesco, onde criou e liderou a BRAM. No período entre 2016 e 2018 Robert atuou com destaque no cargo de presidente da Anbima.

Lideram também esse projeto da vertical de asset e wealth management executivos como Carlos Maggioli, cofundador da Quasar Asset Management; Dario Tanure, cofundador da Rapier Investimentos; Leonardo Calixto, cofundador da Empírica; Luiz Lima e Reinaldo Lacerda.

A Reag é um grupo financeiro que já soma mais de mais de R$ 200 bilhões sob gestão. E também possui áreas como serviços fiduciários, crédito, distribuição e assessoria financeira.

O apetite por aquisições da empresa vem ocorrendo em vários setores financeiros. No ano passado a empresa adquiriu a plataforma BizHub Ventures da Alvarez & Marsal (A&M), consultoria especializada em gestão de empresas, e entrou no segmento de venture capital com o lançamento da Reag Growth & Ventures.

Em 2022 e 2023, a empresa adquiriu as gestoras de patrimônio Rapier Investimentos e Quadrante Investimentos.



Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Em reestruturação, Azul lança ofertas de troca de dívida e emissão de R$ 500 milhões

Prublicadas

sobre

Em reestruturação, Azul lança ofertas de troca de dívida e emissão de R$ 500 milhões
Tempo de Leitura:2 Minuto, 15 Segundo


A companhia área Azul anunciou nesta quarta-feira, 18 de dezembro, o lançamento de ofertas de troca de dívida como parte da implementação de suas transações de reestruturação e recapitalização cujos termos a empresa vem trabalhando nos últimos meses.

Em fato relevante, a empresa detalha a proposta, que inclui a substituição de notas sêniores garantidas de primeiro e segundo grau, com vencimentos em 2028, 2029 e 2030, por novas emissões com as mesmas condições de vencimento e juros.

Além disso, a empresa segue pedindo aos credores a eliminação de termos “restritivos”, liberação de garantias e eliminação de eventos de inadimplência. Segundo a empresa, o objetivo é otimizar a estrutura financeira, convertendo parte das dívidas em ações preferenciais.

Uma das ofertas é da Azul Secured Finance LLP aos detentores elegíveis de suas notas sêniores garantidas em uma base de primeiro grau, com vencimento em 2028 e juros de 11,93%. Pode-se
trocá-las por novas notas sêniores garantidas em primeiro grau, com mesmo vencimento em 2028 e juros de 11,930%.

A outra oferta é aos detentores elegíveis de suas notas sêniores garantidas em uma base de segundo
grau e juros de 11,5% com vencimento em 2029 e notas sêniores garantidas em segundo grau e juros de 10,875% com vencimento em 2030. Pode-se trocá-las por tais notas da série relevante por novas notas de 11.500%, com vencimento em 2029, e 10,875%, com vencimento em 2030, conforme aplicável, a serem emitidas pela Emissora.

A Azul afirmou que a consumação das trocas de dívida está condicionada ao envolvimento de pelo menos 66,67% do valor principal em aberto de cada série dos títulos existentes e pelo menos 95% do valor principal do que chamou de “notas 2L”, além da emissão das chamadas “notas superprioritárias”.

O prazo para participação antecipada para as ofertas de troca é 7 de janeiro e o prazo final é 15 de janeiro.

As operações preveem uma emissão de novas ações da Azul em três fases, com a companhia estimando que as primeiras ocorram até abril de 2025.

Simultaneamente, a Azul concordou com um grupo de credores em emitir até US$ 500 milhões em notas superprioritárias com vencimento em 2030, destinadas a reforçar o caixa da companhia.

Nesse sentido, esses recursos incluem o pagamento antecipado de US$ 157,5 milhões em dívidas-ponte e devem viabilizar maior flexibilidade operacional.

Como parte de tais recursos brutos, US$100 milhões seriam liberados para a Azul mediante o cumprimento de condições específicas.

As ações da Azul acumulam queda de 72% este ano. O mercado está acompanhando uma possível fusão com a concorrente Gol, que vem sendo ventilada ao longo do ano.



Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

A crise dos fundos multimercados não tem fim e a sangria bilionária continua. Há saída à vista?

Prublicadas

sobre

A crise dos fundos multimercados não tem fim e a sangria bilionária continua. Há saída à vista?
Tempo de Leitura:7 Minuto, 14 Segundo


Os fundos multimercados, que têm maior liberdade de alocação de recursos em diversas classes de ativos, tiveram uma sangria de R$ 324 bilhões de janeiro a novembro de 2024, segundo dados da Anbima. A explicação de boa parte dos gestores para esses saques está no desmonte de fundos exclusivos, que passaram a pagar come-cotas.

Mas um levantamento do BTG Pactual, no qual o NeoFeed teve acesso com exclusividade, mostra que os saques vão além dos recursos dos fundos exclusivos. O banco de investimento identificou o fluxo para os fundos multimercados “puro sangue”, sem considerar aqueles exclusivos ou que seguem outras estratégias, como de crédito, mas que recebem a mesma classificação.

A conclusão não deixa dúvidas sobre a crise dos multimercados: os resgates somaram R$ 100 bilhões em 2024, superando os R$ 60 bilhões do ano passado. Desde 2022, as retiradas dos fundos analisados como multimercados “puro sangue” acumulam R$ 180 bilhões. Para chegar aos números, o BTG aplicou critérios como tamanho, estratégias, análises qualitativas das gestoras e número de cotistas.

A questão que se coloca é quando essa sangria vai parar? E o que explica essa debandada dos investidores rumo a outros ativos? Uma das razões está no desempenho dos multimercados.

Um levantamento da Elos Ayta Consultoria mostrou que apenas 34% dos fundos multimercado ficaram acima do CDI no ano de 2023. Em 2024 até novembro, esse número subiu um pouco, para 42% acima do benchmark.

“Os resgates são resultados de uma performance ruim, mas acima de tudo porque eles não cumprem o seu papel de diversificação na carteira há três anos”, diz Eduardo Castro, CIO da Portofino Multi Family Office. “Neste mundo pós-pandemia, os fundos vão bem quando o mercado vai bem. E quando vai mal, em vez de minimizarem as perdas como esperado, perdem até mais.”

É importante lembrar que a indústria viveu um grande boom entre 2012 e 2019 com o crescimento das plataformas digitais e a democratização dos investimentos, o que possibilitou o surgimento de várias novas assets e levou os multimercados ao investidor de varejo.

Quando a taxa de juros foi caindo e chegou a 2% em 2020, os investidores tomaram mais risco. Mas, à medida que o Brasil voltou à taxa média anual de juros de dois dígitos, o investidor foi saindo do risco.

Os investidores mais sofisticados, que seguraram a posição em seus altos e baixos até este ano, olharam a relação risco-retorno dos últimos 36 meses e avaliaram que não compensava ficar alocado nessa estratégia.

O que se espera é um retorno de CDI+3% no longo prazo para esse risco. O Itaú Fund of Funds fez um filtro para ver qual é, de fato, um multimercado “puro sangue”, e não um fundo temático com essa classificação, e analisou quais (dos 102 fundos na lista) nos últimos cinco anos teve um retorno de CDI +3%.

Em 2019 e 2020, 57% e 42%, respectivamente, entregaram essa rentabilidade. Em 2021 e 2022, apenas 22% e 16% respectivamente. E em 2023 e 2024, menos de 10% conseguiram esse resultado desejado.

“Sem dúvida estamos vivendo um momento de crise da indústria, que “inchou” muito nos últimos anos. E agora vive-se um processo de seleção de quem realmente está apto para lidar com as adversidades e entregar valor para o cliente”, afirma Rodrigo Giordano, superintendente da área de fund of funds do Itaú.

A tributação dos fundos exclusivos acelerou os resgate. Agora, com o imposto sendo pago de forma recorrente, ficou mais caro ter essa estratégia. Muitos investidores revisaram o portfólio e se sentiram livres para mandar mais recursos para o exterior e investir em títulos isentos no Brasil.

“Com a tributação, os clientes buscaram mais eficiência no Brasil em títulos isentos e aumentaram a sua exposição em moeda forte”, afirma Marcos Macedo, head de research e alocação da Fami Capital. “Mas além disso, a paciência do investidor com os multimercados acabou. Uma indústria que tem volatilidade, cobra 2% de taxa mais 20% de performance para entregar, na média, 110% do CDI”.

A decisão de resgatar os recursos dos multimercados também é técnica de alocação. Pelo cenário completamente incerto no Brasil, os poucos gestores que têm conseguido bons resultados estão capturando beta do mercado americano, com exposição a juros e bolsa.

Nada que não seja possível de conseguir com ETFs internacionais a custos mais baixos. Muito diferente de fundos de ações e crédito privado, por exemplo, em que uma seleção criteriosa se mostra fundamental.

“Os multimercados sempre foram um instrumento de geração de alfa em mercados difíceis e custosos de operar pelos alocadores. Mas agora o escopo das estratégias ganhadoras tem sido relativamente trivial, a gente pode montar a posição até mesmo na B3”, afirma Castro, da Portofino Multi Family Office.

O que se espera para 2025?

Mesmo após todos esses resgates, a sangria pode não ter estancado, mas vem mostrando desaceleração. Os gestores de grandes fortunas afirmam que ainda há fundos exclusivos para serem analisados e desmontados. E, com os juros subindo possivelmente para 15% ao ano, os investidores devem sair de fato do risco.

Em meio a isso, algumas gestoras começam a passar apertos para conseguir gerar melhores resultados. Com a queda de volume sob gestão, a receita fica menor para manter o mesmo time. O que se espera é uma consolidação da indústria.

Na segunda semana de dezembro deste ano, a gestora BlueLine anunciou o encerramento de suas operações, citando “condições de mercado” como motivo. De acordo com Fabio Akira, economista-chefe e um dos sócios, fatores como a alta de juros e a concorrência com a renda fixa pesaram para a decisão.

Guilherme Zaczac, head de investimentos alternativos líquidos no Brasil do UBS Global Wealth Management, destaca que, embora as saídas tenham “reduzido significativamente”, ainda não cessaram. “A barreira de entrada para ser um gestor multimercado é bem maior do que se pensava. Faz parte do amadurecimento do mercado”, afirma.

Apesar das dificuldades, Zaczac acredita que os fundos multimercados podem voltar a captar no próximo ano, desde que entreguem retornos atrativos. Ele aponta uma melhora significativa no desempenho dos principais fundos nos últimos seis meses. “Se a indústria performar bem até o fim do primeiro trimestre, haverá fluxo para esses gestores”, diz.

A questão está em saber quem serão esses vencedores. E os grandes alocadores estão muito mais criteriosos com suas escolhas. Para Fernando Donnay, portfólio manager da G5 Partners, a conversa com os gestores tem sido mais próxima, entendendo quem pode aproveitar a crise para capturar bons profissionais no mercado, ou quem está com a corda no pescoço.

“Esse é o momento de estar em casas sólidas e ver quem está em transformação e está investindo para ter um produto mais robusto do que o clássico trade de bolsa e juros”, afirma Donnay.

Esse movimento de consolidação pode ser também o início de uma transformação da indústria, como ocorreu com os hedge funds americanos. Por lá, a competição com a indústria de fundos indexadas obrigou os gestores a diminuírem os seus custos e buscarem mais alfa no longo prazo. E para conseguirem diversificar mais o risco, sem aumentar custos, passaram a usar massivamente tecnologia para alocação globalmente.

“Para cobrar caro é preciso dar um retorno mais agressivo, ao mesmo tempo não há espaço para grandes drawdown. Estamos vendo, corretamente, alguns gestores aumentando a sua exposição no exterior, adicionando novas fontes de alfa. Mas, para isso, é necessário investimento em pessoas e tecnologia”, afirma Adilson Ferrarezi, head de soluções de investimentos da Bradesco Asset.

Desde 2021, grandes gestoras de multimercado têm se desafiado no mercado global. Em 2022, conseguiram bons retornos com isso, mas em 2023 erraram. E a grande aposta para 2025 da indústria é o mercado internacional, que parece ter uma tendência mais clara para operar.

Ao mesmo tempo, no Brasil, cada vez mais o mercado global se abre para os pequenos investidores, que podem ter acesso a grandes gestoras internacionais e com o apoio de um assessor de investimentos.

“É importante os gestores ‘operarem mundo’, mas é preciso humildade em saber onde está o seu diferencial em relação a grandes gestores sentados em Nova York ou Londres”, afirma Ferrarezi. “Na nossa opinião, é replicar o aprendizado no Brasil para outros países que possam vir a passar por movimentos semelhantes e entender os impactos para emergentes.”

Lá fora, os hedge funds perderam estruturalmente espaço na carteira, mas são um dos grandes responsáveis pela geração de alfa. Por aqui, ainda não dá para saber se eles podem reconquistar o espaço que tiveram antes.

Mas já se espera que os vencedores sejam poucos e com uma estrutura muito mais robusta do que aquela que ganhou espaço anos atrás.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Popular